Lurdinha de Caxias: mudanças entre as edições

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
Sem resumo de edição
Sem resumo de edição
 
Linha 75: Linha 75:
|-
|-
|}
|}
== Ver também ==
* [[Movimenta Caxias]]
* [[CoSer: coworking social de costura para mulheres de Duque de Caxias]]
* [[Associação Missão Resplandecer (Duque de Caxias – RJ)]]


[[Category:Temática - Mídia e Comunicação]]
[[Category:Temática - Mídia e Comunicação]]

Edição atual tal como às 15h19min de 1 de março de 2024

Heraldo HB da Lurdinha.org

A Lurdinha é um site sobre Caxias, que reúne colaborações de uma galera que pensa a cidade, que tem opiniões sobre assuntos relacionados a Caxias. A Caxias e aquele entorno de Caxias que alguns bairros ou algumas cidades da Baixada tem uma interseção ali: um pedacinho de Belford Roxo, de São João. Mas essa Caxias mítica, essa cidade de quase milhões de pessoas, uma cidade histórica, histórias importantíssimas nacionais, mas é uma cidade muito caótica também, muito violenta, de números muito expressivos de uma metrópole alucinada, cruel e alucinada. Mas ao mesmo tempo é um caldeirão cultural muito grande.

Autoria: Heraldo HB (entrevistado) e Arthur William Santos (entrevistador).


Entrevista[editar | editar código-fonte]

Origens da Lurdinha[editar | editar código-fonte]

E ela surgiu em 2010 oficialmente. Em 2008, eu estava muito decepcionado com a política da cidade, com a composição da Câmara de Vereadores da cidade. Cada vez mais vai piorando. Incrível isso. E a internet ali o Orkut era um fenômeno e eu vi que a internet era uma possibilidade de se ocupar um espaço de opinião. Então eu fiz um manifesto que só tinha um parágrafo só, que tinham três eixos, que chamava-se: ocupar os espaços de opinião. Nós que não temos armas, nós que não somos das famílias tradicionais da cidade e nós que não vivemos ainda de da locupletagem do dinheiro público. A gente só tem uma arma disponível hoje para atuar politicamente, que é ocupar os espaços de opinião, que naquele momento, para mim significava ocupar a internet. Eu tive uma ideia que eu chamava de sequestrar a internet. As pessoas ainda tinham um site, tinham blogs. Então era fazer um link, que se chamava na época. Era você fazer uma linkania, começar a linkar os sites todos um ao outro e as páginas de Orkut e marcar as palavras chaves ligadas a Caxias de uma forma que se alguém fosse procurar alguma coisa, chegaria no que a gente acha que deveria chegar e não nas informações estereotipadas hoje e sempre sobre Caxias, que tem a ver com violência, com corrupção, com morte, com abandono. E assim foi feito. Na época, ainda não era um domínio próprio, mas eu fui depois pensando como transformar isso num site mesmo, numa revista eletrônica. Eu mandei esse e-mail para… Eu escolhi 28 e-mails aleatórios de pessoas e fui mandando. Teve um retorno muito legal. Em 2009, eu estava realmente decidido a fazer um um site sobre Caxias com essa missão de colocar conteúdos sobre Caxias que não estavam na internet ou ficávamos muito dispersos e chamei pessoas para escreverem. E aí foi muito legal porque muita gente atendeu a esse pedido e começou a escrever no site. Então a gente foi lançá-lo no dia 30 de abril de 2010, oficialmente, embora alguns meses antes a gente já estava publicando coisas, testando a plataforma. E é isso.

