Chacina de Acari - 26 de julho de 1990: mudanças entre as edições

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
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'''Autores: Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência.'''
Na noite de 26 de julho de 1990, onze jovens, a maioria moradores da favela de Acari ou de suas proximidades, foram levados à força por homens que se diziam policiais, do sítio em que se encontravam em Magé, região metropolitana do Rio de Janeiro.
Na noite de 26 de julho de 1990, onze jovens, a maioria moradores da favela de Acari ou de suas proximidades, foram levados à força por homens que se diziam policiais, do sítio em que se encontravam em Magé, região metropolitana do Rio de Janeiro.
Os onze desaparecidos foram Rosana Souza Santos (17 anos); Cristiane Souza Leite (17); Luiz Henrique da Silva Euzébio (16); Hudson de Oliveira Silva (16); Edson Souza Costa (16); Antônio Carlos da Silva (17); Viviane Rocha da Silva (13); Wallace Oliveira do Nascimento (17); Hédio Oliveira do Nascimento (30); Moisés Santos Cruz (26); Luiz Carlos Vasconcelos de Deus (32).
Em janeiro de 1993, Edméia da Silva Euzébio, mãe de Luiz Henrique da Silva Euzébio, foi assassinada enquanto saía de um presídio, onde fazia investigações por conta própria em busca informações que levassem a solucionar o caso.
A Anistia Internacional relatou em 1994 que os sequestradores haviam sido identificados pelo setor de inteligência da Polícia Militar como sendo policiais militares do 9º Batalhão da Polícia Militar em Rocha Miranda e como detetives do Departamento de Roubo de Carga, da 39ª Delegacia de Pavuna. A investigação indicava que os policiais militares envolvidos vinham extorquindo algumas das vítimas antes do sequestro. Segundo denúncias feitas na época do caso, alguns desses policiais seriam integrantes de um grupo de extermínio denominado “Cavalos Corredores”. De acordo com informações recebidas pela Anistia Internacional, as buscas feitas pelas autoridades em possíveis locais de enterro foram negligentes e destrutivas, possivelmente resultando em danos permanentes aos locais. O caso foi objeto de petição junto à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, para que seja apreciado pela Corte Interamericana da Organização dos Estados Americanos (OEA).
A “Chacina de Acari” ficou marcada como o primeiro grande crime envolvendo várias vítimas de uma só vez, cometido por policiais, em serviço ou não, contra moradores de favelas e periferias pobres, após o restabelecimento do regime democrático. As “Mães de Acari” se tornaram símbolo de uma longa e difícil luta por justiça, iniciando um caminho trilhado por muitas mães, pais, irmãos e amigos de vítimas do Estado que se seguiram.
Apesar dos esforços de mães e autoridades, os onze jovens ou seus corpos jamais foram encontrados. Numerosos indícios e informações apontam a participação de policiais militares e civis na chacina. Mas sem os corpos nunca houve processo judicial; o inquérito não foi concluído e ninguém foi denunciado pela justiça. Em 2010, transcorridos vinte anos do ocorrido, o caso prescreveu e foi arquivado. Atualmente, quase trinta anos depois, o sequestro continua envolto em total impunidade.


