Mandata Coletiva Nossa Cara (PSOL - CE) - Fortaleza - CE

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
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Este verbete faz parte do relatório "Favelados no parlamento", produzido pela equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco.
Coletiva Nossa Cara

Adriana Gerônimo, Louise Anne de Santana e Lila M. Salu formam trio eleito em 2020, com 9.824 votos, para ocupar uma das 43 cadeiras da Câmara Municipal em Fortaleza.

Coletiva de mulheres PRETAS

Coletiva de Mulheres Pretas

Uma assistente social e líder comunitária, uma professora, uma educadora popular. Uma católica, uma evangélica, uma “do terreiro”.

Duas filiadas a partido político, uma independente. Todas nascidas e criadas na periferia de Fortaleza. Adriana Gerônimo Vieira Silva; Louise Anne de Santana e Lila M. Salu, formam a ‘Nossa Cara’: primeira candidatura coletiva de Fortaleza.

O objetivo de dividir para multiplicar foi, aliás, o que fez as três se encontrarem. Mesmo vindo de comunidades distintas da cidade, Adriana, Lila e Louise se esbarravam sempre em Marchas da Periferia, protestos nos dias 8 de março e outros atos políticos por reivindicação de direitos para pretos, pobres, mulheres e pessoas LGBTI+.

Surgimento

A ‘Nossa Cara’ surgiu das nossas aflições. E está se construindo, ainda. Não se limita à entrada na Câmara – queremos mexer com a estrutura”, sentencia Lila: educadora popular, cantora, compositora, instrumentista e, agora, vereadora de Fortaleza.

“É um cenário muito cabuloso, a política, e vimos muito isso na rua. Pessoas pedindo 100 reais, mil reais pra votar na gente. Somos uma candidatura preta: tudo o que esperam da gente é vacilo. E a gente fez tudo muito massa, de até se abaixar no chão pra apanhar um panfleto que caiu, porque a gente não ia sujar a rua. Política é isso. Nossa campanha ganhou no diálogo”, orgulha-se Lila.

Desafios

As três mulheres se unem no gênero, nas origens, na formação política, na cor da pele e na “urgência de mudança”, e trazem consigo bagagem de demandas, vivências e ausências que castigam os bairros periféricos – ou a parcela pobre dos bairros de elite – da Capital. Unindo tudo, definiram três bandeiras que devem guiar as propostas de lei e o exercício da vereança: educação, cultura e direito à cidade.

Além da importância de compor a equipe legislativa da quinta maior capital do Brasil, as três vereadoras enxergam em si “e em todos os que ajudaram” um farol de mudança.

“Nossa vitória representa frutos. Apesar de estarmos num momento difícil, nossas ancestrais lutaram muito pra gente chegar até aqui. Os recursos e as mãos que chegaram até nós, assim como o nosso jeito de fazer, fizeram diferença. É um momento histórico de esperança: apesar de tudo, continuamos existindo”, conclui Louise.