Mapa Cultural da Rocinha: mudanças entre as edições
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A Rocinha começou a ser rotulada como uma cidade dentro da cidade. Através do Decreto 6.011, a Rocinha recebe o título de bairro pelo poder público, estimando-se uma população de 45.585 habitantes. No entanto, segundo os moradores, a população é superior a 200 mil habitantes. | A Rocinha começou a ser rotulada como uma cidade dentro da cidade. Através do Decreto 6.011, a Rocinha recebe o título de bairro pelo poder público, estimando-se uma população de 45.585 habitantes. No entanto, segundo os moradores, a população é superior a 200 mil habitantes. | ||
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SILVA, Michel. <Rio antigo: a fazenda Quebra Cangalha e a origem da Rocinha>. Acessado em 10/01/2016. | SILVA, Michel. <Rio antigo: a fazenda Quebra Cangalha e a origem da Rocinha>. Acessado em 10/01/2016. | ||
Edição atual tal como às 19h45min de 8 de agosto de 2023
O Mapa Cultural da Rocinha é um projeto desenvolvido pelo jornal Fala Roça, que completou dez anos em 2023, com o objetivo de mapear as iniciativas culturais que existem na favela da Rocinha. Resultado de pesquisas feitas nessa favela pelo Fala Roça, o Mapa traz informações úteis e relevantes, coletadas a partir de pontos de vista de pessoas moradoras, além de ser também instrumento político para o reconhecimento da Rocinha - e seus habitantes - como parte da cidade. A primeira versão do projeto foi criada em 2015, a partir da insatisfação de comunicadores do jornal com a retirada do termo “favela” do mapa do Google, a pedido da prefeitura do Rio de Janeiro. Em 2023, foi lançada uma nova versão, a partir de uma pesquisa mais extensa e metodologia própria, incluindo a discussão sobre o conceito de cultura, a partir do ponto de vista dos moradores.
Autoria: Informações do verbete reproduzidas, pela Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco, a partir de redes de comunicação oficiais do Jornal Fala Roça (ver Fontes e Redes sociais).
Sobre o mapa[editar | editar código-fonte]
Somente no Rio de Janeiro existem mais de mil favelas. Nos últimos anos, o termo “favela” sofreu remoções dos mapas digitais e virou zonas de riscos para aplicativos. No momento em que a favela é censurada dos mapas da cidade, essa atitude alimenta o estigma de cidade partida. E não é isso que queremos. Favela é cidade.
A primeira versão do mapa foi criada em 2015 e identificou mais de 100 locais onde ocorriam manifestações culturais, além de organizações sociais, quadras esportivas e pontos notáveis da favela.
Em 2021, o Fala Roça obteve financiamento da Prefeitura do Rio por meio do programa de Fomento à Cultura Carioca (FOCA), da Secretaria Municipal de Cultura, para refazer o Mapa Cultural da Rocinha. Com a mão de obra dos moradores, mais de 150 iniciativas culturais foram identificadas reafirmando o potencial cultural e de economia criativa da Rocinha.
Este site está aberto à participação dos moradores de rápida e simples. Localizar um endereço na Rocinha é uma tarefa difícil, porém com a ajuda de aplicativos você consegue localizar as coordenadas do ponto que deseja inserir no mapa.
As informações ficam disponíveis em um mapa virtual (www.falaroca.com/mapa) onde as pessoas podem acessar livremente.
Uma das descobertas revelou que muitas iniciativas culturais foram criadas ou são coordenadas por mulheres. Além disso, a oferta de aulas de reforço escolar foi identificada em várias organizações locais para suprir os impactos da pandemia de covid-19 que afetou a rede escolar de ensino.
A metodologia e estrutura do mapa estarão disponíveis para download, podendo ser replicada por outras pessoas, coletivos e organizações sociais.
Trajetória do projeto[editar | editar código-fonte]
A primeira versão do Mapa Cultural da Rocinha surgiu em 2015 e foi feita com o auxílio de um aparelho celular e um aplicativo de GPS para identificar as coordenadas geográficas, já que não há como localizar as iniciativas culturais porque, historicamente, a favela não tem CEP (quando existe). Na época, cerca de 100 iniciativas culturais foram identificadas pelo Fala Roça.
