Casa Reviver: mudanças entre as edições

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
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'''Casa Reviver'''
A Casa Reviver é um projeto socioeducativo que atua há 16 anos no Morro do Estado, em Niterói. Idealizado por Vinicius Silva de Souza em 2006, o projeto se iniciou como um ambiente para amparar crianças e adolescentes no período fora do horário escolar. Com o passar dos anos, a Casa Reviver foi expandindo suas atividades e aumentando o público beneficiado pelo projeto cada vez mais. Hoje, a iniciativa atende moradores da comunidade de todas as idades, através de diferentes ações, como projeto de alfabetização, acolhimento familiar, terapia em grupo, ministração de aulas diversas, prática de esportes e passeios culturais.


A Casa Reviver é um projeto socioeducativo que atua há 16 anos no Morro do Estado, em Niterói. Idealizado por Vinicius Silva de Souza em 2006, o projeto se iniciou como um ambiente para amparar crianças e adolescentes no período fora do horário escolar. Com o passar dos anos, a Casa Reviver foi expandindo suas atividades e aumentando o público beneficiado pelo projeto cada vez mais. Hoje, a iniciativa atende moradores da comunidade de todas as idades, através de diferentes ações, como projeto de alfabetização, acolhimento familiar, terapia em grupo, ministração de aulas diversas, prática de esportes e passeios culturais.  
'''A história do projeto'''
 
Vinicius Silva de Souza idealizou a iniciativa após perder seu irmão, que fora assassinado durante uma ação realizada pela Polícia Militar no Morro do Estado. O trágico ocorrido levou Vinicius a refletir sobre a necessidade de um projeto que fornecesse aos moradores da comunidade um espaço seguro, no qual as crianças pudessem se ocupar de maneira saudável quando não estivessem na escola.
 
Reconhecendo o chamado para mudar o ambiente onde vivia, Vinicius conta que, um dia, subiu o morro com apenas um saquinho de balas, contando histórias e chamando a atenção das crianças que cruzavam seu caminho, assim como dos adultos que perceberam a importância de tal trabalho no Morro do Estado. Dessa forma, o que começou como um sonho de um morador, foi ganhando força e se desenvolvendo com o passar dos anos e com o apoio da comunidade local.


'''A história do projeto'''
No início, Vinicius e Karina Silva, sua esposa,  precisaram enfrentar diversos obstáculos, mas o maior deles foi a questão do local onde seriam realizadas as ações socioeducativas. Sem muitas opções disponíveis, os fundadores iniciaram o projeto em um ambiente onde, durante a noite, funcionava como ponto de drogas. O ponto era temporário, evidentemente, pois o projeto necessitava de um espaço próprio e seguro, com uma estrutura que permitisse a realização das atividades com as crianças e com potencial para se tornar um ponto de referência. 


Vinicius Silva de Souza idealizou a iniciativa após perder seu irmão, que fora assassinado durante uma ação realizada pela Polícia Militar no Morro do Estado. O trágico ocorrido levou Vinicius a refletir sobre a necessidade de um projeto que fornecesse aos moradores da comunidade um espaço seguro, no qual as crianças pudessem se ocupar de maneira saudável quando não estivessem na escola.
Após muita persistência, o casal de fundadores conseguiu uma doação que permitiu a aquisição da casa que, hoje, se chama “Casa Reviver”.  A sede da Casa se encontra em constante expansão. Atualmente, no ano de 2022, o projeto em andamento é o de uma nova cozinha para atender ao público. O espaço foi planejado para a realização de aulas para os pais, avós e responsáveis adultos, além de servir como ambiente onde as crianças possam aprender cozinhando, de forma dinâmica e participativa.  
Reconhecendo o chamado para mudar o ambiente onde vivia, Vinicius conta que, um dia, subiu o morro com apenas um saquinho de balas, contando histórias e chamando a atenção das crianças que cruzavam seu caminho, assim como dos adultos que perceberam a importância de tal trabalho no Morro do Estado. Dessa forma, o que começou como um sonho de um morador, foi ganhando força e se desenvolvendo com o passar dos anos e com o apoio da comunidade local.
No início, Vinicius e Karina Silva, sua esposa,  precisaram enfrentar diversos obstáculos, mas o maior deles foi a questão do local onde seriam realizadas as ações socioeducativas. Sem muitas opções disponíveis, os fundadores iniciaram o projeto em um ambiente onde, durante a noite, funcionava como ponto de drogas. O ponto era temporário, evidentemente, pois o projeto necessitava de um espaço próprio e seguro, com uma estrutura que permitisse a realização das atividades com as crianças e com potencial para se tornar um ponto de referência. 
Após muita persistência, o casal de fundadores conseguiu uma doação que permitiu a aquisição da casa que, hoje, se chama “Casa Reviver”.   
A sede da Casa se encontra em constante expansão. Atualmente, no ano de 2022, o projeto em andamento é o de uma nova cozinha para atender ao público. O espaço foi planejado para a realização de aulas para os pais, avós e responsáveis adultos, além de servir como ambiente onde as crianças possam aprender cozinhando, de forma dinâmica e participativa.  


