Atinúké – Sobre o Pensamento de Mulheres Negras

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
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Verbete produzido pela equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco a partir das redes oficiais da coletiva.

Atinúké – Sobre o Pensamento de Mulheres Negras (Porto Alegre – RS)

'Atinuké’ - Grupo de estudos sobre o pensamento de mulheres negras. O nome do grupo é da língua Iorubá, e significa ‘Aquela que merece carinho desde a gestação’

Sobre

Sobre - Atinúké


Origem do termo: nígero-congolesa. Foi designado para Tatiana Machado ao ser iniciada no Batuque. Assim como a história e a cultura da matriz africana de valorização dos legados, a semente das Atinúkés germinou; sua luta criou raízes africanas em Porto Alegre, e a sua influência fez florescer o Grupo de Estudos sobre o Pensamento de Mulheres Negras Atinúké e, posteriormente, o Coletivo Atinúké.

Este grupo foi cuidadosamente idealizado por Fernanda Oliveira, Giane Vargas Escobar e Nina Fola, tendo como fio condutor a energia de movimento e compartilhamento legada a nós pela nossa 'Atinuké’ primeira, Tatiana Renata Machado. Muito mais que uma religião, uma forma de viver assentada na matriz africana, a partir do espaço do terreiro e permeando toda a forma de ser e estar no mundo. Desta forma, valorizamos nossas e nossos antepassados e os valores ancestrais legados/compartilhados e mesmo os negados que nos chegam através de nossas irmãs.

Propósitos

Missão

Romper com as amarras aprisionam para construir um mundo capaz de equilibrar pluralidade e justiça social sem negar a negritude em suas múltiplas formas.

Visão

Extrair intelectualidade de mulheres negras, inserindo-as nas discussões, acadêmicas ou não, através do entendimento de pluralidade do pensamento.

Valores

Inclusão, Justiça Social, Educação, Afetividade.

História e Atividades

A seleção da primeira composição do grupo se deu via inscrição, de 30 mulheres negras para participar do grupo, em agosto de 2016. A idealização foi abraçada por aquelas que querem romper com as amarras que nos aprisionam e querem construir um mundo capaz de equilibrar pluralidade e justiça social sem negar a negritude em suas múltiplas formas. Para tal, compartilhamos escritas de mulheres negras sobre assuntos que refletem/compõem as nossas existências – são também nossas e significam o nós por nós enquanto filosofia que nos ilumina- buscamos contemplar pensamentos – e ações - para além da cultura estritamente escrita e/ou acadêmica, abarcando poesias, músicas, dança, expressões visuais e formas de conhecimentos outras conduzidas sempre em diálogo com os pressupostos civilizatórios da Matriz Africana.

O grupo de mulheres negras se reúne a cada 21 dias, em Porto Alegre, no Espaço Escola Africanamente – Ponto de Cultura. Desenvolvemos ainda atividades abertas no referido espaço, compondo as do Ponto de Cultura e em parceria com outros espaços, como o Centro de Referência do Negro – Nilo Feijó.

Distanciando-se da sistemática clássica das universidades, a metodologia utilizada nas aulas, experimenta música, dança, teatro, textos acadêmicos e todas as relações possíveis de produção artística e científica.


Produções:

  • Mostra Gema - Nina Fola

Mulher, negra e de terreiro, cantora e percussionista da banda AfroEntes. Coordena o Coletivo e o Grupo de Estudos do Pensamento de Mulheres Negras Atinúké e a Biblioteca Temática Pedro Cunha. Dedicou parte de sua vida (mais de 25 anos) à militância social contra o racismo, através de vários campos: cultural, artístico, político e partidário. Academicamente desenvolve pesquisa com o Povo de Terreiro e Sociologia Política. Socióloga e Mestranda cotista, bolsista da CAPES no Programa de Pós Graduação em Sociologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

  • Afroentes - Festa de Batuque (Na Pedra Redonda)

Afroentes por Nina Fola: é um grupo que desde 2015, retoma um trabalho que teve início na década de 1990, em Porto Alegre. É um lugar de pensar a música produzida por pessoas negras, suas temáticas existenciais em um contexto invisibilizado, que é o gaúcho. Isso implica em poesias de protesto, denúncia, mas também de esperança, amor e espiritualidade. Aliás, ritmos espirituais são a base musical das composições autorais ou dos arranjos, em que a diversidade de experiências dos músicos e suas influências musicais são ressaltadas.