Morro Azul
Informações retiradas da internet pela equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco.
A favela
O Morro Azul (Comunidade de Nossa Senhora de Lourdes) é uma comunidade localizada entre os bairros do Flamengo, Botafogo e Laranjeiras, na Zona Sul do município do Rio de Janeiro, Brasil.
História
O Morro Azul, para se configurar na favela que é atualmente, teria começado a ser habitado aproximadamente na década de 30 do século XX, entretanto deduz-se que os primórdios dessa ocupação, contaria para mais de um século antes. As terras do Morro, uma parte delas pertenceu a Ordem Terceira, que vendeu por uma bagatela, vastas metragens para moradores da parte rica, do lado de Botafogo, Rua Bento Manuel. Já, do lado de Laranjeiras, Rua Presidente Carlos Campos, tem condomínio que se expandiu até no topo do Morro Azul, se apossando inclusive de área que no passado era campinho de futebol da favela; levantaram um muro e construíram uma piscina. Noutra parte do alto do Morro Azul, no terreno do Abrigo Romão Duarte (Santa Casa de Misericórdia), os empresários do ramo de lutas marciais, Dedé Pederneiras e o campeão José Aldo construíram uma arena de lutas. O conjunto arquitetônico desse terreno vem do século XVIII, tendo sido residência do proprietário de quase toda a região hoje denominada de Botafogo, o Sr. José Fernandes, filho do conhecido contratador de diamantes Dr. João Fernandes de Oliveira (que viveu em Diamantina-MG, de 1755 a 1770) e da famosa ex-escrava Chica da Silva, que, teria financiado escravos libertários, muitos dos quais teriam usado o Morro Azul (antiga Chácara da Mangueiras) como trilha de fugas para construírem quilombos no interior das matas que cobriam a Zona Sul.
Possíveis origens do nome
A primeira possibilidade de origem do nome do Morro Azul seria o Palacete (atualmente é rosa) situado no topo do morro que é dividido em duas partes (lado classe média alta e lado classe trabalhadora): Nos primórdios esse palacete era pintado de azul. Lá residiam descendentes de Olavo Bilac (autor da letra do Hino da Bandeira).
A referência mais forte é a da lanchonete Azul, devido por ali, os moradores pioneiros terem tido acesso ao morro por vários anos. Este estabelecimento ainda existe na Rua Marquês de Abrantes, 158, Flamengo, Rio de Janeiro.
E a outra referência foi o reflexo de tom meio azulado, em dias ensolarados incidindo na superfície do lado desnudo do morro, chamado de pedreira, que hoje é de preservação ambiental, pois se encontra totalmente arborizada, lá foram replantadas mais de setecentas árvores, resultado de projeto em parceria da comunidade do Morro Azul com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Hoje essa área foi transformado no Bosque Ecológico Nossa Senhora de Lourdes, Morro Azul, uma espécie de cinturão de segurança ecológica para a comunidade e o entorno.
Padre Paulo Riou
Remanescente da Resistência Francesa ao julgo da Alemanha de Hitler na Segunda Grande Guerra Mundial, já no início da década de cinquenta do século vinte, o então jovem francês, padre Paulo Riou (da Paróquia Santíssima Trindade), recém-chegado ao Brasil, ao fazer suas gradativas visitas e intervenções na favela do Morro Azul, começa a delinear ações para o desenvolvimento daquele local. Naquela época a favela do Morro Azul encontrava-se num avançado estágio de miséria. Mesmo assim, para driblar essa situação, os moradores criavam porcos, galinhas, cabritos, coelhos, patos, ovelhas, perus. Criavam esses animais sem nenhuma orientação técnica. Animais que viviam soltos nas valas imundas, proporcionando zoonose. Além da pobreza acentuada e analfabetismo extremo, a comunidade acometida pela cólera, disenteria, tifo, doenças de pele, aguçando principalmente a mortandade infantil e todo tipo de mazelas crescentes, devido à falta de infra-estrutura, tais como: coleta irregular de lixo e entulho, valas de esgoto a céu aberto, infestações de ratos, baratas, lacraias e demais insetos, falta de via de acesso para a comunidade, falta de representação comunitária, não havia energia elétrica, faltava água encanada e rede de esgoto... Todas essas mazelas levaram Paulo Riou a promover uma grande cruzada de ações socias no morro. Fez campanhas de arrecadações de recursos provenientes de entidades sociais, e, já naquela época, pensando em reciclagem, chegou a vender garrafas de vidro e ferro velho para arrecadar fundos, além de contar com a participação de paroquianos da Igreja Santíssima Trindade e de personalidades, tais como o médico sanitarista Dr. Luís Lima, o qual convidou especialmente. Riou então, para fortalecer os ânimos no local, inaugura o culto à Nossa Senhora, em 1952 e inicia assim todo um trabalho de humanização e higienização. Com o passar do tempo, por mérito, Nossa Senhora foi transformada em padroeira do Morro Azul.
Bosque Ecológico Nossa Senhora de Lourdes
Esse empreendimento que homenageia a santa padroeira da comunidade do Morro Azul, ocupa uma área aproximada de vinte mil metros quadrados, resultante do plantio de quase mil árvores numa parceria da Secretaria Municipal de Meio Ambiente com a Associação de Moradores do Morro Azul entre os anos 2001 e 2004.
Atualmente a Pastoral de Meio Ambiente do Morro Azul está a frente da campanha interessada em transformar esse bosque num empreendimento de visitação pública, como opção de lazer e entretenimento adaptado à operacionalidade turística comunitária e religiosa economicamente solidária, constituindo-se em espaço de sustentabilidade local, Para tal prever a construção da Gruta de Nossa Senhora de Lourdes Morro Azul (local reservado à devoção), Barracão do Sopão (para alimentar gente de rua) e espaço para trabalhar a educação em segurança alimentar e educação ambiental.
Galeria de fotos
Referências
- SANTOS, Carlos Nelson Ferreira. Movimentos Urbanos no Rio de Janeiro, Zaha Editores, 1981.
- Página do Facebook Somos Morro Azul.
- Página Wikipédia sobre o Morro Azul.
- Blog BOSQUE ECOLÓGICO NOSSA SENHORA DE LOURDES.