Conteúdo da Lurdinha[editar | editar código-fonte]

Então são os conteúdos que envolvem cultura, basicamente, arte política, crítica política, crítica mesmo, de crítica sobre um espetáculo, sobre um grupo, sobre um livro, sobre uma música, links de artistas locais, lançamentos de obras artísticas. E opinião, opinião sobre política. E uma linha que eu sempre chamo de bagaçaria, que é uma coisa desse folclore da cidade. Eu acho que as cidades são feitas também desses personagens e dessas histórias, desse folclore mítico que faz a cidade ser uma cidade viva e ainda mais num lugar que é na Baixada Fluminense, que tem há muito tempo essa pecha de cidade dormitório, de lugar onde a pessoa vê a sua vida na capital e vem para dormir, basicamente. Mas quem vive aqui sabe que não é isto. Existe uma vida muito pulsante aqui. Mesmo das pessoas que trabalham pra caramba e fazem a travessia para a cidade do Rio, mas estão produzindo coisas aqui. No fim de semana, estão sempre inventando uma coisa nova. E aí é isso, desde então a Lurdinha está no ar. Do time de colaboradores iniciais, muita gente não voltou mais a escrever. Pessoas novas entraram. Nesses 13 anos, pessoas entraram e nunca mais voltaram. Pessoas que entraram, saíram e voltaram. Pessoas que esporadicamente escrevem alguma coisa. E a meta de ser um repositório, se ela não chegou a 100% de efetividade, pelo menos pra algumas coisas, funciona. Hoje muitas tags, muitas pesquisas sobre a Baixada Fluminense, sobretudo sobre Caxias, nos mecanismos de busca, acabam chegando na Lurdinha de alguma forma, porque tem um repositório muito grande de teses, de artigos, de monografias, de ideias que foram lançadas, de eventos também. Eu sempre digo que não é um site de agenda. Muita gente às vezes cobra isso: que tivesse uma agenda cultural, mas como é um trabalho todo voluntário, para ter uma agenda mesmo à vera precisaria de um investimento mesmo de apurar isso. De vez em quando rola porque alguém se anima de segurar isso. Às vezes, eu mesmo tem época que estou encantado com a quantidade de eventos culturais que tem na cidade, eu faço umas agendas semanais. Hoje a Lurdinha também está no Instagram. Está no Facebook. Já passaram por ela, escrevendo, entre 30 e 40 pessoas. Hoje tem umas 12 que escrevem com mais regularidade.

Acervo de histórias da cidade[editar | editar código-fonte]

