Nelson Sargento: mudanças entre as edições

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
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= <span style="line-height:normal"><span style="vertical-align:baseline"><span style="color:#434343">Introdução</span></span></span> =
= <span style="line-height:normal"><span style="vertical-align:baseline"><span style="color:#434343">Introdução</span></span></span> =
<p style="margin-bottom:.0001pt; text-align:justify"><span style="line-height:normal"><span style="vertical-align:baseline"><span style="color:#434343">Nelson Sargento (Rio de Janeiro, 25 de julho de 1924), nome artístico de Nelson Mattos, é compositor, cantor, pesquisador da música popular brasileira, artista plástico, ator e escritor brasileiro. Presidente de honra da escola de samba da Mangueira. Sua trajetória na música, na literatura e nas artes são suficientes para vários carnavais.</span></span></span></p> <p style="margin-bottom:.0001pt; text-align:justify"><span style="line-height:normal"><span style="vertical-align:baseline"><span style="color:#434343">O Sargento, do autor do samba Agoniza mas não morre (do desfile de 1979), corresponde, na verdade, à mais alta graduação que o cidadão Nélson Mattos atingiu quando serviu ao Exército brasileiro. Viveu durante longos anos nos morros da cidade do Rio de Janeiro. Atualmente vive na Tijuca e é considerado cidadão do mundo, já que sua música é conhecida, pelo menos, nas Américas e no Japão. Casado com Evonete Belizario Mattos. É pai de seis filhos biológicos e três adotivos, além de ter criado vários filhos e filhas do coração. É empresariado e agenciado, com exclusividade, pela produtora Conexão Social Produções, que tem como sócios seu filho caçula Ronaldo Mattos e sua nora Lívea Mattos. O compositor mangueirense possui, aproximadamente, quatrocentas músicas em seu repertório. Mudou-se do Morro do Salgueiro para o Morro da Mangueira aos 12 anos de idade. Nelson Sargento milita pelo samba desde os anos 1950, quando o gênero era marginalizado.</span></span></span></p>
<p style="margin-bottom:.0001pt; text-align:justify"><span style="line-height:normal"><span style="vertical-align:baseline"><span style="color:#434343">'''Nelson Sargento''' <small>OMC</small> (Rio de Janeiro, 25 de julho de 1924 – Rio de Janeiro, 27 de maio de 2021), nome artístico de '''Nelson Mattos''', foi um compositor, cantor, pesquisador da música popular brasileira, artista plástico, ator e escritor brasileiro.</span></span></span></p><span style="line-height:normal"><span style="vertical-align:baseline"><span style="color:#434343">Tendo morado no Morro da Mangueira desde 12 anos de idade, Nelson notabilizou-se como um dos mais importantes sambistas da Estação Primeira de Mangueira, do qual integrou e presidiu a ala de compositores da escola, bem como se tornou presidente de honra.</span></span></span>
 
<span style="line-height:normal"><span style="vertical-align:baseline"><span style="color:#434343">O apelido artístico "Sargento" aludia à patente que alcançou por ter servido no Exército Brasileiro na segunda metade dos anos 1940. Ganhou notabilidade como cantor no Zicartola e, pouco depois, como integrante dos conjuntos A Voz do Morro e Os Cinco Crioulos na década de 1960. Mas somente em 1979, aos 55 anos, o compositor gravou seu primeiro álbum solo. Ao longo da sua vida, o sambista compôs mais de 400 composições.</span></span></span>
 
<span style="line-height:normal"><span style="vertical-align:baseline"><span style="color:#434343">Além da carreira musical, Nelson foi pintor e poeta, tendo publicado os livros "Prisioneiro do Mundo" e "Um certo Geraldo Pereira". Também fez participações nos filmes "O Primeiro Dia" e "Orfeu", além de ter sido tema do documentário "Nelson Sargento da Mangueira".</span></span></span>
 
Nelson Sargento foi casado com Evonete Belizario Mattos. O casal criou ao todo nove filhos, sendo seis biológicos - Fernando, José Geraldo, Marcos, Léo, Ricardo e Ronaldo - e mais três adotados - Rosemere, Rosemar e Rosana.
 
