Estratégias culturais em Manguinhos

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
Capa do catálogo Estratégias Culturais em Manguinhos
Capa do catálogo Estratégias Culturais em Manguinhos

O projeto “Estratégias culturais como alternativas de inclusão social de populações vulnerabilizadas no campo das políticas públicas sobre saúde mental: estudo de caso na comunidade de Manguinhos” foi desenvolvido em parceria entre a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Queen Mary University of London (QMUL). Tem como objetivo compreender experiências socioculturais, interpretando-as como dispositivos privilegiados de cuidado, inclusão social e construção de direitos.

Autoria: Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Queen Mary University of London (QMUL).

Sobre o projeto[editar | editar código-fonte]

Neste projeto entendemos que a participação em projetos de arte e cultura ou em experiências voltadas para profissionalização, trabalho, economia solidária ou a participação social se apresenta como estratégia fundamental para o suporte social e para a produção de vida (e saúde) em comunidade.

Entendemos que a participação em projetos de arte e cultura ou em experiências voltadas para profissionalização, trabalho, economia solidária ou a participação social se apresenta como estratégia fundamental para o suporte social e para a produção de vida (e saúde) em comunidade. Assim, apresentamos aqui o resultado de um levantamento on-line que buscou mapear iniciativas voltadas para arte e cultura desenvolvidas em Manguinhos (RJ) durante os anos de 2021 e 2022. As iniciativas culturais se constituem como lugares de memória devido a sua importância para o desenvolvimento e para a manutenção de tradições locais, para o desenvolvimento de pertencimento comunitário e para o desenvolvimento de manifestações culturais que abrem espaço para discussões sobre gênero, questões étnico-raciais, sexualidade e geracionais, assim como para o cultivo de redes de solidariedade e de apoio mútuo.

Foto: Mulheres ao vento
Foto: Mulheres ao vento

Fazendo cultura em Manguinhos: movimentos de vidas[editar | editar código-fonte]

Franciele Campos e Luiz Soares (Moradores de Manguinhos, co-pesquisadores no projeto que deu origem a este mapeamento).

As produções culturais trazidas neste catálogo são formadas por movimentações e experiências vividas em Manguinhos. As favelas têm sido historicamente narradas pelo discurso oficial como sendo apenas espaços de violências e conflitos. Esse cenário não é diferente no conjunto de favelas de Manguinhos e suas comunidades. Nos últimos 20 anos, o quadro de violências, histórico e institucionalmente vivido pela população de Manguinhos, foi ampliado, primeiramente, pelas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em seguida pela presença das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) e, mais recentemente, pelas consequências da pandemia do Covid-19.

Vendido como um projeto que traria benefícios para a população, as obras PAC em Manguinhos causaram um impacto negativo no campo da cultura, com consequências para a saúde mental dos moradores deste território. Isso aconteceu porque as remoções deslocaram as pessoas de seus espaços e coletivos onde vivenciavam suas experiências de produção da vida e da cultura. Este problema tornou-se ainda mais grave por terem sido feitas obras de má qualidade que maquiaram a situação de descaso público que estava posta na região. Na prática, o PAC trouxe outras violações de direitos, além das já sofridas pelos moradores. Quem ficou durante e após a sua implantação, passou a questionar: que aceleração do crescimento é essa que não abraça as pessoas e suas necessidades? Dando continuidade a esse projeto político destruidor de cultura e de saúde, o PAC também abriu portas para a entrada das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) em Manguinhos, que agravaram o cenário de violências.

É neste contexto que, em 2016, jovens realizaram ocupações de escolas públicas de ensino médio em Manguinhos e abraçaram a sigla PAC para ressignificá-la: PAC virou ‘Por Amor à Cultura’. Mas que cultura, já que a nossa é impedida de ser vivida por meio da presença militarizada da polícia dentro das favelas de Manguinhos? O braço militar do Estado não garante segurança pública, mas impõe formas de conduta aos moradores, que vão desde a inspeção de celulares até a criminalização a práticas de vida, inclusive as mais básicas como corte de cabelo e a forma de se vestir.

A partir dessa realidade imposta, o surgimento e continuidade da Roda Cultural do Pac’stão reforçaram esta resistência, propondo a escrita de uma outra história, que vai além das violências e também faz parte de uma reconstrução cultural.  Em somatória, o movimento social Mães de Manguinhos, grupo de mães e familiares que perderam seus filhos assassinados pelas violações policiais nesta favela, se mobiliza e acompanha estes processos, promovendo ações culturais em atos simbólicos em nossas favelas. A voz da mãe que falha ao narrar a dor de descrever a morte de seu filho é completada pelos versos do poeta, que segue junto, de sua forma, fortalecendo a contra narrativa de nossas histórias: A VIDA. Juntos eles produzem cultura como uma aposta para a construção de uma outra realidade e memória destes jovens e dos demais deste território. Foi junto delas e de outros coletivos que o ‘Por Amor à Cultura’ se solidificou, uniu diferentes grupos e mobilizou a arte para resistir a esta realidade. Isso porque, afinal, trazem no sangue o provérbio africano que diz “é preciso uma vila inteira para criar uma criança”. Cada jovem é de todos. Toda luta é de cada um.

