Bispo do Rosário Associação Cultural (BRASS)
A missão da Bispo do Rosário Associação Cultural (BRASS) é prestar apoio ao Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea (mBRAC), desenvolvendo projetos que visam promover a arte, cultura, educação e cuidados em saúde mental no território da Colônia, situado dentro do Instituto Municipal de Assistência à Saúde Juliano Moreira, antigo manicômio localizado em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro.
Autoria: Informações do verbete reproduzidas, pela Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco, a partir das redes oficiais do coletivo.
Este grupo foi contemplado pela Chamada Pública, promovido pela Fiocruz[1].
Sobre o mBrac[editar | editar código-fonte]
Nas dependências do Instituto Municipal de Assistência à Saúde Juliano Moreira, antiga Colônia Juliano Moreira, instituição criada na primeira metade do século XX destinada a abrigar aqueles classificados como anormais ou indesejáveis (doentes psiquiátricos, alcóolatras e desviantes das mais diversas espécies), mas que hoje serve como residência para centenas de pessoas.
Estão sob os cuidados do Museu as mais de 800 obras criadas por Arthur Bispo do Rosário durante sua vida. Além de realizar duas exposições por ano, a instituição mantém um Polo Experimental de Convivência, Educação e Cultura.
Tem como objetivo promover de forma continuada, gratuita e permanente a integração social, profissional, econômica, política e cultural de pessoas em situação de vulnerabilidade ou risco social, especialmente portadores de transtornos mentais, através do desenvolvimento de projetos de geração de renda e economia criativa em diálogo com o campo da arte, estimulando práticas alternativas de trabalho, assim como ações de capacitação e formação.
O Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea está situado no Instituto Municipal de Assistência à Saúde Juliano Moreira, centro de saúde mental conhecido como “Colônia”. Localizado na Taquara, Zona Oeste do Rio de Janeiro. O museu é responsável pela preservação, conservação e difusão da obra de Arthur Bispo do Rosario – um dos expoentes da arte contemporânea, de reconhecimento nacional e internacional.
Além disso, o museu desenvolve suas ações através de 3 eixos fundamentais: Acervo, Exposições e o Polo Experimental. Nas suas quatro galerias, no prédio sede da Colônia, e no Polo Experimental – espaço dedicado às atividades de educação, o mBrac apresenta mostras e exposições, e oferece uma série de programas educativos voltados para todas as idades, gratuitamente. A programação do mBrac tem como cerne a oferta de exposições de arte contemporânea, que têm como referência a obra de Arthur Bispo do Rosario.
No roteiro de visitas do mBrac, no Circuito Cultural Colônia, está incluído o Centro Histórico Rodrigues Caldas, remanescente das terras de engenho do século XVII, as dependências do Pavilhão 10 do Núcleo Ulisses Vianna, onde Bispo do Rosário viveu, ocupando um conjunto de celas que serviu como seu atelier e ao Polo Experimental de Convivência Educação e Cultura.
Responsável por preservar e difundir a memória da Colônia Juliano Moreira, o Museu conta com um importante acervo documental, disponível para o acesso à pesquisadores e historiadores.
Cronologia[editar | editar código-fonte]
Primeiro registro[editar | editar código-fonte]
O primeiro registro de uma organização de natureza museal na Colônia remonta ao ano de 1952, quando é criado um departamento para abrigar a produção artística dos ateliês de arteterapia, então, existentes. O recém-criado setor recebeu o nome de Egaz Muniz, homenageando o médico português criador da lobotomia, cirurgia irreversível que “acalmava” pacientes agressivos, deixando-os em estado semivegetativo.
Avanços da reforma psiquiátrica (Anos 80)[editar | editar código-fonte]
No final dos anos 80, com os avanços da reforma psiquiátrica, o museu passa a se chamar Nise da Silveira, psiquiatra que introduziu um novo olhar para o cuidado dos doentes mentais reformulando a maneira de compreender a loucura dando voz ao universo interior dos pacientes.
Mde Arthur Bispo do Rosário (1989)[editar | editar código-fonte]
Com a morte de Arthur Bispo do Rosário em 1989, a Colônia Juliano Moreira se vê diante do desafio de decidir o destino das obras produzidas por ele durante os 49 anos que esteve internado intermitentemente. O conjunto da sua criação foi abrigado pelo então Museu Nise da Silveira. Frente à nova missão, em 2000, 11 anos após o falecimento de Bispo, a instituição altera o seu nome para Museu Bispo do Rosario, agora, homenageando o principal artista de seu acervo.
Arte e loucura (2002)[editar | editar código-fonte]
Em 2002, com as questões da reforma psiquiátrica já consolidadas, o então Museu Bispo do Rosário agrega “Arte Contemporânea” à sua denominação, voltando-se para os debates em torno da arte atual, criando assim um diálogo entre os mundos da arte e da loucura.