Além do amor pela Mangueira, Nelson era torcedor do clube de futebol Vasco da Gama.
 
= <span style="line-height:normal"><span style="vertical-align:baseline"><span style="color:#434343">Biografia</span></span></span> =
= <span style="line-height:normal"><span style="vertical-align:baseline"><span style="color:#434343">Biografia</span></span></span> =
<p style="margin-bottom:.0001pt; text-align:justify"><span style="line-height:normal"><span style="vertical-align:baseline"><span style="color:#434343">Nasceu em 25 de julho de 1924, na Santa Casa da Misericórdia, na Praça XV, filho de Rosa Maria da Conceição e Olímpio José de Mattos. Rosa Maria era empregada doméstica e cozinheira. Trabalhava e morava com Nelson na Tijuca, na casa do comerciante Manoel Ferreira Dias que era atacadista de secos e molhados, na Rua do Acre, no Centro. Seu pai, cozinheiro de profissão, trabalhava no Armazém Dragão. Nelson conviveu pouco com o pai. Encontravam-se esporadicamente, pois quando o conheceu, ele não morava mais com sua mãe. Olímpio morreu de gangrena, depois de um acidente na cozinha de um restaurante; uma panela de água quente caiu em seu pé e, não sendo tratado, acabou falecendo.</span></span></span></p>  
<p style="margin-bottom:.0001pt; text-align:justify"><span style="line-height:normal"><span style="vertical-align:baseline"><span style="color:#434343">Nasceu em 25 de julho de 1924, na Santa Casa da Misericórdia, na Praça XV, filho de Rosa Maria da Conceição e Olímpio José de Mattos. Rosa Maria era empregada doméstica e cozinheira. Trabalhava e morava com Nelson na Tijuca, na casa do comerciante Manoel Ferreira Dias que era atacadista de secos e molhados, na Rua do Acre, no Centro. Seu pai, cozinheiro de profissão, trabalhava no Armazém Dragão. Nelson conviveu pouco com o pai. Encontravam-se esporadicamente, pois quando o conheceu, ele não morava mais com sua mãe. Olímpio morreu de gangrena, depois de um acidente na cozinha de um restaurante; uma panela de água quente caiu em seu pé e, não sendo tratado, acabou falecendo.</span></span></span></p><span style="line-height:normal"><span style="vertical-align:baseline"><span style="color:#434343">Sua mãe saiu do emprego da casa dos Ferreira Dias, indo morar no morro do Salgueiro, em um barraco alugado. Para se sustentar ela passou a lavar a roupa de várias famílias. Nelson entregava as roupas lavadas no bairro da Tijuca. Foi lá no morro do Salgueiro que Nelson, então com dez anos de idade, tomou conhecimento do samba, desfilando e tocando tamborim na escola "Azul e Branco". Ali havia ainda outras duas escolas: a "Unidos do Salgueiro" e a "Depois eu Digo". José Casemiro, (conhecido como Calça Larga), uma liderança no morro, uniu todas elas, nascendo assim o Acadêmicos do Salgueiro.</span></span></span>
 
<span style="line-height:normal"><span style="vertical-align:baseline"><span style="color:#434343">Sua mãe morava com um senhor de idade avançada, chamado Arthur Pequeno, que trabalhava como tecelão da fábrica de Tecidos Bom Pastor e era grande amigo do português Alfredo Lourenço, importante compositor da GRES Estação Primeira de Mangueira. Com o falecimento do companheiro, Rosa Maria teve muitas dificuldades para se manter com Nelson no Morro do Salgueiro. Alfredo Lourenço convidou-a para morarem com ele em sua casa na Mangueira. Ele morava numa parte do morro conhecida como Santo Antônio. Alfredo Lourenço era empreiteiro da construção civil e um excelente letrista. Era uma figura diferente naquele universo, um português que compunha sambas.</span></span></span>
 
