Bloco Afro Angola Janga
Nascido Bloco Afro Angola Janga em setembro de 2015, partindo da idealização de seus cofundadores, Nayara Garófalo e Lucas Nascimento, o bloco surge da percepção de seus fundadores da necessidade de enegrecer a, então, “nova onda de Carnaval” que surgia em Belo Horizonte àquela época. Os fundadores, que já tocavam em diversos outros blocos da cidade, sentiram a ausência de pessoas negras e periféricas no “novo” Carnaval de Rua para além dos trabalhadores e ambulantes, nos mesmos moldes que aconteceram há 45 anos em Salvador e fundamentaram a criação do Bloco Afro Ilê Aiyê, no Curuzu. Cientes da necessidade de intervenção para que Belo Horizonte não repetisse essa triste história, o bloco foi pensado e projetado para ser um espaço de manutenção, preservação e divulgação da cultura afrobrasileira e da contribuição dos povos tradicionais para a identidade nacional, através de seus repertórios e práticas.
Autoria: Informações do verbete reproduzidas, pela Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco, a partir de redes de comunicação oficiais do Bloco Afro Angola Janga (ver Referências).
História
Com o passar dos anos, a nossa atuação ultrapassou em muito a data festiva do Carnaval, e nosso coletivo passou a se articular durante o ano todo guiado pela sua missão primária: oportunizar, através de estratégias de aquilombamento urbano, a emancipação ampla e coletiva de pessoas negras em espaço seguro, onde conhecimentos e habilidades são compartilhados em prol do crescimento individual e da comunidade, sendo um espaço de manutenção, preservação e divulgação da cultura e filosofia afrobrasileira, bem como de emancipação da população negra.
Nosso nome foi escolhido por se tratar do nome real do Quilombo dos Palmares, assim chamado pelos livros de história. Porém, seus moradores, os quilombolas, chamavam-no Angola Janga (pequena Angola), numa alusão a um espaço em nosso país em que eles pudessem se sentir em casa. Angola Janga também tem traduções possíveis dentro de idiomas africanos, naturalmente, uma vez que o nome é uma corruptela brasileira. De todas as traduções, contudo, o sentido é sempre o mesmo: um quilombo que tenta criar um ambiente de atmosfera favorável para o desenvolvimento de pessoas negras através do trabalho coletivo.
Dentro das diretrizes do bloco estão o combate ao racismo, ao machismo e a LGBTQIfobia; a emancipação do povo negro de forma ampla (nos campos estético, financeiro, cultural, intelectual, de direitos civis, cidadania, entre outros); empoderamento da mulher negra (oprimida duas vezes pelo machismo e racismo); Defesa da Juventude; Defesa dos Povos Tradicionais; acessibilidade e democratização do acesso em suas amplas concepções. Desta forma, o Angola Janga se constituiu dando ênfase a estas questões não somente no discurso e em palestras direcionadas aos próprios integrantes e para a sociedade em geral (universidades, empresas, escolas, faculdades, produtoras, entrevistas, poder público, entre outros), mas também na prática.
Nosso coletivo é composto de real e efetiva diversidade de gênero e orientação sexual, que convivem harmonicamente em processo constante de desconstrução, evolução, decolonização e com destaque para suas necessidades e questões específicas. Também temos, em nossa composição, crianças que acompanham os pais integrantes, pessoas acima de 60 anos e pessoas neurodiversas.
Juntamente com o crescimento do debate constante sobre questões sociais, o Angola Janga teve oportunidades ricas de realizar sua vocação inicial de atentar o público que mobiliza para questões cada vez maiores.
Atividades
. Atendimento psicológico – Atendimento gratuito ou a preços sociais a integrantes e à população interessada.
. Pré-Enem Angola Janga – Com professores voluntários, que preparam jovens e adultos negros e/ou periféricos para o Enem.
. Distribuição gratuita do CD- Livro Agbara do Angola Janga para escolas e bibliotecas públicas para aplicação da lei 10.639/03: Tiragem de 1.000 (mil) exemplares.
. Cortejo de Carnaval. Evento estruturado para público de 200.000 pessoas, gratuito, que visa a ocupação do espaço público e a garantia de direitos culturais dos povos negros e tradicionais, bem como sua promoção e divulgação;
. Oficinas de musicalização, percussão e dança. Atende cerca de 150 pessoas por ano, com oficinas gratuitas e abertas ao público e garante a preservação, estudo, pesquisa e compartilhamento dos conhecimentos, saberes e fazeres culturais afro-brasileiros.
. Curso de formação de produtores/gestores culturais, contribuindo com a empregabilidade e capacitação de novos profissionais bem formados para assumir postos de trabalho na área da cultura e da manutenção de outros coletivos e movimentos sociais.
. Atendimento Jurídico – realizado por advogados, com atendimento gratuito ou a preços sociais a integrantes e à população interessada.
. Angola Janga nas escolas - Aplicação da lei 10.639/03 na rede pública, Nestas apresentações, o bloco sempre realiza uma aula-show, precedida sempre de uma intervenção pedagógica feita pelos integrantes da área educacional em conjunto com integrantes.
