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A região que engloba o Complexo Maré teve sua origem na década de 1940, sendo erguida sobre palafitas em uma área de mangue, sem infraestrutura de saneamento básico e direitos adequados. O surgimento da Maré está diretamente ligado aos processos de remoção, desenvolvimento e expansão da cidade do Rio de Janeiro, iniciados no século XX, por meio de reformas urbanísticas visando modernização. A construção da rodovia BR-101, hoje conhecida como Avenida Brasil, inaugurada em 1946, levou a uma migração para a região devido à demanda por mão-de-obra. Posteriormente, houve também uma migração vinda do Nordeste (Vieira, 2020). | |||
Na década de 1980, com a implementação do Projeto Rio, uma iniciativa governamental para fornecer infraestrutura para algumas favelas da cidade, a Maré recebeu suas primeiras melhorias em saneamento. Antes disso, a coleta de esgoto e os encanamentos eram feitos manualmente pelos próprios moradores. Até então, era comum o uso do "rola-rola", uma tecnologia criada pelos moradores em um barril de madeira adaptado para transportar água até suas casas (Relatório CocôZap, 2021). | |||
As associações de moradores sempre tiveram um papel crucial na história da Maré, mobilizando a comunidade local. As mulheres do território foram líderes nas decisões, buscando garantir seus direitos. A Chapa Rosa, formada na década de 1980, foi a primeira chapa democrática composta exclusivamente por mulheres. É importante ressaltar que, ao longo da história, as mulheres são as mais afetadas por doenças e pela falta de acesso ao saneamento adequado. Essa mobilização resultou na conquista do acesso à luz, água e esgoto. | |||
A falta de acesso ao saneamento adequado, junto com desigualdades raciais e sociais, resulta em racismo ambiental, afetando principalmente comunidades negras, periféricas e marginalizadas. As favelas são as mais prejudicadas por eventos climáticos, como enchentes, devido à falta de planejamento e ação governamental. A coleta de dados nas favelas é essencial para criar políticas públicas que atendam às necessidades reais da comunidade, combatendo o racismo ambiental e promovendo a justiça climática e racial. | |||
O "Cocôzap" é uma iniciativa promovida pelo [[Data Labe|data_labe]], voltada para mapeamento, incidência e promoção da participação cidadã no âmbito do saneamento básico nas favelas. O projeto tem sua atuação centralizada no [[Complexo da Maré|Complexo de favelas da Maré]], uma localidade da Zona Norte do Rio de Janeiro que abriga aproximadamente 140 mil habitantes. | O "Cocôzap" é uma iniciativa promovida pelo [[Data Labe|data_labe]], voltada para mapeamento, incidência e promoção da participação cidadã no âmbito do saneamento básico nas favelas. O projeto tem sua atuação centralizada no [[Complexo da Maré|Complexo de favelas da Maré]], uma localidade da Zona Norte do Rio de Janeiro que abriga aproximadamente 140 mil habitantes. | ||
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Edição das 11h12min de 19 de setembro de 2023
Cocôzap é um projeto do data_labe de geração cidadã de dados a partir de denúncias sobre os problemas de saneamento básico no conjunto de favelas da Maré, Rio de Janeiro.
Autoria: Arthur William Cardoso Santos e R Ramires
Origem do projeto
A região que engloba o Complexo Maré teve sua origem na década de 1940, sendo erguida sobre palafitas em uma área de mangue, sem infraestrutura de saneamento básico e direitos adequados. O surgimento da Maré está diretamente ligado aos processos de remoção, desenvolvimento e expansão da cidade do Rio de Janeiro, iniciados no século XX, por meio de reformas urbanísticas visando modernização. A construção da rodovia BR-101, hoje conhecida como Avenida Brasil, inaugurada em 1946, levou a uma migração para a região devido à demanda por mão-de-obra. Posteriormente, houve também uma migração vinda do Nordeste (Vieira, 2020).
