Sagrado Afro-brasileiro
Sagrado Afro-Brasileiro: Texto em itálicoconcebido como tronco aglutinador, das heranças culturais das Nações Iorubanas (Nagôs-Queto-Ijexá), Banto e Jeje, que se direcionam, respectivamente, a perpetuar a cultura e o culto ancestral dos Orixás, Inquices e Voduns em território brasileiro. Torna-se substancial elucidarmos que o termo busca também abraçar a pajelança, os cultos dos povos originários e nações indígenas que ao longo da história se entrelaçam com diáspora negra. Cujas raízes, dão origens aos Candomblés, Tambor de Minas, Terecô, Batuque, Omoloko, Xangô, Umbanda, Pajelança, entre tantas outras.
A história afro-brasileira, instituída pela política do silêncio, é marcada por muitos silenciamentos (ORLANDI, 1997), como nos ensina Fanon (2008): Falar é estar em condições de empregar uma certa sintaxe, possuir a morfologia de tal ou qual língua, mas é sobretudo assumir uma cultura, suportar o peso de uma civilização...falar é existir absolutamente para o outro (FANON, 2008, p. 35). As religiões afro-brasileiras enfrentaram no decorrer da trajetória dos homens e mulheres dizimados, sequestrados e escravizados, um percurso sobre a linha tênue do silenciamento e da assimilação dos aspectos do que seria possível às religiões afro-brasileiras. Representadas e englobadas aqui no panteão do que chamaremos sagrado afro-abrasileiro, concebido como tronco aglutinador, de raízes, como os Candomblés, Tambor de Minas, Terecô, Batuque, Omoloko, Xangô, Umbanda, entre tantas outras. Conforme observamos em Prandi (2011), sobre a organização das nações de origem das manifestações religiosas já em terras brasileiras, podemos compreender que ocorrem variadas organizações e reorganizações devido ao tempo, a cultura e as próprias necessidades de sobrevivência. Forma-se assim um diversificado conjunto de religiões afro-brasileiras, que segundo Prandi (1997) até os anos 1930 poderiam ser incluídas na categoria das religiões étnicas, de preservação de patrimônios culturais dos antigos povos africanos escravizados e seus descendentes. Avalia-se ainda que estas religiões se formaram em diferentes áreas do Brasil com diferentes ritos e nomes, derivando tradições diversas tais como o Candomblé na Bahia, Xangô em Pernambuco e Alagoa, Tambor de Mina no Maranhão e Pará, Batuque no Rio Grande do Sul e Macumba no Rio de Janeiro, dentre outras. Para fins deste verbete lança-se a reflexão acerca do que pesquisadora GIUDICE (2021) chama de sagrado afro-brasileiro.
Para fins desta pesquisa, não será possível a imersão mais particularizada nestas cosmogonias, por isso será compreendido o sagrado afro-brasileiro, como tronco aglutinador das fontes religiosas, que nas terras brasileiras, em linhas gerais, se dão pelas Nações Iorubanas (Nagôs-Queto- Ijexá), Banto e Jeje, se direcionam, respectivamente, a perpetuar a cultura e o culto ancestral dos Orixás , Inquices e Voduns . (GIUDICE, 2021, p.66)
Contudo, em território brasileiro novos contornos são observados ao longo da história. Torna-se substancial elucidarmos que o termo busca também abraçar a pajelança, os cultos dos povos originários e nações indígenas que ao longo da história se entrelaçam com diáspora negra. É necessária essa análise, uma vez que a intolerância é direcionada, estendida, a todos os que professam e sacralizam os cultos não hegemônicos, não euro-centrados e sobretudo rompem com o pacto da branquitude , cujo rótulo ou estigma passou a ser naturalizado nas relações sociais.
Referêncial Bibliográfico
Giudice, E. S. D. (2021). Lei 10.639/03: uma possibilidade de encontro com o sagrado afro-brasileiro? [Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Rio de Janeiro].