'''Sobre o projeto'''
'''Sobre o projeto'''


De acordo com o documento de apresentação da Casa Reviver, a visão do projeto é a seguinte: Ser um agente de transformação integral a partir dos valores sociais e culturais da própria comunidade, com seus talentos e potencialidades.
De acordo com o documento de apresentação da Casa Reviver, a visão do projeto é a seguinte: Ser um agente de transformação integral a partir dos valores sociais e culturais da própria comunidade, com seus talentos e potencialidades.  
Já a missão é: Atuar como facilitadores do desenvolvimento integral das crianças, dos adolescentes e de seus familiares, através de uma abordagem sócio-pedagógica holística, oferecendo atividades educativas e formativas, de socialização, como momentos de lazer, com pessoas em situação de vulnerabilidade social, a fim de promover o senso de protagonismo e empoderamento individual e coletivo e potencialização de talentos singulares.
 
Como também é exposto no documento citado, o projeto que se iniciou como um pequeno trabalho de ação social local foi se desenvolvendo e crescendo com ajuda da comunidade e hoje conta com parcerias com ONGs, igrejas protestantes, universidades, voluntários e colaboradores.  
Já a missão é: Atuar como facilitadores do desenvolvimento integral das crianças, dos adolescentes e de seus familiares, através de uma abordagem sócio-pedagógica holística, oferecendo atividades educativas e formativas, de socialização, como momentos de lazer, com pessoas em situação de vulnerabilidade social, a fim de promover o senso de protagonismo e empoderamento individual e coletivo e potencialização de talentos singulares.  
 
Como também é exposto no documento citado, o projeto que se iniciou como um pequeno trabalho de ação social local foi se desenvolvendo e crescendo com ajuda da comunidade e hoje conta com parcerias com ONGs, igrejas protestantes, universidades, voluntários e colaboradores.
 
O principal objetivo da casa é formar um local seguro de acolhimento das famílias da comunidade, demonstrando que, na Casa, elas podem buscar acompanhamento familiar, com assistentes auxiliares que fornecem todo suporte e instruções para que consigam reivindicar seus direitos como cidadãos. Ainda sobre esse ponto, no ano de 2020, ofereceram suporte aos moradores para que pudessem receber o auxílio emergencial sem grandes dificuldades. Além disso, há vários educadores populares que atuam promovendo cidadania, valores e empoderamento para os moradores.  
O principal objetivo da casa é formar um local seguro de acolhimento das famílias da comunidade, demonstrando que, na Casa, elas podem buscar acompanhamento familiar, com assistentes auxiliares que fornecem todo suporte e instruções para que consigam reivindicar seus direitos como cidadãos. Ainda sobre esse ponto, no ano de 2020, ofereceram suporte aos moradores para que pudessem receber o auxílio emergencial sem grandes dificuldades. Além disso, há vários educadores populares que atuam promovendo cidadania, valores e empoderamento para os moradores.  


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* Guerreiras: projeto que reúne mulheres dos 20 aos 60 anos de idade para a realização de rodas de conversa.  
* Guerreiras: projeto que reúne mulheres dos 20 aos 60 anos de idade para a realização de rodas de conversa.  
Além das atividades listadas acima, a Casa Reviver ainda promove diversos eventos para celebração de datas comemorativas, como Dia das Crianças, e para recolher doações, como o “Varal Solidário”, além de palestras e oficinas sobre os mais variados temas.  
Além das atividades listadas acima, a Casa Reviver ainda promove diversos eventos para celebração de datas comemorativas, como Dia das Crianças, e para recolher doações, como o “Varal Solidário”, além de palestras e oficinas sobre os mais variados temas.  
[[Arquivo:Leromundo.png|centro|miniaturadaimagem|Fonte: [https://www.instagram.com/p/CUczRcvBDC8/?utm_source=ig_web_copy_link Instagram da Casa Reviver]]]
'''A Casa Reviver e a pandemia'''


'''A Casa Reviver e a pandemia'''
Com o surgimento inesperado do novo coronavírus e a quarentena obrigatória em Niterói em março de 2020, as atividades socioeducativas foram suspensas. Todos os beneficiados foram prejudicados com a notícia repentina, tendo em vista que o projeto recebe um público bastante diversificado e, inclusive, pessoas do grupo de risco, como os idosos e as gestantes.