== <span style="line-height:normal"><span style="vertical-align:baseline"><span style="color:#434343">Encontro com o Samba</span></span></span> ==
== <span style="line-height:normal"><span style="vertical-align:baseline"><span style="color:#434343">Encontro com o Samba</span></span></span> ==
<p style="margin-bottom:.0001pt; text-align:justify"><span style="line-height:normal"><span style="vertical-align:baseline"><span style="color:#434343">[[File:200px-Nelson Sargento.jpg|thumb|right|200px-Nelson Sargento.jpg]]Sua mãe saiu do emprego da casa dos Ferreira Dias, indo morar no morro do Salgueiro, em um barraco alugado. Para se sustentar ela passou a lavar a roupa de várias famílias. Nelson entregava as roupas lavadas no bairro da Tijuca. Foi lá no morro do Salgueiro que Nelson, então com dez anos de idade, tomou conhecimento do samba, desfilando e tocando tamborim na escola "Azul e Branco". Ali havia ainda outras duas escolas: a "Unidos do Salgueiro" e a "Depois eu Digo". José Casemiro, (conhecido como Calça Larga), uma liderança no morro, uniu todas elas, nascendo assim o Acadêmicos do Salgueiro.</span></span></span></p> <p style="margin-bottom:.0001pt; text-align:justify"><span style="line-height:normal"><span style="vertical-align:baseline"><span style="color:#434343">Sua mãe morava com um senhor de idade avançada, chamado Arthur Pequeno, que trabalhava como tecelão da fábrica de Tecidos Bom Pastor e era grande amigo de Alfredo Português, importante compositor da GRES Estação Primeira de Mangueira. Com o falecimento do companheiro, Rosa Maria teve muitas dificuldades para se manter com Nelson no Morro do Salgueiro. Alfredo Português convidou-a para morarem com ele em sua casa na Mangueira. Ele morava numa parte do morro conhecida como Santo Antônio. Alfredo Português era empreiteiro da construção civil e um excelente letrista. Era uma figura diferente naquele universo, um português que compunha sambas.</span></span></span></p> <p style="margin-bottom:.0001pt; text-align:justify"><span style="line-height:normal"><span style="vertical-align:baseline"><span style="color:#434343">Nelson despontou para a música na adolescência, quando Alfredo Português descobriu o talento que surgia no jovem. Compuseram, em 1955, o samba-enredo "Primavera", também chamado de As quatro estações do ano, considerado um dos mais belos de todos os tempos.</span></span></span></p> <p style="margin-bottom:.0001pt; text-align:justify"><span style="line-height:normal"><span style="vertical-align:baseline"><span style="color:#434343">Nélson integrou o conjunto A Voz do Morro, ao lado de Paulinho da Viola, Zé Kéti, Elton Medeiros, Jair do Cavaquinho, José da Cruz e Anescarzinho. Entre seus parceiros de composição musical, estão Cartola, Carlos Cachaça, Darcy da Mangueira, João de Aquino, Pedro Amorim, Daniel Gonzaga e Rô Fonseca.</span></span></span></p>
<p style="margin-bottom:.0001pt; text-align:justify"><span style="line-height:normal"><span style="vertical-align:baseline"><span style="color:#434343">[[File:200px-Nelson Sargento.jpg|thumb|right|200px-Nelson Sargento.jpg]]Incentivado pelo padrasto Alfredo Lourenço, Nelson despontou para a música na adolescência. No Carnaval de 1949, venceu a seletiva de sambas-enredo da Mangueira com "Apologia ao mestre" (parceria com Alfredo Lourenço), e escola de samba se sagrou campeã do desfile daquele ano. A parceria entre enteado e o padrasto rendeu, para o desfile seguinte, o samba-enredo "Plano SALTE - Saúde, lavoura, transporte e educação", que garantiu um novo campeonato à escola.
 
Em 1955, Nelson e Alfredo Lourenço compuseram o samba-enredo "As quatro estações do ano ou Cântico à natureza", tido como um dos mais belos já realizados. Três anos depois, Nelson foi eleito presidente da ala de compositores da Mangueira, posição que lhe permitiu maior convivência e aprendizado com os sambistas veteranos da escola, como Carlos Cachaça, Saturnino, Aluisio Dias, Babaú e, principalmente, Cartola, de que se tornaria um discípulo ao guardar na cabeça os versos que o mestre compunha de maneira descompromissada, além de completar outras das suas composições.
 
