Chatuba
A Chatuba é uma favela localizada em bairro do mesmo nome do município de Mesquita, no estado do Rio de Janeiro. É conhecida pela canção “Chatuba de Mesquita”, do grupo Furacão 2000 e pelas letras irreverentes do cantor e compositor Dicró.
Autoria: Equipe Dicionário de Favelas Marielle Franco.
História[editar | editar código-fonte]
O bairro ocupa uma área entre o Maciço de Gericinó, o Rio Sarapuí e o Rio da Cachoeira. A região de morro era conhecida como "bairro Delamare", pois suas terras foram loteadas pelo antigo Banco Delamare. Por isso, uma das duas linhas de ônibus que ligam o bairro ao Centro de Nova Iguaçu se chama Delamare x Nova Iguaçu[1].
Sofreu grande incremento populacional entre as décadas de 1930 e 1950. O bairro da Chatuba, juntamente com os bairros de Presidente Juscelino, Edson Passos, e Banco de Areia, em 1952 constituíam o recém-criado quinto distrito da cidade de Nova Iguaçu, o distrito de Mesquita e, em 1999, também compunha o recém-criado município de Nilópolis. O bairro da Chatuba era caminho dos militares do Exército Brasileiro para os treinamentos militares no Campo de Gericinó.
As pessoas foram atraídas pela abundância de água que existia no lugar. Grande parte do território era um pântano e mesmo assim, ele foi ocupado, sem muito planejamento. O bairro da Chatuba já abrigou uma fábrica de pólvora: por isso, a outra linha de ônibus que liga o bairro ao Centro da cidade de Nova Iguaçu se chama Fábrica de Pólvora x Nova Iguaçu.
Urbanização[editar | editar código-fonte]
O bairro começou a ser urbanizado pouco a pouco. No começo, somente as suas ruas principais eram asfaltadas. Com investimentos do Governo do Estado e do Governo Federal, vêm acontecendo melhorias na infraestrutura da região da Chatuba.
Suas principais ruas são:
- Rua Inácio Serra (homenagem a Inácio Serra, o homem que proporcionou a primeira festa em louvor à padroeira de Nilópolis): liga a Rua Adolfo de Albuquerque à Rua Mário de Araújo, no município de Nilópolis;
- Rua Magno de Carvalho, que liga o Campo do Gericinó à Estrada de Ferro Central do Brasil, em Édson Passos;
- Rua Adolfo de Albuquerque: liga o Campo do Gericinó à Rua Abel de Alvarenga;
- Rua Assú: é uma das mais importantes ruas do morro, ligando o Campo de Gericinó à Rua Doutor Godoy;
- Rua Coronel Azevedo Júnior: liga o Campo do Gericinó à Rua Almirante Batista das Neves;
- Rua Abel de Alvarenga: liga a Rua Adolfo de Albuquerque;
- Rua Rondon Gonçalves: liga o morro às margens do Rio Sarapuí;
- Rua Almirante Batista das Neves: liga a Avenida União, no bairro Santa Terezinha, à Rua João Evangelista de Carvalho, no município de Nilópolis;
- Rua Lídia: liga a Rua Adolfo de Albuquerque ao bairro de Édson Passos ;
- Rua Marquês de Canário: liga o morro às margens do Rio Sarapuí;
- Rua Doutor Godoy: liga o morro às margens do Rio Sarapuí;
- Rua Julio Macedo: liga o morro à Rua Almirante Batista das Neves;
- Rua Coronel França Leite: liga o morro ao município de Nilópolis.
O bairro conta com a praças públicas: Praça Walter Borges na Rua Inácio Serra e a Praça dos Camarões, na altura das Ruas Adolfo de Albuquerque e Rua Lídia; com dois postos de saúde, um na Rua Inácio Serra e outro na Rua Coronel França Leite, ao lado do Departamento de Polícia da Chatuba; duas creches municipais, uma na Rua Inácio Serra e outra na Rua Marquês de Canário com a Rua Magno de Carvalho; duas escolas municipais, uma na Rua Magno de Carvalho e outra na Rua Lídia com a Rua Rondon Gonçalves; dois colégios estaduais, o CIEP Nelson Cavaquinho na Rua Inácio Serra e o C.E. Pierre Plancher na Rua Abel de Alvarenga, dentre algumas escolas particulares.
Localidades[editar | editar código-fonte]
Bairro do Vasco - Localiza-se no início da Rua Lídia com a Rua Abel Alvarenga;
Carolina - Localiza-se na Rua Carolina e adjacências.
Godoy - na Rua Doutor Godoy e adjacências localiza-se do morro ao Rio Sarapuí, entre essa rua e o campo do Brasileirinho Futebol Clube no meado da própria rua.
Bicão - Localiza-se na rua magno de carvalho entre a Rua Lídia e adjacências. Há relatos dentre os antigos que no passado o nome "bicão" tornou-se conhecido na localidade por ter uma propria fonte de água ao qual vinha de uma unica "bica" onde membros da localidade saiam de suas residências com objetivo de abastecer-se suas casas pelo auxilio de uma única bica para todos, sendo assim o local conhecido e apelidado hoje atualmente como "bicão".
Raíz da Serra ou Raíz - Localiza-se no final da Rua Coronel França Leite.
Rua das Serras - Localiza-se na Rua da Serra e adjacentes.
Arrastão - Localiza-se na Rua Roldão Gonçalves com a Rua Abel de Alvarenga. Arrastão é conhecido como campo de futebol do Arrastão no passado, agora situa-se na localidade uma espécie de habitação popular.
