Richarlls Martins

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
Revisão de 13h59min de 8 de outubro de 2024 por Flavia Candido (discussão | contribs)

É presidente da Comissão Nacional de População e Desenvolvimento (CNPD) do Brasil e doutor em Saúde Coletiva pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). É mestre em Políticas Públicas em Direitos Humanos e bacharel em Psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Com uma trajetória que a academia e a atuação comunitária, Richarlls se destaca pela sua defesa dos direitos humanos e pelo compromisso com a saúde integral das populações vulneráveis, especialmente nas favelas. Coordenador do Plano Integrado de Saúde nas Favelas do Rio de Janeiro, ele também é consultor do Fundo de População das Nações Unidas no Brasil e da Organização Pan-Americana da Saúde, sendo um dos principais articuladores na luta por equidade e justiça social em políticas de saúde e desenvolvimento no Brasil.

Autoria: Informações do verbete reproduzidas, pela Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco, a partir do site oficial da FIOCRUZ  [1][2]
Richalls Martins acervo pessoal




Sobre

Palácio do Itamaraty, a cerimônia de retomada da Comissão Nacional de População e Desenvolvimento (CNPD)

Richarlls Martins é o atual presidente da Comissão Nacional de População e Desenvolvimento (CNPD) do Brasil e coordenador executivo do Plano Integrado de Saúde nas Favelas do Rio de Janeiro. Sua trajetória é marcada pela defesa dos direitos humanos, pela promoção de políticas de saúde pública e pela liderança em iniciativas específicas para populações vulneráveis. Richarlls possui doutorado em Saúde Coletiva pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mestrado em Políticas Públicas em Direitos Humanos e é bacharelado em Psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ele é a primeira pessoa negra a ocupar a presidência da CNPD, o que reforça seu compromisso com a pluralidade e a diversidade no campo das políticas públicas brasileiras.

Além de sua atuação nacional, Richarlls Martins representa o Brasil em fóruns internacionais, como a Assembleia Mundial da Saúde e a Organização das Nações Unidas (ONU), e é consultor do Fundo de População das Nações Unidas e da Organização Pan-Americana da Saúde. Sua gestão na CNPD busca fortalecer a participação social na formulação de políticas públicas, bem como ampliar o diálogo entre diferentes setores da sociedade para garantir direitos e promover a justiça social.

Richalls infância Imagem do Instagram Pessoal

Infância e Formação

Richarlls Martins nasceu em Paracambi, na Baixada Fluminense, Rio de Janeiro, e desde cedo se envolveu com movimentos sociais. Aos 15 anos, passou o Grêmio Estudantil no Colégio Técnico da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), onde concluiu o ensino médio. Posteriormente, mudou-se para o Rio de Janeiro para cursar Psicologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde iniciou seu engajamento em projetos comunitários voltados para educação e saúde em favelas e periferias. Durante a graduação, coordenou o Curso Pré-Vestibular da UFRJ em Nova Iguaçu, na favela da Cerâmica, onde se deparou com o impacto direto da violência e da ausência de políticas públicas.

Seu interesse pelas políticas sociais e pela saúde pública o levou a ingressar no mestrado em Políticas Públicas em Direitos Humanos pela UFRJ, onde desenvolveu uma dissertação que foi agraciada com o Prêmio de Ações Afirmativas pela originalidade e contribuição para a redução das desigualdades sociais. Posteriormente, Richarlls avançou seus estudos na Fiocruz, concluindo o doutorado em Saúde Coletiva no Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz). Sua pesquisa se concentrou na saúde da população negra e no desenvolvimento de políticas de saúde pública que consideram as desigualdades sociais e a vulnerabilidade dos territórios periféricos.

Carreira e Contribuições no Campo da Saúde Pública

Richarlls Martins iniciou sua carreira em Psicologia Social e Saúde Pública com foco em políticas de juventude e saúde para populações marginalizadas. Em 2008, foi eleito o delegado mais jovem para representar o estado do Rio de Janeiro na Conferência Nacional dos Direitos Humanos. Entre 2011 e 2015, foi o membro mais jovem do Comitê Técnico de Saúde da População Negra do Ministério da Saúde, período em que contribuiu para a formulação de políticas públicas voltadas à equidade racial e ao combate ao racismo estrutural no setor de saúde.

Em 2014, fundou a Rede Brasileira de População e Desenvolvimento (Rebrapd) com outros ativistas da área e, desde então, coordenou a entidade. Sua atuação se expandiu para a defesa dos direitos das populações negras e periféricas, sendo uma das principais referências em saúde integral e direitos humanos no Brasil. No âmbito internacional, representou o Brasil em mais de 45 países e participou da construção de agendas globais, como a Agenda 2030 da ONU. Durante esse período, também contribuiu como assessor técnico em diferentes órgãos públicos, como a Secretaria Estadual de Direitos Humanos do Rio de Janeiro, a Secretaria Geral da Presidência da República e o Ministério da Saúde.

Coordenação do Plano Integrado de Saúde nas Favelas do Rio de Janeiro

Durante a pandemia de COVID-19, Richarlls Martins atuou como coordenador executivo do Plano Integrado de Saúde nas Favelas do Rio de Janeiro, um projeto interinstitucional que reúne a Fiocruz, UFRJ, UERJ, PUC-RJ, UENF, IFF, ABRASCO, SBPC e a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ). O plano foi criado em abril de 2020 como resposta emergencial aos impactos da pandemia nas favelas, com o objetivo de mitigar os efeitos da COVID-19 e promover a saúde integral nas comunidades mais vulneráveis, através de ações articuladas com organizações de base e coletivos que atuam nesses territórios.

Em maio de 2020, o Plano Emergencial de Enfrentamento à COVID-19 nas Favelas foi lançado, e em agosto do mesmo ano, a ALERJ destinou R$ 20 milhões à Fiocruz para a implementação das ações do plano. Os recursos foram distribuídos por meio de chamadas públicas realizadas entre 2021 e 2023, resultando no apoio a 146 projetos, que beneficiaram mais de 170 favelas no estado do Rio de Janeiro.

Além de promover ações de saúde, o plano desenvolveu atividades culturais, educativas e rodas de empreendedorismo, incluindo terapêuticas, oficinas de capacitação, escolares e estratégias de reforço de comunicação voltadas à vigilância popular em saúde. As atividades foram realizadas em parceria com coletivos e instituições locais, ampliando a participação social e promovendo a solidariedade e a democracia nas favelas.

Em 2024, a Fiocruz destinou mais R$ 5 milhões para a ampliação do Plano Integrado, com o lançamento de uma nova chamada pública que apoiou 56 novos projetos. Com isso, a abrangência territorial do plano foi expandida para 33 municípios fluminenses, incluindo Barra Mansa, Belford Roxo, Cabo Frio e Cachoeiras de Macacu. A iniciativa também desenvolveu uma estratégia específica para a Rocinha, com o objetivo de mapear ações de vigilância popular e coordenar novas políticas de saúde para o território.

Com essa articulação interinstitucional e o engajamento direto com os territórios, o Plano Integrado de Saúde nas Favelas contribui não apenas para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), mas também para a construção de novas tecnologias sociais, que promovem saúde integral e integrada como desigualdades nas favelas e periferias do Rio de Janeiro.