Na década de 1980, com a implementação do Projeto Rio, uma iniciativa governamental para fornecer infraestrutura para algumas favelas da cidade, a Maré recebeu suas primeiras melhorias em saneamento. Antes disso, a coleta de esgoto e os encanamentos eram feitos manualmente pelos próprios moradores. Até então, era comum o uso do "rola-rola", uma tecnologia criada pelos moradores em um barril de madeira adaptado para transportar água até suas casas (Relatório CocôZap, 2021).
As associações de moradores sempre tiveram um papel crucial na história da Maré, mobilizando a comunidade local. As mulheres do território foram líderes nas decisões, buscando garantir seus direitos. A Chapa Rosa, formada na década de 1980, foi a primeira chapa democrática composta exclusivamente por mulheres. É importante ressaltar que, ao longo da história, as mulheres são as mais afetadas por doenças e pela falta de acesso ao saneamento adequado. Essa mobilização resultou na conquista do acesso à luz, água e esgoto.
A falta de acesso ao saneamento adequado, junto com desigualdades raciais e sociais, resulta em racismo ambiental, afetando principalmente comunidades negras, periféricas e marginalizadas. As favelas são as mais prejudicadas por eventos climáticos, como enchentes, devido à falta de planejamento e ação governamental. A coleta de dados nas favelas é essencial para criar políticas públicas que atendam às necessidades reais da comunidade, combatendo o racismo ambiental e promovendo a justiça climática e racial.
O "Cocôzap" é uma iniciativa promovida pelo data_labe, voltada para mapeamento, incidência e promoção da participação cidadã no âmbito do saneamento básico nas favelas. O projeto tem sua atuação centralizada no Complexo de favelas da Maré, uma localidade da Zona Norte do Rio de Janeiro que abriga aproximadamente 140 mil habitantes.
Desde 2018, o grupo executor do projeto, em colaboração com instituições como a Casa Fluminense e a Redes de Desenvolvimento da Maré, tem trabalhado para estabelecer, por meio de um número específico no aplicativo WhatsApp, uma plataforma dedicada para recepção de denúncias, além de promover debates e proposições relativas ao saneamento básico, abastecimento de água e gestão de resíduos sólidos na região.
Funcionamento do Cocôzap
O mecanismo de funcionamento da iniciativa é estruturado de maneira simplificada: os moradores enviam fotos, vídeos e descrições narrativas sobre problemas relacionados ao lixo e ao esgoto para o número do Cocôzap. Esta estratégia permite uma identificação precisa e ilustrativa dos desafios enfrentados diariamente em razão das desigualdades no acesso a serviços públicos essenciais. Com isso, o projeto visa construir uma base de dados robusta, servindo como ferramenta complementar para diagnósticos que auxiliem no desenvolvimento de políticas públicas fundamentadas e eficazes.
Objetivos do Cocôzap
A perspectiva do Cocôzap é fomentar debates que possam intensificar a pressão por políticas mais assertivas e legitimadas, com base em evidências fornecidas diretamente pelos residentes da área afetada. Além do enriquecimento do banco de dados, são realizadas reuniões mensais envolvendo moradores, representantes de escolas, postos de saúde e associações locais, com o objetivo de promover a divulgação do canal de denúncias e incentivar uma discussão contínua sobre as questões sanitárias pertinentes ao bairro.
Como resultados concretos do engajamento e das atividades desenvolvidas, destacam-se a elaboração de uma carta-manifesto e a criação de um plano de monitoramento[1][2]. Ademais, a equipe engajada no eixo de justiça ambiental do data_labe, composta por jovens residentes na favela da Maré, tem produzido reportagens e relatos que delineiam as questões socioambientais do território, contribuindo assim para uma maior visibilidade e compreensão dos desafios enfrentados pela comunidade.
