Curso de Comunicação Popular do NPC

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
Revisão de 13h22min de 9 de novembro de 2019 por Caiqueazael (discussão | contribs)

Autora: Luisa Santiago

O Curso de Comunicação Popular do Núcleo Piratininga de Comunicação promove, anualmente, a integração de cerca de 40 jovens, entre 17 e 30 anos. São moradores de bairros da periferia e das favelas da região do Grande Rio e de municípios vizinhos, estudantes de comunicação, jornalistas recém-formados, participantes de movimentos sociais e de coletivos de comunicação popular.

Ele foi criado em 2015, depois da aproximação do NPC com as mães dos jovens assassinados na Chacina do Borel em 2003. 

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Em 2019, o curso chegou à sua 14ª edição. Nesse ano recebemos mais de 200 fichas de inscrição. Numa conjuntura difícil como a que todos nós estamos inseridos, optamos por misturar no cotidiano das aulas lições práticas sobre o uso da comunicação com a formação política. Consideramos essa junção fundamental para avançar na formação de cada um, qualificar suas atividades junto aos seus coletivos e estimular uma maior articulação entre esses militantes. Abrimos as atividades com aulas sobre História da Imprensa no Brasil, com Claudia Santiago, e Comunicação Popular por Quem Faz, com comunicadores populares do Complexo do Alemão, Cidade de Deus e da Rocinha.

Trabalhamos valores como a solidariedade, a conquista de direitos sociais, o respeito ao meio ambiente, a ideia de igualdade entre mulheres e homens, o combate ao racismo, o respeito às culturas tradicionais e a denúncia da violência do Estado nas favelas.

O fortalecimento da Comunicação Popular se mostra cada vez mais importante. É através dela que é possível o amadurecimento dos laços comunitários e o desenvolvimento de uma consciência coletiva a partir da emergência de temas comuns, da representatividade e da construção de um projeto coletivo para gestão do espaço público e dos bens comuns.

Além de produtores de conteúdo, os comunicadores populares são multiplicadores tanto daquilo que produzem – para dentro e para fora do local onde atuam –, quanto dos saberes adquiridos ao longo do processo de formação.

Sua dinâmica é composta por aulas, atividades de campo, reuniões, pesquisas, publicações impressas e virtuais. Para as turmas novas, o conteúdo programático apresentado ao longo dos meses é definido pela equipe do NPC em conjunto com a rede de professores/monitores que trabalham de forma conjunta. São mais de 120 horas de aula ao longo dos meses. 

No caso de turmas avançadas, compostas por ex-alunos, o conteúdo é definido junto aos participantes, em reuniões que acontecem nos meses que antecedem o início das aulas. No total, são 50 horas-aulas realizadas em espaços articulados pelos alunos ou pela equipe do NPC.

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Ao final das aulas, os alunos produzem o jornal impresso Vozes das Comunidades. Eles decidem a pauta, escrevem, revisam as matérias e fazem a diagramação. Tudo a partir do que acumularam ao longo do curso. A distribuição do jornal é feita no ato “Grito dos Excluídos”, que acontece anualmente em 7 de setembro, como uma manifestação dos movimentos sociais paralela ao desfile militar oficial. 

Uma das principais marcas da relação entre aulas e turma é a curiosidade. Em praticamente todos os encontros, depois do fim da aula os professores são abordados por alunos em busca de mais informações ou ajuda para suas próprias atividades.

Cada aluno chega ao curso com uma trajetória e uma experiência, mas é a sistematização e a ampliação dos saberes num ambiente compartilhado que propicia uma troca enriquecedora.

Ao longo dos anos os alunos mantém ativo o Blog Vozes das Comunidades (atualmente em manutenção), onde podem publicar seus textos e também textos que considerem relevante para o coletivo. 

Há também um grupo de Whatsapp através do qual acompanhamos nossas atividades, planejamos ações conjuntas e debetemos os acontecimentos no Rio e no Brasil.