Com o surgimento inesperado do novo coronavírus e a quarentena obrigatória em Niterói em março de 2020, as atividades socioeducativas foram suspensas. Todos os beneficiados foram prejudicados com a notícia repentina, tendo em vista que o projeto recebe um público bastante diversificado e, inclusive, pessoas do grupo de risco, como os idosos e as gestantes.
A pandemia trouxe uma série de desafios não somente para a Casa Reviver, mas para a sociedade de modo geral. Em um contexto de desigualdade social potencializada por conta da nova realidade mundial, não é tão simples reproduzir o discurso midiático do “fica em casa” sem problematizar a falta de identificação que ele pode gerar em um grupo social que não tem como simplesmente escolher ficar em casa por conta do tipo de serviço que presta ou que não tem como ficar em casa porque, se não trabalhar, a família não terá renda alguma.  
A pandemia trouxe uma série de desafios não somente para a Casa Reviver, mas para a sociedade de modo geral. Em um contexto de desigualdade social potencializada por conta da nova realidade mundial, não é tão simples reproduzir o discurso midiático do “fica em casa” sem problematizar a falta de identificação que ele pode gerar em um grupo social que não tem como simplesmente escolher ficar em casa por conta do tipo de serviço que presta ou que não tem como ficar em casa porque, se não trabalhar, a família não terá renda alguma.  
Então, como se adequar a uma realidade na qual todas as atividades pedagógicas e recreativas acontecem de forma virtual quando boa parcela do público não tem acesso adequado à internet? Como dar seguimento quando as informações sobre a covid-19 não chegam de maneira clara e acessível a todos?  
 
Para a Casa Reviver, assim como para diversas instituições, o desafio foi duplo: como continuar atuando na comunidade e como ajudar os moradores a se protegerem do novo vírus?
Então, como se adequar a uma realidade na qual todas as atividades pedagógicas e recreativas acontecem de forma virtual quando boa parcela do público não tem acesso adequado à internet? Como dar seguimento quando as informações sobre a covid-19 não chegam de maneira clara e acessível a todos? Para a Casa Reviver, assim como para diversas instituições, o desafio foi duplo: como continuar atuando na comunidade e como ajudar os moradores a se protegerem do novo vírus?  
 
Para superar os obstáculos, a Casa precisou se adaptar de diversas formas. Primeiro, passaram a ser produzidas atividades que as crianças pudessem recolher, levar para casa e devolver na semana seguinte, a fim de dar continuidade ao processo de ensino e aprendizagem.  
Para superar os obstáculos, a Casa precisou se adaptar de diversas formas. Primeiro, passaram a ser produzidas atividades que as crianças pudessem recolher, levar para casa e devolver na semana seguinte, a fim de dar continuidade ao processo de ensino e aprendizagem.  
Além disso, foi lançada a campanha “Quarentena do bem” para ajudar as famílias cadastradas ou não no projeto e, no total, foram mais de mil cestas básicas doadas e também gás de cozinha.  
 
A campanha foi novidade, já que a Casa nunca foi um local onde se realizava distribuição de alimentos. Porém, com a pandemia, se viu essa necessidade urgente. Eram pais e mães de família perdendo o emprego, os produtos ficando cada vez mais caros e muitas incertezas rondando a população que se encontrava completamente à mercê da crise mundial.  
Além disso, foi lançada a campanha “Quarentena do bem” para ajudar as famílias cadastradas ou não no projeto e, no total, foram mais de mil cestas básicas doadas e também gás de cozinha. A campanha foi novidade, já que a Casa nunca foi um local onde se realizava distribuição de alimentos. Porém, com a pandemia, se viu essa necessidade urgente. Eram pais e mães de família perdendo o emprego, os produtos ficando cada vez mais caros e muitas incertezas rondando a população que se encontrava completamente à mercê da crise mundial.  
 