Uma das principais colaborações que eu vejo no que a Lurdinha se transformou em que ela é hoje é ser também um repositório de de um arquivo, de um acervo que é difícil você encontrar, às vezes até encontra, mas que está muito disperso ou difícil chegar junto com uma ideia de memória da região da Baixada Fluminense como um todo. Mas como ela é focada muito em Caxias, de Caxias. A gente tem uma cidade, uma região, que é pródiga em apagar as memórias, sobretudo as memórias populares, que são as memórias que são feitas pelo povo brasileiro. Então, essa ideia, junto com uma rede de historiadores, memorialistas, artistas, jornalistas, às quais a Lurdinha é parceira, tem essa ideia de pensar uma resistência da memória e da guarda do que não foi contado ou do que é contado e esquecido. Então na Lurdinha tem essa ideia de pensar a cidade como a cidade histórica, uma cidade que tem uma história muito forte. Eu aprendi com o professor Antônio Augusto, que ele fala isso: toda a cidade é histórica. Às vezes, a gente só pensa uma cidade histórica como aquelas grandes ruínas, aquelas coisas lá de Minas, de Aleijadinho, do barroco. Mas a cidade Caxias é uma cidade que tem boa parte da história do país contada passando por aqui por esse território. A Baixada Fluminense é berçário de muita história que hoje a gente vive dela. Mas, repito, isso está disperso ou não existe uma ideia coordenada de se fazer isso, de se preservar a memória, de se incentivar o uso de registro. Então, lá na Lurdinha, por exemplo, tem registros de relatos, que só tem lá porque a gente fica: “Gente, tem que escrever sobre isso!”. Pode ser sobre uma pessoa, um compositor, um artista, um político, um movimento social. Então, a Lurdinha também é essa ferramenta de construção de memória e de preservação desses espaços de memória, como resistência, como luta, como referência. Eu trabalho com cultura há muitos anos e eu sempre falo isso: Caxias viveu muito tempo, a Baixada viveu um fenômeno de que a juventude local, o sonho dela é assim: entrar numa faculdade e se mudar daqui, se mandar o mais rápido possível, perder os vínculos, porque é difícil você ter identificação com o lugar que é ruim, é associado a tudo de ruim, que não tem nada, o lugar só de falta. Então, assim, a Baixada, Caxias, sobretudo, padece de uma autoestima muito baixa e isso está mudando nos últimos anos, sobretudo nos últimos 20 anos, mas ainda é um processo lento. Ainda não está consolidado. Basta dizer que esse sonho de entrar para uma faculdade e se mudar para o Rio ainda é um sonho recorrente em muitas pessoas. Mas hoje você vê gente que tem entrado na faculdade e tem voltado para morar em Caxias, para dar aula em Caxias, para viver a cidade, para construir movimentos. E também é uma coisa legal da Lurdinha, que eu acabo vendo a cidade de um ponto de vista muito privilegiado, porque toda semana tem algum professor ou um aluno que escreve lá no contato da Lurdinha, que estava procurando alguma coisa sobre a cidade e encontrou lá. “Que maneiro, como faz para ajudar?”. A Lurdinha é uma resistência já há 13 anos, mas que traz uma história pregressa já. Além de já ter escrito em vários jornais aqui da cidade, eu também inventei na época lá em 99 o Baixada On, o portal da Baixada Fluminense. A gente ficou na época também com essa ideia de valorização da cidade, de contar essas histórias que não são contadas e apresentar artistas da região. Então a Lurdinha está antenada com esse momento e com essa visão de que nós vivemos num lugar muito rico culturalmente, materialmente, economicamente, ambientalmente, mas a gente vive esse massacre ideológico, imagético, de associar a cidade a só coisa ruim. Aqui, por exemplo, nas décadas de 50 e 60, existia uma coisa que ‘Caxias era a cidade do vício e do crime’. Eu acho que isso ficou impregnado durante um tempo na imprensa sensacionalista. Quando eu era moleque, tinha um programa que tem até hoje: a Patrulha da Cidade. Tinha um personagem, o Meia Trava, que fazia a crônica das desgraças do Rio de Janeiro e tudo era em Caxias. Era o motorista do Caxias-Mauá. Então Caxias tinha sempre esse estigma ruim. E eu fico feliz de a Lurdinha contribuir um pouco com essa mudança que vem acontecendo nos últimos anos. Você tem uma molecada na cidade, na Baixada de um modo geral, que está com esse sentimento de valorização, de afirmação do seu lugar. Queria que tivessem outras Lurdinhas em outras cidades e que a gente tivesse uma estrutura para fazer realmente essa coisa maior, com mais estrutura, com mais pessoas, pagando pessoas para produzir matéria, para garimpar mais coisas antigas, enfim. Essa é a Lurdinha.org.

Origem do nome Lurdinha[editar | editar código-fonte]

