Comunidade Anita Garibaldi

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco

A Comunidade Anita Garibaldi, também conhecida como “Favela do Jagatá” ou somente “Jagatá”, é uma comunidade localizada na Região de Bonsucesso, em Guarulhos, São Paulo. Nos anos 2000, foi uma das maiores ocupações organizadas pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).

Autoria: Peterson Mendes Paulino

História[editar | editar código-fonte]

A formação do Anita Garibaldi está relacionada à atuação dos movimentos por moradia na cidade de Guarulhos. O planejamento para a ocupação do terreno de aproximadamente 1.139.000 mil metros quadrados, começou a alguns anos antes, em 1998, a partir da experiência de outras ocupações do MTST. Na madrugada do dia 19 de Maio de 2001, cerca de 300 famílias ocuparam o terreno, dando início ao assentamento Anita Garibaldi.

Assembléia dos assentados do Anita Garibaldi. Sem Data. Fotografia: Anita Garibaldi (Facebook)



De acordo com o estudo do geógrafo Nilton César Gama (2010), a região da Zona Leste de Guarulhos foi uma das que mais ocorreram movimentos de ocupação, sendo a do Anita Garibaldi uma das mais expressivas. (Gama, 2010, p. 179). Ao passo que ocorreu a ocupação, a repressão policial se iniciou com mandados de reintegração de posse e ameaças aos assentados. Paralelamente a isso, a imprensa da cidade de Guarulhos começou a disseminar boatos sobre o acampamento, colocando como um local de “prostituição”, “drogas” e “violência”.

Comunidade Anita Garibaldi em meados dos anos 2000. Fotografia: Anita Garibaldi (Facebook)


No processo de ocupação do terreno, houve a participação de estudantes da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP) que auxiliaram no processo de estruturação do acampamento. O acampamento era composto por uma farmácia, cozinha comunitária, escola comunitária, e os lotes eram divididos com o auxílio dos jovens da FAUUSP.


Em 2018, a prefeitura de Guarulhos deu início ao processo de regularização fundiário do terreno. De acordo com a reportagem do Jornal Guarulhos Hoje (2018), a regularização de terreno foi a primeira da história da cidade.

Logradouros[editar | editar código-fonte]

As ruas do Anita Garibaldi homenageiam lideranças politicas e sociais nas áreas da educação, meio ambiente, na luta contra a escravidão e a Ditadura Militar, e se relacionam também com a memória das conquistas dos moradores pela terra e pelo direito à moradia digna. Dentre os nomes dos logradouros estão: Rua Paulo Freire, Rua Zumbi dos Palmares, Travessa Hélder Câmara, Rua Carlos Lamarca, Rua Terra Nossa, Praça da Vitória, etc.

Transporte[editar | editar código-fonte]

Atualmente não há linhas de ônibus que circulam dentro da comunidade. Os moradores acessam os ônibus pela Avenida Florestan Fernandes, logradouro que corta o Anita Garibaldi e o Jardim Santa Paula, ou se deslocam para a Avenida José Rangel Filho no Ponte Alta.

As linhas próximas de ônibus da comunidade são: 441 JARDIM SANTA PAULA / JARDIM SANTA CLARA (Via Taboão), Linha 490EX TERMINAL SÃO JOÃO -TERMINAL PIMENTAS (VIA LAVRAS E JD. PONTE ALTA), Linha 420- JD. SANTA PAULA / CENTRO (via Monteiro) e Linha 410- JD. SANTA PAULA / CENTRO (via Dutra).

Imagens do Anita Garibaldi[editar | editar código-fonte]

Assentados da Ocupação Anita Garibaldi. Sem Data. Fotografia: Anita Garibaldi/Perfil Facebook.
Assentados da Ocupação Anita Garibaldi em Guarulhos. Sem Data. Fotografia: Anita Garibaldi (Facebook)
Vista da Comunidade Anita Garibaldi a partir da Lagoa do Bonsucesso. Julho de 2023. Fotografia: Peterson Mendes Paulino

Documentários sobre a Comunidade Anita Garibaldi[editar | editar código-fonte]

Anita Garibaldi, um acampamento.(2013) Youtube. 14 min. Disponível em: <https://youtu.be/rXAx7OPnxN0>.


Ocupação Anita Garibaldi. (2001). Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC). 9 min. Filme. Disponível em: <https://youtu.be/Qdl7Xyzs3iY>

Referências Bibliográficas[editar | editar código-fonte]

BENOIT, Héctor A. “O assentamento Anita Garibaldi”. Boitempo, v.1, n.14. 2002. Disponível em: <https://www.ifch.unicamp.br/criticamarxista/arquivos_biblioteca/entrevista6entrevista1.pdf>. Acesso em: 07 Junho, 2024.

FREITAS, Carolina. 20 anos do MTST: Um formigueiro contra o neoliberalismo. Esquerda Online. São Paulo, 10 de Dezembro de 2017. Disponível em: <https://mtst.org/mtst/20-anos-do-mtst-um-formigueiro-contra-o-neoliberalismo/>.

GAMA, Nilton César de Oliveira. O processo de conformação da periferia urbana no município de Guarulhos: os loteamentos periféricos como (re)produção de novas espacialidades e lugar de reprodução da força de trabalho. 2010. Dissertação (Mestrado em Geografia Humana) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010. Disponível em: <https://teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-04022010-100806/en.php>. Acesso em: 07 Julho, 2024.

GUARULHOS HOJE. Prefeitura inicia regularização fundiária do Anita Garibaldi. Guarulhos, 2018. Disponível em: <https://www.guarulhoshoje.com.br/2018/05/24/prefeitura-inicia-regularizacao-fundiaria-do-anita-garibaldi/> Acesso em: 07 Julho, 2024.

PAULINO, Peterson Mendes. Comunidade Anita Garibaldi: História, Lutas Sociais e Resistência na Periferia de Guarulhos. Associação Amigos do Patrimônio e Arquivo Histórico. Guarulhos, 2024. Disponível em: < https://aapah.org.br/comunidade-anita-garibaldi/>. Acesso em: 07 Julho, 2024.

RODRIGUES, Jaime (Org.) Dicionário Histórico de Nomes das ruas de Guarulhos. 2° edição, 2020. Guarulhos. Departamento de História/EFLCH/UNIFESP. 302 p. Disponível em: <https://drive.google.com/file/d/15coEKOp3rHNbparSUJpswVfrwwvD-3X3/view>. Acesso em: 07 de Julho, 2024.

SANTOS, Carlos José Ferreira dos. Guarulhos: espaços identitários sob a mundialização. São Paulo, 2004. 252 p. Tese (Doutorado em Estruturas Ambientais Urbanas) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo FAU – Universidade de São Paulo – USP. Disponível em:<https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16131/tde-11112022-125904/pt-br.php>. Acesso em: 07 Julho, 2024