Trabalho Social com Famílias na Habitação

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
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Para compreender o trabalho social com famílias no âmbito da habitação é necessário considerar as especificidades dos arranjos e das organizações das famílias, bem como apreender suas múltiplas configurações e organizações, tendo como foco suas particularidades e singularidades em diferentes situações que serão apresentadas e nos diferentes níveis sociais. No direcionamento do trabalho social com famílias na habitação é importante refletir sobre aspectos que envolvam as dimensões: social, econômica, cultural, ambiental, política; bem como, analisá-las e/ou captá-las a partir de uma perspectiva crítica que considere parâmetros vinculados à questões de gênero, classe, raça/etnia, territorialidade. A apropriação crítica dos elementos que compõem a realidade das famílias a serem atendidas, permite e/ou possibilita que os/as profissionais desenvolvam e/ou aperfeiçoem metodologias de trabalho que engloba parâmetros específicos para a execução de um conjunto de ações adequado e comprometido com a resolução das demandas apresentadas pelas famílias e/ou comunidades em suas diferentes realidades. Os instrumentais técnico-operativos já existentes e utilizados pelos/as profissionais, devem ser conduzidos com a perspectiva de obter uma maior aproximação junto às famílias atendidas, de conhecer a realidade, constatar suas carências e prestar informações sobre as situações demandadas, pensando em construir ações para resolução dessas demandas, com o objetivo de garantir os seus direitos, a título de exemplo: o direitos à cidade, à habitação, ao saneamento básico, à mobilidade, à regularização fundiária, à organização e gestão participativa dos sujeitos sociais do território, preservando a particularidade de cada grupo (Santos, 2021). As atividades, atribuições e limites para o desenvolvimento do trabalho social com famílias se materializa em um contexto marcado por relações complexas que abarcam diferentes sujeitos, como: movimentos populares e/ou entidades populares, instituições públicas e privadas, equipes multiprofissionais contratadas e/ou efetivas para execução das ações e as famílias dos territórios (em seus múltiplos arranjos). Para a efetivação do trabalho social com famílias na habitação não há um percurso pronto a ser seguido, pois cada realidade possui sua particularidade e ela está em constante transformação – deste modo, a sistematização do saber é imprescindível. Assim, sua sistematização ocorre nas diferentes esferas da vida, no interior de um intenso processo que envolve diferentes sujeitos sociais e a realidade social que os cerca, realidade essa atravessada pelos percalços do modo de produção, por conexões/vinculações, experiências, contradições, possibilidades, por inquietações e busca de caminhos para aquilo que se quer desvendar; e também, por busca de respostas concretas para as circunstâncias daquilo que se quer resolver sobre determinada realidade social. Portanto, os/as profissionais que compõem as equipes de trabalho social com famílias devem dispor do que Guerra (2009) denomina de dimensão investigativa e dimensão criativa, consideradas pela autora partes constitutivas e indispensáveis da ação profissional, uma vez que propiciam realizar uma mediação crucial entre a realidade e o conhecimento - as respectivas dimensões permitem questionar, problematizar, estabelecer suposições/possibilidades, rever parâmetros de produções anteriores que já serviram e/ou servem de embasamento para a produção de um conhecimento e/ou um subsídio técnico mais específico. Por fim, cabe pontuar a imprescindibilidade do trabalho social com famílias na área da habitação desde o processo de planejamento, articulação ampla e permanente, mobilização, acompanhamento, proposições de encontros, reuniões, atividades e construção/viabilidade de parcerias – a proposta de execução deste trabalho deve caminhar em conjunto com os interesses dos/das sujeitos/as e suas famílias, estando alinhada/comprometida com a promoção da participação desses atores sociais nos processos de tomada de decisão, implantação e ações previstas na intervenção, a fim de direcionar as intervenções de acordo com às necessidades e à realidade local, bem como estimular a produção de conhecimentos e a preservação das memórias/histórias do território pelas famílias atendidas.