Coletivo Fotografia Periferia e Memória
Coletivo formado por pessoas que fotografam e/ou atuam para a criação, difusão e valorização de uma cultura visual diversa, reconhecedora de valores, saberes, histórias, direitos e suas violações relativos a espaços populares urbanos, bem como a expressões de povos originários e tradições culturais brasileiras. Produzimos e divulgamos trabalhos artísticos-documentais sobre os lugares que amamos, vivemos e atuamos, com a certeza de que esses registros irão se tornar a memória visual dos nossos territórios. Seguimos guardando a memória das festas populares e das lutas sociais, disputando narrativas para que não se tenha uma visão única, hegemônica e quase sempre preconceituosa sobre tudo o que é de origem popular. A fotografia em que acreditamos se faz nos encontros, de forma compartilhada, junta e misturada de dentro do nosso centro que, para muitos de nós, são as periferias.
Autoria: Coletivo Fotografia Periferia e Memória
História
O coletivo Fotografia Periferia e Memória (FPM) foi criado em agosto de 2015, a partir de um convite de Sandra Baruki, integrante da equipe técnica do Centro de Conservação e Preservação Fotográfica da Fundação Nacional de Artes (Funarte) desde 1986, onde atua como coordenadora na área de preservação e conservação de acervos fotográficos, para que fosse oferecida uma oficina sobre fotografia popular, como parte da programação do FotoRio daquele ano.
O curso, que recebeu o nome de Fotografia Periferia e Memória, foi organizado por Dante Gastaldoni[1] e contou com a colaboração de Tatiana Altberg[2], João Roberto Ripper[3] e Ratão Diniz[4]. A boa receptividade da iniciativa, justificou outro convite da Funarte, para o oferecimento, naquele mesmo ano, de 11 oficinas de fotografia nas regiões Norte e Nordeste do país. Para dar conta da tarefa, fotógrafas e fotógrafos - que reconhecem o seu fazer fotográfico como parte da "fotografia popular", expressão coletiva e polissêmica - foram convidados a integrar o grupo, consolidando, assim, o trabalho coletivo como base de ação.
Atuação
Nos anos subsequentes, o Coletivo FPM, com formações distintas, apresentou-se em mais de 30 cidades de 13 estados brasileiros, construindo parcerias importantes, em especial com o Sesc Paraty e o Retrato Espaço Cultural, criado e gerenciado pela fotógrafa Nana Moraes. Em 2017, a convite do Sesc Paraty, foi oferecida a oficina “Fotografia documental e olhar autoral”, com 120 horas-aula, distribuídas ao longo de sete semanas. A parceria se renovou em 2021, durante a pandemia, com a série de seis vídeos “A presença da máscara nas festas populares do Brasil – um passeio fotográfico com Ratão Diniz” e o curso “Fotografia Periferia e Memória”, composto por 21 vídeos, que culminou com a exposição Outras Marés, exibida inicialmente no Sesc Santa Rita, em Paraty (2021), seguindo em itinerância pelo Retrato Espaço Cultural (2022) e pela Fiocruz (2023), por ocasião do evento “MARIELLE VIVE! Favelas na Reconstrução do País”, em 13 de março de 2023, na Biblioteca de Manguinhos, integrada ao Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz.
Esses conjuntos de vídeos gerados inspiraram a criação de duas disciplinas eletivas sobre Fotografia Popular, oferecidas pelo professor Dante Gastaldoni, na Escola de Comunicação da UFRJ em 2021 e 2022. Uma delas, Fotografia e Festas Populares, é totalmente centrada na obra de Ratão Diniz; a outra, Fotografia Periferia e Memória, foi ancorada na produção do Coletivo FPM, sendo tema de TCC defendido em julho de 2023 pela aluna Fernanda Mendes.
Por sugestão de Nana Moraes, em 2022, durante a exibição de Outras Marés no Retrato Espaço Cultural, foi desenvolvida a ação A Fotografia Popular Ocupa o Retrato, com o oferecimento de oficinas e a venda de fotos, tanto da exposição, como através da Feira de Fotografia Popular. Também em 2022, a convite do Sesc Paraty, o Coletivo FPM participou do Paraty em Foco (com palestra e projeção) e da concepção e produção da revista “A fotografia popular por ela mesma”, lançada na Feira de Literatura de Paraty em 2022, com lançamentos também em 2023, no Retrato Espaço Cultural e no Festival de Fotografia de Tiradentes.