Outra estratégia que colaborou com a Casa foi a disponibilização do edital da Fiocruz que permitiu que fosse realizado um livro educativo para os moradores, contando a história do Morro do Estado junto com medidas de combate ao novo coronavírus.  
Outra estratégia que colaborou com a Casa foi a disponibilização do edital da Fiocruz que permitiu que fosse realizado um livro educativo para os moradores, contando a história do Morro do Estado junto com medidas de combate ao novo coronavírus.  
Outra grande ajuda foi dada pela ONG BemTV que formou 40 comunicadores populares no Morro para comunicar sobre a situação da pandemia e para combater a desinformação. De acordo com o relatório da ONG do ano de 2020, “o Projeto Jovens comunicadores foi centrado em ações de comunicação popular em favelas de Niterói e São Gonçalo para ampliar acesso as informações seguras sobre direitos, saúde e prevenção ao COVID-19, por meio de compartilhamento por redes sociais, alcançando mais de 128 mil pessoas simultaneamente.”
Outra grande ajuda foi dada pela ONG BemTV que formou 40 comunicadores populares no Morro para comunicar sobre a situação da pandemia e para combater a desinformação. De acordo com o relatório da ONG do ano de 2020, “o Projeto Jovens comunicadores foi centrado em ações de comunicação popular em favelas de Niterói e São Gonçalo para ampliar acesso as informações seguras sobre direitos, saúde e prevenção ao COVID-19, por meio de compartilhamento por redes sociais, alcançando mais de 128 mil pessoas simultaneamente.”


'''O cuidado especial com as crianças'''
'''O cuidado especial com as crianças'''
[[Arquivo:Maio.png|miniaturadaimagem|Fonte: [https://www.instagram.com/p/CAVW8DppKRP/?utm_source=ig_web_copy_link Instagram da Casa Reviver]]]
Para além de todas as dificuldades já citadas que surgiram em 2020, a Casa Reviver ainda se preocupou em especial com as crianças em tempos de isolamento social. Esse grupo, especificamente, sofreu bastante, não somente por não ter mais contato com outras crianças para socializar e pela dificuldade de concentração nas aulas online, mas também porque muitas foram expostas em tempo integral aos seus abusadores, estando distantes de qualquer possibilidade de ajuda. 
Com o confinamento, crianças que são abusadas dentro de casa ficam totalmente vulneráveis, já que o contato com o criminoso é a todo momento, potencializando a possibilidade de uma agressão, de um abuso sexual e até mesmo da exploração. 
Segundo a diretora-presidente do Instituto Liberta, Luciana Temer, “o afastamento das crianças e adolescentes da escola durante o isolamento rompeu o principal canal de denúncias usado por elas para relatar a violência: o professor.”
Tendo em vista que cerca de 70% dos casos de abuso infantil ocorrem dentro de casa, é extremamente necessário que haja de fato uma atenção redobrada à questão da segurança das crianças, principalmente nesse período. 


Para além de todas as dificuldades já citadas que surgiram em 2020, a Casa Reviver ainda se preocupou em especial com as crianças em tempos de isolamento social. Esse grupo, especificamente, sofreu bastante, não somente por não ter mais contato com outras crianças para socializar e pela dificuldade de concentração nas aulas online, mas também porque muitas foram expostas em tempo integral aos seus abusadores, estando distantes de qualquer possibilidade de ajuda.
Com o confinamento, crianças que são abusadas dentro de casa ficam totalmente vulneráveis, já que o contato com o criminoso é a todo momento, potencializando a possibilidade de uma agressão, de um abuso sexual e até mesmo da exploração.
Segundo a diretora-presidente do Instituto Liberta, Luciana Temer, “o afastamento das crianças e adolescentes da escola durante o isolamento rompeu o principal canal de denúncias usado por elas para relatar a violência: o professor.”
Tendo em vista que cerca de 70% dos casos de abuso infantil ocorrem dentro de casa, é extremamente necessário que haja de fato uma atenção redobrada à questão da segurança das crianças, principalmente nesse período.
Para tentar combater esses abusos, durante o mês de combate à violência sexual, a Casa promoveu ações para discutir sobre o assunto e informar a população sobre o que fazer diante de tal crime, divulgando a campanha através de inúmeras postagens no Instagram.  
Para tentar combater esses abusos, durante o mês de combate à violência sexual, a Casa promoveu ações para discutir sobre o assunto e informar a população sobre o que fazer diante de tal crime, divulgando a campanha através de inúmeras postagens no Instagram.  


