Favela como um quilombo transmutado

A favela pode ser compreendida como um quilombo transmutado, como entende Andrelino Campos, geógrafo e ex-professor da UERJ, campus São Gonçalo, falecido em 2018. Em suas reflexões, propôs pensar a lógica que se reproduz nesses espaços negros como locais de resistência permanente e de enfrentamento da ordem legal vigente, seja ela nos períodos colonial e imperial, como foram os quilombos históricos, assim como espaços de ocupação originalmente não legitimados pelos poderes públicos, como são as favelas até os dias de hoje. Há uma linha de continuidade de uma lógica sob o ponto de vista da exclusão, como também de resistência. Na favela o povo negro compartilha a vida para além das suas angústias. A favela, assim como os quilombos, são espaços de famílias, comunidades, culturas e potências. Espaços grandiosos em sonhos e talentos, símbolos de um povo forte na busca por soluções coletivas.