A maioria dos integrantes do FPM concilia trajetória de trabalho individual com a atuação no coletivo. Em sua atual formação, o coletivo é integrado por Ana Mendes, AF Rodrigues, Aline Oliveira, Dante Gastaldoni, Elisângela Leite, Erika Tambke, Fernanda Dias, Fábio Caffé, Jaqueline Félix, Joana Mazza, João Roberto Ripper, Kita Pedroza, Leo Lima, Luiz Baltar, Monara Barreto, Meysa Medeiros, Nay Jinknss, Ratão Diniz, Renan Otto, Rovena Rosa, Tay Winter, Thaís Alvarenga, Thais Rocha, Thiago Ripper e Wanderson Santos.
Ligações externas
Parte dessa programação pode ser acessada por meio das redes sociais do Canal do Sesc Paraty:
Série “A presença da máscara nas festas populares do Brasil”
Ciclo de palestras “Fotografia Periferia e Memória”
Contatos
Instagram @coletivofpm
Notas
- ↑ Dante Gastaldoni, 72, é pai de Daniel e Diego, carioca, botafoguense e professor de fotografia desde 1976. Jornalista e cientista social formado pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com mestrado em Fotografia no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFF, atuou como professor no Instituto de Arte e Comunicação Social da UFF (1980/2016), foi coordenador acadêmico da Escola de Fotógrafos Populares (2005/2012) e leciona Fotografia na Escola de Comunicação da UFRJ desde 1983. Em 2015, participou da criação do coletivo Fotografia, Periferia e Memória. Fonte: Revista A Fotografia Popular por Ela Mesma
- ↑ Tatiana Altberg nasceu no Rio de Janeiro em 1974 e iniciou sua produção artística no começo dos anos 1990. É artista visual, com ampla experiência em projetos ligados a fotografia, design e educação. Em 2003, criou o Mão na Lata, em parceria com a OSCIP Redes da Maré, para jovens das comunidades da Maré, com participação, até hoje, em exposições, seminários e publicações. Em 2005, publicou o livro de fotografias Sí por Cuba (Cosac Naify), resultado de sua viagem a Cuba. Participou da Residência Artística Setor Público (RASP) em 2018, publicando, como resultado dessa experiência, o livro Quem eu acordei hoje? (Automatica Edições, 2019). Em 2020/2021, realizou a ação A Maré de Casa, em colaboração com Raquel Tamaio e em parceira com a Redes da Maré e o People’s Palace Project. Fonte: Coleção ArteBra
- ↑ Aos 66 anos, João Roberto Ripper ocupa lugar de destaque na fotografia documental humanitária no Brasil e no mundo. Nos anos 90, trabalhou ao lado do Ministério Público e da Organização Internacional do Trabalho (OIT) denunciando focos de trabalho análogo à escravidão em minas de carvão no interior do país e fotografou durante duas décadas a triste saga dos índios Guarani Kaiowá em busca de direitos básicos. Hoje, Ripper é visto como inspirador de novos olhares sobre as favelas cariocas, por ser um dos principais fundadores da Escola de Fotografia Popular que forma profissionais, prioritariamente moradores de favelas e periferias, em fotografia a partir da perspectiva dos Direitos Humanos. Nos últimos anos, tem percorrido o Brasil e o mundo ministrando a oficina Bem querer, onde ensina os princípios da comunicação popular e fala sobre o método de trabalho que criou, a fotografia compartilhada, onde as pessoas fotografadas ajudam a editar o material final. J.R Ripper tem dois livros lançados: Imagens Humanas e Retrato Escravo. Fonte: Imagens Humanas
- ↑ Fotógrafo formado pela Escola de Fotógrafos Populares e até o ano de 2014 foi integrante da agência Imagens do Povo, fundada na favela da Maré pelo fotodocumentarista João Roberto Ripper. Ao completar 10 anos de carreira, Ratão lançou seu primeiro livro “Em Foto” (Rio de Janeiro: Mórula Editorial, 2014) e, de lá para cá, tem se consolidado como um dos mais importantes fotodocumentaristas do nosso país, com um trabalho que transita entre os grafiteiros, as favelas e a cultura popular. Em paralelo com a documentação dos Bate-Bolas (RJ), Ratão Diniz tem demonstrado particular interesse em fotografar festas populares que se caracterizam pelo uso de máscaras. Fonte: Ratão Diniz