Tecendo Diálogos e produzindo conhecimento: juventude, favela, promoção da saúde e educação superior (projeto)

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
Revisão de 10h46min de 20 de março de 2024 por Nsmiranda (discussão | contribs)
Autoria: Equipe Tecendo Diálogos[1]
Identidade visual com livro aberto e nome do projeto "Tecendo Diálogos".

O projeto Tecendo Diálogos e produzindo conhecimento: juventude, favela, promoção da saúde e educação superior (Tecendo Diálogos) objetiva valorizar a educação superior e reforçar o campo da promoção da saúde e a defesa do Sistema Único de Saúde (SUS), a partir de ações coordenadas entre pré-vestibulares populares, comunitários e sociais, universidades, Fiocruz e movimentos sociais organizados em territórios urbanos socioambientalmente vulnerabilizados no Estado do Rio de Janeiro. O Tecendo Diálogos é mediado através da relação entre atores sociais e institucionais, dos quais destacamos: a Coordenação de Cooperação Social da Presidência da Fiocruz (CCSP) e o Museu da Vida da Casa de Oswaldo Cruz (COC), a Pró-Reitoria de Extensão da UFRJ (PR5 UFRJ), o Fórum de Pré-Vestibulares Populares do Rio de Janeiro (FPVP-RJ) e o Fórum Favela-Universidade (FFU). O projeto e seus recursos são geridos, colaborativamente, pelo Comitê Gestor, composto por representantes do Fórum de Pré-Vestibulares Populares do Rio de Janeiro (FPVP-RJ), Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré (CEASM), Museu da Maré, Rede de Empreendimentos Sociais para o Desenvolvimento Socialmente Justo, Democrático e Sustentável (RedeCCAP), Conselho Comunitário de Manguinhos, Fiocruz e UFRJ.

Fórum Favela Universidade

Inspirados pelo tema “Ciência para redução das desigualdades sociais” da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia de 2018, a Fiocruz, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e as organizações de base sociocomunitária de Manguinhos e da Maré propuseram uma agenda de atividades para além dos dias em que ocorre o evento do Ministério da Ciência e Tecnologia. Para tanto, colocou-se em diálogo os estudantes e egressos de cursos de pós-graduação moradores dessas favelas tendo como referência os princípios da ciência cidadã.

Fórum de Pré-Vestibulares Populares do Rio de Janeiro (FPVP-RJ)

Grupos de Trabalho

GT - Saúde Mental e Integral

O grupo de trabalho atua na articulação das pautas mobilizadas pelo Fórum de Pré-vestibulares populares do Rio de Janeiro (FPVP-RJ) e do Fórum Favela Universidade (FFU). Compreende saúde de maneira integrada às condições de vida, segurança pública, território, moradia, empregabilidade, racismo, entre outros determinantes sociais. Busca realizar ações que fomentem a promoção da saúde através da tomada de consciência, do acesso e da garantia de direitos, da atuação coletiva e da organização popular, visando a incidência em políticas públicas, projetos e programas de saúde, educação e cultura voltados para as juventudes faveladas. Abaixo, algumas ações realizadas pelo Grupo de Trabalho:

Cartografia

A cartografia de narrativas surge a partir das discussões e formações realizadas nos encontros do GT de Saúde Mental articulando o Fórum Favela Universidade (FFU) e o Fórum de Prés Vestibulares Populares do Rio de Janeiro (FPVP-RJ), com apoio do projeto Tecendo diálogos e produzindo conhecimentos: Juventude, Favela, promoção da saúde, e educação superior.

Trata-se de uma cartografia das narrativas, entendendo o que cada território e suas especificidades pensa e articula sobre saúde mental com o objetivo geral de estimular o acúmulo trazido das narrativas para dentro dos dispositivos já existentes no território e ampliá-los e de viabilizar o tema da saúde mental; discutindo através do conceito de promoção da saúde e saúde ampliada, assim como os determinantes sociais de saúde.

O método de pesquisa utilizado foi qualitativo, realizado por meio de entrevistas semiestruturadas, com perguntas abertas e fechadas, em formato online. As entrevistas aconteceram no segundo semestre de 2021, com integrantes dos territórios da Baixada Fluminense, Zona Leopoldina, Zona Norte, Zona Oeste, Zona Sul e Centro do Rio de  Janeiro, tendo o total de 18 participantes. O perfil de entrevistados contemplou profissionais terceirizados de faculdades e de dispositivos de saúde pública inseridos no território; profissionais de instituições parceiras ao GT de saúde mental (Pró- Reitoria de Extensão/PR-7 e professores universitários); profissionais de CAPS (Centros de Atenção Psicossocial dos territórios; profissionais de SPA (Serviço de Psicologia Aplicada) que atuem nos territórios; moradores de favelas; moradores das periferias; famílias de   estudantes e estudantes universitários.

Nesta análise cartográfica, foi observado que praticamente todos os entrevistados expressaram um desejo pessoal de viver em uma cidade menos violenta, com educação de qualidade, um sistema de saúde público eficiente e segurança para explorar a cidade livremente, sem temores. Esses anseios estão alinhados com os princípios de uma sociedade democrática e igualitária. Os resultados desta pesquisa serão divulgados por meio de ações em diferentes territórios, buscando promover a saúde e a educação popular de maneira participativa e comprometida.

