Folia de Reis: mudanças entre as edições

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
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A festividade pode ser vista em dois momentos distintos que O primeiro conhecido como giro, que tem seu início no dia 25 de dezembro e tradicionalmente tem a data de termino prevista para o dia 6 de janeiro (dia de reis). Porem no Rio de Janeiro esse período é prolongado até o dia 20 de janeiro, que é o dia de São Sebastião o padroeiro da cidade. O segundo momento é o arremate que será o foco deste trabalho. A data do arremate pode variar de folia para folia, sempre priorizando escolher dias em que não aconteça qualquer outra folia, uma vez que ocorre visitas de outras folias, durante o arremate. Durante o giro as folias levam suas respectivas bandeiras à casa dos adeptos, em um período de peregrinação que é uma das primeiras representações simbólicas da história dos três reis magos. Da mesma maneira que Melchior, Baltasar e Gaspar viajaram para abençoar o menino Jesus, a folia realiza essas viagens em que ao chegar nas casas iram entoara cânticos em um ritual que visa abençoar o lar e os anfitriões. Esse período as relações entre os foliões e os adeptos se estreitam uma vez que em troca da benção os anfitriões retribuem com oferendas que tradicionalmente são pequenos banquetes em que ocorre um contato menos ritualístico e mais social.
A festividade pode ser vista em dois momentos distintos que O primeiro conhecido como giro, que tem seu início no dia 25 de dezembro e tradicionalmente tem a data de termino prevista para o dia 6 de janeiro (dia de reis). Porem no Rio de Janeiro esse período é prolongado até o dia 20 de janeiro, que é o dia de São Sebastião o padroeiro da cidade. O segundo momento é o arremate que será o foco deste trabalho. A data do arremate pode variar de folia para folia, sempre priorizando escolher dias em que não aconteça qualquer outra folia, uma vez que ocorre visitas de outras folias, durante o arremate. Durante o giro as folias levam suas respectivas bandeiras à casa dos adeptos, em um período de peregrinação que é uma das primeiras representações simbólicas da história dos três reis magos. Da mesma maneira que Melchior, Baltasar e Gaspar viajaram para abençoar o menino Jesus, a folia realiza essas viagens em que ao chegar nas casas iram entoara cânticos em um ritual que visa abençoar o lar e os anfitriões. Esse período as relações entre os foliões e os adeptos se estreitam uma vez que em troca da benção os anfitriões retribuem com oferendas que tradicionalmente são pequenos banquetes em que ocorre um contato menos ritualístico e mais social.
Na segunda parte acontece o arremate. O arremate é o fechamento do ciclo da folia e uma festa de rua que integra as folias, os adeptos e os bairros que estão localizadas as folias. Essa segunda parte também está separada em momentos distintos, que ocorre em espaços, alterando a dinâmica dos mesmos. Por mais que nesse trabalho busco recortar esses espaços para desenvolver a analise, gostaria de pontuar como marcado por Mendel, esses espaços estão constantemente em dialogo se complementando e se sobrepondo. A casa e seus diversos “lugares”: Acionando o conceito de lugares apresentado por Marc Augé em seu livro “Não-lugares: introdução a uma antropologia da supermodernidade”[1], busco analisar as mudanças causadas pela festividade no domínio da casa e mais à frente no domínio da rua. Lembrando que além do caráter festivo a folia é marcada pelo seu caráter ritualístico. Esse caráter ritualístico é o que mais marca a primeira etapa que ocorre dentro do ambiente privado das dependências do quintal do mestre Fumaça. Nesse momento podemos dividir o quintal em três setores específicos: o altar que se encontra a bandeira da folia, um ambiente nos fundos do quintal que funciona como um refeitório e a entrada do quintal em que ocorre a cerimonia da folia tendo em mente as múltiplas noções da categoria espaço como escrito por Roberto Da Matta “Não é preciso especular muito para descobrir que temos espaços concebidos como eternos e transitórios, legais e mágicos, individualizados e coletivos.”[2] Pensado o lugar antropológico como conjuntos de elementos ordenados[1] caracterizado pelo percurso da sua linguagem e pensando no caráter relativo do espaço apresentado por Agier [3], analisemos o primeiro desses setores que será o espaço do refeitório. O refeitório foi o primeiro lugar que me dirigi, era início da noite e fui convidado para jantar com os foliões. Como dito por Mendel, no arremate a refeição tem um importante papel de agente na construção da sociabilidade para a folia. Nesse ambiente se destaca o palhaço que não se sentava a mesa com os outros foliões, mostrando a influência do rito naquele espaço, o estruturando fora das dimensões de uma simples casa. Esse espaço, por mais que entre na categoria transitório dentro desse cosmo da folia, materializa a narrativa do evento, personificando a rejeição do palhaço com sua carga negativa (uma vez que o mesmo representa um dos perseguidores) e rompe o caráter privado do lar com o fluxo de indivíduos que não necessariamente pertence aquele lar.
Na segunda parte acontece o arremate. O arremate é o fechamento do ciclo da folia e uma festa de rua que integra as folias, os adeptos e os bairros que estão localizadas as folias.