Quando lá no comecinho do desejo de criar um site sobre a cidade, um site sobre opinião, eu já trabalhava com internet, então tem que usar internet para poder ser esse lugar de alavancar esse lugar de redescoberta da região, de valorização de Caxias, de trazer memória, de trazer coisas novas, de diagnosticar o que estava rolando de tendência na cidade. E aí um amigo, Djair Carneiro Lima, professor, um grande professor, mas também um cara engraçadíssimo, um grande sacana também. Eu falei para ele a ideia e ele falou: “Cara essa revista pode se chamar Lurdinha!”. Lurdinha? Porque historicamente a Lurdinha era o apelido de uma metralhadora. Olha que troço maluco! Uma história mítica da cidade, a metralhadora do Tenório Cavalcanti, que foi um político da cidade. Durante algumas décadas, foi um dos caras mais famosos do Brasil. Ele foi deputado várias vezes. Chegou a concorrer a governador do Estado do Rio de Janeiro e teve um jornal importantíssimo, chamado Luta Democrática. É um personagem totalmente fascinante, por mais que seja um cara totalmente equivocado em várias coisas, mas ele era muito midiático. Ele tinha uma metralhadora. Ele andava com uma capa preta, que ele ganhou de presente, uma capa de formatura. É daí que vem o apelido de Homem da Capa Preta. E debaixo da capa, uma metralhadora que ele ganhou do general Gois Monteiro. E aí ele botou o apelido da metralhadora de Lurdinha e virou um folclore. Quando o Djair falou: ‘Tá aí, Lurdinha!’. Porque tem uma ideia de ser uma coisa ligada à história da cidade, tem uma coisa de ser Lurdinha, que parece o nome de uma pessoa. Cria o ambiente de ‘A Lurdinha falou..’, que é uma coisa humanizada neste sentido, e é uma metralhadora pra poder dar umas disparadas de vez em quando, Verbalmente, politicamente, umas botinadas, umas rajadas de crítica, de sarcasmo, de coisa engraçada. Então Lurdinha vem disso: foi a contribuição do meu amigo Djair e pegou. De vez em quando, alguém manda: ‘Deu na Lurdinha!’, ‘Saiu na Lurdinha’, nesse site aí. Eu quando vejo alguém falar isso, sinto como: “Deu no New York Times”. Mais ou menos, essa comparação que eu faço.

Publicações de destaque[editar | editar código-fonte]

O curioso é que, de vez em quando eu faço um ranking dos posts mais buscados, que tem mais acesso. E é engraçado como sempre é uma amostragem curiosa dos posts mais representativos. Por incrível que pareça, o post mais acessado da história da Lurdinha é o post sobre a loja chamada ‘Mengão Fogos’. Que é uma loja que vende fogos, fogos de artifício e o nome é ‘Mengão’, mas o símbolo é o escudo do Botafogo. Isso dá um bug na cabeça de uma galera. Sempre dos mais comentados, dos mais vistos. Mas tem muito sobre Jardim Primavera, algumas pesquisas sobre Primavera. Existe post sobre coisas de livros, alguns livros que as pessoas sabem que tem ali. Por exemplo, o livro do memorialista José Lustosa, que foi o primeiro livro sobre Caxias, sobre a história de Caxias. Tem lá. Quando esse livro bateu lá, em uma semana mais de 600 downloads e sempre tem alguém vendo. Tem posts sobre artistas. Posts sobre o Dia Municipal da Cultura em Caxias, que basicamente fala de Barbosa Leite, um cara Importantíssimo. E a história dele tem na Lurdinha. Posts sobre críticas políticas. Houve épocas e momentos em que o debate político sempre vem à tona e sempre alguns textos são colocados lá e são muito enviados, encaminhados. Posts sobre artistas da cidades. Eu falei do Barbosa, mas a história do carnaval de Caxias: esses são posts também que tem muito acesso e são acessos muito especializados, porque a história do carnaval em Caxias, eu venho estudando isso há muito tempo, ela é uma história muito rica e ela foi completamente apagada. E nos últimos anos, ela vem sendo redescoberta e a Lurdinha tem sido eu acho que o principal fator pra isso. Os textos que tem lá sobre as escolas de samba Cartolinhas de Caxias, União do Centenário, Capricho do Centenário, Unidos da Vila São Luiz, o bloco Império do Gramacho, Bloco do China, Sai como pode. São histórias que só tem lá e eu considero emblemáticos, porque são histórias que foram completamente apagadas e que todo mundo que entra em contato fica fascinado.

