Como o funk se manifesta como resistência cultural?
Marginalizado, julgado e alvo de preconceitos, o funk carioca foi reconhecido como patrimônio cultural e imaterial do Estado do Rio de Janeiro.
Autoria: Nícholas Franco[1]
O ritmo e as influências[editar | editar código-fonte]
O ritmo característico das favelas e periferias fluminenses, ganhou uma conotação pejorativa durante a década de 2000 com o surgimento de letras que faziam apologia ao crime, uso de drogas e objetificação do corpo da mulher com sua vertente intocável nas rádios: os chamados proibidões. No entanto, o funk não se limita a apenas passar este tipo de mensagem.
Com fortes influências de ritmos americanos como o Black Music, o R&B e o Charme, nos anos 90, os bailes funks cariocas se difundiram como um dos maiores programas da noite nas cidades do Rio de Janeiro. Com o intuito de levar as pessoas às danceterias e salões de festa para dançar ao som das letras tocadas no vinil pelos DJ’s ou cantadas pelos MC’s.
Naquela época, as letras eram majoritariamente românticas ou com cunho social de crítica, fruto de outras influências da música negra norte-americana: o hip-hop e o rap.
Hoje em dia, com a segmentação do ritmo, as cifras que tratam de tais temas também recebem nomenclaturas distintas. A primeira ficou conhecida como “funk melody”, com beats mais calmos e que tratam de temáticas como relacionamentos ou declarações de amor entre casais. Já o segundo trata de temas mais sérios da realidade das áreas carentes onde o ritmo surgiu.
Trap[editar | editar código-fonte]
Tal segmento do funk, modernamente também conhecido como “Trap” trata de questões como a violência, a desigualdade, o racismo, o preconceito e a política. Letras mais fortes e com ritmos mais agressivos vem com o intuito de fazer o ouvinte não apenas curtir o som mas principalmente refletir sobre a realidade social. Projetos como o “Poetas no Topo” e “Poesia Acústica” produzidos pelo canal Pineapple Storm TV em parceria com o Brainstorm Estúdio, vem com este intuito de impactar o fã do rap nacional que muito tem a “pegada” do funk produzido principalmente nos estados do Rio e São Paulo com temáticas realistas de áreas carentes brasileiras assim como letras mais românticas.
Convergência musical[editar | editar código-fonte]
Atualmente, a convergência musical tem feito artistas do funk participarem de composições em ritmos como o sertanejo e o brega, como meio de popularização e modernização de seus ritmos. Porém, o que caracteriza mesmo o funk carioca é o “tamborzão” e suas batidas tão características, o “passinho” como expressão corporal inspirada no “break dance”, a sensualidade feminina da dança e até nas vestes das grandes estrelas do segmento como Anitta, