Marielle Vive - Favelas na Reconstrução do País - Discussão sobre o Legado de Marielle Franco: mudanças entre as edições

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
(edt)
(edt)
Linha 1: Linha 1:
Verbete produzido pela Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco, a partir da repercussão via [https://rioonwatch.org.br/?p=66709 Rio On Watch].
ghVerbete produzido pela Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco, a partir da repercussão via [https://rioonwatch.org.br/?p=66709 Rio On Watch].


Por Priscila Silva • 18/03/2023[[Arquivo:Evento Marielle Vive! Foto Priscila Silva.png|centro|miniaturadaimagem|800x800px|Evento Marielle Vive!  Foto- Priscila Silva|ligação=https://wikifavelas.com.br/index.php/Arquivo:Evento_Marielle_Vive!_Foto_Priscila_Silva.png]]O evento 'Marielle Vive!' relembra cinco anos do feminicídio político da vereadora da Maré Marielle Franco. Durante o evento, a exposição “Outras Marés” teve como objetivo retratar o Complexo da Maré através de uma lente sutil, baseada no pertencimento e mostrando um lado das favelas que a maioria dos cariocas não conhece. Foto: Priscila Silva
Por Priscila Silva • 18/03/2023[[Arquivo:Evento Marielle Vive! Foto Priscila Silva.png|centro|miniaturadaimagem|800x800px|Evento Marielle Vive!  Foto- Priscila Silva|ligação=https://wikifavelas.com.br/index.php/Arquivo:Evento_Marielle_Vive!_Foto_Priscila_Silva.png]]O evento 'Marielle Vive!' relembra cinco anos do feminicídio político da vereadora da Maré Marielle Franco. Durante o evento, a exposição “Outras Marés” teve como objetivo retratar o Complexo da Maré através de uma lente sutil, baseada no pertencimento e mostrando um lado das favelas que a maioria dos cariocas não conhece. Foto: Priscila Silva
==O evento==
==O evento==
[[Arquivo:Quem mandou matar Marielle?.png|centro|miniaturadaimagem|1066x1066px|Quem mandou matar Marielle?|ligação=https://wikifavelas.com.br/index.php/Arquivo:Quem_mandou_matar_Marielle%3F.png]]The event ''[https://wikifavelas.com.br/index.php/Marielle_Vive!_Favelas_na_reconstru%C3%A7%C3%A3o_do_pa%C3%ADs Marielle Lives On! Favelas Rebuilding the Country]'' was held by the Marielle Franco Favelas Dictionary in partnership with the Institute of Scientific and Technological Communication and Information in Health ([https://www.icict.fiocruz.br/ ICICT]) of the Oswaldo Cruz Foundation (Fiocruz) at its [http://www.fiocruz.br/bibmang/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?tpl=home Manguinhos Library]. Among those who attended were activists, favela residents, and people committed to the memory of the councilwoman who was a victim of political femicide five years ago. On March 13, the day before the half-decade mark since her assassination, the gathering sought to reflect on [https://wikifavelas.com.br/index.php/Marielle_Franco_(PSOL/RJ)_-_Mar%C3%A9_-_RJ Marielle’s legislative legacy] and highlight her policies in favor of Rio’s most vulnerable.
[[Arquivo:Quem mandou matar Marielle?.png|centro|miniaturadaimagem|1066x1066px|Quem mandou matar Marielle?|ligação=https://wikifavelas.com.br/index.php/Arquivo:Quem_mandou_matar_Marielle%3F.png]]O evento ''Marielle Vive! Favelas na Reconstrução do País'' foi realizado pelo Dicionário de Favelas Marielle Franco, em parceria com o Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (ICICT) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), na Biblioteca de Manguinhos e contou com a presença de ativistas, moradores de favelas e pessoas comprometidas com a memória da vereadora vítima de feminicídio político há cinco anos. No dia 13 de março, dia anterior ao marco de meia década desde o assassinato da parlamentar, o encontro buscou refletir sobre o legado legislativo de Marielle e repercutir suas políticas em favor dos mais vulneráveis entre os cariocas.  