Atuação social (2013)[editar | editar código-fonte]
Desde 2013, o mBrac ampliou o seu espectro de atuação social na Colônia, incorporando a memória como diretriz fundamental no desenvolvimento de seus projetos e atividades e, com isso, iniciou a construção de mecanismos de preservação dos temas que tocam a memória do local e o próprio museu; e que desdobram-se, por sua vez, na história da cidade, das práticas da psiquiatria, da arte e da loucura e suas relações.
Homenagem - Trajetória[editar | editar código-fonte]
A trajetória de alterações do nome da instituição acompanha as perspectivas do avanço no cuidado em saúde mental. Se, na sua origem, há um privilégio em homenagear o médico que inventou o método de silenciar os pacientes, num segundo momento, passa a homenagear a psiquiatra que percebeu que, por trás da loucura havia um conteúdo a ser revelado, para finalmente dar voz ao artista louco que em sua missão ressignifica o próprio mundo.
Dispositivo cultural - Atual[editar | editar código-fonte]
Hoje, o Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea toma para si o desafio de se relacionar com seu entorno e se apresentar como um dispositivo cultural potente para a Zona Oeste e para a integração da cidade. A partir do trabalho de Bispo e de seu contexto de criação, a instituição promove o debate para as questões referentes à saúde mental e à arte contemporânea.
Apresentação[editar | editar código-fonte]
Colônia Juliano Moreira[editar | editar código-fonte]
O território da Colônia Juliano Moreira originou-se a partir de um dos mais antigos engenhos de cana de açúcar de Jacarepaguá, integrando inicialmente as terras do Engenho da Taquara. Foi então desmembrado em 1664 e denominado Fazenda Nossa Senhora dos Remédios.
Já em 1778 recebeu o nome de Engenho Novo da Taquara. Nos anos de 1660 iniciou-se a construção do engenho e da capela de Nossa Senhora dos Remédios. Ainda existem reminiscências da época e o núcleo original, que hoje faz parte do Núcleo Histórico Rodrigues Caldas.
A partir de 1920, foram construídas as edificações do Núcleo Psiquiátrico da Colônia Juliano Moreira (até então denominada Colônia de Psicopatas de Jacarepaguá).
Havendo, assim, a transição de uma arquitetura colonial, que no Brasil misturava traços arquitetônicos renascentistas, maneiristas, barrocos, rococós e neoclássicos, para uma arquitetura pavilhonar e hospitalar, portanto, fundamentada nas teorias higienistas que vigoravam no período.
Já na década de 1930, com as reformulações da Colônia e a construção de novas unidades, o sítio da Colônia Juliano Moreira apresenta uma série de registros contemporâneos à época de funcionamento do engenho de açúcar, dos anos setecentistas, o que o torna um importante fragmento comprobatório da evolução urbana da cidade e da história deste ciclo econômico.
Fotos acervo documental IMASJM
Centro Histórico[editar | editar código-fonte]
Atualmente, estão concentradas no Núcleo Histórico Rodrigues Caldas as construções mais antigas da Colônia Juliano Moreira, reminiscências da época do engenho: a sede, a Capela de Nossa Senhora dos Remédios, algumas ruínas de outras construções, além do conjunto de canaletas e o sistema de aqueduto, tombados pelos órgãos públicos de patrimônio.
O lugar é rota para os visitantes que queiram compreender a relação entre patrimônio, paisagem e história que permeiam o território da Colônia e delineiam os traços que configuram seu espaço até os dias de hoje.
O Núcleo Histórico Rodrigues Caldas pode ser visitado e compõe o Circuito Cultural Colônia. Centro Histórico Artista Paulo Couri
A Cela[editar | editar código-fonte]
O Núcleo Ulisses Vianna, originalmente cercado por um extenso e alto muro, era formado por 11 pavilhões destinados a receber os pacientes homens, violentos e agitados da Colônia. Esses pavilhões eram compostos por enfermarias, cada uma com cerca de 40 camas justapostas uma ao lado da outra, onde os não tinham nenhuma privacidade. Em cada um dos 11 pavilhões, havia uma ala sem camas chamada de “bolo”.Nessas alas, os pacientes ficavam amontoados no chão e, ao seu redor, 10 celas-fortes – pequenos cubículos com portas de ferro – mantinham os mais agitados contidos ou isolados por punição. Pareciam verdadeiras solitárias no estilo prisional: recebiam alimentação pela fresta da porta e utilizavam um buraco no chão como sanitário.
Bispo era um dos “agitados”. Diagnosticado como esquizofrênico-paranóico, foi alojado no pavilhão 10 do núcleo. Forte e sisudo, o ex-boxeador tornou-se um “xerife”, posição que lhe assegurou privilégios e permitiu a recusa de eletrochoques e medicações. Nunca se interessou em participar dos ateliês de arteterapia, mas estava sempre produzindo objetos num processo criativo incessante e solitário.
