O Morro da Providência, primeira favela do Brasil, é tema de filmes, documentários e videoclipes que retratam sua história, resistência e desigualdade urbana. Essas produções destacam o cotidiano e as lutas dos moradores, preservando sua memória e identidade, além de conectar o morro às questões sociais do país. Ao construir uma narrativa visual, os filmes ajudam a eternizar a Providência como símbolo de cultura, história e resistência no imaginário brasileiro.

Autor: Hugo Oliveira

Sobre:[editar | editar código-fonte]

O Morro da Providência, primeira favela do Brasil, tem sido retratado em diversas produções audiovisuais ao longo dos anos, revelando sua complexa história e seu papel como símbolo de resistência e reexistência. Localizado na região portuária do Rio de Janeiro, a famosa Pequena África Carioca, o morro abriga narrativas ligadas à escravidão, movimentos sociais e culturais, além de ser um cenário marcante de tensões sociais e políticas.

No audiovisual, a Providência é frequentemente retratada em documentários, filmes e mais recentemente em video clipes, que exploram desde a vida cotidiana de seus moradores até a luta por direitos, trazendo uma perspectiva crítica sobre a desigualdade urbana. Essas produções têm papel fundamental na construção da memória e no resgate da identidade local, conectando a favela com as questões mais amplas da sociedade brasileira.

Filmes:[editar | editar código-fonte]

As Favellas (1931)[editar | editar código-fonte]

Direção: Adelqui Migliar

Uma das primeiras produções a abordar a realidade das favelas cariocas. Ainda que o título refira-se às favelas em geral, a Providência, como a primeira, serve de inspiração para a visão cinematográfica sobre esse universo.

Favela dos Meus Amores (1935)[editar | editar código-fonte]

Direção: Humberto Mauro Argumento: Henrique Pongetti

Considerado o primeiro filme brasileiro a abordar uma favela, este filme foca no Morro da Providência e é uma representação romântica da vida em uma comunidade pobre. É um marco por trazer a favela como cenário central para o cinema brasileiro.

O filme Favela dos Meus Amores (1935, direção: Humberto Mauro; ) foi considerado um dos melhores filmes brasileiros da década de 1930 e o primeiro a explorar o Morro, “um dos aspectos mais trágicos, exuberantes e musicais da vida da cidade do Rio de Janeiro” (ZYLBERBERG, 1992, p. 103). A trama gira em torno de jovens que desejavam montar um cabaré no Morro da Favela:

"Em síntese, [Favela dos Meus Amores] conta, com certa sofisticação perdoável, a aventura de dois rapazes de boa família e pouco trabalho que resolvem montar um cabaré no Morro da Favela, com o auxílio de um milionário português louco por mulatas. O cavador mais jovem se apaixona por uma professorinha que renunciara à cidade para ser feliz. Isto gera ciúmes de um trovador que a ama sem ser correspondido. Ele tem por amigo um sambista que morre de tuberculose na hora do triunfo supremo de compositor. Outros incidentes menores levam a um final improvável mas belo e comovente e profundamente brasileiro. Salvyano Cavalcanti de Paiva, História ilustrada dos filmes brasileiros 1929-1988. (ZYLBERBERG, 1992, p. 103)."

Se Segura Malandro[editar | editar código-fonte]

Direção: Hugo Carvana

Embora o filme seja uma comédia, ambientado nas ruas do Rio de Janeiro, ele capta o espírito da cidade e suas comunidades. O Morro da Providência aparece no contexto das favelas, refletindo a boemia e a malandragem carioca.

Tudo Azul (1952)[editar | editar código-fonte]

Direção: Moacyr Fenelon

Esse filme explora o samba e a vida cotidiana nas favelas cariocas, com cenas ambientadas no Morro da Providência. A música e a cultura da favela são temas centrais.

Aborda a história de homem simples[Ananias] e dedicado marido que sonha ver suas composições gravadas. Após uma crise conjugal, tenta o suicídio tomando barbitúricos. Entra em transe e, por meio de um sonho, vê suas músicas fazendo sucesso. Quando acorda, percebe que tudo não passou de uma ilusão, mas sua vida não será mais a mesma.

Favela dos Meus Amores (1962)[editar | editar código-fonte]

Direção: Nelson Pereira dos Santos

Um remake do filme de 1935, também dirigido por Nelson Pereira dos Santos, o filme oferece uma visão mais crítica sobre as condições de vida na favela, abordando questões de urbanização e marginalização social no Brasil. A única cópia conhecida do filme foi perdida num incêndio na década de 1960.

5x Vezes Favela [Episódio Pedreira de São Diogo] (1962)[editar | editar código-fonte]

O filme Cinco Vezes Favela (1962) compõe-se de cinco episódios, cada um com diferentes diretores: Um Favelado (Marcos Farias); Zé da Cachorra (Miguel Borges); Couro de Gato (Joaquim Pedro de Andrade); Escola de Samba Alegria de Viver (Cacá Diegues); e Pedreira de São Diogo (Leon Hirszman). Cada história buscava retratar ficcionalmente problemas que as favelas viviam. O episódio Pedreira de São Diogo trata do risco de desabamento de uma favela localizada em cima de uma pedreira. Na trama, os operários mobilizam moradores a resistirem à destruição iminente da favela decorrente de um possível desastre.

Novela Lado a Lado (2013)[editar | editar código-fonte]

A novela “Lado a Lado", de João Ximenes Braga e Cláudia Lage, teve cenários inspirados no Morro da Providência. Com a destruição das habitações coletivas e dos cortiços durante a reforma urbana no início do século XX, os personagens se dirigiram para a favela. A produção foi premiada com o Emmy de melhor novela da TV mundial em 2013.

Portal [Vídeo album] - Rashid (2024)[editar | editar código-fonte]

"Portal [Vídeo Álbum]", de Rashid, é uma obra que se conecta profundamente com o Morro da Providência e arredores, escolhido pelo músico paulista como cenário para o seu quinto álbum. Ambientado na primeira favela do Brasil, o projeto explora a jornada do artista na música e no rap nacional, refletindo sobre suas origens e o "corre" até ser reconhecido como um dos maiores MCs do país.

Com participações de nomes como Lenine, Péricles, Melly e Lagum, o álbum traz um equilíbrio entre ritmos leves e dançantes e letras profundas e introspectivas. Rashid aborda temas como frustrações na carreira, destacadas na faixa "Frustração", e decisões pessoais importantes, como a de deixar a casa da mãe para seguir seu sonho, refletida na faixa-título. O álbum não só reafirma a autenticidade e dedicação do artista, mas também o consolida como uma das grandes vozes do rap brasileiro contemporâneo.