Comunicação comunitária no Complexo da Maré em tempos de pandemia: Ponte entre ciência e comunidade.

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
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A ciência sempre pareceu um assunto remoto e inacessível para muitos, porém a ciência é indispensável para a sociedade e vice e versa; um não pode ser plenamente realizado sem o outro. Durante a pandemia de Covid-19 muitos foram os esforços para que a informação científica chegasse à sociedade. No Complexo da Maré e em outras comunidades periféricas, as organizações da sociedade civil desempenharam papel fundamental para que as comunidades passassem por esse difícil período da melhor maneira possível através de diversos projetos para assegurar que a comunidade tivesse o mínimo para sobreviver à emergência de saúde. A Redes da Maré, organização da sociedade civil, se destacou por fechar parcerias para realizar a vacinação em massa no Complexo da Maré, contribuindo para um estudo inédito sobre os efeitos da vacinação em massa e da covid longa na comunidade. Com mais de 140 mil moradores e localizada estrategicamente próxima à Fiocruz e à UFRJ, a comunidade se torna um local ideal para pesquisas científicas devido ao seu tamanho e localização. Apesar das opiniões diversas circuladas na mídia sobre a vacina da covid-19, os moradores enxergam positivamente a ciência e as pesquisas realizadas na comunidade, percebendo seu impacto direto e reconhecendo-a como um recurso vital para melhorar saúde, bem-estar e progresso local. Essa conexão próxima com a ciência promove a confiança nas descobertas científicas, demonstrando a importância da divulgação científica e da comunicação comunitária na formação dessa percepção positiva.

A divulgação científica desempenha papel fundamental para que os dados obtidos pela ciência sejam passados e acessados pela sociedade. Quando se trata das populações vulnerabilizadas, mesmo com a divulgação científica, receber e entender essas informações se torna mais difícil. Sendo assim, nas favelas e comunidades periféricas, a comunicação comunitária se faz essencial para que essas informações não só cheguem, mas sejam compreendidas pela população, por meio de canais acessíveis e confiáveis, como jornais comunitários e dispositivos sonoros nas ruas, é possível disseminar informações essenciais sobre saúde e ciência, alcançando uma ampla parcela da população. Essa abordagem não apenas fornece conhecimento sobre questões de saúde, mas também constroi confiança e engajamento entre os moradores, promovendo uma participação significativa em pesquisas e ações de saúde pública. Desempenhando assim um papel fundamental na garantia do direito à informação e comunicação em saúde para essa população. Sendo assim, concluo que o positivismo em relação à ciência, no Complexo da Maré, se deu, principalmente, através da comunicação comunitária. Ou seja, a informação científica apresentada de uma forma que seja compreensível, relevante e útil para as necessidades locais, as comunidades não só serão receptivas a ela, mas também verão os seus benefícios diretos.

Com base nesses fatos, pode-se concluir que a participação na comunidade é necessária para formar uma interação harmoniosa e mutuamente benéfica entre ciência e sociedade. Para garantir canais de comunicação eficazes e justos, devem ser feitos investimentos em programas destinados a estreitar os laços entre o mundo da ciência e as pessoas, e vice-versa. É durante este processo que grupos da sociedade civil, movimentos sociais e autoridades comunitárias desempenham um papel importante, trabalhando como mediadores entre a ciência e as comunidades. É fundamental reconhecer a importância de desempenhar um papel ativo no desenvolvimento de uma cultura científica acessível e participativa na comunidade. Isso nos mostra, também, o quanto a divulgação científica pode e deve aprender com a comunicação comunitária.

E como nós, indivíduos de uma comunidade podemos auxiliar nesse movimento? Apoiando iniciativas locais e reconhecendo a importância de se envolver ativamente na promoção de uma cultura científica acessível e participativa em nossa própria comunidade, através do compartilhamento de informações confiáveis com amigos e familiares e indicar esses coletivos e organizações como fonte segura de informação A responsabilidade é de todos nós, juntos podemos construir uma sociedade mais bem informada, engajada e resiliente diante dos desafios da atualidade.