Oficina na Educação Básica

A oficina “Território e Saúde” fora realizada com duas turmas do ensino médio na Escola Bahia, no contexto da semana de educação para as relações étnico-raciais. A partir da percepção e das experiências cotidianas apontadas pelo corpo estudantil participante, falamos sobre pontos de cultura, educação, lazer, segurança pública, sonhos, expectativas e realidades do território da Maré, a questionar: como tudo isso dialoga com condições de saúde mental, física, integral? A Cartografia das Narrativas nos ajudou a refletir sobre pontos de diferença e interseções com territórios de outras partes da cidade.

Encontro com a Comissão de Combate ao Racismo

O trabalho em rede, junto a estudantes de universidades, escolas, pré-vestibulares populares e também com outros coletivos que se orientam pela pauta da saúde mental, é um dos interesses principais do GT. O encontro com a Comissão Especial de Combate ao Racismo da Câmara do Rio de Janeiro se deu entre essas articulações, uma roda de conversa propositiva, realizada na UERJ, para refletir práticas cotidianas e políticas públicas acerca de negritude e saúde mental.

Seminários de Saúde Mental

O verbete descreve a importância dos Seminários de Saúde Mental realizados como parte do projeto Tecendo Diálogos e produzindo conhecimento: juventude, favela, promoção da saúde e educação superior, uma iniciativa da Fiocruz em cooperação com os pré-vestibulares populares e movimentos sociais organizados ao redor do Fórum Favela Universidade (FFU) e o Fórum de Pré-Vestibulares Populares do Rio de Janeiro (FPVP-RJ). Esses seminários destacam a saúde mental como um componente central do projeto, buscando integrar a universidade às comunidades vulneráveis, especialmente nas favelas e periferias do Rio de Janeiro. Os eventos reúnem acadêmicos, profissionais de saúde e representantes da comunidade para discutir temas como assistência estudantil, impactos da violência e educação sexual, promovendo um diálogo interdisciplinar e fortalecendo ações em prol da saúde mental nessas áreas.

GT - Levantamento Bibliográfico

Catálogos Favela Universidade

Os Catálogos Favela Universidade são um conjunto de publicações resultante de pesquisas bibliográficas cujo foco é a catalogação dos resumos das pesquisas acadêmicas sobre favelas cariocas. Maré, Manguinhos, Vila Kennedy, Chapéu Mangueira, Babilônia e Jacarezinho são os territórios analisados nessa pesquisa bibliográfica.

História

A produção dos Catálogos Favela Universidade é fruto de articulações políticas entre o Fórum Favela Universidade (FFU) e o Projeto Tecendo Diálogos e Produzindo Conhecimentos: Juventude, Favela, Promoção da Saúde e Ensino Superior, realizado a partir da Coordenação de Cooperação Social da Presidência da Fiocruz. Sendo o FFU um fórum formado por organizações das favelas da Maré e de Manguinhos (CEASM, Museu da Maré, Conselho Comunitário de Manguinhos, Rede CCAP/Espaço Casa Viva), pelo Fórum de Pré-vestibulares Populares do Rio de Janeiro, e apoiado por instituições universitárias como Fiocruz (Cooperação Social e o Museu da Vida) e UFRJ (PR-5), suas iniciativas e discussões partem da necessidade de pensarmos a vida acadêmica dos(as) estudantes universitários(as) de origem favelada.

Entre os desejos do FFU, estava a ideia de produzir um “catálogo de trabalhos acadêmicos” partindo de inspirações como a obra Pensando as Favelas do Rio de Janeiro (1906-2000): uma bibliografia analítica e o trabalho de pesquisa bibliográfica desenvolvido no livro Complexo do Alemão: uma bibliografia comentada. Ambas as obras catalogam produções acadêmicas sobre favelas.

Nesse sentido, o FFU, formado sobretudo por instituições da Maré e de Manguinhos, buscou pensar numa iniciativa similar de pesquisa bibliográfica que evidenciasse o que estava sendo produzido nessas duas favelas, impactadas pela proximidade política/territorial junto a grandes instituições acadêmicas como a Fiocruz e a UFRJ. Com o surgimento do Projeto Tecendo Diálogos e a parceria com o FFU, foi possível operacionalizar a ideia de produzir um catálogo sobre as favelas da Maré e de Manguinhos, e expandir a pesquisa bibliográfica, inserindo outros territórios como Chapéu Mangueira, Babilônia, Vila Kennedy e Jacarezinho.

Algumas características da pesquisa bibliográfica dos Catálogos Favela Universidade

As pesquisas bibliográficas apresentam a vantagem de poderem explorar uma grande amplitude de trabalhos sobre um determinado tema. No caso dos Catálogos Favela Universidade, ter um território de favela como tema de pesquisa permitiu explorar o mesmo partindo de diferentes campos do saber, criando um rico arcabouço de conhecimentos que analisam os territórios pesquisados sob diferentes perspectivas.

Essa riqueza de produções, foi mediada pela ação de pesquisadores oriundos dos territórios investigados, criando laços entre a produção do conhecimento e as vivências do lugar, enriquecendo o processo de desenvolvimento do trabalho acadêmico. Ao longo da pesquisa, foram catalogados monografias de graduação, trabalhos de especialização, dissertações, teses, livros e outros tipos de trabalhos, obtidos em base de dados, bibliotecas, arquivos e acervos (físicos ou virtuais) disponíveis de forma gratuita, em consonância com a ideia de ciência aberta.

  1. Nome dos participantes.