UPP – a redução da favela a três letras: mudanças entre as edições

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
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Fundamentado nos conceitos da Administração Pública, Há Segurança Pública nas Favelas cariocas? A partir das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) Quais as relações contidas no processo de elaboração e consolidação de políticas na área da Governança, Soberania e segurança pública? Assim, há um esforço em identificar se as UPP representam uma alteração nas políticas de segurança ou se estas se confirmam como maquiagem dessas políticas. Em perspectiva teórica ampla, se o modelo neoliberal no Brasil incorpora os elementos de um Estado Penal, considerando o processo de formulação e de implementação das UPP nas favelas do Rio de Janeiro, que sintetizam o modelo teórico proposto por Loïc Wacquant (2002), a saber, o processo de penalização ampliado, que colabora sobremaneira para a consolidação do Estado Penal, parte-se do pressuposto de que o modelo de análise indicado pelo o autor, se aplicado ao caso proposto e guardadas as peculiaridades de cada contexto histórico-político, permite identificar um Estado Penal que, pelo discurso da "insegurança social", aplica uma política voltada para repressão e controle dos pobres. A marca mais emblemática deste quadro é o cerco militarista nas favelas e o processo crescente de encarceramento, no seu sentido mais amplo. As UPP tornam-se uma política que fortalece o Estado Penal com o objetivo de conter os insatisfeitos, conter as pessoas que sofrem maior impacto das desigualdades em suas vidas. Ou seja, trata-se de uma quantidade significativa de pessoas pobres e negras, cada vez mais colocadas nos guetos das cidades e nas prisões. E assim reduzindo a vida na Favela.
Fundamentado nos conceitos da Administração Pública, Há Segurança Pública nas Favelas cariocas? A partir das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) Quais as relações contidas no processo de elaboração e consolidação de políticas na área da Governança, Soberania e segurança pública? Assim, há um esforço em identificar se as UPP representam uma alteração nas políticas de segurança ou se estas se confirmam como maquiagem dessas políticas. Em perspectiva teórica ampla, se o modelo neoliberal no Brasil incorpora os elementos de um Estado Penal, considerando o processo de formulação e de implementação das UPP nas favelas do Rio de Janeiro, que sintetizam o modelo teórico proposto por Loïc Wacquant (2002), a saber, o processo de penalização ampliado, que colabora sobremaneira para a consolidação do Estado Penal, parte-se do pressuposto de que o modelo de análise indicado pelo o autor, se aplicado ao caso proposto e guardadas as peculiaridades de cada contexto histórico-político, permite identificar um Estado Penal que, pelo discurso da "insegurança social", aplica uma política voltada para repressão e controle dos pobres. A marca mais emblemática deste quadro é o cerco militarista nas favelas e o processo crescente de encarceramento, no seu sentido mais amplo. As UPP tornam-se uma política que fortalece o Estado Penal com o objetivo de conter os insatisfeitos, conter as pessoas que sofrem maior impacto das desigualdades em suas vidas. Ou seja, trata-se de uma quantidade significativa de pessoas pobres e negras, cada vez mais colocadas nos guetos das cidades e nas prisões. E assim reduzindo a vida na Favela.


Autora: Marielle Franco.
Autora: Marielle Franco (In Memorium).

Edição das 12h04min de 24 de novembro de 2018

Fundamentado nos conceitos da Administração Pública, Há Segurança Pública nas Favelas cariocas? A partir das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) Quais as relações contidas no processo de elaboração e consolidação de políticas na área da Governança, Soberania e segurança pública? Assim, há um esforço em identificar se as UPP representam uma alteração nas políticas de segurança ou se estas se confirmam como maquiagem dessas políticas. Em perspectiva teórica ampla, se o modelo neoliberal no Brasil incorpora os elementos de um Estado Penal, considerando o processo de formulação e de implementação das UPP nas favelas do Rio de Janeiro, que sintetizam o modelo teórico proposto por Loïc Wacquant (2002), a saber, o processo de penalização ampliado, que colabora sobremaneira para a consolidação do Estado Penal, parte-se do pressuposto de que o modelo de análise indicado pelo o autor, se aplicado ao caso proposto e guardadas as peculiaridades de cada contexto histórico-político, permite identificar um Estado Penal que, pelo discurso da "insegurança social", aplica uma política voltada para repressão e controle dos pobres. A marca mais emblemática deste quadro é o cerco militarista nas favelas e o processo crescente de encarceramento, no seu sentido mais amplo. As UPP tornam-se uma política que fortalece o Estado Penal com o objetivo de conter os insatisfeitos, conter as pessoas que sofrem maior impacto das desigualdades em suas vidas. Ou seja, trata-se de uma quantidade significativa de pessoas pobres e negras, cada vez mais colocadas nos guetos das cidades e nas prisões. E assim reduzindo a vida na Favela.

Autora: Marielle Franco (In Memorium).