Quinze - Localiza-se nos arredores do campo do Quinze de Novembro Futebol Clube na Rua Marques Canário.
Bairro Delamare - parte do alto da comunidade.
Praça dos Camarões - Localiza-se no final da Rua Lídia.
Alagoana - Localiza-se no final da Rua Inácio Serra.
Mapa[editar | editar código-fonte]
Acesse abaixo o mapa que exibe a localização da Chatuba:
Acesso a água[editar | editar código-fonte]
Autoria: Gustavo S. Azevedo.
Desde a década de 1950, quando começou o processo de loteamento do bairro, existia canalização em parte considerável das ruas, mas isso não impedia que faltasse água na maioria das residências. Em algumas delas, não se teve sinal de água por mais de três anos. Como mostra uma notícia publicada no dia 21 de abril de 1980 pelo jornal do Brasil[2], a questão da água no bairro da Chatuba não passa necessariamente pela falta de conexão das casas ao sistema formal de abastecimento. O que nos parece relevante é que: mesmo com as tubulações ligadas às suas casas, os moradores enfrentam problemas para conseguir ter acesso regular à água. Nesse contexto, moradores relatam outras formas de acesso à água (Anand, 2012)[3] experienciadas por eles no passado. Aqui nos aprofundaremos em duas delas: o bicão e a perfuração de poços artesianos.
Em subtítulo da reportagem citada anteriormente, o Jornal exclama: “água só no bicão”. O “bicão” é uma infraestrutura construída com a canalização da água nos mananciais, para o direcionamento desta água até uma bica específica em uma parte de mais fácil acesso do bairro. Esta água, às vezes era “reservada em “manilhas de poço” que serviam a todo mundo, sendo o problema maior ir até lá e pegar a água com vasilhames diversos” (Monteiro, 2007, p. 128)[4]. Com o cenário de escassez, aqueles que na época podiam pagar Cr$500,008 por semana - moeda da época - recorriam à contratação de caminhão-pipa. Porém, a grande maioria continuava dependendo da água do “bicão”. Latas e barris de água formavam, junto com os moradores, filas que podiam chegar a mais de cem pessoas para encher o recipiente que tivesse à disposição. Porém, verifica se, a partir de relatos que recebi e do depoimento de Antônio a Monteiro (2007), que, com o processo de ocupação do bairro, “as áreas dos mananciais foram ocupadas, desmatadas juntamente com as fraldas da serra de Madureira e as “minas minguaram até sumir” (Monteiro, 2007, p.128). Como relata uma moradora antiga do bairro: “a gente tinha que buscar água... Até tinha um nome na época de “bicão”. Que é lá em cima na Serra. Atravessando lá… E a gente ia buscar água ali. Mas isso há muito tempo. Depois, quando eu já estava lá com meus 20 anos, foi melhorando. A gente já tinha água”. Assim, “buscar água” demonstra um cenário hídrico no qual moradores não recebiam água em casa e precisavam se deslocar até uma bica ou a um manancial natural para buscar água.
Com a dificuldade de acesso à água encanada um outra prática comum para a captação do recurso no bairro era a perfuração de poços artesianos. Estes poços são construídos através da perfuração do solo para a captação de água de uma formação aquífera subterrânea por meio de poços tubulares (Vasconcelos, 2014, p.7)[5]. Contudo, nem todos os moradores tinham recursos para arcar com os custos de uma perfuração em seu quintal. Assim, indivíduos com mais recursos econômicos, perfuravam poços e vendiam baldes d’água aos vizinhos. Um dos sujeitos que realizava tal prática nas proximidades da rua Carolina, era conhecido no bairro como “dono da água”.
Massa funkeira da Chatuba[editar | editar código-fonte]
Uma das galeras mais famosas da baixada, se notabilizaram por levar sempre muita gente para todos os bailes funks do RJ. A galera da Chatuba também era conhecida como o "Bonde do Nike Air":
Chatuba era respeitada demais, era uma das grandes representantes do Lado A. Eles estavam em todos os bailes do RJ e só chegavam com bondes gigantes. Travavam uma guerra história com a galera da Coréia.
Em comentário nas redes sociais[6], relembra:
Legal também eram as galeras rivais mandando resposta para os gritos...o Juramento mandou pra eles "de Citizen no pulso, de Nike no pé, rasgamos sua Redley, tomamos sua mulher". A Coréia na época que a 89 de atack fez o festival no Santa Cruz Social Clube eles ficaram vindo pra cá com o Lú e Cia e foram sábados tensos, eles pegavam lado A e depois arrumará um "ko" com o Cesarão e fizeram o lado C...porrada pra todo lado. (Eduardo Rodrigues).
Ver também[editar | editar código-fonte]
- Lista de Favelas do Município do Rio de Janeiro
- Memória Viva
- Pesquisas na Baixada Fluminense (debate)
Notas e referências
- ↑ Fonte: Wikipedia.
- ↑ JORNAL DO BRASIL. Chatuba sofre tanto que já tem música pra reclamar. JORNAL DO BRASIL, Rio de Janeiro, n. 00013A, p. 17, 1980.
- ↑ Anand, N. Municipal disconnect: on abject water and its urban infrastructures. Ethnography, v. 13, n. 4, p. 487-509, 2012.
- ↑ MONTEIRO, L. Vida política, dinamismo popular e cidadania na Baixada Fluminense. Tese (Doutorado em História Social)-Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, Universidade Federação do Rio de Janeiro, 2007.
- ↑ VASCONCELOS, M. B. Poços para captação de águas subterrâneas: revisão de conceitos e proposta de nomenclatura. Águas Subterrâneas, 2014.
- ↑ Fonte: X.