As soon as they arrived, visitors entered the exhibition ''[https://sintufrj.org.br/2023/03/olhar-da-periferia/ Other Marés]'', curated by Dante Gastaldoni, with “visual testimonials of the peripheries, here understood in their broadest sense… Seen this way, from the inside out, and permeated with connection and affection, favelas and traditional peoples are shown through the power of their art and the struggle of their people to survive with their dignity intact… Hope is emerging that we are in a new Maré, which will sweep away inequalities and sow the seeds of utopia."[[Arquivo:Realities of the Maré territory never seen before. Photo Priscila Silva.png|alt=Realities of the Maré territory never seen before. Photo Priscila Silva|centro|miniaturadaimagem|1422x1422px|The exhibition ''Outras Marés'' highlights realities of the Maré territory never seen before. Photo: Priscila Silva|ligação=https://wikifavelas.com.br/index.php/Arquivo:Realities_of_the_Mar%C3%A9_territory_never_seen_before._Photo_Priscila_Silva.png]]The event proceeded with a video screening of family members, grassroots communicators, and activists [https://wikifavelas.com.br/index.php/Marielle_Franco_(PSOL/RJ)_-_Mar%C3%A9_-_RJ reflecting on Marielle Franco’s legacy] and paying homage to both the hugely representative political figure and the great woman, remembered by her friends for her generosity, sense of justice, contagious joy, and trademark beaming smile.[[Arquivo:Representation of Marielle Franco’s people the Black population, favela residents, the poor, women, and children to the Fiocruz Library. Photo Priscila Silva.png|centro|miniaturadaimagem|1422x1422px|The exhibition ''Outras Marés'' brings the favela, negritude, and image-based representation of Marielle Franco’s people: the Black population, favela residents, the poor, women, and children to the Fiocruz Library. Photo: Priscila Silva|ligação=https://wikifavelas.com.br/index.php/Arquivo:Representation_of_Marielle_Franco%E2%80%99s_people_the_Black_population,_favela_residents,_the_poor,_women,_and_children_to_the_Fiocruz_Library._Photo_Priscila_Silva.png]]''Outras Marés'' also introduced participantes to photography by the Periphery and Memory Photography Collective, taken by grassroots photographers including Thiago Ripper, AF Rodrigues, and Ratão Diniz. The exhibition can be visited at the Fiocruz Library until April 12.[[Arquivo:Ratão Diniz reflects on the importance of grassroots communication and photography in the favelas. Photo Priscila Silva.png|alt=Ratão Diniz reflects on the importance of grassroots communication and photography in the favelas. Photo: Priscila Silva|centro|miniaturadaimagem|800x800px|Ratão Diniz reflects on the importance of grassroots communication and photography in the favelas. Photo: Priscila Silva|ligação=https://wikifavelas.com.br/index.php/Arquivo:Rat%C3%A3o_Diniz_reflects_on_the_importance_of_grassroots_communication_and_photography_in_the_favelas._Photo_Priscila_Silva.png]]The opening panel included the participation of Sonia Fleury, coordinator of the Marielle Franco Favelas Dictionary and researcher at CEE/Fiocruz; Rodrigo Murtinho, director of ICICT/Fiocruz; Richarlls Martins, executive coordinator of the Fiocruz Plan to Confront Covid-19 in the Favelas of Rio de Janeiro; Cláudia Rose, from the editorial board of the Marielle Franco Favelas Dictionary, director of CEASM, and coordinator of the Maré Museum; and Cristiane Machado, vice-president of Education and Creation at Fiocruz.
Assim que chegaram ao evento, os presentes puderam conferir a exposição ''Outras Marés,'' curada por Dante Gastaldoni, que apresentou ao público “depoimentos visuais sobre as periferias, aqui entendidas em seu sentido mais amplo… Vistas assim, de dentro para fora, e permeadas por cumplicidade e afeto, as favelas e populações tradicionais se mostram pela pujança de sua arte e pela luta de sua gente para sobreviver com dignidade… Surge a esperança de estarmos em uma nova Maré, que há de varrer desigualdades e semear utopias”.[[Arquivo:Realities of the Maré territory never seen before. Photo Priscila Silva.png|alt=Realities of the Maré territory never seen before. Photo Priscila Silva|centro|miniaturadaimagem|1422x1422px|Exposição Outras Marés evidencia realidades não-vistas do território da Maré. Foto: Priscila Silva|ligação=https://wikifavelas.com.br/index.php/Arquivo:Realities_of_the_Mar%C3%A9_territory_never_seen_before._Photo_Priscila_Silva.png]]O evento seguiu com exibição de vídeos de familiares, comunicadores populares e ativistas, refletindo sobre o legado de Marielle e prestando homenagens tanto à figura política de grande representatividade, quanto à grande mulher, lembrada pelos amigos pela generosidade, senso de justiça, alegria contagiante e sorriso largo, sua marca registrada.[[Arquivo:Representation of Marielle Franco’s people the Black population, favela residents, the poor, women, and children to the Fiocruz Library. Photo Priscila Silva.png|centro|miniaturadaimagem|1422x1422px|Exposição ''Outras Marés'' traz para dentro da Biblioteca da Fiocruz a favela, a negritude e a representatividade imagética do povo de Marielle Franco, negros, de favela, pobres, mulheres e crianças. Foto: Priscila Silva|ligação=https://wikifavelas.com.br/index.php/Arquivo:Representation_of_Marielle_Franco%E2%80%99s_people_the_Black_population,_favela_residents,_the_poor,_women,_and_children_to_the_Fiocruz_Library._Photo_Priscila_Silva.png]]''Outras Marés'' também apresenta ao público fotografias do Coletivo Fotografia Periferia e Memória, de autoria dos fotógrafos populares Thiago Ripper, AF Rodrigues e Ratão Diniz, dentre outros. A mostra pode ser visitada na Biblioteca da Fiocruz, até o dia 12 de abril.[[Arquivo:Ratão Diniz reflects on the importance of grassroots communication and photography in the favelas. Photo Priscila Silva.png|alt=Ratão Diniz reflects on the importance of grassroots communication and photography in the favelas. Photo: Priscila Silva|centro|miniaturadaimagem|800x800px|Ratão Diniz reflete a importância da comunicação e da fotografia populares para as favelas. Foto: Priscila Silva|ligação=https://wikifavelas.com.br/index.php/Arquivo:Rat%C3%A3o_Diniz_reflects_on_the_importance_of_grassroots_communication_and_photography_in_the_favelas._Photo_Priscila_Silva.png]]A mesa de abertura contou com as participações de Sonia Fleury, coordenadora do Dicionário de Favelas Marielle Franco e pesquisadora do CEE/Fiocruz; Rodrigo Murtinho, diretor do ICICT/Fiocruz; Richarlls Martins, coordenador executivo do Plano Fiocruz de Enfrentamento à Covid-19 nas Favelas do Rio de Janeiro; Cláudia Rose, do conselho editorial do Dicionário de Favelas Marielle Franco, diretora do CEASM e coordenadora do Museu da Maré; e Cristiane Machado, Vice-Presidente de Educação e Criação da Fiocruz.
==Participants==
==Participantes==
[[Arquivo:The event ‘Marielle Lives On! Favelas Rebuilding Brazil.’ Opening panel (Sonia Fleury presents). Photo Priscila Silva.png|alt=The event ‘Marielle Lives On! Favelas Rebuilding Brazil.’ Opening panel (Sonia Fleury presents). Photo: Priscila Silva|centro|miniaturadaimagem|800x800px|The event ‘Marielle Lives On! Favelas Rebuilding Brazil.’ Opening panel (Sonia Fleury presents). Photo: Priscila Silva|ligação=https://wikifavelas.com.br/index.php/Arquivo:The_event_%E2%80%98Marielle_Lives_On!_Favelas_Rebuilding_Brazil.%E2%80%99_Opening_panel_(Sonia_Fleury_presents)._Photo_Priscila_Silva.png]]Sonia Fleury began by reflecting on the importance of the Favelas Dictionary and highlighting the reasons for its creation.<blockquote>“It was conceived as a space of knowledge about favelas, be it knowledge produced in universities or cultural spaces, or be it grassroots knowledge, the stories and struggles of favela leaders, so that this information can circulate and reach young people forming collectives, so that they can access the story that History didn’t want to tell, but that we are committed to telling. When Marielle, who was a supporter and collaborator of the Dictionary, was brutally silenced by her assassination, we committed ourselves to take up all of her causes and share them in the fight for democracy, against the oppression and assassinations that are constantly perpetuated in the favelas [and we renamed the dictionary after her].” — Sonia Fleury</blockquote>Rodrigo Murtinho pointed out that this was the first public event ICICT had held to resume in-person activities since the pandemic. Furthermore, he made a point of highlighting the power of this meeting and the presence of Renata Souza, Mônica Francisco, and Monica Cunha, considered to be Marielle’s seeds. For him, the assassination of Marielle and driver Anderson Gomes meant the opposite of what the people behind the crime wanted.<blockquote>“We live in a moment of rebuilding this country and this return is all about Marielle.” — Rodrigo Murtinho</blockquote>Cláudia Rose spoke about the importance of personal and collective engagement. According to her, we must follow in the footsteps of this Black woman from Maré. She hopes that the favela will increasingly take a stand, as it has done in the past, contesting spaces of power.<blockquote>“This is our country!… Giving up is not our purpose in life. If we stop at any moment, it is to gather strength to continue on our path of transformation and courage.” — Cláudia Rose[[Arquivo:The event ‘Marielle Lives On! Favelas Rebuilding Brazil’ opening panel (Cláudia Rose presents). Photo Priscila Silva.png|alt=The event ‘Marielle Lives On! Favelas Rebuilding Brazil’ opening panel (Cláudia Rose presents). Photo: Priscila Silva|centro|miniaturadaimagem|800x800px|The event ‘Marielle Lives On! Favelas Rebuilding Brazil’ opening panel (Cláudia Rose presents). Photo: Priscila Silva|ligação=https://wikifavelas.com.br/index.php/Arquivo:The_event_%E2%80%98Marielle_Lives_On!_Favelas_Rebuilding_Brazil%E2%80%99_opening_panel_(Cl%C3%A1udia_Rose_presents)._Photo_Priscila_Silva.png]]
[[Arquivo:The event ‘Marielle Lives On! Favelas Rebuilding Brazil.’ Opening panel (Sonia Fleury presents). Photo Priscila Silva.png|alt=The event ‘Marielle Lives On! Favelas Rebuilding Brazil.’ Opening panel (Sonia Fleury presents). Photo: Priscila Silva|centro|miniaturadaimagem|800x800px|Evento Marielle Vive! Favelas na reconstrução do país. Mesa de abertura (fala de Sonia Fleury). Foto: Priscila Silva|ligação=https://wikifavelas.com.br/index.php/Arquivo:The_event_%E2%80%98Marielle_Lives_On!_Favelas_Rebuilding_Brazil.%E2%80%99_Opening_panel_(Sonia_Fleury_presents)._Photo_Priscila_Silva.png]]Sonia Fleury iniciou sua fala refletindo sobre a importância do Dicionário de Favelas e destacando as razões que levaram à sua criação.<blockquote>“Foi pensado como um espaço de conhecimento sobre a favela, seja ele produzido nas universidades ou nos espaços culturais, sejam eles os saberes populares, as histórias e lutas das lideranças das favelas, para que essas informações pudessem circular e chegar ao conhecimento dos jovens que estão nos coletivos, para que eles possam acessar a ''história que a História não quis contar'', mas que nós nos comprometemos a contar.  


