Roquete Pinto
Situada na Zona Norte do Rio de Janeiro, faz parte do Complexo da Maré e surgiu a partir de 1955 com o aterramento do manguezal por moradores que buscavam espaço para viver.
Autoria: Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
Sobre
A Roquete Pinto[1] é uma das 15 favelas que integram o Complexo da Maré e apresenta características marcadas por sua origem popular, pela autoconstrução das moradias e pela articulação comunitária. Hoje, a favela conta com duas escolas públicas e um Centro Integrado de Educação Pública (CIEP), que oferecem ensino fundamental e médio, além de atividades extracurriculares. O território também é conhecido por sua proximidade com o Piscinão de Ramos e o Parque Roquete Pinto (grafado com um “T” a menos), importante ponto de referência para a região.
Localização no Google Mapas:
Histórico
A ocupação da Favela Roquete Pinto [2] começou em 1955, com os primeiros barracos sendo construídos no final da Rua Ouricuri, onde ainda não havia asfalto, energia elétrica ou saneamento básico. O espaço era originalmente um manguezal, e os moradores, por iniciativa própria, iniciaram o aterramento com entulho, abrindo caminho para a construção de casas.
Seu nome é uma homenagem ao médico, antropólogo e pioneiro da radiodifusão no Brasil, Edgar Roquette-Pinto. Ao longo das décadas, a favela passou por processos de urbanização e hoje abriga escolas, espaços culturais e um histórico forte de resistência e mobilização.
A favela está localizada entre a Praia de Ramos e o Parque Roquete Pinto (com um "T" a menos). No passado, o local vizinho abrigava o quartel do 24º Batalhão de Infantaria do Exército, hoje pertencente à Polícia Militar.
O edifício que abrigava a torre de transmissão da Rádio Roquette-Pinto é um marco histórico na Favela Roquete Pinto. Após sua desativação em 1994, o prédio foi reutilizado como ferro-velho, mantendo-se como um símbolo significativo na memória coletiva dos moradores.
Quantidade de Pessoas
De acordo com o Censo Populacional da Maré[3], realizado em 2019 pela Redes da Maré, a Favela Roquete Pinto possui 2.867 habitantes, distribuídos em cerca de 933 domicílios. Esses dados atualizados oferecem um panorama mais preciso sobre a densidade populacional e as condições de moradia do território.
PDF do CENSO-MARÉ
Cultura e Lazer
O território da Roquete Pinto é um espaço de expressão cultural intensa e criativa. A favela conta com uma praça pública, uma quadra esportiva e é sede da Escola de Samba Siri de Ramos, que promove eventos, ensaios e festas tradicionais ao longo do ano.
Curiosidades
- O nome da favela presta homenagem a Edgar Roquette-Pinto, mas curiosamente, o Parque Roquete Pinto, vizinho ao território, é grafado com apenas um “T”. Esse detalhe ortográfico virou uma curiosidade histórica e é muitas vezes tema de conversas entre os moradores mais antigos.
- Durante décadas, a favela era cercada por palafitas e lama, e a busca por água potável exigia que moradores caminhassem até a Avenida Brasil.
- A Roquete Pinto já sofreu com incêndios devastadores, como relatado por moradores antigos, mas nunca perdeu seu espírito de reconstrução e solidariedade.
- Muitas famílias que hoje vivem na Praia de Ramos migraram da Roquete Pinto, o que mostra a importância dessa favela na formação urbana do entorno.
Rádio Roquette-Pinto[4]
A história da Rádio Roquette-Pinto está diretamente conectada ao território da favela que hoje leva o mesmo nome. Antes de ser chamada assim, a emissora era conhecida como Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, criada por Edgard Roquette-Pinto, pioneiro da radiodifusão brasileira, com o objetivo de democratizar o acesso ao conhecimento por meio do rádio. A primeira sede da rádio foi instalada no local onde hoje está situada a favela Roquete Pinto, na Zona Norte do Rio de Janeiro.
O prédio da rádio e sua torre de transmissão marcaram o início da ocupação da área, sendo referência urbana e simbólica para os moradores que chegaram a partir de 1955. Foi em torno dessa estrutura que os primeiros barracos surgiram, dando início à construção do território hoje reconhecido como parte do Complexo da Maré.
A emissora passou para a administração do Governo do Estado do Rio de Janeiro em 1946. Em 29 de maio de 1974, recebeu concessão para operar em FM (94,1 MHz) e passou a transmitir em circuito fechado no ano seguinte. As transmissões abertas começaram nos anos 1980, período em que também passou a tocar nas estações do metrô carioca. Durante os governos de Leonel Brizola, a rádio teve seu auge, com programação educativa e musical voltada para a formação cultural da população. Vídeo sobre o novo momento da Rádio:
Apesar de momentos de declínio nas décadas seguintes, com mudanças de nome e formato (inclusive como “94 FM”), a emissora voltou a se chamar Rádio Roquette-Pinto em 2021, quando adotou um novo modelo de programação, voltado à cultura, educação e jornalismo.
Os estúdios da emissora ficam na Avenida Erasmo Braga, no Centro do Rio de Janeiro, com um novo estúdio instalado no Palácio Guanabara. A antena de transmissão está localizada no Morro do Sumaré. A Rádio Roquette-Pinto se firmou como uma referência pública na comunicação, oferecendo espaço para vozes das periferias, artistas independentes e produções educativas, e mantendo viva a memória do território onde tudo começou.
Ver também
- O termo "favela" de volta ao IBGE
- Mapa das favelas cariocas
- Lista de Favelas do Município do Rio de Janeiro
- Complexo da Maré
- Comunicação Comunitária e Midiativismo - conceitos métodos e experiências de pesquisa em dialogia (livro)