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Hoje, as atividades em estilo híbrido ainda acontecem, pois o programa da UERJ, que mantém parceria com a Casa Reviver, continua online. Mas foi reconhecida a necessidade de voltar com o modelo presencial, já que as crianças não ficam em isolamento, pois o modelo remoto é pouco acessível e as desmotiva, então, acabam ficando soltas pelo Morro, desprotegidas e desocupadas, quando poderiam estar aprendendo e desenvolvendo suas habilidades na Casa, como faziam antes da pandemia.  
Hoje, as atividades em estilo híbrido ainda acontecem, pois o programa da UERJ, que mantém parceria com a Casa Reviver, continua online. Mas foi reconhecida a necessidade de voltar com o modelo presencial, já que as crianças não ficam em isolamento, pois o modelo remoto é pouco acessível e as desmotiva, então, acabam ficando soltas pelo Morro, desprotegidas e desocupadas, quando poderiam estar aprendendo e desenvolvendo suas habilidades na Casa, como faziam antes da pandemia.  
Portanto, apesar de todos os esforços para tornar o período de confinamento o mais proveitoso possível, havia urgência de retomada das atividades presenciais para que os beneficiados não fossem mais prejudicados, porque a comunidade necessita desse espaço de segurança, de aprendizado e de crescimento.  
Portanto, apesar de todos os esforços para tornar o período de confinamento o mais proveitoso possível, havia urgência de retomada das atividades presenciais para que os beneficiados não fossem mais prejudicados, porque a comunidade necessita desse espaço de segurança, de aprendizado e de crescimento.  
Então, conforme o país foi retomando gradualmente com as atividades presenciais, a Casa também retornou, respeitando todas as medidas de proteção recomendadas pela OMS, como o uso obrigatório de máscaras, álcool em gel, distanciamento etc.  
Então, conforme o país foi retomando gradualmente com as atividades presenciais, a Casa também retornou, respeitando todas as medidas de proteção recomendadas pela OMS, como o uso obrigatório de máscaras, álcool em gel, distanciamento etc.  
Os primeiros a voltarem foram as crianças e os jovens. O projeto “Ler o Mundo”, que abrange um público mais velho, foi o último a voltar e sempre com todo o cuidado possível.
Os primeiros a voltarem foram as crianças e os jovens. O projeto “Ler o Mundo”, que abrange um público mais velho, foi o último a voltar e sempre com todo o cuidado possível.


'''Os desafios continuam'''
'''Os desafios continuam'''


Atualmente, no ano de 2022, provavelmente o maior desafio da Casa seja, basicamente, dar prosseguimento às atividades.  
Atualmente, no ano de 2022, provavelmente o maior desafio da Casa seja, basicamente, dar prosseguimento às atividades.
 
A Casa tem como foco continuar proporcionando a seguridade alimentar, continuar propagando os valores de empoderamento, de cidadania e continuar incentivando os moradores do Morro do Estado a ocuparem a cidade, reconhecendo o território como seu também. Para isso, os colaboradores do projeto sempre procuram levar as crianças aos museus, a passeios culturais, mostrando que o lugar onde elas habitam tem história e elas fazem parte dela.  
A Casa tem como foco continuar proporcionando a seguridade alimentar, continuar propagando os valores de empoderamento, de cidadania e continuar incentivando os moradores do Morro do Estado a ocuparem a cidade, reconhecendo o território como seu também. Para isso, os colaboradores do projeto sempre procuram levar as crianças aos museus, a passeios culturais, mostrando que o lugar onde elas habitam tem história e elas fazem parte dela.  


'''A Casa Reviver nas redes'''
'''A Casa Reviver nas redes'''


A Casa possui um endereço de Blog, criado para fazer a divulgação da casa e dar uma espécie de retorno para aqueles que contribuíam financeiramente. O Blog era atualizado mensalmente com posts sobre as atividades realizadas e algumas fotos. Atualmente, o canal comunicador já não é mais utilizado, a última publicação é datada de 2020, antes da pandemia.
A Casa possui um endereço de Blog, criado para fazer a divulgação da casa e dar uma espécie de retorno para aqueles que contribuíam financeiramente. O Blog era atualizado mensalmente com posts sobre as atividades realizadas e algumas fotos. Atualmente, o canal comunicador já não é mais utilizado, a última publicação é datada de 2020, antes da pandemia.
www.casarevivermorrodoestado.blogspot.com.br
 
www.casarevivermorrodoestado.blogspot.com.br  


No Youtube, a Casa possui um canal com mais de 15 vídeos disponíveis sobre o projeto e suas realizações.  
No Youtube, a Casa possui um canal com mais de 15 vídeos disponíveis sobre o projeto e suas realizações.  
https://www.youtube.com/channel/UCvdlGxAXo9UQR6SbLAJjcMQ  
https://www.youtube.com/channel/UCvdlGxAXo9UQR6SbLAJjcMQ  


