Coletivo Filhas do Vento (Recife – PE)
Verbete produzido pela equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco a partir das redes oficiais da coletiva.
Coletivo de mulheres negras que atua no enfrentamento ao racismo, machismo, sexismo, pobreza, LGBTQIA+ fobia e suas intersecções.
Sobre
“Nem mulatas, nem morenas, somos negras que, como miçangas em um maravilhoso colar, carregamos em diversos tons a nossa ancestralidade, unidas por um único fio, a crença em um mundo onde não existam opressões baseadas nas diferenças de gênero, étnico-raciais ou de classe social”.
A Marcha das Mulheres Negras em Brasília (2015) foi essencial para a demarcação das mulheres negras como atrizes essenciais de transformação social e para o despertar de grupos e iniciativas nessa difícil caminhada. Essa movimentação, associada a episódios institucionais assustadores como o golpe sofrido por Dilma Rousseff e a aprovação da PEC 55, que congelou os gastos públicos por 20 anos, ambos em 2016, provocou o encontro das Filhas do Vento em Recife, Pernambuco.
O coletivo Filhas do Vento nasceu oficialmente em outubro de 2016 no Museu da Abolição em um evento de lançamento que debateu sobre mulheres negras, identidades e políticas públicas.
O vento não pode ser visto, mas está em todos os lugares, mudando tudo de lugar, alterando paisagens, revolucionando. É assim que vemos nossos cotidianos e das demais mulheres negras, de precisam diariamente “revolucionar” suas vidas, criando novas possibilidades, como o vento. O Coletivo Filhas do Vento se constitui a partir da construção de uma abordagem do ponto de vista de mulheres negras para mulheres negras. Assumimos de pronto que nossos valores, ideias e posicionamentos são fruto de nossas experiências a partir deste lugar socialmente construído e individualmente experimentado. Esta afirmação destaca a riqueza de olhares do qual somos fruto, uma vez que, os temas comuns às nossas práticas e vivências podem ser expressos de modos distintos levando em consideração as especificidades da trajetória e do ponto de vista de cada uma. Neste coletivo a diversidade é celebrada enquanto elemento agregador de sentido e relevância e orienta nossas práticas em todos os campos sociais.
Propósitos
Missão
Promoção do empoderamento da população negra, com recorte de gênero, através de formações, baseadas na educação popular e espaços educativos não-formais, ações culturais e acadêmicas.
Visão
Ampliação do debate das relações étnico-raciais
Valores
Sororidade, empatia, ética, respeito, cooperação e transformação dos cenários do feminicídio, genocídio da população negra e do empobrecimento da população.
Eventos
Articulando-se com outros grupos e movimentos da cidade, as Filhas do Vento desenvolveram eventos importantes. Tais como:
Construindo memórias, resgatando processos.
Roda de Diálogo realizada pelo Coletivo Filhas do Vento de finalização do Projeto “Travessias Negras: das margens aos centros decisórios do poder”, apoiado pelo Programa de Aceleração de Lideranças Negras – Marielle Franco, uma iniciativa financiada pelo Fundo Baobá.
O evento aconteceu no dia 29/11/2021, no Habitat Cozinha Ancestral. Além de marcar o fechamento do Projeto “Travessias Negras: das margens aos centros decisórios do poder”, o evento teve como objetivo realizar uma conversa sobre as experiências, desafios e aprendizados ao longo do projeto com parceiras e parceiros que fizeram parte desse percurso de algum modo.
"Abolição" para quem? Debate sobre o dia 13 de maio.
No dia 27 de maio de 2017 os Coletivos Filhas do Vento, Afronte e Cara Preta; o Grupo de Estudos em Raça, Gênero e Políticas Públicas da Unicap; e o Grupo Percussivo Kallinas, promoveram um evento de debate e circulação de ideias sobre o momento pós-abolição da escravatura, a Lei Áurea de 1888. O evento aconteceu no Museu da Abolição e contou com a presença de um grande público.
O principal objetivo desta ação foi a integração entre movimentos sociais, estudantes, pessoas negras de diferentes faixas etárias, profissionais de diversos segmentos e todo público que tem interesse em debater e conhecer melhor as questões relacionadas com as condições sociais da população negra no Brasil pós-abolição. Mesmo dentro de espaços dedicados à discutir e pensar a população negra no Brasil existe essa lacuna, embora reconheçamos que muitas coisas acontecidas naquela época se desdobram e repercutem até hoje.
Aláfia - Revoluções Feministas Negras - Uma produção Coletivo Filhas do Vento