Quando Marielle, que apoiava e era colaboradora do Dicionário, foi brutalmente silenciada por seu assassinato, nós também nos comprometemos a assumir todas as suas bandeiras, e difundi-las na luta pela democracia, contra as opressões e os assassinatos que se perpetuam constantemente nas favelas.” —  Sonia Fleury</blockquote>Rodrigo Murtinho evidenciou sobre esse ter sido o primeiro evento público que o ICICT realizou em retomada das atividades presenciais desde a pandemia. Além disso, também fez questão de destacar a potência deste encontro e a presença de Renata Souza, Mônica Francisco e Monica Cunha, consideradas sementes de Marielle. Para ele, o assassinato de Marielle e o motorista Anderson Gomes significou o contrário do que desejavam os mandantes do crime.<blockquote>“Vivemos um momento de reconstrução deste país e essa retomada tem tudo a ver com Marielle.” — Rodrigo Murtinho</blockquote>Cláudia Rose falou sobre a importância do engajamento pessoal e coletivo. Segundo ela, devemos seguir os passos dessa mulher negra mareense. Ela torce para que a favela se posicione cada vez mais, como tem feito, disputando os lugares de poder.<blockquote>“Esse país é nosso!… Desistir não faz parte da nossa proposta de vida. Se pararmos em algum momento é para ganhar força para continuar na nossa caminhada de transformação e coragem.” — Cláudia Rose</blockquote><blockquote>[[Arquivo:The event ‘Marielle Lives On! Favelas Rebuilding Brazil’ opening panel (Cláudia Rose presents). Photo Priscila Silva.png|alt=The event ‘Marielle Lives On! Favelas Rebuilding Brazil’ opening panel (Cláudia Rose presents). Photo: Priscila Silva|centro|miniaturadaimagem|800x800px|Evento Marielle Vive! Favelas na reconstrução do país. Mesa de abertura (fala de Cláudia Rose). Foto: Priscila Silva|ligação=https://wikifavelas.com.br/index.php/Arquivo:The_event_%E2%80%98Marielle_Lives_On!_Favelas_Rebuilding_Brazil%E2%80%99_opening_panel_(Cl%C3%A1udia_Rose_presents)._Photo_Priscila_Silva.png]]


