Educação de jovens e adultos (CEJA-MARÉ)
Autor: João Paulo S. D. Netto
O verbete apresenta uma breve caracterização da Educação de Jovens e Adultos (EJA) na cidade do Rio de Janeiro para então concentrar os esforços de reflexão especificamente na experiência do Centro de Educação de Jovens e Adultos da Maré (CEJA-Maré), evidenciando, fundamentalmente, as expressões da consciência dos estudantes com relação a suas condições de superexploração, negação de direitos sociais e suas experiências de vida no território. Os sujeitos da EJA são aqueles que estão readquirindo tardiamente o seu direito à educação formal, pois ao longo de sua história de vida tiveram que interromper (ou nem iniciaram) a escolarização por conta da precoce entrada no mundo do trabalho ou por constituir família ainda muito jovens. Mesmo retornando à escola, se manter nela é uma luta cotidiana. Uma vez que são trabalhadores e só dispõem da venda de sua força de trabalho como meio de sobrevivência, o tempo da escola entra em choque com o tempo do emprego (formal ou informal). O CEJA, por funcionar na modalidade semipresencial em três turnos (manhã, tarde e noite) potencializa a inserção desses trabalhadores na escola quando comparado as demais escolas da rede municipal do Rio de Janeiro. Essa aparente positividade deve ser problematizada para que não percamos de vista o carácter contraditório dessa proposta de educação, necessitando apontar sua dimensão negativa, ou seja, uma formação aligeirada para a classe trabalhadora. Uma vez que o direito ao acesso e apropriação do patrimônio científico e cultural da humanidade potencializa os trabalhadores a se tornarem dirigentes, este direto tem sido historicamente negado a eles, ficando restrito à educação das elites. Ao trazer à tona a voz dos sujeitos da EJA da favela da Maré, apresento reflexões que contribuem para implementar em outros territórios com características semelhantes uma educação compromissada com o horizonte da emancipação humana, que busque criar um sistema capaz de desenvolver suas atividades em sintonia com a vida real e tenha uma preocupação de natureza política e uma prática ativa, se materializando em ações de superação da formação social capitalista através da elevação cultural e desenvolvimento dos trabalhadores, contribuindo no processo de mobilizar cultura e experiência de vida/luta na formação da consciência de classe, potencializando uma atuação compromissada com a luta por uma sociedade mais justa, equânime e solidária.