Somos nós que construímos com luta e persistência a cultura em Manguinhos. Um jovem não pode levantar sua voz para um agente de violência, mas ele pode cantar, rimar, dançar. Uma mãe sozinha não será ouvida, mas juntas elas se fazem som e força coletiva. E assim, a arte vai ocupando os silêncios que os corpos não poderiam desfazer. Em coletivo, em comunidade, todos cuidando de todos.

A partir desse arranjo de sujeitos e corres surgem configurações de existência que extrapolam as narrativas de experiências da dor e se reorganizam em histórias de esperança.  Além disso, conversando com as pessoas dos projetos culturais mais antigos neste movimento e ativos neste momento, a resposta mais comum é a de que eles começaram o seu trabalho porque não havia nada daquela natureza ali. Os idealizadores têm uma inquietude natural pela ausência de políticas públicas, o recurso de base para o fortalecimento dos movimentos culturais. Nesse contexto, o que percebemos é um movimento inverso: primeiro há uma provocação por parte dos mobilizadores culturais, para que então o poder público se movimente. É deste alicerce que se ergue a resistência às ausências. Os projetos surgem e crescem da demanda, na necessidade do dia a dia. Alguns são criados com nome e sobrenome e aos poucos vão ganhando muitos braços.

Em sua maioria, esses projetos acontecem por amor à ação e oferecem serviços gratuitamente ou por valores simbólicos. Movimentos afirmativos, mobilizadores, evolutivos e criativos. Nesses movimentos, atores locais começam iniciativas sem nenhuma formação, mas se formam na prática, que é trabalho em cidadania, buscando impulsionar suas ações. Entretanto, é comum que movimentadores culturais vivam também em situação de vulnerabilidade. Aqui, as pessoas não dão o que sobra, dão o que têm para manter as iniciativas funcionando e continuar produzindo cultura e se comunicando com os seus iguais. São muitos esforços individuais e coletivos dos próprios moradores, para pouco investimento público. Num olhar geral sobre os projetos aqui elencados, vemos um cenário no qual a grande maioria de iniciativas culturais existe e atua independente das ações do Estado.

Em nossos anos de movimentação em Manguinhos, vimos uma série de atividades que são feitas no silêncio, sem evidência e apoio do poder público. Ao fazer cultura em Manguinhos, encontramos e apresentamos inúmeras questões que são problemáticas, porém não conseguimos apresentar uma saída. Qual seria ela? A auto-organização? A organização comunitária? E onde entra o Estado? Será sempre nós por nós?

Se essas pessoas conseguem fazer a diferença quase sem dinheiro, usando espaços improvisados, entremeando as ações culturais com o trabalho com o qual mantêm suas famílias, imagina o que fariam se existissem políticas públicas que garantissem recursos permanentes para a realização destas atividades. O quanto ganharíamos em qualidade e quantidade. É enorme o poder dessas pessoas que fazem tanto com tão pouco. O quanto avançaríamos na produção de cultura e saúde.

Em toda uma vida de ausência de direitos, anos de desassistência, são recorrentes projetos externos que não dialogam com a comunidade, que se pautam nas vivências do idealizador e não dos moradores. Em contraponto a isso, projetos que nascem nas favelas crescem, mesmo sem as condições ideais, pois têm como diferencial a imersão nas questões que dizem respeito a cada comunidade, o profundo conhecimento dos moradores, das suas necessidades e potencialidades. Entretanto, o Estado se nega a enxergar isso, a dialogar com as pessoas dos territórios, e assim vivenciamos uma sistemática precarização das políticas, atividades e dos serviços públicos nesses territórios. Como resultado temos serviços precarizados e sobrecarregados, gerando profissionais e moradores de Manguinhos exauridos, insatisfeitos e sem saúde. O sentimento é de abandono e frustração, em ambos os lados.

A violência estrutural que já assolava as comunidades foi potencializada pela pandemia de Covid-19. Falamos de milhares de pessoas duplamente afetadas pois estão, em sua maioria, física e mentalmente abaladas pela Covid-19 em si e por seus efeitos sociais, como o desemprego, a violência, a fome, a falta de escolas, de acesso à saúde e à cultura, e a perda de familiares e amigos. Muitos deixaram de ter acesso a direitos fundamentais ou passaram a ter de forma superficial, não em sua integralidade. Nesse cenário precisamos entender o que é um incidente e o que é um projeto político. Estar vulnerável é uma coisa, ser institucionalmente vulnerabilizado é mais complexo. Nesse sentido, o catálogo surge em um momento crucial.