Then came the second panel, ''From the Favela to Parliament'': ''Rebuilding Brazil''. Representing Marielle’s legacy in the political arena were State Deputy Renata Souza, Councilwoman Monica Cunha, and former State Deputy Mônica Francisco. The panel also consisted of Saulo Benicio, president of the Socialism and Liberty Party (PSOL) in Nilópolis, a city in the Baixada Fluminense, representing State Deputy Dani Monteiro.
Após essa sessão de falas e reflexões importantes, deu-se início à segunda mesa do dia: ''Da Favela ao Parlamento: Reconstruindo o Brasil''. Dela participaram as parlamentares que representam o legado de Marielle no cenário político: a Deputada Estadual Renata Souza; a Vereadora Monica Cunha; e a ex-Deputada Estadual Mônica Francisco. Também compôs a mesa Saulo Benicio, presidente do PSOL-Nilópolis, cidade da Baixada Fluminense, representando a Deputada Estadual Dani Monteiro.


Renata Souza, who, like Marielle, grew up in Complexo da Maré in the city’s North Zone, began her talk by highlighting the linguistic racism that favela residents suffer when they use the everyday language of their communities. Regarded as less cultured, they are accused of not knowing how to speak. In this scenario, she highlighted the importance of the Favelas Dictionary, which brings the language of Black people and of the periphery to dictionaries. According to her, this helps break the paradigms of linguistic prejudice.
Renata Souza, que, assim como Marielle, é cria da Complexo da Maré, na Zona Norte da cidade, iniciou sua fala evidenciando o racismo linguístico que sofrem os moradores de favelas quando se utilizam da linguagem cotidiana dos territórios. Encarados como menos cultos, são acusados de não saber falar. Nesse cenário, ela destacou a importância do Dicionário de Favelas, que traz a linguagem deste povo preto e da periferia à dicionarização. Segundo ela, isso ajuda a quebrar os paradigmas do preconceito linguístico na nossa sociedade.