Linha do Tempo
O Cocôzap (Poopoozap) iniciou seus trabalhos com o recebimento de um prêmio no edital da organização não-governamental CIVICUS em 2016. Sua atuação voltada para a compreensão e melhoria das condições sanitárias na região do conjunto de favelas da Maré, no Rio de Janeiro. está detalhada nos principais marcos e desenvolvimentos deste projeto até o ano de 2020.
2016 - Edital Civicus
O Cocôzap foi lançado como resultado da colaboração inicial com a Casa Fluminense, tendo recebido um prêmio para o planejamento do projeto.
2018 - 1º Residência Cocôzap
Nesta fase, três jovens da Maré, com engajamento em causas ambientais, foram selecionados para estruturar o formato do projeto e iniciar os testes práticos nas ruas da comunidade.
2018 - Jogo Sujo
Dentro das atividades da 1º Residência Cocôzap, emergiu uma reportagem investigativa focada na gestão pública do saneamento básico na Maré e as consequências desta para a comunidade.
2019 - 1º Encontro de Saneamento da Maré
O projeto articulou um encontro pioneiro reunindo ativistas, especialistas e moradores da comunidade para uma análise coletiva dos problemas e potenciais soluções para as questões de saneamento básico na favela.
2019 - 2º Residência Cocôzap
Para ampliar o alcance do Cocôzap, duas jovens ativistas ambientais da Maré foram incorporadas para promover o projeto junto a várias instituições situadas no Complexo da Maré.
2020 - 3º Residência Cocôzap
Esta fase teve como objetivo principal a difusão intensiva do projeto pela Maré, no entanto, foi interrompida devido à pandemia de COVID-19. Mesmo assim, houve a oportunidade de conduzir uma pesquisa com 15 famílias da região para entender as relações entre as condições sanitárias e os impactos da pandemia na comunidade.
2020 - Lançamento da Agenda 2030 de Saneamento da Maré
Após a elaboração da Carta do Saneamento da Maré, o projeto em parceria com a Casa Fluminense estruturou uma agenda para endereçar reivindicações políticas relacionadas ao saneamento no território.
2020 - Plano de Monitoramento do Saneamento Básico na Maré
Em uma colaboração com a Embaixada Britânica e o Parque Tecnológico da UFRJ, o Cocôzap lançou um plano compreensivo que consolidou pesquisas, análises e dados sobre o saneamento na Maré, levando em consideração o contexto da pandemia de COVID-19.
2021 - Relatório Cocôzap 5.0
Entre maio e agosto de 2021, o Cocôzap recebeu 229 queixas de saneamento básico nas 16 favelas que compõem o Complexo da Maré, sendo 122 de Esgoto, 78 de Lixo, 23 de Drenagem e 4 de Abastecimento de água.
Políticas Públicas
A partir de estudos, o Cocôzap propõe uma série de políticas para melhoria dos indicadores sobre o saneamento básico no conjunto de favelas da Maré:
- Programa voltados para reciclagem de resíduos sólidos;
- Comunicação de risco;
- Monitorar e fortalecer os programas de saúde;
- Mobilizar e democratizar o conhecimento
- Jardim de chuva.
Parceiros
O Cocôzap tem como parceiras as seguintes organizações:
- Durham University
- Great for Partnership
- Fundo Socioambiental Casa Investindo em Cuidar
- Fundação Heinrich Boll
- Parque Tecnológico da UFRJ
- PUC-PR
- Soltec UFRJ
Contatos e Redes Sociais
E-mail contatococozap@datalabe.org
Ver também
Centro de Estudos e Ações Culturais e de Cidadania (CEACC)
https://mareonline.com.br/direito-ao-saneamento-basico-na-mare/
https://www.parque.ufrj.br/saneamento-basico-e-covid-19-conheca-o-projeto-cocozap/
https://queixasaneamento.herokuapp.com/mapas
https://mareonline.com.br/por-dentro-do-saneamento-basico-na-mare/