Coletiva Resistência Lésbica da Maré (Complexo da Maré / Rio de Janeiro – RJ): mudanças entre as edições

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
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===== LGBTQIA+ série - Ep. 3 Redes de Existências =====
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Edição das 11h52min de 27 de março de 2022

Verbete produzido pela equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco a partir das redes oficiais da coletiva.

Coletiva Resistência Lésbica da Maré - logo.png

Uma coletiva que nasce da necessidade de mulheres lésbicas de favela se organizarem para lutar por seus direitos.

Sobre

Mulheres de Pedra (Rio de Janeiro – RJ) - Sobre
Mulheres de Pedra (Rio de Janeiro – RJ)

A Resistência tem cerca de 12 participantes na organização e 120 mulheres com quem mantém contato. A coletiva trabalha num tripé: garantia de segurança alimentar para as mulheres, via cesta básica para as que necessitam; acompanhamento psicológico; e acesso a benefícios sociais, a exemplo de Bolsa Família e auxílio emergencial.

O que fica explícito é que para se falar da experiência, das demandas de ser lésbica ou bi é necessário considerar raça e classe. Nisso a Coletiva se apoia em um mapeamento inédito finalizado em 2020, o Mapeamento Sócio-cultural-afetivo das Lésbicas e Mulheres Bissexuais do Complexo da Maré. A pesquisa, feita em campo, foi capaz de coletar dados dessas mulheres e algumas das constatações foram que: a maioria delas é negra; elas vivem com familiares ou companheiras; têm escolaridades diversas; e sofrem violência mais dentro da família do que fora de casa. Porém, as violências sofridas fora de casa acontecem mais em outros lugares do que na Maré, onde se sentem mais seguras. Em virtude desse perfil, durante a pandemia, sem poder manter um contato mais frequente com as meninas e mulheres, inclusive pela instabilidade da internet na favela, a Coletiva tem utilizado a segurança alimentar como modo de acesso. Existe uma arrecadação de alimentos permanente, de nome “Socorro a elas na Covid-19″, e quando o grupo faz a entrega de uma cesta básica na casa de uma das cadastradas aproveita para estabelecer uma conversa curta, saber como aquela mulher está. Além disso, esta via de entrada de alimentos na casa leva a família a reconhecer a ação positiva da Resistência, como expõe Dayana Gusmão: “A nossa cesta chegar para aquela família lesbofóbica também está dizendo: só tem comida nessa casa porque eu sou sapatão e a Resistência mandou comida”.

Mapeamento

MAPEAMENTO
MAPEAMENTO

O mapeamento aponta que as lésbicas do Complexo da Maré sentem-se mais seguras dentro da favela do que no asfalto. Partindo deste dado, mostramos o trabalho de ativistas e artistas periféricas nas quebradas do Rio de Janeiro e chegamos no conceito de “dororidade”, que une as mulheres negras pela dor que compartilham.

O litrão na mesa, os copos na mão. Nenhuma preocupação. No Bar do Capitão ou no Vulva Bar, as lésbicas das favelas do Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio de Janeiro, podem beber sua cerveja em paz. Embora pareça simples para a maioria dos brasileiros, tal momento de lazer pode não ser tão seguro ou confortável num país onde 71% dos homicídios contra mulheres lésbicas acontecem em espaços públicos, segundo dados do dossiê do Núcleo de Inclusão Social da UFRJ, lançado em 2018.

Na correria pelo direito à diversão, ao emprego e às políticas públicas, as ‘sapas’ das favelas e periferias do Rio reinventam estratégias para se tornarem visíveis na sociedade, a partir de um olhar menos influenciado por estereótipos. No complexo que reúne 16 favelas, há registro de articulação de mulheres homoafetivas há 14 anos, e desde 2015 a Coletiva Resistência Lésbica da Maré está na linha de frente das atividades. O que começou com ‘rolezinhos’ e bate-papos sobre relações que deram errado se tornou um grupo de apoio para as moradoras.

“A gente só queria se divertir e falar sobre a vida, até que começou a ser chamada para resolver problemas, como casos de violência doméstica ou abuso em exames papanicolau nas clínicas da família. As demandas nos levaram a buscar uma inserção em espaços de decisão e articulação com associações, a fim de conseguir acionar políticas públicas”, conta a assistente social Dayana Gusmão, uma das fundadoras da coletiva e Coordenadora Política Nacional da Articulação Brasileira de Lésbicas.

NIAZIA SANTOS - DORORIDADE
NIAZIA SANTOS - DORORIDADE


O conceito de dororidade [“dor + sororidade”] A reflexão sobre dororidade – que questiona a sororidade defendida pelo feminismo – é de autoria da ativista Vilma Piedade. No livro “Dororidade” (Editora Nós, 2017), a intelectual reflete sobre o quanto o racismo provoca dor e como essa dor se transforma em potência e solidariedade entre as mulheres negras.


Redes da Maré

Há um canal no youtube chamado Redes da Maré (https://www.youtube.com/channel/UCdKVWqg_gzQo7MmiE0vOKXQ), lá está disponível uma série com três episódios onde o assunto é a visibilidade LGBTQIA+. A série conta com a participação de Day Gusmão, integrante da Coletiva Resistência Lésbica da Maré, atores da comunidade e também artistas conhecidos. Todos explicam a luta, dão depoimentos, levantam dados estatísticos sobre o movimento LGBTQIA+ no contexto educacional e também aborda-se a violência contra o grupo no Brasil e fora dele.

LGBTQIA+ série - Ep.1 Sobre Visibilidades

LGBTQIA+ série - Ep. 2 Mais Que Uma Sigla

LGBTQIA+ série - Ep. 3 Redes de Existências