Em 2017, o Instituto Pereira Passos apagou favelas do mapa turístico da cidade em folhetos que eram distribuídos pela Riotur para turistas. Partes da Rocinha, Dona Marta, Babilônia e Cantagalo foram substituídas por florestas ou espaços vazios.
Em 14 de janeiro de 2023 o Fala Roça lança nova versão do Mapa Cultural da Rocinha no Auditório da Biblioteca Parque da Rocinha. Realizado pelo Fala Roça e apoiado pela Prefeitura do Rio de Janeiro, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Fomento à Cultura Carioca (FOCA).
Metodologia[editar | editar código-fonte]
Uma das finalidades do Mapa Cultural da Rocinha é divulgar as iniciativas culturais da favela criadas por moradores, ex-moradores e pessoas que fazem trabalhos sociais.
Devido a densidade e tamanho populacional, a desinformação sobre ações culturais na Rocinha é visível. É comum ouvirmos perguntas sobre a existência de projetos sociais que possam atender demandas de moradores em que muitos casos são desassistidos de políticas sociais e públicas. Portanto, o mapa é uma ferramenta de reunir essas informações e torná-las acessíveis.
O projeto de mapeamento se baseia em 6 fases e uma pesquisa de campo com prazo determinado, uma reunião para a revisão final e um evento de lançamento do mapa como devolutiva à comunidade.
O levantamento dos lugares e informações a serem colocados no mapa cultural são conduzidos pelos pesquisadores e os moradores/projetos.
A metodologia aplicada[editar | editar código-fonte]
A concepção e a produção de um mapa variam de acordo com a proposta de mapeamento. O Mapa Cultural da Rocinha levou 1 ano até ser publicado. A seguir, veja as etapas aplicadas:
– Apresentar a proposta do mapeamento à comunidade; explicar os objetivos e convidar a comunidade e projetos culturais; divulgar nas mídias digitais o que será feito no território; contratar moradores para mão de obra remunerada (se possível), oferecendo capacitação junto a equipe técnica.
– Compreender as ferramentas e aplicativos utilizados na pesquisa de campo; debater o significado de cultura de acordo com os objetivos pretendidos para com o mapa cultural.
– Coletar informações com os moradores e fazedores culturais das áreas de pesquisas e incluir os pontos mapeados em uma planilha na web. Os moradores contratados como agentes de mapeamento pode ser estudantes, trabalhadores formais e informais, mulheres, etc.
– Avaliar os dados coletados na primeira fase de campo; verificar se foram sanadas as dúvidas e dificuldades dos pesquisadores.
– Corrigir, junto aos responsáveis pelos pontos mapeados, as informações já obtidas e coletar as que ainda estejam faltando.
– Escolher o nome do mapa, identidade visual e construir um site para expor o conteúdo coletado na comunidade.
– Realizar o lançamento do mapa em um espaço comunitário para com os moradores, parceiros, autoridades, lideranças comunitárias e demais interessados.
Criação do mapa na web[editar | editar código-fonte]
A web de 2023 não é a mesma web de 2015. A primeira versão do Mapa Cultural da Rocinha foi feita com ferramentas menos desenvolvidas do que as utilizadas atualmente.
Neste site utilizamos o WordPress, um sistema livre e aberto de gestão de conteúdo. A partir disso, instalamos o tema gratuito Blocksky, criado e distribuído pela empresa Creative Themes.
Mas a mágica acontece com a instalação do WP Go Maps, o plug-in de mapa do WordPress que permite criar mapas simples a avançados e personalizáveis sem a necessidade de entender programação.
DICA: O plug-in WP Go Maps permite fazer a importação de dados armazenados no Google Planilhas.
História da Rocinha[editar | editar código-fonte]
A cidade do Rio de Janeiro, inclusive, a região onde hoje é a Rocinha, era povoada pelos índios Tamoios durante o século XVI (1500-1599). Os tamoios foram a única resistência organizada contra a colonização portuguesa. No entanto, em 1575, as tropas portuguesas massacraram os índios Tamoios e iniciaram o processo de colonização.