=== Bibliografia ===
=== Bibliografia ===

Edição das 09h48min de 8 de janeiro de 2024

A folia de reis é uma comemoração folclórica dos quadros religiosos europeus, porém muito popular no Brasil. A folia de reis também é conhecida como “festa de Reis” e “Reisado”. Ocorrendo anualmente, a folia visa representar de maneira festiva e ritual a viagem dos reis magos, especialmente Melchior, Baltasar e Gaspar a cidade de Jerusalém. Na bíblia cristã essa viagem tem como intuito visitar, presentear e adorar o recém-nascido Jesus. A festividade é recheada de uma iconografia única, lotada de elementos religiosos e um trabalho artístico ímpar. Deste elementos se sobressaem as bandeiras das folias, o palhaço da folia e o grupo de foliões. A festividade possui dois momentos distintos que são, os Giros ou jornadas e o arremate.

Foliões:

O grupo de foliões é composto por crianças, jovens, adultos e idosos de todos os gêneros que são responsáveis em levar a bandeira dos santos às casas dos devotos. Cada grupo de foliões também apresenta uma figura particular que é o “mestre” ou “embaixador” da folia. O mestre da folia é o responsável pela logística e organização da folia, além de ter um papel importante na manutenção da tradição.

Giros:

Os giros ou jornadas tem seu início nas madrugadas do dia 24 de dezembro , tradicionalmente tem a data de término prevista para o dia 6 de janeiro (dia de reis). Porém no Rio de Janeiro esse período é prolongado até o dia 20 de janeiro, que é o dia de São Sebastião, o padroeiro da cidade. Neste período as folias irão realizar circuitos de visitação às casas dos devotos levando suas bandeiras até a casa dos devotos. As jornadas marcam a primeira das representações simbólicas das folias. Da mesma maneira que Melchior, Baltasar e Gaspar viajaram para abençoar o menino Jesus, a folia realiza essas viagens em que ao chegar nas casas entoaram cânticos em um ritual que visa abençoar o lar e os anfitriões. Nesse período as relações entre os foliões e os adeptos se estreitam uma vez que em troca da benção os anfitriões retribuem com oferendas que tradicionalmente são pequenos banquetes em que ocorre um contato menos ritualístico e mais social.

O Arremate:

O arremate é o fechamento do ciclo da folia e uma festa de rua que integra as folias, os adeptos e os bairros que estão localizadas as folias. A data do arremate pode variar de folia para folia, sempre priorizando escolher dias em que não aconteça qualquer outra folia, uma vez que ocorre visitas de outras folias, durante o arremate. O arremate pode ser compreendido como um momento de reciprocidade da folia representada pelo seu mestre para com os foliões e devotos. O arremate ocorre na casa dos mestres das folias que convida não só os devotos como outras folias. Da folia anfitriã se espera uma grande festa. Dentro do arremate se apresenta outras figuras de caráter religioso como o palhaço da folia que é o guardião da folia .

A festividade:

A festividade pode ser vista em dois momentos distintos que O primeiro conhecido como giro, que tem seu início no dia 25 de dezembro e tradicionalmente tem a data de termino prevista para o dia 6 de janeiro (dia de reis). Porem no Rio de Janeiro esse período é prolongado até o dia 20 de janeiro, que é o dia de São Sebastião o padroeiro da cidade. O segundo momento é o arremate que será o foco deste trabalho. A data do arremate pode variar de folia para folia, sempre priorizando escolher dias em que não aconteça qualquer outra folia, uma vez que ocorre visitas de outras folias, durante o arremate. Durante o giro as folias levam suas respectivas bandeiras à casa dos adeptos, em um período de peregrinação que é uma das primeiras representações simbólicas da história dos três reis magos. Da mesma maneira que Melchior, Baltasar e Gaspar viajaram para abençoar o menino Jesus, a folia realiza essas viagens em que ao chegar nas casas iram entoara cânticos em um ritual que visa abençoar o lar e os anfitriões. Esse período as relações entre os foliões e os adeptos se estreitam uma vez que em troca da benção os anfitriões retribuem com oferendas que tradicionalmente são pequenos banquetes em que ocorre um contato menos ritualístico e mais social. Na segunda parte acontece o arremate. O arremate é o fechamento do ciclo da folia e uma festa de rua que integra as folias, os adeptos e os bairros que estão localizadas as folias.

Bibliografia

MENDEL, Luiz Gustavo. Alguém plantou a semente, deixou raiz!: Folia de Reis e a experiência migratória na Região Metropolitana do estado do Rio de Janeiro. Aedos, Porto Alegre, 27 mar. 2021. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/aedos/article/view/106507. Acesso em: 2 nov. 2023.

MENDEL, Luiz Gustavo. Devoção e resistência: as táticas dos anfitriões da Folia de Reis na região metropolitana do Estado do Rio de Janeiro. Antropol, São Paulo, 27 mar. 2021. DOI http://dx.doi.org/10.11606/ 2179-0892.ra.2020.178857. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/ra/article/view/178857. Acesso em: 2 nov. 2023.