Ele tomou posse das demais celas que compunham esse “panóptico” para vigiar e punir, como descreveu Focault, e as transforma em seu espaço expositivo. Para ter acesso ao local, era necessário desvendar o enigma apresentado por Bispo que consistia em responder qual era a cor de sua aura. Participar desse jogo proposto por pelo artista permitia experienciar a subversão que esse homem fez no hospício, de dentro de sua cela-atelier-galeria.
O pavilhão 10 foi o único que restou do conjunto arquitetônico do Núcleo Ulisses Vianna que mantém a ambiência original. Na cela onde Bispo viveu foram encontrados vestígios de desenhos do artista que o Museu está somando esforços para recuperar.
O mBrac em parceria com a Fundação Marcos Amaro irá iniciar a partir de 2020 as obras de recuperação do telhado e demais estruturas do Pavilhão 10 do Núcleo Ulisses Vianna para se tornar um espaço expositivo e de memória do passado asilar da Colônia Juliano Moreira e do contexto de criação das obras de Bispo do Rosário.
O Pavilhão e o Núcleo Histórico Rodrigues Caldas podem ser visitados mediante agendamento, e compõe o Circuito Cultural Colônia.
Quem foi Arthur Bispo do Rosário[editar | editar código-fonte]
Nascido em Japaratuba, Sergipe, em 1909, Arthur, filho de carpinteiro, tem sobrenome de batismo “Bispo” – cargo eclesiástico – e “Rosário” – padroeira dos negros. Um paradoxo que amalgama a hierarquia e a complacência da Igreja Católica presente na sua vida e obra.
Pouco se sabe sobre sua infância, mas há registro de seu ingresso na Escola de Aprendizes Marinheiros, em Aracaju, no ano de 1925. No ano seguinte Bispo vai à cidade do Rio de Janeiro, onde se alista na Marinha de Guerra e permanece por nove anos.
Na Marinha, Bispo conhece o boxe e logo se torna campeão dos pesos-leves. Seu envolvimento com o esporte causa muitos atritos e acaba por levá-lo a solicitar seu desligamento. Passa a trabalhar na empresa Light and Power como vulcanizador no setor de transportes e, paralelamente, investe na sua carreira como pugilista.
Ele sofre um acidente em 1936, quando seu pé é esmagado pela roda de um bonde, o que o deixa manco e o faz abandonar o boxe. Apesar de poucas vitórias na sua carreira de pugilista, Bispo foi muito admirado pelos amantes do esporte por sua resistência no enfrentamento dos adversários.
Por conta do processo que moveu contra a Light, Bispo conhece Humberto Leone, advogado na sua causa trabalhista. Passa, então, a residir na casa do advogado, em Botafogo, e torna-se um “faz-tudo” da família.
É no casarão dos Leone, na rua São Clemente, que Bispo tem a revelação que modifica sua vida. Na noite do dia 22 de dezembro de 1938 , ele se vê descendo do céu, acompanhado por sete anjos que o deixam na “casa nos fundos murados de Botafogo”, segundo o bordado que relata o acontecimento em um dos seus estandartes. Bispo sai, madrugada adentro, pela rua deserta até chegar ao Mosteiro de São Bento, no Centro do Rio. Lá, se apresenta aos frades como “aquele que veio julgar os vivos e os mortos”. Encaminham-no, então, para o hospício da Praia Vermelha, de onde é transferido para a Colônia Juliano Moreira.
Esse processo de aceitação do delírio que lhe sucedia foi conflituoso para Bispo: fugiu algumas vezes das internações e, em outras vezes, ao receber alta, tentou se readaptar no mundo. Apaziguado consigo mesmo, em 1964, permanece definitivamente na Colônia. É neste ano que Bispo vai preso por três meses, em uma das celas do Pavilhão 10 do Núcleo Ulisses Vianna, por ter errado a dose no uso da força ao conter um paciente – um pedido constante dos funcionários. Ao sair do confinamento, relata que “ouviu vozes que lhe diziam que chegara a hora de representar todas as coisas existentes na Terra para a apresentação no dia do juízo final”.
Decide, por sua conta, trancar-se por sete anos numa das celas para, com agulha e linha, bordar a escrita de seus estandartes e fragmentos de tecido. As linhas azuis, desfiava dos velhos uniformes dos internos, e objetos tais como canecas, pedaços de madeiras, arame, vassoura, papelão, fios de varal, garrafas e materiais diversos que ele obtinha em refugos na Colônia.