Séculos mais tarde, no começo do século XX (1901-2000), a Rocinha surgia na segunda metade da década de 20, a partir da fazenda Quebra-Cangalha, cujo donos eram os irmãos portugueses Braulio Noberto de Castro Guidão e Adriano de Castro Guidão. Antes da criação da fazenda, as terras pertenciam a um fazendeiro português chamado Manoel Fernandes Cortinhas. Antes de retornar para Portugal, no início dos anos 10, ele vendeu a fazenda para o engenheiro Luiz Catanhede por cerca de 50 conto de réis.
Segundo o neto de Adriano, João Castro Guidão, o engenheiro contratou cerca de 15 pessoas para cuidar e morar na fazenda. A área ocupada pela “Rocinha” possuía, originalmente, características rurais. Mas ele não tinha visão de negócios e entregou o terreno à Companhia Castro Guidão, em 1915, através de um acordo para acabar com uma dívida entre ele e o banco criado pelos Irmãos Guidão.
A cangalha era o nome das madeiras que sustentavam e equilibravam os bois. Como a fazenda era íngreme, as cangalhas quebravam facilmente. Daí surgiu o nome Quebra Cangalha porque o ex-dono das terras caminhava com os bois até o alto da Rocinha para plantar café, frutas, legumes e mamona.
Com a construção da Estrada da Gávea e a instalação de energia elétrica, nos anos 30, e a venda dos lotes da fazenda Quebra-Cangalha, havia ali um projeto de ocupação das terras. Apesar de ter vendido alguns lotes, a companhia Castro Guidão faliu em 1938. Muitos moradores não quitaram as dívidas e a população começou a ocupar os lotes da empresa porque diziam que as terras não tinham donos. O asfaltamento da Estrada da Gávea contribuiu ainda mais para a ocupação do morro.
Durante o êxodo rural do Nordeste para o Sudeste do país, Renato Caruso, dono de vasta área na Rocinha, doou para a população em troca de votos para se tornar vereador. O morro cresceu e o Renato não se elegeu.
O crescimento da Rocinha, entre as décadas de 1950 e 1960, chama a atenção das autoridades e a Rocinha é incluída no programa de remoções para os subúrbios da cidade. Os moradores lutaram para não serem removidos através das participações comunitárias, instituições e a igreja católica.
Na década de 1980 a expansão da favela se direcionou para as encostas dos morros do Cochrane e Laboriaux, área da rua Dionéia, ao longo da Vila Laboriaux (Alto do Espigão da Gávea), crescendo para a vertente do bairro da Gávea, com o surgimento da “Vila Cruzado” e da “Vila Verde”, próxima à curva do “S”. A floresta foi cedendo espaços para as edificações, consolidando a atual comunidade, composta de 14 sub-bairros (Barcelos, Rua 1, Rua 2, Rua 3, Rua 4, Roupa Suja, Cachopa, Vila Verde, Macega, Vila Cruzado, 199, Laboriaux, Boiadeiro, Dionéia).
A Rocinha começou a ser rotulada como uma cidade dentro da cidade. Através do Decreto 6.011, a Rocinha recebe o título de bairro pelo poder público, estimando-se uma população de 45.585 habitantes. No entanto, segundo os moradores, a população é superior a 200 mil habitantes.
Referências[editar | editar código-fonte]
SILVA, Michel. <Rio antigo: a fazenda Quebra Cangalha e a origem da Rocinha>. Acessado em 10/01/2016.
Território Rocinha. Instituto Moreira Salles. <Território Rocinha>. Acessado em 21/06/2016.
SEGALA, Lygia. Varal de Lembranças: Histórias da Rocinha. Rio de Janeiro: União Pró-Melhoramentos dos Moradores da Rocinha/ Tempo e Presença/ SEC/ MEC. FNDE, 1983, p.181
Fontes e Redes Sociais[editar | editar código-fonte]
Nova versão do Mapa Cultural da Rocinha
Facebook: Jornal Fala Roça