Reflecting on “language, narrative, and creation of discourse,” the state deputy reaffirmed that the term she coined, political femicide, remains the best to characterize the brutal murder of her longtime friend Marielle Franco. Souza highlighted the power of naming things.<blockquote>“We need to speak out about what happened to Marielle, and in the eyes of the law, whatever isn’t named, whatever isn’t characterized, or categorized, doesn’t exist! We need to state that political femicide exists!” — Renata Souza</blockquote>She illustrated her argument by citing cases of emblematic women whose assassinations were directly linked to their ideological convictions and political actions, bringing to light the names of women who challenged the established powers with their struggle for social transformation and justice. One example was Dorothy Stang, a missionary and environmental activist who was shot dead in Pará, another was Judge Patrícia Accioli, who “operated against militias and was killed by the State’s bullet, by agents of the State,” said Souza. Coming to the end of her exposition, Renata Souza commented on the importance of building narratives and on how essential it is that the favela and its grassroots communicators fill the spaces of media production. She reflected on how not having control over one’s own narratives and discourses costs communities dearly, and how in recent years the prevalence of fake news has served as a tool for online engagement, political gender violence, criminalization of poverty, and racism.<blockquote>“Information frees [us], but misinformation imprisons [us]. And it’s this that’s been happening over the last five years in this country. We need to have our instruments. I come from grassroots communication, I worked for the newspaper O Cidadão in Maré. In order to talk about such a sensitive topic such as communication, it goes without saying that if we are contesting narratives and discourses, we need the instruments to do so.” — Renata Souza</blockquote>With many tributes and important presentations throughout the event, near the end, Mônica Francisco reflected on Marielle’s representation and on the importance of Black women from the favela in rebuilding Brazil. She asked everyone to research the accomplishments of Black women in elected office. As she concluded her talk, she was moved to tears remembering her friend, which touched everyone in the audience.<blockquote>“Marielle challenged the powerful when she became the representation and voice of the invisible. Every day they produce our non-existence. We have brought the experience of the favela into government, our ability to cope with the best and the worst. Black women are an institution in this country.” — Mônica Francisco</blockquote>Monica Cunha also moved those present when she spoke, saying that if she had Angela Davis as a reference—a Black American woman, philosopher and activist—that in the future, in the books and memory of her grandchildren’s generation, she herself, Monica Cunha, would occupy a place of reference. She would be printed on the pages of the books as an activist, a Black elected official, a daughter of Riachuelo, a suburb in the North Zone of Rio, and the mother of a victim of State violence. And she concluded:<blockquote>“Our purpose is to not allow our memory and our history to be forgotten. We need to tell our story, but tell it our way!” — Monica Cunha[[Arquivo:Cultural performance by poet Deley de Acari at ‘Marielle Lives On!’ Photo-Priscila Silva.png|alt=Cultural performance by poet Deley de Acari at ‘Marielle Lives On!’ Photo:Priscila Silva|centro|miniaturadaimagem|800x800px|Cultural performance by poet Deley de Acari at ‘Marielle Lives On!’ Photo:Priscila Silva|ligação=https://wikifavelas.com.br/index.php/Arquivo:Cultural_performance_by_poet_Deley_de_Acari_at_%E2%80%98Marielle_Lives_On!%E2%80%99_Photo-Priscila_Silva.png]]Speaking to ''RioOnWatch'', Monica Cunha said that, for her, the memory of Marielle is materialized in the daily struggle of Black women. She made a comparison between Marielle and her son, Rafael da Silva Cunha, who was murdered by the State. The councilwoman further highlighted the importance of this event taking place at Fiocruz, in an area which lies between the favelas of Manguinhos and Complexo da Maré, Marielle’s home, and in an institution of international renown such as the Oswaldo Cruz Foundation.<blockquote>“Not letting the memory of Marielle die is turning the mourning into action, as we Black women and family members of victims of State violence are used to doing. To remember Marielle is to remember my son Rafael da Silva Cunha, is to say at every moment that these people have existed… and to have an institution with this reach legitimizing the narrative that says that the favelas matter, that these struggles that Marielle bore matter, is very important to give even more credibility to the discourse that we have always echoed [about human rights].” — Monica Cunha</blockquote></blockquote></blockquote>
Ao refletir sobre “linguagem, narrativa e criação de discurso”, a deputada estadual reafirmou que o termo que cunhou, feminicídio político, continua sendo o melhor para caracterizar o assassinato brutal de sua amiga de longa data Marielle Franco. Renata destacou o poder de nomear as coisas.<blockquote>“Nós precisamos dizer o que aconteceu com Marielle e, no campo do Direito, aquilo que não se nomeia, aquilo que não se caracteriza, nem se categoriza, não existe! Precisamos dizer que feminicídio político existe!” — Renata Souza</blockquote>Ela exemplificou sua tese citando casos emblemáticos de mulheres cujos assassinatos estão diretamente relacionados às suas convicções ideológicas e atuações políticas, trazendo à tona os nomes de mulheres que desafiaram os poderes estabelecidos com sua luta por transformação social e justiça. Um exemplo foi Dorothy Stang, missionária e ativista ambiental, morta a tiros no Pará, outro foi a Juíza Patrícia Acioli, que “operou contra as milícias e foi morta pela bala do Estado, por agentes do Estado”, disse Renata.
 