Após 18 anos da revelação de sua missão, Bispo desperta o interesse da mídia e de críticos de arte, o que leva, em 1982, a expor pela primeira vez seus quinze estandartes na mostra “Margem da Vida”, no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro. Após o sucesso da sua participação, recebe vários convites para novas mostras. No entanto, a coletiva foi a única exposição que ele integrou em vida. Bispo não aceitava se separar de sua obra e não se considerava artista. Para ele, tudo era fruto de uma missão que um dia seria revelada no dia do juízo final.
Arthur Bispo do Rosário, que carregava todos os estigmas de marginalização social ainda vigentes em nossa sociedade – negro, pobre, louco, asilado em um manicômio – consegue, na sua genialidade, subverter a lógica excludente propondo, a partir da sua obra, a ressignificação do universo, para ser reunido e apresentado no dia do juízo final. Sua missão chegou ao fim aos 80 anos, no dia 5 julho de 1989, dia da sua morte.
“É aqui no hospício que eu vou me apresentar, que eu devo ser apresentado a humanidade. Por seus diretores até aqui, frades cardeais, ninguém conseguiu ver Cristo, mas agora vão encontrá-lo porque eu vou me apresentar. Vou me transformar a fim de me apresentar a Ele que é meu vigário, mais nada” – Arthur Bispo do Rosário in “O prisioneiro da passagem” de Hugo Denizart.
Carta aberta de um morador de residência terapêutica, Por André Bastos[editar | editar código-fonte]
André Bastos tinha 50 anos quando faleceu em 2021. Antes da sua partida, nos deixou um importante depoimento sobre o que pensava e sentia morando em um SRT do município do Rio de Janeiro. André passou anos de sua vida internado em hospício, pôde construir sua alta para o SRT com suporte e acompanhamento do CAPS Neusa Santos Souza. Antes e depois da sua alta hospitalar, André fez um trabalho imenso de desinstitucionalização e pôde usar a arte durante todo esse processo. Essa carta aberta é apenas uma parte desse processo e seu objetivo era claro: dar visibilidade ao Serviço Residencial Terapêutico como dispositivo fundamental da Atenção Psicossocial.
Algumas exposições[editar | editar código-fonte]
Quilombo do Rosário.[editar | editar código-fonte]
No ano de 2018 o mBrac montou a exposição Quilombo do Rosario, que teve curadoria de Roberto Conduru. Na urgência da luta antirracista, a mostra trouxe como poética as negritudes e suas pluralidades, não só na obra de Bispo do Rosario como também de artistas negres que dialogam com o tema.
Além do próprio Bispo, nomes como Stela do Patrocínio, Antônio Bragança, Rosana Paulino, Jorge dos Anjos, Dona Tuca e os coletivos Atelier Gaia e Mulheres de Pedra marcaram presença com peças de arte que tiveram inúmeros desdobramentos nas visitas a exposição. Contou também com a participação do Quilombo do Camorim, aproximando os relatos sobre as vivências da grande região de Jacarepaguá. Destaque em especial para a obra inédita de Bispo apresentada numa mostra, um mapa do continente africano feito a mão e que guiou a cartografia da exposição.
O Quilombo do Rosario ainda reverbera pelos corredores do museu, aquilombando a todes que por ele passam, deixando memórias intensas e boas reflexões a respeito de uma arte universal, para todes e que se posiciona contra qualquer tipo de racismo e descriminações.
Projeto em parceria com a Associação CADÊ
Paredes da Minha Casa – Experiência B[editar | editar código-fonte]
O projeto ”As paredes da minha casa’’, foi autoria de Daniel Murgel. Daniel foi o primeiro artista residente no Museu Bispo do Rosário. Sua Residência aconteceu no contexto da exposição Play, realizada em 2014, com a curadoria de Marta Mestre e Fernanda Pequeno.
O artista ficou alojado no Polo Experimental, espaço de convivência, saúde, arte e educação do Museu e realizou o projeto ‘’Como é que eu devo fazer as paredes da minha casa’’, tomando como referência a obra “Como é que eu devo fazer um muro no fundo da minha casa”, de Bispo do Rosário. Os tijolos foram feitos com a própria terra que sustenta a construção, onde outrora funcionou a Colônia Juliano Moreira, e rejuntados com cimento reforçado, com a colaboração da comunidade, vizinhos, usuários da rede de saúde mental e equipe do Museu. No pátio do Polo Experimental a obra está sujeita às ações do tempo. Trata-se de uma ruína programada. Porém, passados seis anos as paredes continuam firmes.
Fontes e Redes Sociais[editar | editar código-fonte]
Contatos
Site Oficial: www.museubispodorosario.com
E-mail: contato@museubispodorosario.com
Telefone: (21) 3432-2402
Estr. Rodrigues Caldas, 3400 – Taquara, Rio de Janeiro – RJ
Redes Sociais
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