Autores: Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência
Os onze desaparecidos foram Rosana Souza Santos (17 anos); Cristiane Souza Leite (17); Luiz Henrique da Silva Euzébio (16); Hudson de Oliveira Silva (16); Edson Souza Costa (16); Antônio Carlos da Silva (17); Viviane Rocha da Silva (13); Wallace Oliveira do Nascimento (17); Hédio Oliveira do Nascimento (30); Moisés Santos Cruz (26); Luiz Carlos Vasconcelos de Deus (32). Em janeiro de 1993, Edméia da Silva Euzébio, mãe de Luiz Henrique da Silva Euzébio, foi assassinada enquanto saía de um presídio, onde fazia investigações por conta própria em busca informações que levassem a solucionar o caso. A Anistia Internacional relatou em 1994 que os sequestradores haviam sido identificados pelo setor de inteligência da Polícia Militar como sendo policiais militares do 9º Batalhão da Polícia Militar em Rocha Miranda e como detetives do Departamento de Roubo de Carga, da 39ª Delegacia de Pavuna. A investigação indicava que os policiais militares envolvidos vinham extorquindo algumas das vítimas antes do sequestro. Segundo denúncias feitas na época do caso, alguns desses policiais seriam integrantes de um grupo de extermínio denominado “Cavalos Corredores”. De acordo com informações recebidas pela Anistia Internacional, as buscas feitas pelas autoridades em possíveis locais de enterro foram negligentes e destrutivas, possivelmente resultando em danos permanentes aos locais. O caso foi objeto de petição junto à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, para que seja apreciado pela Corte Interamericana da Organização dos Estados Americanos (OEA). A “Chacina de Acari” ficou marcada como o primeiro grande crime envolvendo várias vítimas de uma só vez, cometido por policiais, em serviço ou não, contra moradores de favelas e periferias pobres, após o restabelecimento do regime democrático. As “Mães de Acari” se tornaram símbolo de uma longa e difícil luta por justiça, iniciando um caminho trilhado por muitas mães, pais, irmãos e amigos de vítimas do Estado que se seguiram. Apesar dos esforços de mães e autoridades, os onze jovens ou seus corpos jamais foram encontrados. Numerosos indícios e informações apontam a participação de policiais militares e civis na chacina. Mas sem os corpos nunca houve processo judicial; o inquérito não foi concluído e ninguém foi denunciado pela justiça. Em 2010, transcorridos vinte anos do ocorrido, o caso prescreveu e foi arquivado. Atualmente, quase trinta anos depois, o sequestro continua envolto em total impunidade.
 
 
 
 


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Edição das 17h18min de 3 de setembro de 2019

Autores: Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência.

Na noite de 26 de julho de 1990, onze jovens, a maioria moradores da favela de Acari ou de suas proximidades, foram levados à força por homens que se diziam policiais, do sítio em que se encontravam em Magé, região metropolitana do Rio de Janeiro.

Os onze desaparecidos foram Rosana Souza Santos (17 anos); Cristiane Souza Leite (17); Luiz Henrique da Silva Euzébio (16); Hudson de Oliveira Silva (16); Edson Souza Costa (16); Antônio Carlos da Silva (17); Viviane Rocha da Silva (13); Wallace Oliveira do Nascimento (17); Hédio Oliveira do Nascimento (30); Moisés Santos Cruz (26); Luiz Carlos Vasconcelos de Deus (32). Em janeiro de 1993, Edméia da Silva Euzébio, mãe de Luiz Henrique da Silva Euzébio, foi assassinada enquanto saía de um presídio, onde fazia investigações por conta própria em busca informações que levassem a solucionar o caso. A Anistia Internacional relatou em 1994 que os sequestradores haviam sido identificados pelo setor de inteligência da Polícia Militar como sendo policiais militares do 9º Batalhão da Polícia Militar em Rocha Miranda e como detetives do Departamento de Roubo de Carga, da 39ª Delegacia de Pavuna. A investigação indicava que os policiais militares envolvidos vinham extorquindo algumas das vítimas antes do sequestro. Segundo denúncias feitas na época do caso, alguns desses policiais seriam integrantes de um grupo de extermínio denominado “Cavalos Corredores”. De acordo com informações recebidas pela Anistia Internacional, as buscas feitas pelas autoridades em possíveis locais de enterro foram negligentes e destrutivas, possivelmente resultando em danos permanentes aos locais. O caso foi objeto de petição junto à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, para que seja apreciado pela Corte Interamericana da Organização dos Estados Americanos (OEA). A “Chacina de Acari” ficou marcada como o primeiro grande crime envolvendo várias vítimas de uma só vez, cometido por policiais, em serviço ou não, contra moradores de favelas e periferias pobres, após o restabelecimento do regime democrático. As “Mães de Acari” se tornaram símbolo de uma longa e difícil luta por justiça, iniciando um caminho trilhado por muitas mães, pais, irmãos e amigos de vítimas do Estado que se seguiram. Apesar dos esforços de mães e autoridades, os onze jovens ou seus corpos jamais foram encontrados. Numerosos indícios e informações apontam a participação de policiais militares e civis na chacina. Mas sem os corpos nunca houve processo judicial; o inquérito não foi concluído e ninguém foi denunciado pela justiça. Em 2010, transcorridos vinte anos do ocorrido, o caso prescreveu e foi arquivado. Atualmente, quase trinta anos depois, o sequestro continua envolto em total impunidade.