No Instagram, as postagens são constantes e é o canal de comunicação principal, atualmente, para divulgação de eventos, inscrições para voluntários e comunicados sobre a Casa.  
No Instagram, as postagens são constantes e é o canal de comunicação principal, atualmente, para divulgação de eventos, inscrições para voluntários e comunicados sobre a Casa.
 
https://www.instagram.com/casareviver/  
https://www.instagram.com/casareviver/  



Edição das 22h16min de 20 de janeiro de 2022

A Casa Reviver é um projeto socioeducativo que atua há 16 anos no Morro do Estado, em Niterói. Idealizado por Vinicius Silva de Souza em 2006, o projeto se iniciou como um ambiente para amparar crianças e adolescentes no período fora do horário escolar. Com o passar dos anos, a Casa Reviver foi expandindo suas atividades e aumentando o público beneficiado pelo projeto cada vez mais. Hoje, a iniciativa atende moradores da comunidade de todas as idades, através de diferentes ações, como projeto de alfabetização, acolhimento familiar, terapia em grupo, ministração de aulas diversas, prática de esportes e passeios culturais.

A história do projeto

Vinicius Silva de Souza idealizou a iniciativa após perder seu irmão, que fora assassinado durante uma ação realizada pela Polícia Militar no Morro do Estado. O trágico ocorrido levou Vinicius a refletir sobre a necessidade de um projeto que fornecesse aos moradores da comunidade um espaço seguro, no qual as crianças pudessem se ocupar de maneira saudável quando não estivessem na escola.

Reconhecendo o chamado para mudar o ambiente onde vivia, Vinicius conta que, um dia, subiu o morro com apenas um saquinho de balas, contando histórias e chamando a atenção das crianças que cruzavam seu caminho, assim como dos adultos que perceberam a importância de tal trabalho no Morro do Estado. Dessa forma, o que começou como um sonho de um morador, foi ganhando força e se desenvolvendo com o passar dos anos e com o apoio da comunidade local.

No início, Vinicius e Karina Silva, sua esposa, precisaram enfrentar diversos obstáculos, mas o maior deles foi a questão do local onde seriam realizadas as ações socioeducativas. Sem muitas opções disponíveis, os fundadores iniciaram o projeto em um ambiente onde, durante a noite, funcionava como ponto de drogas. O ponto era temporário, evidentemente, pois o projeto necessitava de um espaço próprio e seguro, com uma estrutura que permitisse a realização das atividades com as crianças e com potencial para se tornar um ponto de referência.

Após muita persistência, o casal de fundadores conseguiu uma doação que permitiu a aquisição da casa que, hoje, se chama “Casa Reviver”. A sede da Casa se encontra em constante expansão. Atualmente, no ano de 2022, o projeto em andamento é o de uma nova cozinha para atender ao público. O espaço foi planejado para a realização de aulas para os pais, avós e responsáveis adultos, além de servir como ambiente onde as crianças possam aprender cozinhando, de forma dinâmica e participativa.

Sobre o projeto

De acordo com o documento de apresentação da Casa Reviver, a visão do projeto é a seguinte: Ser um agente de transformação integral a partir dos valores sociais e culturais da própria comunidade, com seus talentos e potencialidades.

Já a missão é: Atuar como facilitadores do desenvolvimento integral das crianças, dos adolescentes e de seus familiares, através de uma abordagem sócio-pedagógica holística, oferecendo atividades educativas e formativas, de socialização, como momentos de lazer, com pessoas em situação de vulnerabilidade social, a fim de promover o senso de protagonismo e empoderamento individual e coletivo e potencialização de talentos singulares.

Como também é exposto no documento citado, o projeto que se iniciou como um pequeno trabalho de ação social local foi se desenvolvendo e crescendo com ajuda da comunidade e hoje conta com parcerias com ONGs, igrejas protestantes, universidades, voluntários e colaboradores.

O principal objetivo da casa é formar um local seguro de acolhimento das famílias da comunidade, demonstrando que, na Casa, elas podem buscar acompanhamento familiar, com assistentes auxiliares que fornecem todo suporte e instruções para que consigam reivindicar seus direitos como cidadãos. Ainda sobre esse ponto, no ano de 2020, ofereceram suporte aos moradores para que pudessem receber o auxílio emergencial sem grandes dificuldades. Além disso, há vários educadores populares que atuam promovendo cidadania, valores e empoderamento para os moradores.

