Afroturismo

O afroturismo no Brasil consolida-se em 2024 como um segmento turístico que valoriza a cultura e a história afro-brasileira, impulsionado por roteiros temáticos, festivais e iniciativas de empreendedores negros. Apesar dos avanços, como o aumento da demanda e o mapeamento de experiências, ainda há desafios, como a necessidade de mais investimentos, políticas públicas robustas e capacitação profissional. O afroturismo promove inclusão, gera renda para comunidades tradicionais e resgata narrativas afrocentradas, contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico e a diversidade cultural.

Autor do Verbete: Hugo Oliveira

Pedra do Sal na Pequen África Foto:Crédito: Tiago Lara.jpeg

Sobre

O afroturismo é uma modalidade de turismo que valoriza e promove a cultura, a história e os territórios de matriz africana, destacando a contribuição dos povos africanos e afrodescendentes para a formação cultural, social e econômica de um país. No Brasil, o afroturismo ganha cada vez mais relevância como uma forma de reconhecer e preservar a herança africana, além de fomentar o desenvolvimento econômico de comunidades tradicionais. Algumas das experiências oferecidas pelo afroturismo são: Tours guiados, Viagens, Hospedagem em casas de pessoas negras, Passeios para quilombos, Tours com enfoque nas culturas de matriz africana.

Contexto no Brasil

O Brasil, país com a maior população afrodescendente fora da África, possui uma rica herança cultural africana, expressa em diversas manifestações, como a música, a dança, a culinária, a religião e as tradições. O afroturismo surge como uma oportunidade para fortalecer a identidade negra, promover a inclusão social e gerar renda para comunidades quilombolas, terreiros de candomblé e outras localidades de relevância histórica e cultural.

Iniciativas Governamentais

O Ministério do Turismo do Brasil tem demonstrado interesse em mapear e fomentar o afroturismo no país. Em 2023, a pasta iniciou um processo de coleta de informações para identificar roteiros, atrativos e experiências relacionados ao turismo de matriz africana. O objetivo é criar políticas públicas e estratégias que promovam o afroturismo como um segmento turístico sustentável e inclusivo, contribuindo para o desenvolvimento regional e a valorização da cultura afro-brasileira.

Roteiro da Liberdade Foto: Museu dos aflitos

Potencial Econômico e Cultural

O afroturismo não apenas resgata e preserva a memória e as tradições africanas, mas também abre caminho para o empreendedorismo negro. Roteiros que incluem visitas a quilombos, festas populares como a Lavagem do Bonfim na Bahia, o Pelourinho em Salvador e o Roteiro da Herança Africana na Pequena África, roteiro do Museu dos Aflitos que incluí aCapela dos Aflitos, a sede do Batuq do Glicério e outros sítios de memória do bairro da Liberdade, em São Paulo, bem como as experiências gastronômicas e religiosas, atraem tanto turistas nacionais quanto internacionais. Além disso, o segmento contribui para a diversificação da oferta turística brasileira, alinhando-se a tendências globais de valorização da diversidade cultural e do turismo de experiência.

Desafios

Apesar do potencial, o afroturismo enfrenta desafios, como a falta de infraestrutura em algumas localidades, a necessidade de formação e qualificação de profissionais da área e a importância de combater o racismo e a discriminação. Para que o segmento se consolide, é essencial investir em políticas de inclusão, educação e promoção da igualdade racial.

Consolidação e Frutos Recentes

Em 2024, o afroturismo no Brasil colheu frutos significativos, consolidando-se como um segmento promissor. De acordo com a matéria do Guia Negro, o afroturismo tem ganhado visibilidade e reconhecimento, impulsionado por iniciativas de coletivos, empreendedores negros e políticas públicas. A criação de roteiros temáticos, como o Rota da Liberdade, que conecta locais históricos relacionados à escravidão e à resistência negra, e o fortalecimento de festivais culturais, como o Femadum(Festival de Mulheres Afrodescendentes), são exemplos de como o afroturismo está se estruturando.

Além disso, o aumento da demanda por experiências autênticas e imersivas tem atraído investimentos e parcerias. Empresas de turismo e plataformas digitais, como o Guia Negro, têm desempenhado um papel crucial na divulgação desses roteiros e na conexão entre turistas e comunidades. A plataforma, que mapeia negócios e experiências afrocentradas, registrou um crescimento de 30% no interesse por roteiros de afroturismo em 2023, indicando uma tendência ascendente.

Agências que trabalham com afroturismo no Brasil são:

Brafrika

Agência que oferece viagens individuais e em grupo para destinos que valorizam a história da população negra

Guia Negro

Agência que oferece tours em espaços importantes para a história do povo negro em São Paulo e Salvador

Sou + Carioca

Agência que oferece roteiros culturais e naturais que valorizam a cultura negra

Black Bird Viagem

Plataforma de turismo que busca trazer um olhar inclusivo para o mercado de turismo

Rota da Liberdade

Agência que realiza passeios para quilombos do interior paulista

Diáspora.Black

Plataforma que vende experiências ligadas à cultura negra e hospedagens na casa de pessoas negras

Ampliação e Futuro

Apesar dos avanços, o afroturismo ainda busca maior reconhecimento e investimento. A matéria do **Guia Negro** destaca a necessidade de políticas públicas mais robustas, como a inclusão do afroturismo no Plano Nacional de Turismo e a criação de linhas de crédito específicas para empreendedores negros. Além disso, a formação de guias turísticos especializados em história e cultura afro-brasileira é apontada como essencial para qualificar a experiência dos visitantes.

Outro ponto destacado é a importância da representatividade. O afroturismo não apenas atrai turistas, mas também empodera comunidades negras, que passam a ser protagonistas de suas próprias narrativas. Isso é especialmente relevante em um país onde o racismo estrutural ainda limita oportunidades para a população negra.

O afroturismo representa uma oportunidade única de conectar o passado e o presente, celebrando a riqueza da cultura afro-brasileira enquanto promove o desenvolvimento socioeconômico. Com o apoio de políticas públicas, a participação ativa das comunidades e o engajamento de empreendedores e plataformas especializadas, o Brasil pode se tornar um destino de referência para o turismo de matriz africana. A consolidação do afroturismo em 2024 é um passo importante, mas ainda há muito a ser feito para garantir que esse segmento alcance todo o seu potencial, contribuindo para a preservação da memória e a valorização da diversidade cultural.

Referências 

- Reportagem do Ministério do Turismo do Brasil: [Ministério do Turismo coleta informações para mapear o afroturismo no Brasil](https://www.gov.br/turismo/pt-br/assuntos/noticias/ministerio-do-turismo-coleta-informacoes-para-mapear-o-afroturismo-no-brasil-1).  

- Matéria do Guia Negro: [2024: Afroturismo se consolida e colhe frutos, mas quer mais](https://guianegro.com.br/2024-afroturismo-se-consolida-e-colhe-frutos-mas-quer-mais/).

- Diagnóstico das Políticas Públicas de Afroturismo no Brasil (https://guianegro.com.br/ministerio-do-turismo-finalmente-apresenta-diagnostico-sobre-afroturismo-no-brasil/)