Carnaval de rua na Maré: mudanças entre as edições

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
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Edição das 13h18min de 9 de novembro de 2019

Autores: Alexandre Dias e Cláudia Rose Ribeiro da Silva

Uma das maiores manifestações populares do mundo, o Carnaval faz parte da fisionomia do Rio de Janeiro. Os blocos de rua são ícones dessa festa popular, que atrai milhões de pessoas todos os anos para a cidade. No entanto, o Carnaval de rua passou por um período de enfraquecimento durante a década de 1990, com o poder público privilegiando os desfiles dos grandes blocos e das escolas de samba. Na década de 2000, acontecem mudanças na conjuntura que produziu a desvalorização das manifestações de rua, o que promove o renascimento desta forma de expressão popular. Na Maré, embora não exista a tradição do samba como ocorre em outras favelas cariocas, o Carnaval sempre esteve presente na realidade de seus moradores. Inúmeros blocos invadiam as ruas, becos e vielas das comunidades, carregando consigo milhares de pessoas. Tamanqueiros, Império de Bonsucesso, Vila do João, Unidos da Baixa do Sapateiro, Unidos do Caetés, Diamante Negro, Corações Unidos de Bonsucesso, Mataram Meu Gato, são alguns exemplos de blocos carnavalescos que desfilavam pela Maré. Atualmente, a violência armada e a presença de inúmeras igrejas neopentecostais inibiram as manifestações populares na favela. Mas, apesar de todas as dificuldades, o Carnaval de rua continua a existir na Maré. O Bloco Boca de Siri desfila anualmente, desde 1997; o Bloco Mataram Meu Gato, em 1999, passou a fazer parte do grupo das escolas de samba, mudando o nome para C.R.E.S. Gato de Bonsucesso. Mais recentemente, na década de 2000, um grupo de moradores criou o bloco Se Benze que Dá, que desfia pelas comunidades, desafiando as fronteiras invisíveis da violência e do conservadorismo e valorizando o Carnaval de rua na Maré.