. Distribuição de cestas básicas, artigos de higiene e contribuição no pagamento de contas essenciais para integrantes, seus parentes, periferias de BH e cidades próximas, quilombos, terreiros, coletivos de congado e reinado e para nossas redes, em contexto pandêmico.
. Conversas Pretas: espaço virtual de diálogo sobre temas diversos ligados ao povo negro, com convidados internos e externos.
. Feira de Afroempreendedores Ojá Owo, bem como articulação de oportunidades de capacitação e de presença em rodadas de negócios.
. entre outros projetos pontuais ou específicos do contexto;
Objetivos
Desde a fundação, o Angola Janga não se acomodou, aprofundando e solidificando seus projetos já existentes e criando novos de acordo com as demandas e talentos internos. Também esteve sempre em sua prática o bom diálogo construtivo e cooperativo com outros coletivos, movimentos, instituições e, inclusive, com o Poder Público, a fim de construir pontes para a realização das ações e articulações necessárias para cumprir nossa missão.
O objetivo do Angola Janga sempre foi a contribuição para a emancipação do povo negro em diversas áreas (acadêmica, psicológica, financeira, afetiva, cidadã, etc.). Nosso modo de fazer isso é através de nossos três pilares: Educação, Cultura e Cidadania. Em 1, 5 ou 10 anos, é nosso objetivo geral não perder de foco a missão para qual nos propusemos em 2015, potencializando a nossa organização para poder incidir neste objetivo geral de maneira cada vez mais efetiva e com resultados cada vez maiores. Em um ano, é nosso objetivo estar com a Associação Cultural Angola Janga formalizada e pronta para inscrição em editais e outras formas de captação de recurso. Outro objetivo a curto prazo é o estabelecimento de uma Sede (ou a formalização adequada do espaço que hoje administramos em concessão).
Pretendemos fortalecer, a partir e por meio do processo da formalização (criação de estatuto, regimento interno, etc), a estrutura de gestão, com definição clara dos papéis de cada ator e lideranças, de forma sustentável e organizada. Da mesma forma, estruturar de maneira efetiva os vários braços de ação do coletivo, compreendendo o papel e a posição formal e legal deles na organização (Curso Pré-Enem, Banda Musical Angola Janga, Bloco Afro Angola Janga, parcerias com Afroempreendedores, Direitos autorais de criações musicais, etc.).
Com a estruturação do coletivo em uma Associação e com a definição transparente de seu estatuto e regimento, bem como de sua estrutura gestora, é objetivo para os próximos anos (5 anos) trabalhar em quatro frentes primárias, a saber: 1) a formação e capacitação técnica das lideranças envolvidas; 2) a captação de recursos para a manutenção dos projetos já existentes e para a ampliação de atendimento dos mesmos; 3) a incidência formal, que já é realizada, em políticas públicas, permitindo a participação do coletivo em espaços deliberativos e Conselhos Municipais; 4) a melhoria no setor de Comunicação, por meio de capacitação interna e de contratação externa, de forma a potencializar as frentes anteriormente citadas.
Com os objetivos alcançados, o planejamento a longo prazo (10 anos) implica em uma existência mais sustentável do coletivo, tanto financeiramente quanto em recursos humanos. Isso nos possibilitaria a ampliação dos projetos existentes e a criação de novos projetos ainda mais abrangentes, sempre com foco nos nossos três pilares (Educação, Cultura e Cidadania). O estabelecimento de parcerias feitas ao longo dos anos também seriam importantes recursos para a realização de projetos maiores e com maior abrangência. A intenção final seria a de dar início a um dos nossos grandes objetivos: o funcionamento da Sede enquanto espaço de referência da cultura negra em nosso território, formativo, gerador de empregos, comunitário, social, cultural e com recursos como Creches e cuidados na segurança alimentar de crianças e famílias da comunidade.
Para 2023, portanto, o Bloco Afro Angola Janga espera continuar direcionando seu crescimento para a execução e a continuidade de seus projetos sociais e culturais. E, para acompanhar este crescimento de forma estruturada e organizada, a concessão deste edital seria de valor inestimável para o projeto como um todo, para além do carnaval.
Chamamento Carnaval 2023 em BH: {{Https://youtu.be/Zbbqtx-4NMs}}
Propósitos
- MISSÃO: Criar mais um espaço negro na cidade, em função do apagamento cada vez maior dos negros, especialmente periféricos, no Carnaval de Belo Horizonte, bem como na sociedade em geral.
- VISÃO: Oportunizar uma espécie de quilombo urbano, em que conhecimentos e habilidades possam ser compartilhados entre irmãos em prol do crescimento individual e coletivo da comunidade.
- VALORES: Intermediar os negros à cultura que a eles pertence e que na qual muitos não tiveram acesso. O desejo é que essa fantasia seja eterna!
Fotos
Redes sociais
Referências
Bloco Afro Ilê Aiyê