As atividades

A iniciativa tem um foco bastante acentuado na questão do acompanhamento familiar. Por conta disso, as atividades em andamento são planejadas de modo que toda a família possa participar e se beneficiar. Algumas delas são:

  • Roda de gestantes: as mulheres grávidas podem participar de encontros semanais que abordam questões como a importância do pré-natal e todos os desafios enfrentados durante a gestação e também são beneficiadas com o Kit Enxoval e um book fotográfico.
  • Maternando: o projeto visa fornecer uma rede de apoio às mães participantes.
  • Kids: projeto focado nas crianças.
  • Teens: projeto focado nos adolescentes.
  • Ler o mundo: tendo como foco pessoas em processo de alfabetização, o projeto visa incentivar a leitura e a escrita com encontros semanais.
  • Guerreiras: projeto que reúne mulheres dos 20 aos 60 anos de idade para a realização de rodas de conversa.

Além das atividades listadas acima, a Casa Reviver ainda promove diversos eventos para celebração de datas comemorativas, como Dia das Crianças, e para recolher doações, como o “Varal Solidário”, além de palestras e oficinas sobre os mais variados temas.

A Casa Reviver e a pandemia

Com o surgimento inesperado do novo coronavírus e a quarentena obrigatória em Niterói em março de 2020, as atividades socioeducativas foram suspensas. Todos os beneficiados foram prejudicados com a notícia repentina, tendo em vista que o projeto recebe um público bastante diversificado e, inclusive, pessoas do grupo de risco, como os idosos e as gestantes.

A pandemia trouxe uma série de desafios não somente para a Casa Reviver, mas para a sociedade de modo geral. Em um contexto de desigualdade social potencializada por conta da nova realidade mundial, não é tão simples reproduzir o discurso midiático do “fica em casa” sem problematizar a falta de identificação que ele pode gerar em um grupo social que não tem como simplesmente escolher ficar em casa por conta do tipo de serviço que presta ou que não tem como ficar em casa porque, se não trabalhar, a família não terá renda alguma.

Então, como se adequar a uma realidade na qual todas as atividades pedagógicas e recreativas acontecem de forma virtual quando boa parcela do público não tem acesso adequado à internet? Como dar seguimento quando as informações sobre a covid-19 não chegam de maneira clara e acessível a todos? Para a Casa Reviver, assim como para diversas instituições, o desafio foi duplo: como continuar atuando na comunidade e como ajudar os moradores a se protegerem do novo vírus?

Para superar os obstáculos, a Casa precisou se adaptar de diversas formas. Primeiro, passaram a ser produzidas atividades que as crianças pudessem recolher, levar para casa e devolver na semana seguinte, a fim de dar continuidade ao processo de ensino e aprendizagem.

Além disso, foi lançada a campanha “Quarentena do bem” para ajudar as famílias cadastradas ou não no projeto e, no total, foram mais de mil cestas básicas doadas e também gás de cozinha. A campanha foi novidade, já que a Casa nunca foi um local onde se realizava distribuição de alimentos. Porém, com a pandemia, se viu essa necessidade urgente. Eram pais e mães de família perdendo o emprego, os produtos ficando cada vez mais caros e muitas incertezas rondando a população que se encontrava completamente à mercê da crise mundial.

Outra estratégia que colaborou com a Casa foi a disponibilização do edital da Fiocruz que permitiu que fosse realizado um livro educativo para os moradores, contando a história do Morro do Estado junto com medidas de combate ao novo coronavírus.

Outra grande ajuda foi dada pela ONG BemTV que formou 40 comunicadores populares no Morro para comunicar sobre a situação da pandemia e para combater a desinformação. De acordo com o relatório da ONG do ano de 2020, “o Projeto Jovens comunicadores foi centrado em ações de comunicação popular em favelas de Niterói e São Gonçalo para ampliar acesso as informações seguras sobre direitos, saúde e prevenção ao COVID-19, por meio de compartilhamento por redes sociais, alcançando mais de 128 mil pessoas simultaneamente.”

O cuidado especial com as crianças

Para além de todas as dificuldades já citadas que surgiram em 2020, a Casa Reviver ainda se preocupou em especial com as crianças em tempos de isolamento social. Esse grupo, especificamente, sofreu bastante, não somente por não ter mais contato com outras crianças para socializar e pela dificuldade de concentração nas aulas online, mas também porque muitas foram expostas em tempo integral aos seus abusadores, estando distantes de qualquer possibilidade de ajuda.

Com o confinamento, crianças que são abusadas dentro de casa ficam totalmente vulneráveis, já que o contato com o criminoso é a todo momento, potencializando a possibilidade de uma agressão, de um abuso sexual e até mesmo da exploração.

