Novas formas de fazer arte, cultura e comunicação nas favelas (livro)

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
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A publicação "Novas formas de fazer arte, cultura e comunicação nas favelas' traz as produções artístico-culturais e de comunicação que foram selecionados pela chamada pública de mesmo nome, criado pela Redes da Maré. Os artistas e comunicadores, junto com seus trabalhos, constituem um grupo que pensa e vive o sonho de uma cidade mais plural, bela e democrática. Nessa cidade, a arte, a cultura e a comunicação são reconhecidas como possibilidades para encontros entre pessoas de cores, gêneros, idades, raças, religiões e pensamentos diferentes. Pessoas que podem e devem conviver e colaborar para construir um mundo melhor. Aproveitem!

Autoria: Redes da Maré.

Apresentação

Com a crise gerada pela pandemia da COVID-19, os problemas que afetaram a área da saúde logo se estenderam para a economia, trabalho e renda, se expandindo para todos os campos da vida. Certamente, uns dos setores mais afetados são o da arte e cultura e o da comunicação. Isso porque, como forma de conter o avanço da doença e evitar as aglomerações, muitos museus, centros culturais, cinemas, teatros, casas de espetáculo, galerias, ateliês, jornais e revistas foram fechados.

Tanto o público como artistas se viram desamparados da noite para o dia, principalmente porque o Estado brasileiro não desenvolveu políticas de proteção para as pessoas e coletivos que produzem arte, cultura e comunicação.

A situação foi ainda mais grave para artistas e comunicadores populares das periferias e favelas. Sem acesso aos patrocinadores ou ao seu público, os “artistas periféricos” se viram numa situação limite, não podendo manter sua produção e tendo seu sustento ameaçado por completa falta de renda.

Diante dessa situação, a Redes da Maré criou o projeto “Chamada Pública: novas formas de fazer arte, cultura e comunicação nas favelas”, como uma ação dentro da campanha “Maré diz NÃO ao Coronavírus”. A intenção principal foi reconhecer e fortalecer ações na Maré nesse campo, ajudando artistas e comunicadores locais a manter suas ações.

Através de um edital público, artistas e comunicadores da Maré puderam apresentar projetos para receber apoio financeiro e uma “mentoria”, ou seja, um acompanhamento com especialistas em suas áreas de atuação. Durante o processo de seleção foram recebidos 91 projetos, sendo 86 validados, e selecionados 31 para receber apoio.

A escolha dos premiados foi feita por uma banca de especialistas que se desdobrou para selecionar as melhores propostas. De fato, essa escolha não foi fácil, dada a qualidade dos trabalhos apresentados e de sua enorme diversidade, já que eles contemplavam áreas como: artes plásticas, música, audiovisual, podcast, literatura, teatro, foto, texto, dança e desenho.

Todo o processo mostrou de maneira contundente que na Maré há uma riquíssima e intensa produção artística e de comunicação. Foram identificados coletivos, pessoas e instituições que produzem uma gama variada e belíssima de trabalhos que precisam ser conhecidos na cidade e no país. Isso porque são trabalhos únicos que trazem novidades para a cena artístico-cultural e de comunicação que podem influenciar novas produções para renovar a arte, a cultura e a comunicação, mesmo no momento de crise pelo qual passamos.

A importância de apoiar artistas e comunicadores ficou evidente após pesquisa realizada antes e depois do apoio aos projetos selecionados. Ao perguntar sobre os efeitos da pandemia, por exemplo, o principal resultado foi que apesar das premiações não serem suficientes para reverter os efeitos mais graves da crise, elas permitiram a continuidade dos projetos selecionados. É o que se deduz quando 50% dos entrevistados disseram que o edital viabilizou o desenvolvimento de atividades, 10% que diminuiu os riscos de longo prazo e 10% que auxiliou em novos modelos de negócios.

Por outro lado, os resultados dessa pesquisa mostram que sozinhas, as ações de instituições da sociedade civil não são suficientes para garantir a produção artística, cultural e de comunicação, principalmente em tempos de crise. Elas são fundamentais, mas não substituem a urgência de políticas públicas orientadas no sentido de incentivar a arte, cultura e comunicação na Maré e nas favelas. O ideal é que as ações da sociedade civil sejam somadas às do poder público para fortalecer o território, no caso a Maré, como um polo irradiador de arte, cultura e comunicação para a cidade e o país.

Assim, a importância da ‘Chamada Pública: novas formas de fazer arte, cultura e comunicação nas favelas’ está no incentivo e ampliação das possibilidades para que os olhares, os textos, os sons, as texturas e as cores da Maré se expressem em toda a sua plenitude e força. Esse movimento permite também a integração/ interação dessa produção artística e de comunicação da Maré na cidade. Isso é feito sempre a partir de uma visão única e multidimensional sobre a vida na favela e suas muitas relações com o restante da cidade.

Por fim, o que o leitor tem em suas mãos é um trabalho que apresenta uma produção artístico-cultural e de comunicação riquíssima, singular e potente. Aproveite!

Publicação na íntegra

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