Vila Catiri
Conhecida popularmente como "Catiri", esta localidade situada ao norte de Bangu, Rio de Janeiro, se estende ao longo da margem direita da Estrada do Gericinó.
Autoria: Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
História
Origens (década de 1960)
Nas fronteiras do loteamento Vila das Bandeiras, onde a Companhia Nacional de Alimentos Campanha mantinha pastagens, surgiram as primeiras habitações em 1964. Batizada inicialmente como Favela do Querosene – referência às lamparinas que iluminavam os barracos nas ruas Monte Alto, Capão Bonito e Rio Real –, organizou-se formalmente em 1966 com a criação de sua associação de moradores.[1]
Memória viva dos pioneiros:
Relatos orais destacam a disputa sobre a posse das terras (atribuídas por moradores à Fábrica Bangu) e as décadas de precariedade (ausência de asfalto, energia elétrica irregular e invasão de vegetação).[1]
Perfil demográfico:
Ano | População | Domicílios | Fonte |
---|---|---|---|
2000 | 2.808 | 797 | IBGE - Censo Demografico 2000 |
2010 | 3.396 | 1.082 | IBGE - Censo Demográfico 2010 |
2022 | 3.000 | 1.201 | IPP com base em IBGE - Censo Demográfico 2022 |
Origens: Predomínio de migrantes da Paraíba, Maranhão e Espírito Santo
Inserção laboral: 56% trabalham em bangu, Realengo e Vila Kennedy; apenas 10% alcançam o Centro/Zona Sul (IPP, 2000)
Variação da área ocupada
Localização e vizinhança
Seu território abrange o trecho da Rua Catiri entre a Avenida Brasil e o Rio Sarapuí, onde começa o Jardim Bangu. Apesar de sua proximidade geográfica com o Jardim Bangu - a ponto de muitos considerarem as duas áreas como um só sub-bairro -, o Catiri mantém características únicas que o definem como uma comunidade distinta.[2]
O Catiri está situado próximo a importantes pontos de referência:
- O Maciço Mendanha-Gericinó (Serra de Madureira)
- O aterro sanitário de Bangu (localizado no vizinho bairro do Gericinó) Essa posição estratégica contribui para sua dinâmica urbana e comunitária.[2]
Infraestrutura e Serviços
A região conta com:
- Terminal de ônibus (ponto final da linha 379 - Catiri x Tiradentes)
- Escola Municipal Maria Quitéria
- Centro Municipal de Saúde
- Complexo industrial (incluindo a fábrica de cosméticos Vita A e depósitos da Coca-Cola)
- Antiga estação de tratamento de esgoto (desativada)[2]
Cultura e representatividade
O Catiri ganhou projeção cultural através de menções em algumas música:
"Nosso Sonho", do duo Claudinho e Buchecha
"Rap do Catiri", dos MCs Dedé e Creck
Rádio Comunitária Paraíso (98.7 FM)
Rádio pioneira em Bangu a receber outorga do governo federal.[2]
Espaço Cultural Raízes de Gericinó
Raízes de Gericinó é uma entidade que mistura a luta por moradia digna com a preservação das tradições culturais nordestinas. Fundada por uma família de migrantes maranhenses, a associação é mais do que um espaço comunitário: é um pedaço do Maranhão plantado no asfalto carioca, mantendo viva a chama do Bumba Meu Boi e outras manifestações populares.[3]
No centro dessa história está Dona Rosa, ex-quebradeira de coco babaçu e guardiã das tradições maranhenses. Sob sua liderança, o grupo folclórico "Estrela do Gericinó" ganhou vida, levando cores, música e dança para as ruas de Bangu. Os ensaios, a confecção de adereços e as festas anuais transformaram-se em pontes entre gerações, unindo jovens locais a suas raízes culturais.
A Raízes de Gericinó não se limita à cultura. Nasceu da urgência de oferecer alternativas para crianças e jovens da do Catiri e arredores.
Endereço | Estrada do Gericinó - Bangu, Rio de Janeiro - RJ |
Redes Sociais | @raizesdegericino |
Eixos de atuação
- Biblioteca infanto-juvenil – um convite à leitura e ao conhecimento;
- Geração de renda: Curso de corte e costura para mulheres (com foco em indumentárias do folclore)
- Saúde: Atendimento psicológico e projeto de nutrição
- Cineclube – onde o cinema vira ferramenta de reflexão
- Capoeirando – grupo de capoeira que mistura ginga e resistência
- Acervo museológico – um pequeno museu comunitário que atrai curiosos, turistas e pesquisadores
A associação tornou-se um ponto de encontro para migrantes nordestinos que buscam um pedaço de sua terra no Rio. Mas também atrai estudantes, artistas e quem deseja conhecer de perto a riqueza do folclore brasileiro.[3]
Desafios estruturais
Enquanto a ONG faz milagres com poucos recursos, a realidade do território impõe barreiras:[4]
- 22 mil habitantes divididos entre Catiri e 4 sub-bairros vizinhos
- Infraestrutura precária: Apenas 1 creche, 1 escola (Maria Quitéria) e 1 pequeno posto de saúde
- Saneamento: O sub-bairro Chico Mendes vive completamente sem redes de esgoto
- Financiamento: Todas as atividades são mantidas por voluntárias e doações esporádicas
Dados do território
Identificação
- Nome: Vila Catiri
- Código no SABREN: 278
- Data de Cadastramento: 09/09/1981
- Acesso Principal: Rua Monte Alto
- Complemento: 517
- Bairro: Bangu
- Região Administrativa: Bangu
- Região de Planejamento: Bangu
- Área de Planejamento: 5
- Programa de Urbanização: Favela Bairro e Morar Carioca
Notas e referências
- ↑ Ir para: 1,0 1,1 Instituto Pereira Passos. Favela Busca. Disponível em: https://sabren-pcrj.hub.arcgis.com/pages/favelabusca. Acesso em: 24 mar. 2025.
- ↑ Ir para: 2,0 2,1 2,2 2,3 WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. Catiri. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Catiri. Acesso em: 24 mar. 2025.
- ↑ Ir para: 3,0 3,1 ATADOS. Espaço Cultural Raízes de Gericinó. Disponível em: https://www.atados.com.br/ong/espaco-cultural-raizes-de-gericino. Acesso em: 24 mar. 2025.
- ↑ SIRI, William. Um olhar sobre a diversidade cultural da Zona Oeste e seus desafios. Disponível em: https://williamsirirj.com/wp-content/uploads/2024/01/Cultura.pdf. Acesso em: 24 mar. 2025.