Foi justamente no Zicartola, o restaurante de Cartola e Dona Zica, que Nelson começou a se apresentar como cantor e compositor, entre 1964 e 1965, e a se tornar mais conhecido da cena do samba urbano carioca. Pouco depois, Nelson foi convidado a participar do espetáculo musical "Rosa de Ouro", dirigido por Hermínio Bello de Carvalho e ao lado de Paulinho da Viola, Elton Medeiros, Jair do Cavaquinho e Anescarzinho. Ao lado desses e de outros sambistas, Nelson integrou alguns conjuntos que marcaram o samba daquela época, como A Voz do Morro e Os Cinco Crioulos.
 
Aos poucos, algumas de suas composições passaram a ser gravadas por artistas como Paulinho da Viola, que lançou "Minha Vez de Sorrir", em 1971, e "Falso Moralista", em 1972, dois dos sambas mais conhecidos de Nelson. Em 1978, Beth Carvalho lançou "Agoniza Mas Não Morre", que se tornou a composição de maior sucesso do sambista.
 
A boa repercussão comercial do samba "Agoniza Mas Não Morre" na voz de Beth possibilitou a Nelson que ele finalmente gravasse, aos 55 anos, o seu primeiro disco solo, "Sonho de Sambista", lançado em 1979. O trabalho apresentou, além de "Agoniza Mas Não Morre", outras de suas composições conhecidas, como "Falso Moralista", "Falso Amor Sincero", "Minha Vez de Sorrir" e "Cântico à Natureza".
 
Apesar disso, o LP não permitiu que Nelson emplacasse uma carreira de cantor. O sambista gravou seu segundo álbum de estúdio, "Encanto da paisagem", somente em 1986 e, em grande parte, graças ao empenho de um produtor japonês Katsunori Tanaka.
 
Em 1990, Nelson lançou seu terceiro LP, "Inéditas de Nelson Sargento", e em 1998, participou do álbum vivo "Só Cartola" ao lado de Elton Medeiros e do grupo Galo Preto. Seus dois últimos trabalhos foram os álbuns "Flores em Vida" e "Versátil", lançados em 2001 e 2008 respectivamente. Em toda carreira, o sambista foi autor de mais de 400 composições, muitas das quais compostas no mesmo violão que o comprado às pressas, de segunda mão, para que pudesse integrar o show “Rosas de Ouro”.
 
