Facções criminosas do Nordeste

O Brasil, num todo, tem 53 facções criminosas. A maioria delas disputa ou divide espaço com as gigantes do Rio de Janeiro e de São Paulo, Comando Vermelho e Primeiro Comando da Capital, respectivamente. Este verbete tem por objetivo explicar brevemente quais são os grupos que atuam nas disputas territoriais dos estados do Nordeste hoje em dia.

Autor: Matheus de Moura.

Alagoas

PCC: A presença do grupo paulista em Alagoas se tornou preponderante realmente só a partir dos anos 2014-2015, quando eles iniciaram um intenso e controverso plano de expansão nacional. Isso gerou tensões importantes no Brasil todo, culminando na guerra entre PCC e CV.

CV: Antes de o Comando Vermelho chegar a Alagoas, o estado tinha uma única facção forte, a Firma, que não mantinha boas relações com o PCC. O CV entra na transição dos anos 2000 para 2010, com as passagens do traficante Fernandinho Beira-mar pelas grades de Alagoas. A Firma foi toda convertida ao CV desde então.

Bahia

PCC: O grupo paulista participa do tráfico baiano desde 2018, quando começou a ser rastreada sua parceria com o BDM, mas, ainda assim, sua presença territorial é menor que a do CV.

Katiara: Derivada do Primeiro Comando do Recôncavo, a Katiara surgiu em 16 de outubro de 2013. "O surgimento da Katiara está diretamente ligado à história de Roceirinho em Nazaré, no Recôncavo baiano, onde ele se criou. Depois de passar a infância cuidando de cavalos e gados nas fazendas da região — daí o apelido —, Adilson foi trabalhar como feirante na fase adulta."

Comando da Paz: Criada em 2007, no sistema prisional da Bahia, o CP é considerado o maior rival dos Caveiras e do BDM. Atualmente, eles são aliados do CV; alguns veículos e profissionais de segurança pública da Bahia conjecturam que a facção soteropolitana se tornou um anexo da carioca.

Caveira: Uma das facções mais antigas — e outrora mais poderosa — da Bahia, a Caveira é considerada, hoje, como um grupo em extinção. Boatos da morte da facção vêm desde 2017.

Bonde do Maluco: "Um dos grupos criminosos mais atuantes na Bahia, e considerado o mais violento, o BDM surgiu em 2015 no pavilhão V do Presídio Salvador, no Complexo Penitenciário da Mata Escura. Liderada pelo assaltante de banco Zé de Lessa, morto em dezembro de 2019, a facção nasceu como uma ramificação da então Caveira". Eles têm parcerias com o PCC desde 2018 até onde se tem registro.

Mercado do Povo Atitude: Facção antiga e forte no Sul e extremo Sul da Bahia, MPA segue sempre abaixo do radar da imprensa e não se atreve muito a se meter na capital.

Ordem e Progresso: Conhecida também como Tropa do A, a facção é fruto de uma dissidência do Comando da Paz após a absorção deste pelo grupo Comando Vermelho. Fundada pelo traficante Coruja, assassinado em 2020, eles têm no histórico, algumas rebeliões de destaque e seguem enfraquecidos desde a morte do líder original.

Bonde do Ajeita: Criada em 2016, o Ajeita, facção de pequeno porte, tem historicamente como inimigo o BDM. Desde 2021, são aliados ao Comando Vermelho.

Ceará

PCC: "Essa facção criminosa chega ao Ceará nos anos 2000, através do assalto ao Banco Central em 2005, embora seu objetivo fosse expandir a rota internacional do narcotráfico. Estima-se um total de 18.000 integrantes, com cerca de 3.200 encarcerados nos presídios."

CV: "O primeiro registro de ação vinculada ao Comando Vermelho no Ceará data de 1986, onde os autores de um roubo a uma joalheria em Fortaleza confessaram fazer parte desta Facção Carioca (MATOS JUNIOR e SANTIAGO NETO, 2019). Com a prisão de alguns desses integrantes, o CV se insere nas prisões Cearenses e começam a fomentar o recrutamento de novos integrantes e estruturar uma presença massiva, inicialmente dentro do sistema e com o passar do tempo se expandindo para as comunidades de Fortaleza e daí para o interior do Estado. (BARBOSA, JORNAL O POVO ,2022)."