Já se encaminhando para o fim de sua fala, Renata Souza ponderou sobre a importância da construção de narrativas e de como se faz fundamental que a favela e seus comunicadores populares ocupem os espaços de produção de comunicação. Ela refletiu sobre o quanto perder o controle da produção das narrativas e dos discursos sobre nós custou caro ao nosso povo nos últimos anos, com o uso intensivo das ''fake news'' como ferramenta de engajamento online, de violência política de gênero, criminalização da pobreza e de racismo.<blockquote>“A informação liberta, mas a desinformação aprisiona. E foi isso que aconteceu nos últimos cinco anos nesse país. Precisamos ter os nossos instrumentos. Eu venho da comunicação comunitária, trabalhei no jornal O Cidadão, da Maré. E para falar sobre um elemento tão sensível como é a comunicação, é fundamental dizer que, quando estamos disputando narrativas e discursos, precisamos ter instrumentos.” — Renata Souza</blockquote>Com muitas homenagens e falas importantes no decorrer do evento, já perto do fim, Mônica Francisco refletiu sobre a representatividade de Marielle e sobre a importância da mulher negra de favela na reconstrução do Brasil. Ela pediu a todos que pesquisem as produções das mulheres negras nos parlamentos. Enquanto concluía sua fala, foi às lágrimas lembrando sua amiga, Marielle Franco, o que emocionou todos os presentes.<blockquote>“Marielle desafiou os poderosos quando se tornou representação e voz dos invisíveis. Todos os dias eles produzem nossa inexistência. Nós trouxemos a experiência da favela para dentro do parlamento, a nossa capacidade de lidar com o melhor e com o pior. As mulheres negras são uma instituição nesse país.” — Mônica Francisco</blockquote>Monica Cunha também emocionou os presentes quando afirmou que, se ela teve como referência de vida Angela Davis, mulher negra, filósofa e ativista estadunidense, no futuro, no livro e na memória da geração dos netos dela, ela própria, Monica Cunha, estará ocupando esse lugar de referência e estampando as páginas dos livros como ativista, parlamentar negra, cria do Riachuelo, subúrbio da Zona Norte, e mãe de vítima de violência do Estado. E conclui:<blockquote>“Nossa função é não deixar a nossa memória e a nossa história ficar esquecida. Temos que contar nossa história, mas contar do nosso jeito!” — Monica Cunha</blockquote><blockquote>[[Arquivo:Cultural performance by poet Deley de Acari at ‘Marielle Lives On!’ Photo-Priscila Silva.png|alt=Cultural performance by poet Deley de Acari at ‘Marielle Lives On!’ Photo:Priscila Silva|centro|miniaturadaimagem|800x800px|Cultural performance by poet Deley de Acari at ‘Marielle Lives On!’ Photo:Priscila Silva|ligação=https://wikifavelas.com.br/index.php/Arquivo:Cultural_performance_by_poet_Deley_de_Acari_at_%E2%80%98Marielle_Lives_On!%E2%80%99_Photo-Priscila_Silva.png]]Speaking to ''RioOnWatch'', Monica Cunha said that, for her, the memory of Marielle is materialized in the daily struggle of Black women. She made a comparison between Marielle and her son, Rafael da Silva Cunha, who was murdered by the State. The councilwoman further highlighted the importance of this event taking place at Fiocruz, in an area which lies between the favelas of Manguinhos and Complexo da Maré, Marielle’s home, and in an institution of international renown such as the Oswaldo Cruz Foundation.<blockquote>“Not letting the memory of Marielle die is turning the mourning into action, as we Black women and family members of victims of State violence are used to doing. To remember Marielle is to remember my son Rafael da Silva Cunha, is to say at every moment that these people have existed… and to have an institution with this reach legitimizing the narrative that says that the favelas matter, that these struggles that Marielle bore matter, is very important to give even more credibility to the discourse that we have always echoed [about human rights].” — Monica Cunha</blockquote></blockquote></blockquote>
==End of event==
==End of event==
The event came to a close at around 2pm with reflections from Gastaldoni and Ratão Diniz about the importance of photography and grassroots communication to share the reality, culture, and power of favela territories. Directly afterwards, the event was brought to an end with cultural performances by poet Deley de Acari and self-identified “singer and artivist,” Rachel Barros.
The event came to a close at around 2pm with reflections from Gastaldoni and Ratão Diniz about the importance of photography and grassroots communication to share the reality, culture, and power of favela territories. Directly afterwards, the event was brought to an end with cultural performances by poet Deley de Acari and self-identified “singer and artivist,” Rachel Barros.

Edição das 21h07min de 10 de abril de 2023

ghVerbete produzido pela Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco, a partir da repercussão via Rio On Watch.

Por Priscila Silva • 18/03/2023

Evento Marielle Vive!  Foto- Priscila Silva

O evento 'Marielle Vive!' relembra cinco anos do feminicídio político da vereadora da Maré Marielle Franco. Durante o evento, a exposição “Outras Marés” teve como objetivo retratar o Complexo da Maré através de uma lente sutil, baseada no pertencimento e mostrando um lado das favelas que a maioria dos cariocas não conhece. Foto: Priscila Silva

O evento

Quem mandou matar Marielle?

O evento Marielle Vive! Favelas na Reconstrução do País foi realizado pelo Dicionário de Favelas Marielle Franco, em parceria com o Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (ICICT) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), na Biblioteca de Manguinhos e contou com a presença de ativistas, moradores de favelas e pessoas comprometidas com a memória da vereadora vítima de feminicídio político há cinco anos. No dia 13 de março, dia anterior ao marco de meia década desde o assassinato da parlamentar, o encontro buscou refletir sobre o legado legislativo de Marielle e repercutir suas políticas em favor dos mais vulneráveis entre os cariocas. Assim que chegaram ao evento, os presentes puderam conferir a exposição Outras Marés, curada por Dante Gastaldoni, que apresentou ao público “depoimentos visuais sobre as periferias, aqui entendidas em seu sentido mais amplo… Vistas assim, de dentro para fora, e permeadas por cumplicidade e afeto, as favelas e populações tradicionais se mostram pela pujança de sua arte e pela luta de sua gente para sobreviver com dignidade… Surge a esperança de estarmos em uma nova Maré, que há de varrer desigualdades e semear utopias”.

Realities of the Maré territory never seen before. Photo Priscila Silva
Exposição Outras Marés evidencia realidades não-vistas do território da Maré. Foto: Priscila Silva

O evento seguiu com exibição de vídeos de familiares, comunicadores populares e ativistas, refletindo sobre o legado de Marielle e prestando homenagens tanto à figura política de grande representatividade, quanto à grande mulher, lembrada pelos amigos pela generosidade, senso de justiça, alegria contagiante e sorriso largo, sua marca registrada.

