Boreart
Morro do Borel No Borel, a Rua Nossa Senhora de Fátima, ou simplesmente Rua do Barranco, se transformou em uma charmosa galeria de arte: a Boreart. Desde 2013, os jovens moradores da comunidade, Fred Castilho, Kauã Gonçalves, Marcio Correia, Leandro Araújo e Leonardo Ferreira, tocam o projeto inovador, que realiza curadorias de exposições de artistas renomados em casas do complexo, pacificado em 2010, além de intervenções de grafite em paredes externas da passagem.
O grupo começou a abordar esse objetivo através de uma parceria com o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro no ano passado, quando este realizou uma exposição na comunidades, apresentando obras de artistas brasileiros. As obras foram expostas nas paredes de quatro casas ao longo da Rua Nossa Senhora de Fátima e continuam lá desde então, aberto para visitações. O grupo também começou a oferecer oficinas de arte urbana, que incluem grafitti e fotografia, para moradores jovens de 15 a 29 anos.
Inspirada pela famosa Escadaria Selarón na Lapa, foram coletados azulejos doadospara enfeitar a escadaria da comunidade no estilo Selarón. A gente pensou, poxa, a Escadaria Selarón chama atenção para caramba, modifica um espaço grande. Aqui era super largado. Nós pensamos que também podíamos fazer isso lá”, disse Isabela. “Chamar a atenção de pessoas de fora e moradores para aquele local. Dar visibilidade não só a nosso projeto, mas aos moradores, ao local em si e transformar um grande ponto de encontro no Borel”.
primeira exposição do projeto contou com a curadoria convidada de Marcus Lontra e a parceria luxuosa do Museu de Arte Moderna (MAM), através de Luiz Camillo Osório, que cedeu seis fotos da série Descompressão... 1973...descompressão, do artista plástico luso-brasileiro Artur Barrio, para a mostra inaugural. A obra Chuva, do coletivo multimídia Chelpa Ferro, completou o circuito artístico, espalhado por quatro casas de moradores que nunca nem chegaram a pisar em um museu.
Na segunda etapa, o Boreart recebeu a exposição Andareiro, do pernambucano André Soares Monteiro, que transforma banners e portas de armários usados em obras de arte.
Luiz Augusto, que hospedou em sua casa dois painéis e dois quadros com pinturas em homenagem à cultura nordestina, se sentiu privilegiado em receber as peças. "Me apeguei às obras e torci para elas não irem embora", brinca o morador do Borel.
Mote seminal do Boreart, o grafite de qualidade também cresce aos olhos de quem passa pela Rua do Barranco. Expoentes da arte urbana como Marcelo Eco, Mario Bentes, Trop, VTR TJK e o Coletivo Gráfico já deixaram sua marca criativa nos muros do Borel.