== <span style="line-height:normal"><span style="vertical-align:baseline"><span style="color:#434343">Cinema e literatura</span></span></span> ==
== <span style="line-height:normal"><span style="vertical-align:baseline"><span style="color:#434343">Cinema e literatura</span></span></span> ==
<p style="margin-bottom:.0001pt; text-align:justify"><span style="line-height:normal"><span style="vertical-align:baseline"><span style="color:#434343">Escreveu os livros "Prisioneiro do Mundo" e "Um certo Geraldo Pereira". Atuou nos filmes "O Primeiro Dia", de Walter Salles e Daniela Thomas, "Orfeu" de Cacá Diegues, e "Nélson Sargento da Mangueira" de Estêvão Pantoja, que lhe valeu a premiação do Kikito, no Festival de Gramado, pela melhor trilha sonora entre os filmes de curta metragem.</span></span></span></p>  
<p style="margin-bottom:.0001pt; text-align:justify"><span style="line-height:normal"><span style="vertical-align:baseline"><span style="color:#434343">Além do reconhecimento como sambista, Nelson também foi artista plástico e poeta. Após pintar o apartamento do jornalista Sérgio Cabral, o sambista foi estimulado a expor sete quadros de sua fase abstrata em 1973. Também teve 14 obras expostas no Espaço Favela na edição do festival Rock in Rio de 2019. Como escritor, teve lançado os livros "Prisioneiro do mundo", em 1994, e Pensamentos, em 2005. Ainda fez participações em filmes como O Primeiro Dia", de Walter Salles e Daniela Thomas, "Orfeu" de Cacá Diegues, além de ter sido tema do documentário "Nelson Sargento da Mangueira", de Estevão Ciavatta.</span></span></span></p>  
== <span style="line-height:normal"><span style="vertical-align:baseline"><span style="color:#434343">Esportes</span></span></span> ==
== <span style="line-height:normal"><span style="vertical-align:baseline"><span style="color:#434343">Esportes</span></span></span> ==
<p style="margin-bottom:.0001pt; text-align:justify"><span style="line-height:normal"><span style="vertical-align:baseline"><span style="color:#434343">É um ilustre torcedor do Vasco da Gama, tendo participado do Megashow comemorativo dos 113 anos do clube, onde apresentou sua música "Casaca, Casaca", exaltando seu amor pelo Vasco.</span></span></span></p>  
<p style="margin-bottom:.0001pt; text-align:justify"><span style="line-height:normal"><span style="vertical-align:baseline"><span style="color:#434343">É um ilustre torcedor do Vasco da Gama, tendo participado do Megashow comemorativo dos 113 anos do clube, onde apresentou sua música "Casaca, Casaca", exaltando seu amor pelo Vasco.</span></span></span></p>  
= <span style="line-height:normal"><span style="vertical-align:baseline"><span style="color:#434343">Canal do Youtube</span></span></span> =
= <span style="line-height:normal"><span style="vertical-align:baseline"><span style="color:#434343">Morte</span></span></span> =
<p style="margin-bottom:.0001pt; text-align:justify"><span style="line-height:normal"><span style="vertical-align:baseline"><span style="color:#434343">Em janeiro de 2018, lançou um canal no Youtube, onde debate vários temas relacionados ao samba.&nbsp;</span></span></span></p> <p style="margin-bottom:.0001pt; text-align:justify">{{#evu:https://www.youtube.com/watch?v=HEjZBd5bo3I}}</p>  
<p style="margin-bottom:.0001pt; text-align:justify"><span style="line-height:normal"><span style="vertical-align:baseline"><span style="color:#434343">Em maio de 2021, o sambista foi internado no Instituto Nacional de Câncer - órgão que frequentava desde 2005 quando recebeu tratamento por câncer de próstata - com desidratação e anorexia, além de testar positivo para Covid-19, apesar de Nelson ter tomado as duas doses da vacina CoronaVac entre janeiro e fevereiro deste ano. O quadro clínico do compositor piorou até que ele veio a falecer em 27 de maio de 2021, aos 96 anos de idade.</span></span></span></p><span style="line-height:normal"><span style="vertical-align:baseline"><span style="color:#434343">Em sua homenagem, o Terreirão do Samba, localizado na Praça Onze, foi batizado com o seu nome.</span></span></span><p style="margin-bottom:.0001pt; text-align:justify">{{#evu:https://www.youtube.com/watch?v=HEjZBd5bo3I}}</p>  
= <span style="line-height:normal"><span style="vertical-align:baseline"><span style="color:#434343">Entrevistas em comemoração aos seus 95 anos</span></span></span> =
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Edição das 10h23min de 9 de fevereiro de 2023

Retirado da página da Wikipédia sobre Nelson Sargento pela equipe do Wikifavelas. 

Nelson Sargento

Introdução

Nelson Sargento OMC (Rio de Janeiro, 25 de julho de 1924 – Rio de Janeiro, 27 de maio de 2021), nome artístico de Nelson Mattos, foi um compositor, cantor, pesquisador da música popular brasileira, artista plástico, ator e escritor brasileiro.

Tendo morado no Morro da Mangueira desde 12 anos de idade, Nelson notabilizou-se como um dos mais importantes sambistas da Estação Primeira de Mangueira, do qual integrou e presidiu a ala de compositores da escola, bem como se tornou presidente de honra.

O apelido artístico "Sargento" aludia à patente que alcançou por ter servido no Exército Brasileiro na segunda metade dos anos 1940. Ganhou notabilidade como cantor no Zicartola e, pouco depois, como integrante dos conjuntos A Voz do Morro e Os Cinco Crioulos na década de 1960. Mas somente em 1979, aos 55 anos, o compositor gravou seu primeiro álbum solo. Ao longo da sua vida, o sambista compôs mais de 400 composições.