Exposição Outras Marés traz para dentro da Biblioteca da Fiocruz a favela, a negritude e a representatividade imagética do povo de Marielle Franco, negros, de favela, pobres, mulheres e crianças. Foto: Priscila Silva

Outras Marés também apresenta ao público fotografias do Coletivo Fotografia Periferia e Memória, de autoria dos fotógrafos populares Thiago Ripper, AF Rodrigues e Ratão Diniz, dentre outros. A mostra pode ser visitada na Biblioteca da Fiocruz, até o dia 12 de abril.

Ratão Diniz reflects on the importance of grassroots communication and photography in the favelas. Photo: Priscila Silva
Ratão Diniz reflete a importância da comunicação e da fotografia populares para as favelas. Foto: Priscila Silva

A mesa de abertura contou com as participações de Sonia Fleury, coordenadora do Dicionário de Favelas Marielle Franco e pesquisadora do CEE/Fiocruz; Rodrigo Murtinho, diretor do ICICT/Fiocruz; Richarlls Martins, coordenador executivo do Plano Fiocruz de Enfrentamento à Covid-19 nas Favelas do Rio de Janeiro; Cláudia Rose, do conselho editorial do Dicionário de Favelas Marielle Franco, diretora do CEASM e coordenadora do Museu da Maré; e Cristiane Machado, Vice-Presidente de Educação e Criação da Fiocruz.

Participantes

The event ‘Marielle Lives On! Favelas Rebuilding Brazil.’ Opening panel (Sonia Fleury presents). Photo: Priscila Silva
Evento Marielle Vive! Favelas na reconstrução do país. Mesa de abertura (fala de Sonia Fleury). Foto: Priscila Silva

Sonia Fleury iniciou sua fala refletindo sobre a importância do Dicionário de Favelas e destacando as razões que levaram à sua criação.

“Foi pensado como um espaço de conhecimento sobre a favela, seja ele produzido nas universidades ou nos espaços culturais, sejam eles os saberes populares, as histórias e lutas das lideranças das favelas, para que essas informações pudessem circular e chegar ao conhecimento dos jovens que estão nos coletivos, para que eles possam acessar a história que a História não quis contar, mas que nós nos comprometemos a contar. Quando Marielle, que apoiava e era colaboradora do Dicionário, foi brutalmente silenciada por seu assassinato, nós também nos comprometemos a assumir todas as suas bandeiras, e difundi-las na luta pela democracia, contra as opressões e os assassinatos que se perpetuam constantemente nas favelas.” —  Sonia Fleury

Rodrigo Murtinho evidenciou sobre esse ter sido o primeiro evento público que o ICICT realizou em retomada das atividades presenciais desde a pandemia. Além disso, também fez questão de destacar a potência deste encontro e a presença de Renata Souza, Mônica Francisco e Monica Cunha, consideradas sementes de Marielle. Para ele, o assassinato de Marielle e o motorista Anderson Gomes significou o contrário do que desejavam os mandantes do crime.

“Vivemos um momento de reconstrução deste país e essa retomada tem tudo a ver com Marielle.” — Rodrigo Murtinho

Cláudia Rose falou sobre a importância do engajamento pessoal e coletivo. Segundo ela, devemos seguir os passos dessa mulher negra mareense. Ela torce para que a favela se posicione cada vez mais, como tem feito, disputando os lugares de poder.

“Esse país é nosso!… Desistir não faz parte da nossa proposta de vida. Se pararmos em algum momento é para ganhar força para continuar na nossa caminhada de transformação e coragem.” — Cláudia Rose

The event ‘Marielle Lives On! Favelas Rebuilding Brazil’ opening panel (Cláudia Rose presents). Photo: Priscila Silva
Evento Marielle Vive! Favelas na reconstrução do país. Mesa de abertura (fala de Cláudia Rose). Foto: Priscila Silva

Após essa sessão de falas e reflexões importantes, deu-se início à segunda mesa do dia: Da Favela ao Parlamento: Reconstruindo o Brasil. Dela participaram as parlamentares que representam o legado de Marielle no cenário político: a Deputada Estadual Renata Souza; a Vereadora Monica Cunha; e a ex-Deputada Estadual Mônica Francisco. Também compôs a mesa Saulo Benicio, presidente do PSOL-Nilópolis, cidade da Baixada Fluminense, representando a Deputada Estadual Dani Monteiro.

Renata Souza, que, assim como Marielle, é cria da Complexo da Maré, na Zona Norte da cidade, iniciou sua fala evidenciando o racismo linguístico que sofrem os moradores de favelas quando se utilizam da linguagem cotidiana dos territórios. Encarados como menos cultos, são acusados de não saber falar. Nesse cenário, ela destacou a importância do Dicionário de Favelas, que traz a linguagem deste povo preto e da periferia à dicionarização. Segundo ela, isso ajuda a quebrar os paradigmas do preconceito linguístico na nossa sociedade.

Ao refletir sobre “linguagem, narrativa e criação de discurso”, a deputada estadual reafirmou que o termo que cunhou, feminicídio político, continua sendo o melhor para caracterizar o assassinato brutal de sua amiga de longa data Marielle Franco. Renata destacou o poder de nomear as coisas.