Movimento da Cultura Digital na Periferia[editar | editar código-fonte]

A Lurdinha, eu filio ela a uma possibilidade que só existiu para a gente aqui da região, a partir do fenômeno da digitalização da cultura, na virada do século. Falo porque eu já escrevi jornal impresso de papel. Na região, eles são muito limitados por vários motivos: pressões políticas, por falta de recurso econômico, não chegavam à massa. Mas quando começa o processo de digitalização, começa a abrir os sites, os portais. Quando começa um processo dessas câmeras que a gente está sendo filmado aqui agora. As câmeras digitais que, mesmo que ainda sejam caras, podem estar na mão de pessoas criativas. Quando começa o fenômeno das redes sociais, primeiro começando ali com o Orkut, Flogão, Geocities, que era a ideia de ter serviços que você podia publicar. Fazer as duas coisas: pensar, escrever e publicar. Ser um produtor e um difusor ao mesmo tempo e interagir com as pessoas que consomem aquela informação, que buscam e consomem. Isso mudou tudo. E aí a Lurdinha faz parte disso. Aqui na Baixada, posso dizer que os cineclubes. Eu faço parte de um deles, o Mate com Angu. Quando começou a possibilidade de ter projetor digital a coisa explodiu. Depois as primeiras câmeras, as saboneteiras, as Cybershots. Aquilo foi um impacto muito grande. E outra:, o modo de pensar também a informação de uma forma dinâmica e de uma forma interativa. A Lurdinha, quando ela começa, por exemplo, começou a se desenhar a ideia de que você podia ter o que você teve lá em 98: a possibilidade do streaming, a possibilidade de você assistir multimídia enquanto está baixando, que nem todo mundo sabe, mas até 98 para você assistir multimídia na internet tinha que esperar baixar para depois dar o play. O streaming dá a possibilidade de você assistir enquanto está baixando. Mas aí quando a Lurdinha nasce em 2010, está começando a popularizar uma coisa que permitiu a transmissão em tempo real mesmo, à vera. A gente tá gravando hoje na Lira de Ouro, um lugar que teve uma oficina de cultura digital, em que foi criada uma ideia de uma TV com esse princípio. A ideia de criar conteúdo para difundir logo na rede, para cobrir eventos. Para você fazer a cobertura de um evento há 20 anos, você tinha que ter uma estrutura muito cara. Então, a cultura digital está no DNA da história da Lurdinha desde o princípio. Hoje, principalmente quando a gente faz transmissão às vezes de evento, em rede social online ali no quente da coisa, que está popularizado, mas a gente sabe que na raiz não era tão popular assim e foi feito um esforço aí de muita gente para poder fazer isso. A Lurdinha é anterior, por exemplo, à Mídia Ninja, aquelas ideias lá. E muita discussão sobre o software livre e sobre cultura digital, passou pela Lurdinha no começo também. Depois houve um declínio desse tipo de assunto. A Cultura Digital deixou de ser um assunto.Software livre, então, deixou mesmo .Mas no DNA da história tem isso. A Lurdinha é fruto da cultura digital na sua aplicação local numa cidade periférica como é Caxias.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Lista de palavras mais usadas no verbete[editar | editar código-fonte]

Lista de palavras mais usadas no verbete
Palavra Quantidade
Cidade, Cidades 40
Lurdinha, Lurdinhas 37
Caxias 29
História, Histórias, Histórica, Historicamente, Historiadores 25
Ideia, Ideias 15
Cultura, Cultural, Culturalmente, Culturais 13
Baixada 11
Site, sites 11
Memória, Memórias, Memorialistas, Memorialista 11
Política, Político, Politicamente, Políticas 11
Posts, Post 10
Digital, Digitalização, Digitais 9
Artistas, Artista, Arte, Artísticas 8
Opinião, Opiniões 7
Épocas 6
Crítica, Críticas 6
Livro, Livros 6
Professor 4
Rede, rede 4

Ver também[editar | editar código-fonte]