Usuário:Victória Almeida

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
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Marielle: o que vi, ouvi e li[editar | editar código-fonte]

Antes de dizer pra que e por que precisamos guardar memória dessa brilhante mulher negra, que alcançou milhares, precisamos saber quem ela foi e pelo que ela lutou.

Quem foi Marielle Franco?

Eu passei a conhecer Marielle depois do terrível acontecimento. Mas por tudo que vi, ouvi e li, ela ficou em maior evidência após o crime que sofreu. Seu nome completo, Marielle Francisco da Silva, de 38 anos, mulher, mãe, lésbica, “cria da favela”, Socióloga, e ativista, dificilmente será esquecido. Além de tudo isso, ainda era presidente da Comissão da Mulher na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro. E integrante da comissão que investigava abusos das forças armadas e da polícia durante a intervenção federal na área da segurança pública do estado.

Em 2016 elegeu-se como vereadora, tendo mais de 46.000 votos. Aí sua luta ficou mais intensa. Em seu mandato, apresentou várias leis em defesa das mulheres, da população LGBT+ e de igual modo lutava sem parar pela defesa dos direitos humanos. Porém no dia 14 de março de 2018, calaram sua voz.

Família/Manifestantes:

A manifestaçção e o brado consequente ao fatídico dia ocorreu em vários estados do Brasil e pelo mundo afora. E não esqueceram sobremaneira do motorista Anderson Pedro Gomes, de 39 anos, que morreu no mesmo momento que a vereadora.

Todas as pessoas que participaram das mais diversas manifestações (grande parte sendo de mulheres), de afeto e de revolta ante o bárbaro crime, reuniram-se para, de alguma maneira, insistirem por seus projetos. Como exemplo: o fim da intervenção federal no Rio de Janeiro. Inclua-se aí o fim da guerra contra as drogas nas favelas e periferias, que tanto vitima os seus jovens, em sua imensa maioria de negros. Outras bandeiras políticas que Marielle defendia foram igual e fortemente levantadas, como o combate ao racismo e ao machismo institucional.

A força de sua voz segue ecoando por vários lugares e corpos. Seja através de seus pais, de sua filha Luyara, de sua viúva Mônica e ainda dos clamores populares nas inúmeras manifestações de apoio e carinho.

Sua família por sinal, enquanto sofre com o luto, ao mesmo tempo luta para ampliar essa voz. Sua filha única, Luyara, contou em determinado momento ao jornal "O Globo", que mesmo após um ano ainda espera sua mãe chegar em casa. E também critica o fato de várias pessoas usarem o nome de sua mãe para autopromoção. Luyara, bem como toda a família e os amigos, esperam justiça do caso que até hoje não foi resolvido.

Monica, sua companheira de longa data, costuma contar o quanto é difícil ter de viver o luto, pois viveram juntas por um ano e três meses, em uma vila na Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro. Cogitavam a hipótese de ter um filho e queriam se casar já em 2019. Tantos e tantos planos que foram interrompidos naquela triste noite de 14 de março. Ela comentou que as manifestações realizadas lhe deram muita força.

Creio eu que não deu forças somente a ela, mas também para sua família, amigos e demais pessoas que acreditaram e votaram para ter Marielle Franco como vereadora. Isso deu força para lutarem em seu nome e das outras pessoas que tentaram calar.

Há muitas pessoas que estão aí para que sua voz não se cale nunca.

Por que devemos manter a memória de Marielle Franco sempre ativa?

Marielle como podemos notar por sua história de vida, batalhou bastante para chegar onde chegou; gritou alto, protegeu quem não tinha proteção. Ela alcançou um ponto alto e seguia subindo, quando a assassinaram tentando calar-lhe, tentando acabar com suas ações que aos poucos mudavam as coisas. Mas estes assassinos e seu mandante se enganaram quando acharam que não haveriam continuidade aos seus trabalhos.

A família criou o Instituto Marielle Franco, uma organização que além de buscar respostas e justiça por sua morte, quer também “multiplicar o legado deixado por ela e regar as sementes que surgiram após o seu assassinato e do seu motorista”. Outro evento de igual importância é o Florescer por Marielle, uma plataforma feita pela comissão das mulheres para homenageá-la.

Marielle ainda vive dentro de casa um de nós. E vidas negras importam. Espero que todos que ouvirem sua história se inspirem a lutar por sua causa também. É por isso que ela deve ser lembrada e homenageada, ela nos inspira a lutar por nossas causas, seja elas negras ou causas LGBT+, seja qual causa for nunca podemos parar de lutar.

Precisamos de respostas. O caso de Marielle não pode morrer empoeirado em alguma sala por aí.

Sensibilidade

No dia 14 de março de 2018, Marielle e Anderson, foram assassinados. Naquele dia, foi aberta uma ferida no coração de amigos e familiares. Difícil é imaginar a dor de Luyara, sua filha, ao saber que naquela noite sua mãe não estaria mais por perto. Ou ainda a dor de sua viúva, Monica, ao saber que nunca mais acordaria ao seu lado.

Particularmente, já passei por uma dor assim. Crime não foi o motivo, sendo morte por doença. Horrível é sentir a angústia pelo desconhecimento do que causou morte ou o porque tal pessoa morreu. No meu caso preferiram não me contar devido minha idade, porém, a dor de não ter respostas sobre a morte de alguém que você ama, é uma coisa que não tem palavra para descrever. A sensação é horrível. Que dirá a família de Marielle, sua filha, sua viúva, a cada ano vir o dia de 14 de março, lembrar que perderam uma pessoa querida e não sabem quem a matou ou o por que. E a família e amigos de Anderson, que também foi assassinado.

Queremos respostas! Completa 2 anos em 14 de março de 2020, um sábado. São 2 anos sem respostas. E então fica a pergunta no ar (ainda!) Quem matou Marielle Franco? E por que? Por que matariam uma pessoa que era ativista, defensora dos direitos humanos? Uma pessoa que lutava pelas mulheres.

Segue sendo lindo de se ver as milhares de pessoas que se reúnem e continuam a lutar suas batalhas. Pessoas que passaram a conhecer Marielle sentem-se inspiradas por sua história. E as homenagens servem não apenas para manter sua trajetória na lembrança das pessoas, mas também para pressionar as autoridades na elucidação do caso.