Guardiões do Estado: GDE surgiu em 2016, fruto de dissidências do PCC, que ocupava o território cearense. Seu nascimento teria sido decorrente do racha entre a facção paulista e o Comando Vermelho, de quem a facção é aliada.

Maranhão

PCC: Embora tenha lideranças pelo território desde 2015 ou antes, a presença da facção no estado é volátil.

Bonde dos 40: Surgiu em 2007 em decorrência da relação entre presidiários maranhenses com os cariocas e paulistas nos presídios federais. Já foi aliada à Amigo dos Amigos (ADA) e ao PCC.

PCM: Criada no mesmo ano que o rival Bonde dos 40, em 2007, inspirada no PCC, com quem tem uma relação positiva, embora siga decrescendo no Maranhão.

Paraíba

PCC: Presente nas fronteiras desde os anos 2000, já aliou-se a ambas as facções locais, a depender do contexto.

Okaida: Nascida nos anos 2000, a facção, tida como a maior da Paraíba, surgiu como oposição ao grupo mais antigo da região, o Estados Unidos, não à toa o nome Okaida assemelha-se sonoramente à Al-Qaeda, o grupo radical islâmico de Osama Bin Laden.

EUA: Estados Unidos é a facção mais antiga do estado, com proximidade com o PCC.

Pernambuco

PCC: A facção atua nas fronteiras do estado desde a década de 2000, quando atuava principalmente no auxílio do fornecimento de drogas. Ela mantinha boas relações com a Okaida, mas depois se aliou à rival, a Estados Unidos.

Okaida: Nascida nos anos 2000, a facção, tida como a maior da Paraíba, surgiu como oposição ao grupo mais antigo da região, o Estados Unidos, não à toa o nome Okaida assemelha-se sonoramente à Al-Qaeda, o grupo radical islâmico de Osama Bin Laden. Eles se expandiram para Pernambuco muito rapidamente em seu tempo de existência.

Piauí

PCC: A chegada dos paulistas ao Piauí se deu por volta de 2012. O estado seria considerado pelas facções que já passaram por lá como uma "estrada" para o tráfico inter-regional.

Rio Grande do Norte

PCC: O Primeiro Comando da Capital está presente no RN, em maior ou menor intensidade, desde os anos 2000, deles surgiram algumas dissidências que perduraram por pouco tempo, como o Primeiro Comando de Natal e Os Cavaleiros do Apocalipse. Todavia, o Sindicato do Crime, também fruto de rachas internos na facção paulista, diminuiu sua influência.

CV: No Rio Grande do Norte, a facção carioca exercia um papel mais de auxiliar ao Sindicato, uma vez que é da política do Comando Vermelho o respeito mínimo à autoridade nos estados além do Rio de Janeiro. Todavia, o cenário parece ter mudado e agora (agosto de 2024), as facções parecem estar disputando espaço no RN.

Sindicato do Crime: Com origem no começo da década de 2010, a facção é tida como a maior força criminosa no Rio Grande do Norte, batendo de frente diretamente com o PCC, facção da qual é dissidente. Após alguns anos de dominação do grupo paulista em RN, os criminosos da região começaram a questionar as ordens do PCC de enviar parte do dinheiro arrecadado para SP. Alguns levantamentos apontam para uma base de cinco mil integrantes.

Sergipe

PCC: As investidas da facção paulista no estado começaram por volta de 2008. A atuação parece ser menor que a do CV e do BDM.

CV: O crescimento do Comando Vermelho em Sergipe é consequência direta da atuação do grupo na Bahia, onde vêm se expandido há anos.

Bonde do Maluco: Facção com origem no interior dos presídios em 2015, o BDM se expandiu para o Sergipe por volta de 2017, embora não se tenha muito registro do tamanho do grupo nesse estado.