De vez em quando, sangrando (poema): mudanças entre as edições
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Terra de senhores, de escravizados, de bichos e bichas | Terra de senhores, de escravizados, de bichos e bichas | ||
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Edição das 23h01min de 14 de abril de 2024
De vez em quando, sangrando
A sátira da vida é não pertencer a ela
É contraproducente
Desvio de rota persistente
Ser um eterno estrangeiro
Ameaçado, criticado, indesejado em sua terra
Terra de senhores, de escravizados, de bichos e bichas
Ahh.... As bichas (suspiro)
Descabidas, desvairadas, desbocadas:
PERTURBADAS
Desgraçadas, desamadas, desalmadas:
VILIPENDIADAS
Debochadas, desajustadas, desaforadas:
MAL AMADAS
De desdisse em desdisse
Um vegetal socialmente condicionado
O avesso do admirável
Revés do respeitado
Um constructo milimetricamente planejado
Mergulho em poças de exceção
Razão, paixão, desmedida comoção:
SUBVERSÃO
Reinvindicação, retratação, penalização:
TRANSGRESSÃO
Chão, emoção, insensato bordão:
REVOLUÇÃO
Se de vez em quando sangra
O atestado de óbito social não estanca
Se clama, se clama, se clama
O grito das dores esquecidas
A perda da conquista não obtida
Crença, reza sem bença, sem bença, bença
A voz, em nós, emaranhados nós:
INFINITA FOZ
Feroz, algoz, é veloz:
ATROZ
Logo após, nos cafundós, quem sabe em Oz:
OUÇAM A NÓS
O vazio da jornada
Silêncio que amedronta
O farol que alerta
Na esquina, na noite, num quarto qualquer
Se quer, me quer, consinto
E o próximo, o próximo, o próximo...
São muitos os afoitos, os aflitos
Misericórdia!
Na contra-história dos oprimidos
Erguem-se vozes, abrem-se peitos, mostram-se tetas
Uma gente, nova narrativa, uma luta, o recomeço
De levianos, gozadores, bravios e transgressores