Além da carreira musical, Nelson foi pintor e poeta, tendo publicado os livros "Prisioneiro do Mundo" e "Um certo Geraldo Pereira". Também fez participações nos filmes "O Primeiro Dia" e "Orfeu", além de ter sido tema do documentário "Nelson Sargento da Mangueira".

Nelson Sargento foi casado com Evonete Belizario Mattos. O casal criou ao todo nove filhos, sendo seis biológicos - Fernando, José Geraldo, Marcos, Léo, Ricardo e Ronaldo - e mais três adotados - Rosemere, Rosemar e Rosana.

Além do amor pela Mangueira, Nelson era torcedor do clube de futebol Vasco da Gama.

Biografia

Nasceu em 25 de julho de 1924, na Santa Casa da Misericórdia, na Praça XV, filho de Rosa Maria da Conceição e Olímpio José de Mattos. Rosa Maria era empregada doméstica e cozinheira. Trabalhava e morava com Nelson na Tijuca, na casa do comerciante Manoel Ferreira Dias que era atacadista de secos e molhados, na Rua do Acre, no Centro. Seu pai, cozinheiro de profissão, trabalhava no Armazém Dragão. Nelson conviveu pouco com o pai. Encontravam-se esporadicamente, pois quando o conheceu, ele não morava mais com sua mãe. Olímpio morreu de gangrena, depois de um acidente na cozinha de um restaurante; uma panela de água quente caiu em seu pé e, não sendo tratado, acabou falecendo.

Sua mãe saiu do emprego da casa dos Ferreira Dias, indo morar no morro do Salgueiro, em um barraco alugado. Para se sustentar ela passou a lavar a roupa de várias famílias. Nelson entregava as roupas lavadas no bairro da Tijuca. Foi lá no morro do Salgueiro que Nelson, então com dez anos de idade, tomou conhecimento do samba, desfilando e tocando tamborim na escola "Azul e Branco". Ali havia ainda outras duas escolas: a "Unidos do Salgueiro" e a "Depois eu Digo". José Casemiro, (conhecido como Calça Larga), uma liderança no morro, uniu todas elas, nascendo assim o Acadêmicos do Salgueiro.

Sua mãe morava com um senhor de idade avançada, chamado Arthur Pequeno, que trabalhava como tecelão da fábrica de Tecidos Bom Pastor e era grande amigo do português Alfredo Lourenço, importante compositor da GRES Estação Primeira de Mangueira. Com o falecimento do companheiro, Rosa Maria teve muitas dificuldades para se manter com Nelson no Morro do Salgueiro. Alfredo Lourenço convidou-a para morarem com ele em sua casa na Mangueira. Ele morava numa parte do morro conhecida como Santo Antônio. Alfredo Lourenço era empreiteiro da construção civil e um excelente letrista. Era uma figura diferente naquele universo, um português que compunha sambas.

Encontro com o Samba

200px-Nelson Sargento.jpg

Incentivado pelo padrasto Alfredo Lourenço, Nelson despontou para a música na adolescência. No Carnaval de 1949, venceu a seletiva de sambas-enredo da Mangueira com "Apologia ao mestre" (parceria com Alfredo Lourenço), e escola de samba se sagrou campeã do desfile daquele ano. A parceria entre enteado e o padrasto rendeu, para o desfile seguinte, o samba-enredo "Plano SALTE - Saúde, lavoura, transporte e educação", que garantiu um novo campeonato à escola.

Em 1955, Nelson e Alfredo Lourenço compuseram o samba-enredo "As quatro estações do ano ou Cântico à natureza", tido como um dos mais belos já realizados. Três anos depois, Nelson foi eleito presidente da ala de compositores da Mangueira, posição que lhe permitiu maior convivência e aprendizado com os sambistas veteranos da escola, como Carlos Cachaça, Saturnino, Aluisio Dias, Babaú e, principalmente, Cartola, de que se tornaria um discípulo ao guardar na cabeça os versos que o mestre compunha de maneira descompromissada, além de completar outras das suas composições.

