História do Morro do Chaves - Barros Filho RJ

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
Revisão de 20h47min de 12 de novembro de 2024 por Kita Pedroza (discussão | contribs) (Categorias temáticas, palavras-chave)
(dif) ← Edição anterior | Revisão atual (dif) | Versão posterior → (dif)
WhatsApp Image 2024-10-16 at 14.28.24 (1).jpg

O Morro do Chaves é uma comunidade localizada no bairro de Barros Filho, na Zona Norte do Rio de Janeiro. O nome do morro é uma homenagem a um imigrante português chamado Chaves, que foi um dos primeiros moradores da área, na época ainda coberta de mato. A história do Morro do Chaves está diretamente ligada ao crescimento de Barros Filho, um bairro que se desenvolveu a partir de loteamentos e ocupações espontâneas ao longo das décadas.

WhatsApp Image 2024-10-16 at 14.28.24.jpg

Origens do Morro do Chaves

Chaves chegou à região com sua esposa e seu filho, Manoel, em uma época em que Barros Filho ainda tinha características rurais. Ele trabalhou capinando o terreno sozinho e, eventualmente, construiu uma casa grande e imponente no topo do morro, que permanece visível até os dias de hoje. Além da casa principal, Chaves construiu várias outras moradias menores que ele alugava para os primeiros moradores da região. Isso fez com que ele prosperasse financeiramente no Brasil.

Com o passar dos anos, mais pessoas começaram a se estabelecer ao redor do morro, e a comunidade cresceu. O processo de urbanização de Barros Filho, impulsionado pela proximidade com a linha férrea, fez com que os terrenos se valorizassem, atraindo cada vez mais moradores de classes populares em busca de moradia acessível. Esse crescimento gradual levou à formação de uma favela.

WhatsApp Image 2024-10-16 at 14.28.24 (3).jpg

Desenvolvimento e Transformação do Bairro

Para entendermos a história do Morro do Chaves, precisamos primeiro entender a formação de Barros Filho, situado nas terras que outrora pertenciam à Fazenda Botafogo, parte do Engenho da Pavuna. Com o falecimento do proprietário da fazenda, José de Costa Barros, as terras foram divididas entre seus herdeiros: sua filha Luiza de Costa Barros e seu filho José de Costa Barros Filho.

Luiza cedeu parte de suas terras à Companhia Ferroviária Central do Brasil e aos Jesuítas, contribuindo para o desenvolvimento da região. Já José de Costa Barros Filho loteou suas terras para indústrias e repassou parte para a prefeitura, que distribuiu terrenos para funcionários públicos. Esse processo de loteamento resultou na urbanização e na formação dos bairros de Barros Filho e Costa Barros.

O Morro do Chaves surgiu nesse contexto, à medida que mais pessoas buscaram a região para se estabelecer, atraídas pelas oportunidades urbanas.

WhatsApp Image 2024-10-16 at 14.28.24.jpg

Impactos Sociais e o Surgimento do Tráfico

Nos anos 1980, o Morro do Chaves sofreu uma transformação drástica com a chegada da Falange Vermelha, que mais tarde se tornaria o Comando Vermelho. A primeira boca de fumo foi instalada na Capineira, perto do campo do "11", hoje conhecido como Barrinho. Com o tempo, o tráfico de drogas se espalhou pela comunidade, e as disputas pelo controle territorial se intensificaram.

Essas disputas levaram à guerra entre o Comando Vermelho e o Terceiro Comando, que se instalou em Costa Barros. Desde então, os moradores do Morro do Chaves e das áreas vizinhas têm enfrentado constantes desafios de insegurança, decorrentes das guerras entre facções.

Legado e Atualidade

Hoje, o Morro do Chaves é uma comunidade consolidada que faz parte da identidade de Barros Filho. A antiga casa de Chaves, ainda visível no topo do morro, serve como um lembrete da história da área, que passou de uma ocupação isolada para uma comunidade vibrante, mas marcada por desafios sociais e econômicos.

O Morro do Chaves, como tantas outras favelas do Rio de Janeiro, representa a resiliência de seus moradores. Ao longo das décadas, esses moradores contribuíram para o crescimento e preservação da cultura e história locais, mantendo viva a memória da comunidade.