Bancada Negra de Porto Alegre
Bancada negra de Porto Alegre foi um grupo de parlamentares negros que foram eleitos vereadores pela Câmara Municipal de Porto Alegre (CMPA) nas eleições municipais de 2020. Formado por Karen Santos (PSOL-RS), Matheus Gomes (PSOL-RS), Laura Sito (PT-RS), Brunas Rodrigues (PCdoB-RS) e Daiana Santos (PCdoB-RS), o grupo constituiu a primeira bancada negra da história da CMPA.
Autoria: Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco.
Sobre
Nas eleições municipais de 2020, a cidade de Porto Alegre - capital do Rio Grande do Sul - elegeu, pela primeira vez em sua história, uma bancada formada por vereadoras e vereadores negros em sua Câmara Municipal. A casa legislativa já havia contado com a presença de outros parlamentes negros. No entanto, seus mandatos foram exercidos de maneira solitária - não havendo outros colegas de mesma cor. A inédita bancada de cinco vereadores reuniu mais de 40 mil votos nas eleições proporcionais da cidade e, dentre os eleitos, possuem a candidata mais votada da eleição, Karen Santos (PSOL), além de três de seus integrantes figurarem as dez melhores votações daquele ano - o que ilustra a expressiva adesão a tais candidaturas. O grupo eleito possui certo alinhamento político, se concentrando no espectro de esquerda da capital gaúcha - e, apesar de terem apoiado candidatas diferentes no primeiro turno das eleições majoritárias, todos declararam apoio à candidata Manuela D'Ávila (PCdoB) no segundo turno daquele em Porto Alegre. Essas semelhanças possibilitaram ao grupo uma atuação conjunta de seus mandatos, tendo a questão da raça como eixo central dos posicionamentos da bancada.
Conheça os integrantes da bancada negra de Porto Alegre[1]
Karen Santos
Com 15.702 votos, a professora de Educação Física Karen Santos, 32 anos, foi eleita a vereadora mais votada da capital dos gaúchos. Integrante do movimento Alicerce (grupo que utiliza a legenda do PSOL para participar das disputas parlamentares), Karen atuou no movimento estudantil, tendo integrado a Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (DCE UFRGS).
Matheus Gomes
Historiador, Matheus é formado pela UFRGS e fez parte do movimento pró-cotas na mesma universidade. Ganhou destaque nas manifestações de junho de 2013, tornando-se uma personalidades dos movimentos que integravam o Bloco de Lutas pelo Transporte Público à época. Atuou no DCE UFRGS e é militante do movimento negro. O vereador, está filiado ao PSOL, legenda na qual foi eleito. Sua votação foi bastante expressiva, tendo sido o quinto vereador mais votado de Porto Alegre.
Laura Sito
Laura é formada em jornalismo pela UFRGS e, no momento de sua campanha, encontrava-se grávida. Em significativa parte de sua militância esteve inserida no movimento estudantil, além de ser militante feminista e do movimento negro. A vereadora, eleita pelo PT, já havia atuado na casa legislativa da cidade, tendo sido eleita suplente nas eleições de 2012. Nessa oportunidade, apresentou o projeto que institui o Programa Municipal de Enfrentamento e Prevenção Doméstica e Familiar, Sexual e de Gênero Contra a Mulher nas escolas municipais.
Bruna Rodrigues
Bruna é mãe e estudante de Administração Pública e Social pela UFRGS. Nascida na Grande Cruzeiro - tradicional complexo de vilas da capital gaúcha -, a vereadora do PCdoB tem sua trajetória marcada por lutas em torno das pautas comunitárias, tendo presidido a União das Associações de Moradores de Porto Alegre (UAMPA). Suas pautas estão relacionadas a luta das periferias por acesso a serviços públicos, como saúde e educação.
Daiana Santos
Daiana (PCdoB) foi eleita em sua primeira candidatura. Formada pela UFRGS, é educadora social e sanitarista. Lésbica e periférica, a vereadora possui forte atuação comunitária no Morro Santana, conhecido bairro de Porto Alegre que concentra diversas vilas da cidade. Daiana e Bruna integram a primeira e única bancada partidária totalmente negra e feminina da CMPA.
Ameaças contra a bancada negra em Porto Alegre[2]
Desde o início da legislatura, a bancada vem sendo hostilizada por colegas de vereança, bem como por militantes da extrema direita da cidade. O grupo já recebeu ameaças de morte via e-mail, às quais foram denunciadas pelos mesmos na Delegacia de Crimes Cibernéticos de Porto Alegre.