Ocupa Alemão
Autoria: Ocupa Alemão.
O Movimento
O Ocupa Alemão nasceu pela morte, pela dor, causada pelo racismo institucional, pela violência do Estado ao negro e ao favelado. Na manhã do dia 26 de novembro de 2012, o jovem Mário Lucas, 18 anos, morador do Morro da Fazendinha, no Complexo do Alemão, foi cruelmente assassinado por dois PMs à paisana dentro de sua própria casa.[1] Dois dias depois, veio o toque de recolher na favela do Borel. Estes dois episódios foram o estopim para que o jovem empresário e estudante de publicidade Luciano Garcia, morador do Complexo do Alemão, se reunisse a um grupo de amigos do Borel e do Alemão e, juntos, promovessem um evento de repúdio à violência policial das UPPs.[1]
No dia 5 de dezembro de 2012, às 21h, iniciou-se simultaneamente na favela do Borel e Nova Brasília um ato contra o toque de recolher imposto, atraindo a curiosidade dos moradores locais, sobretudo os mais jovens. O ato contou com conscientização política, microfone aberto a quem desejasse falar e a entrega de uma carta aberta ao comando da UPP.[1] Com livre inspiração nas mobilizações internacionais surgidas após o Occupy Wall Street, o Ocupa Alemão e o Ocupa Borel tornaram-se as primeiras iniciativas do gênero organizadas por jovens de favelas cariocas. Logo depois o Ocupa Alemão, de movimento virou um coletivo centrado nas questões de direitos humanos a fim de (re)virar um movimento organizado de favela de maioria negra.[1]
O Ocupa Alemão visa resgatar o caráter público dos territórios da favela através de iniciativas. Uma dessas iniciativas é a criação de bibliotecas livres, que são espaços de compartilhamento de conhecimento administradas pelos moradores, incorporando a arquitetura e geografia da comunidade. A primeira biblioteca livre foi inaugurada em maio de 2013 no Morro dos Mineiros, no Complexo do Alemão.[1]