Produção artística de coletivos de periferias urbanas

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
Revisão de 00h09min de 6 de abril de 2023 por Caiqueazael (discussão | contribs) (Criou página com ' Autora: Elisa Dassoler<ref>Graduada em Geografia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Mestre em Artes Visuais pela Universidade do Estado de Santa Catarina, L...')
(dif) ← Edição anterior | Revisão atual (dif) | Versão posterior → (dif)
Autora: Elisa Dassoler[1]. 

Texto originalmente publicado nos Anais do IV Ciclo de Investigação: Deslocamentos Reflexivos – PPGAV/UDESC. Florianópolis, 2009.

Resumo

Este artigo tem por objetivo apresentar uma discussão metodológica que favoreça o entendimento das recentes produções artísticas, em especial as audiovisuais, de coletivos de periferias urbanas brasileiras. Com o propósito de analisar as novas políticas e poéticas produzidas por esses coletivos, buscou-se neste artigo, ainda que de forma resumida, introduzir a problemática da pesquisa em andamento, justificando-a nos planos sociais e acadêmicos; assim como sugerir uma metodologia capaz de dialogar com a problemática escolhida.

Introdução

A emergência de fenômenos como o desinteresse ou incapacidade de obedecer à lógica da racionalidade hegemônica, com a proliferação de “ilegais”, “irregulares”, “informais”, assim como o crescente número de desempregados e explorados pelo modo de produção vigente, escancaram a saturação do atual modelo de desenvolvimento, marcado pelo livre comércio mundial e pela desregulamentação dos Estados e territórios. A presente crise econômica, também de caráter político e social, afirma-se a todos os povos e assinala o quão perverso é o modelo de “pensamento único”, caracterizado pela centralização das idéias e do capital financeiro em escala global. Esse modelo caracterizado essencialmente pela globalização e fragmentação dos territórios, pelo progresso e pela crença no progresso, materializa-se no mundo de modos desiguais. O progresso é aproveitado por um pequeno número de pessoas que atuam ao seu favor, excluindo cada vez mais aqueles que não compartilham dos mesmos saberes técnicos, científicos e informacionais (SANTOS, 2006). Neste sentido, inicia-se este artigo investigando o evento da globalização e algumas de suas repercussões territoriais. A globalização, fenômeno que ao mesmo tempo une (centralizando poderes) e desune os seres humanos, apresenta-se como de caráter essencialmente contraditório, visto o crescente empobrecimento das classes populares e da insegurança das classes médias que temem em perder qualidade de vida. Cada vez mais o mundo se torna mais globalizado, e essa unificação gera, paradoxalmente, integração e fragmentação, dada sua unificação de pensamento, assim como especialização dos lugares e do mundo do trabalho. Segundo Milton Santos (2007 b), os sujeitos que se vêem a margem dessa racionalidade dominante, que não detêm poderes para seus próprios benefícios, produzem, geralmente de modo espontâneo e criativo, novas formas de racionalidades, que segundo Santos (2006) são as “contraracionalidades” ou “racionalidades paralelas”. Essas contra-racionalidades são principalmente pautadas por relações horizontais, que buscam na sua essência um novo modo de existência. Nas palavras do sugerido autor:

Acesse ao artigo na íntegra

  1. Graduada em Geografia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Mestre em Artes Visuais pela Universidade do Estado de Santa Catarina, Linha de Pesquisa: Processos Artísticos Contemporâneos (PPGAV/UDESC). Contato: [[1]]; www.elisadassoler.blogspot.com. Grupo de Pesquisa Poéticas do Urbano (CNPq - PPGAV/UDESC)