O que nos faz ser quem somos
Por sermos daqui, entendemos que cada calor é diferente de uma maneira específica. O calor que nos dá em baixo de uma marquise quente de um sol quente bate ali há horas é diferente do calor que se dá quando vemos a luz do dia pela primeira vez num verão ordinário carioca. Mas nem só de cheiros gordurosos e ventos efervescentes internos vive o imaginário popular do que é ser morador de onde se é. Quem dera não fossem mais que frequentes as sensações que nos afastam da ideia de uma sociedade minimamente afável com quem faz parte dela, principalmente pela solidariedade justamente pela gentileza de acalentar um irmão. Sacos e mais sacos são carregados acima mesmo que hajam os mais complicados obstáculos vindo de lá. O componente popular e ancestral se vê no ambiente, na composição de todas as naturezas impostas ou não à gente. Sentimos calor porque devemos quando pensamos nas horas que perdemos sem fazer nada em movimento, dias e mais dias num transporte que muitas vezes não é seguro para a sua locomoção. Sobre conquistas interrompidas por distâncias ou simples negligências de quem não nos quer por lá. Mas advinha só, quando pensam que se vêem livre de nós, estamos atrás da porta esperando.