“Nós precisamos dizer o que aconteceu com Marielle e, no campo do Direito, aquilo que não se nomeia, aquilo que não se caracteriza, nem se categoriza, não existe! Precisamos dizer que feminicídio político existe!” — Renata Souza

Ela exemplificou sua tese citando casos emblemáticos de mulheres cujos assassinatos estão diretamente relacionados às suas convicções ideológicas e atuações políticas, trazendo à tona os nomes de mulheres que desafiaram os poderes estabelecidos com sua luta por transformação social e justiça. Um exemplo foi Dorothy Stang, missionária e ativista ambiental, morta a tiros no Pará, outro foi a Juíza Patrícia Acioli, que “operou contra as milícias e foi morta pela bala do Estado, por agentes do Estado”, disse Renata. Já se encaminhando para o fim de sua fala, Renata Souza ponderou sobre a importância da construção de narrativas e de como se faz fundamental que a favela e seus comunicadores populares ocupem os espaços de produção de comunicação. Ela refletiu sobre o quanto perder o controle da produção das narrativas e dos discursos sobre nós custou caro ao nosso povo nos últimos anos, com o uso intensivo das fake news como ferramenta de engajamento online, de violência política de gênero, criminalização da pobreza e de racismo.

“A informação liberta, mas a desinformação aprisiona. E foi isso que aconteceu nos últimos cinco anos nesse país. Precisamos ter os nossos instrumentos. Eu venho da comunicação comunitária, trabalhei no jornal O Cidadão, da Maré. E para falar sobre um elemento tão sensível como é a comunicação, é fundamental dizer que, quando estamos disputando narrativas e discursos, precisamos ter instrumentos.” — Renata Souza

Com muitas homenagens e falas importantes no decorrer do evento, já perto do fim, Mônica Francisco refletiu sobre a representatividade de Marielle e sobre a importância da mulher negra de favela na reconstrução do Brasil. Ela pediu a todos que pesquisem as produções das mulheres negras nos parlamentos. Enquanto concluía sua fala, foi às lágrimas lembrando sua amiga, Marielle Franco, o que emocionou todos os presentes.

“Marielle desafiou os poderosos quando se tornou representação e voz dos invisíveis. Todos os dias eles produzem nossa inexistência. Nós trouxemos a experiência da favela para dentro do parlamento, a nossa capacidade de lidar com o melhor e com o pior. As mulheres negras são uma instituição nesse país.” — Mônica Francisco

Monica Cunha também emocionou os presentes quando afirmou que, se ela teve como referência de vida Angela Davis, mulher negra, filósofa e ativista estadunidense, no futuro, no livro e na memória da geração dos netos dela, ela própria, Monica Cunha, estará ocupando esse lugar de referência e estampando as páginas dos livros como ativista, parlamentar negra, cria do Riachuelo, subúrbio da Zona Norte, e mãe de vítima de violência do Estado. E conclui:

“Nossa função é não deixar a nossa memória e a nossa história ficar esquecida. Temos que contar nossa história, mas contar do nosso jeito!” — Monica Cunha

Cultural performance by poet Deley de Acari at ‘Marielle Lives On!’ Photo:Priscila Silva
Cultural performance by poet Deley de Acari at ‘Marielle Lives On!’ Photo:Priscila Silva

Speaking to RioOnWatch, Monica Cunha said that, for her, the memory of Marielle is materialized in the daily struggle of Black women. She made a comparison between Marielle and her son, Rafael da Silva Cunha, who was murdered by the State. The councilwoman further highlighted the importance of this event taking place at Fiocruz, in an area which lies between the favelas of Manguinhos and Complexo da Maré, Marielle’s home, and in an institution of international renown such as the Oswaldo Cruz Foundation.

“Not letting the memory of Marielle die is turning the mourning into action, as we Black women and family members of victims of State violence are used to doing. To remember Marielle is to remember my son Rafael da Silva Cunha, is to say at every moment that these people have existed… and to have an institution with this reach legitimizing the narrative that says that the favelas matter, that these struggles that Marielle bore matter, is very important to give even more credibility to the discourse that we have always echoed [about human rights].” — Monica Cunha

End of event

The event came to a close at around 2pm with reflections from Gastaldoni and Ratão Diniz about the importance of photography and grassroots communication to share the reality, culture, and power of favela territories. Directly afterwards, the event was brought to an end with cultural performances by poet Deley de Acari and self-identified “singer and artivist,” Rachel Barros.

Yesterday, today, and always, the cry Marielle Lives On! echoes through the streets of Brazil, in a struggle that seeks to perpetuate the legislative legacy of the sociologist from the Complexo da Maré. This cry represents movement and renewed hope, despite in 2023 there being #5YearsWithNoAnswer or #JusticeForMarielleAndAnderson. Through this direct attack on democracy, the murderers and the perpetrators of the crime believed that they would silence Marielle. However, they did not imagine that the councilwoman would become an international symbol, that her legacy would live on and would sprout from her seeds, which have taken root in the legislative branch and are blooming in the form of public policies.

Watch the recording of Marielle Lives On! Favelas Rebuilding Brazil

Dicionário de Favelas Marielle Franco convida: Marielle Vive! Favelas na Reconstrução do País

Repercussion with the main news

ICICT FIOCRUZ

Observatório das Metrópoles

Brasil de Fato

Portal Fiocruz

Agência Fiocruz

Outras Palavras

ANF

Agência Brasil

Diário de Pernambuco

Brasil 247

CGN Notícias

YAHOO

TV Atitude Popular

TERRA

Informa Araguaia

Estação Livre

Minuto MT

Outras Palavras

Jornal o Cidadão

CEE

Rio On Watch

Cortes TVT