Este catálogo pode ser uma ferramenta de visibilidade para essas iniciativas. Sua importância é o legado que ele deixa. É uma ferramenta gratuita, de fácil acesso, inclusive para que os próprios movimentadores culturais se vejam, se percebam, entendam o quanto são importantes nas favelas e periferias. E, principalmente, o quanto são importantes nas vidas das pessoas com quem atuam.

Um grupo de bailarinas que atravessa a comunidade vestidas de cisnes, jovens que ligam uma caixa de som e fazem rimas, uma experiente poetisa que declama suas poesias em escolas, representam e são a cultura viva que já estava ali, precisa ser vista e valorizada como arte. As iniciativas que apresentamos promovem experiências únicas. Em suas ações, mesmo que por um momento, as pessoas podem acreditar que é possível "ser mais", como nos ensinou Paulo Freire (FREIRE, 1987).

A criança que assiste a uma contação de histórias, vive e reescreve, desde já, outras narrativas, para si e para os seus. Pensamos no futuro, mas é no hoje que vivemos as mudanças: como movimentos de vidas, reconstruindo dia a dia a história individual e coletiva. Por isso, o morador de favela precisa de políticas públicas que propiciem a vida e que ampliem o acesso a ferramentas que promovam mais possibilidades de existir, fundamentadas sobre aprendizados construídos por nós diante dos desafios que as vulnerabilizações nos trazem todos os dias.

Referências:

FREIRE, Paulo. Extensão ou comunicação. Rio de janeiro: Paz e terra, 1987.

Metodologia de pesquisa[editar | editar código-fonte]

Identificar 40 iniciativas culturais nas 12 favelas do território do Complexo de Manguinhos diz sobre as lentes que usamos e o método que aplicamos neste catálogo, pois a expressão cultural do território não se traduz em números. Os registros colhidos dizem também sobre o contexto cultural, mesclado ao sanitário: grupos paravam de se reunir, interrompiam atividades, estavam na “correria” da sobrevivência, assim como a própria pesquisa. Como realizar a pesquisa, em plena pandemia, sem ir ao campo?

A restrição sanitária impôs limitações severas, mas também abriu vias para a coprodução com o território, mediante uma estratégia metodológica de “fazer com”, e não somente “fazer para”, corporificada, inicialmente, através da participação de dois moradores de Manguinhos no quadro de pesquisadores. Enraizados por tempo de vida, trabalho e mobilização, eles foram protagonistas na identificação de projetos culturais, costurando uma comunicação sensível, tanto com os responsáveis pelas iniciativas culturais, mobilizando-os para a importância do catálogo, quanto com os demais pesquisadores, compartilhando sentimentos, impressões e conhecimentos. Em conjunto com uma equipe multidisciplinar e multiinstitucional, todas as pessoas estiveram enredadas, a cada iniciativa, por uma matriz de escuta da expressão cultural local e dos registros do território globalizados em redes sociais na Internet.

Além da dimensão física no território, vencer as barreiras da pandemia exigiu um processo de mapeamento capaz de ir às bases de dados em outro campo: o digital e midiático, que revelasse a presença das expressões culturais de Manguinhos nas redes sociais da Internet. O processo metodológico para fins de consolidar o catálogo foi dividido nas etapas de identificação de iniciativas, produção da matriz de informações com coleta de dados secundários; realização de três Rodas de Conversa online; e, por fim, revisão das informações do Catálogo pelas iniciativas culturais.

Em paralelo à etapa de identificação dos projetos realizada pelos pesquisadores moradores de Manguinhos, foi construída uma tabela com informações básicas dos projetos e links para canais digitais. Ao todo foram localizados 40 projetos de diferentes naturezas. Essa matriz visava estruturar e facilitar a coleta de dados no ambiente virtual e a organização da informação a ser coletada.

Em decorrência dos aspectos relacionados à ética de pesquisas envolvendo seres humanos, foi coletado e registrado apenas conteúdo público, exclusivamente através de sites, perfis em redes sociais, canais dos projetos no Youtube e materiais veiculados na mídia. Os 40 projetos identificados foram divididos entre pesquisadores para a busca ativa das informações em domínio público. Foram dois caminhos, a saber: o direto, através dos endereços web registrados na tabela de projetos, e o indireto, através de plataformas de busca, identificando conteúdos como fotografias, vídeos, notícias publicadas em jornais, produções científicas etc.