Segundo a diretora-presidente do Instituto Liberta, Luciana Temer, “o afastamento das crianças e adolescentes da escola durante o isolamento rompeu o principal canal de denúncias usado por elas para relatar a violência: o professor.”

Tendo em vista que cerca de 70% dos casos de abuso infantil ocorrem dentro de casa, é extremamente necessário que haja de fato uma atenção redobrada à questão da segurança das crianças, principalmente nesse período.

Para tentar combater esses abusos, durante o mês de combate à violência sexual, a Casa promoveu ações para discutir sobre o assunto e informar a população sobre o que fazer diante de tal crime, divulgando a campanha através de inúmeras postagens no Instagram.

Casa Reviver hoje

Hoje, as atividades em estilo híbrido ainda acontecem, pois o programa da UERJ, que mantém parceria com a Casa Reviver, continua online. Mas foi reconhecida a necessidade de voltar com o modelo presencial, já que as crianças não ficam em isolamento, pois o modelo remoto é pouco acessível e as desmotiva, então, acabam ficando soltas pelo Morro, desprotegidas e desocupadas, quando poderiam estar aprendendo e desenvolvendo suas habilidades na Casa, como faziam antes da pandemia.

Portanto, apesar de todos os esforços para tornar o período de confinamento o mais proveitoso possível, havia urgência de retomada das atividades presenciais para que os beneficiados não fossem mais prejudicados, porque a comunidade necessita desse espaço de segurança, de aprendizado e de crescimento.

Então, conforme o país foi retomando gradualmente com as atividades presenciais, a Casa também retornou, respeitando todas as medidas de proteção recomendadas pela OMS, como o uso obrigatório de máscaras, álcool em gel, distanciamento etc.

Os primeiros a voltarem foram as crianças e os jovens. O projeto “Ler o Mundo”, que abrange um público mais velho, foi o último a voltar e sempre com todo o cuidado possível.

Os desafios continuam

Atualmente, no ano de 2022, provavelmente o maior desafio da Casa seja, basicamente, dar prosseguimento às atividades.

A Casa tem como foco continuar proporcionando a seguridade alimentar, continuar propagando os valores de empoderamento, de cidadania e continuar incentivando os moradores do Morro do Estado a ocuparem a cidade, reconhecendo o território como seu também. Para isso, os colaboradores do projeto sempre procuram levar as crianças aos museus, a passeios culturais, mostrando que o lugar onde elas habitam tem história e elas fazem parte dela.

A Casa Reviver nas redes

A Casa possui um endereço de Blog, criado para fazer a divulgação da casa e dar uma espécie de retorno para aqueles que contribuíam financeiramente. O Blog era atualizado mensalmente com posts sobre as atividades realizadas e algumas fotos. Atualmente, o canal comunicador já não é mais utilizado, a última publicação é datada de 2020, antes da pandemia.

www.casarevivermorrodoestado.blogspot.com.br

No Youtube, a Casa possui um canal com mais de 15 vídeos disponíveis sobre o projeto e suas realizações.

https://www.youtube.com/channel/UCvdlGxAXo9UQR6SbLAJjcMQ

No Instagram, as postagens são constantes e é o canal de comunicação principal, atualmente, para divulgação de eventos, inscrições para voluntários e comunicados sobre a Casa.

https://www.instagram.com/casareviver/

As informações sobre a Casa Reviver deste verbete foram coletadas nas redes sociais do projeto (citadas acima) e por meio de uma entrevista concedida por Lia Castanho, coordenadora da mídia do projeto.

Referências

CANNABRAVA, Melissa. Projetos sociais se tornaram a principal base de apoio na educação das favelas. Museu da Vida, Rio de Janeiro, 3, set, 2020. Disponível em <http://www.museudavida.fiocruz.br/index.php/noticias/1524-projetos-sociais-se-tornaram-a-principal-base-de-apoio-na-educacao-da-favelas > . Acesso em 10 jan 2020.

Casa Reviver: um pouco mais sobre nós. Casa Reviver, Niterói.

Relatório 2020: ano de luto e luta. BemTV, Niterói, 2020. Disponível em <https://bemtv.org.br/reports-bemtv/relatorio-bemtv-2020.pdf> . Acesso em 12 de jan de 2022.

SOUZA, Felipe. Isolamento dificulta denúncias de abuso infantil e deve levar a alta de casos, diz especialista. BBC News, São Paulo, 20 maio, 2020. Disponível em <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-52735898> . Acesso em 12 jan 2022.