Foi justamente no Zicartola, o restaurante de Cartola e Dona Zica, que Nelson começou a se apresentar como cantor e compositor, entre 1964 e 1965, e a se tornar mais conhecido da cena do samba urbano carioca. Pouco depois, Nelson foi convidado a participar do espetáculo musical "Rosa de Ouro", dirigido por Hermínio Bello de Carvalho e ao lado de Paulinho da Viola, Elton Medeiros, Jair do Cavaquinho e Anescarzinho. Ao lado desses e de outros sambistas, Nelson integrou alguns conjuntos que marcaram o samba daquela época, como A Voz do Morro e Os Cinco Crioulos.

Aos poucos, algumas de suas composições passaram a ser gravadas por artistas como Paulinho da Viola, que lançou "Minha Vez de Sorrir", em 1971, e "Falso Moralista", em 1972, dois dos sambas mais conhecidos de Nelson. Em 1978, Beth Carvalho lançou "Agoniza Mas Não Morre", que se tornou a composição de maior sucesso do sambista.

A boa repercussão comercial do samba "Agoniza Mas Não Morre" na voz de Beth possibilitou a Nelson que ele finalmente gravasse, aos 55 anos, o seu primeiro disco solo, "Sonho de Sambista", lançado em 1979. O trabalho apresentou, além de "Agoniza Mas Não Morre", outras de suas composições conhecidas, como "Falso Moralista", "Falso Amor Sincero", "Minha Vez de Sorrir" e "Cântico à Natureza".

Apesar disso, o LP não permitiu que Nelson emplacasse uma carreira de cantor. O sambista gravou seu segundo álbum de estúdio, "Encanto da paisagem", somente em 1986 e, em grande parte, graças ao empenho de um produtor japonês Katsunori Tanaka.

Em 1990, Nelson lançou seu terceiro LP, "Inéditas de Nelson Sargento", e em 1998, participou do álbum vivo "Só Cartola" ao lado de Elton Medeiros e do grupo Galo Preto. Seus dois últimos trabalhos foram os álbuns "Flores em Vida" e "Versátil", lançados em 2001 e 2008 respectivamente. Em toda carreira, o sambista foi autor de mais de 400 composições, muitas das quais compostas no mesmo violão que o comprado às pressas, de segunda mão, para que pudesse integrar o show “Rosas de Ouro”.

Cinema e literatura

Além do reconhecimento como sambista, Nelson também foi artista plástico e poeta. Após pintar o apartamento do jornalista Sérgio Cabral, o sambista foi estimulado a expor sete quadros de sua fase abstrata em 1973. Também teve 14 obras expostas no Espaço Favela na edição do festival Rock in Rio de 2019. Como escritor, teve lançado os livros "Prisioneiro do mundo", em 1994, e Pensamentos, em 2005. Ainda fez participações em filmes como O Primeiro Dia", de Walter Salles e Daniela Thomas, "Orfeu" de Cacá Diegues, além de ter sido tema do documentário "Nelson Sargento da Mangueira", de Estevão Ciavatta.

Esportes

É um ilustre torcedor do Vasco da Gama, tendo participado do Megashow comemorativo dos 113 anos do clube, onde apresentou sua música "Casaca, Casaca", exaltando seu amor pelo Vasco.

Morte

Em maio de 2021, o sambista foi internado no Instituto Nacional de Câncer - órgão que frequentava desde 2005 quando recebeu tratamento por câncer de próstata - com desidratação e anorexia, além de testar positivo para Covid-19, apesar de Nelson ter tomado as duas doses da vacina CoronaVac entre janeiro e fevereiro deste ano. O quadro clínico do compositor piorou até que ele veio a falecer em 27 de maio de 2021, aos 96 anos de idade.

Em sua homenagem, o Terreirão do Samba, localizado na Praça Onze, foi batizado com o seu nome.

Entrevistas em comemoração aos seus 95 anos

Referências: 

Wikipédia: Nelson Sargento