Esse processo resultou na revisão do levantamento inicial de projetos culturais, com a inclusão e exclusão de experiências para o catálogo.  Os critérios de seleção utilizados foram: ser uma iniciativa cultural atuante no território de Manguinhos, estar em atividade no presente momento e disponibilizar informações online em acesso público. Assim, iniciativas que, de alguma forma, não atendiam a estes critérios foram excluídas. Os pesquisadores do território passaram, também, a identificar iniciativas remanescentes que não haviam sido mapeadas até o momento e que correspondiam aos critérios propostos.

Rodas de Conversa[editar | editar código-fonte]

Junto à elaboração das matrizes de pesquisa, avançou-se com a produção do catálogo das ações culturais de Manguinhos através da aproximação da equipe de pesquisa com os responsáveis pelas iniciativas. Os produtores foram contactados por e-mail e WhatsApp para participarem de Rodas de Conversa online sobre o universo cultural em Manguinhos, eventos públicos onde se buscava a apresentação dos grupos para os pesquisadores, mas também o público em geral, podendo ter consequências para a articulação local.

Foram realizadas três rodas de conversa. A primeira,  no dia 05/02/2022, teve a participação das estratégias culturais Pac’stão, Rede Casa Viva, Periódico O Manguinho, Coletivo Mulheres do Vento, Experimentalismo Brabo, Teto Verde Favela e Favela Bilíngue.  Em sua segunda edição, realizada dia 18/02/2022, o evento contou com a presença de representantes de cinco iniciativas culturais: Ballet de Manguinhos, Colônia de Férias do Mandela, Slam Manguinhos, Biblioteca Casa Viva e Projeto Recriando Manguinhos. A última Roda de Conversa foi realizada no dia 25/02/2022 e teve a participação dos representantes das iniciativas culturais ONG Origem, Bloco Discípulos de Oswaldo, Sarau Poético de Manguinhos, Espaço Sonhar e Museu da Vida.

Através desses eventos (Sessão 1, Sessão 2 e Sessão 3) o projeto conseguiu se aproximar, ainda que virtualmente, do bairro de Manguinhos. As lives proporcionaram o contato da equipe com experiências locais, podendo aprender sobre as dinâmicas sociais presentes no território e participar de um debate em que os protagonistas, isto é, as iniciativas culturais, tiveram destaque e lugar de fala.

As dificuldades de uma pesquisa on-line foram em parte diminuídas. Infelizmente nem todos puderam participar. Mas a partir desse contato, através das lives, o grupo de pesquisa pode aprender com o território e saber mais sobre como a cultura se insere presentemente em Manguinhos.

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Com as matrizes e lives finalizadas, foi iniciado o processo de contato com todas as iniciativas para aprovação de texto e fotografias. Esse contato foi feito pela internet, através de contato pelo WhatsApp e e-mail. Entendemos que esse processo foi fundamental para a constituição de um método colaborativo, de forma que a publicação final respeitasse o modo como esses grupos se organizam e se enxergam.

Iniciativas na cartilha[editar | editar código-fonte]

As iniciativas socioculturais

Associação Cultural Capoeira É Nossa Arte

Ateliê do Hadasha e Coral Flor do Mangue

Ballet de Manguinhos

Biblioteca Parque de Manguinhos Marielle Franco

Bloco Discípulos de Oswaldo

Bloco os Batuqueiros do Mandela, Grêmio Recreativo Batuqueiros do Mandela

Bloco Saúde que Luta

Centro de Referência da Juventude – CRJ Manguinhos

Coletivo Recriando Manguinhos

Colônia de Férias do Mandela

Coral de Manguinhos (Igreja Adventista do Sétimo Dia)

Escolinha de Futebol do Society

Espaço Casa Viva/Rede CCAP

Espaço Sonhar

Estrelas do Amanhã

Estrelas do Mandela (Minas da Bola)

Experimentalismo Brabo

Favela Bilíngue

Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos de Manguinhos

Histórias das Favelas de Manguinhos

Horta Comunitária de Manguinhos

Imperadores da Dança (IDD)

Jornal Fala Manguinhos

Lar Irmão Francisco

Mães de Manguinhos

Manguinhos Cria

Manguinhos Solidário

Mãos de Talento

Mulheres do Vento

Museu da Vida

ONG Origem Amorim

Organização Mulheres de Atitude – OMA

Periódico O Manguinho

Projeto Marias: como posso ajudar meu filho especial

Roda Cultural do Mandela

Roda Cultural do Pac’Stão

Sarau Poético de Manguinhos

SLAM Manguinhos

Teto Verde Favela

Transforma Manguinhos

Acesse a cartilha[editar | editar código-fonte]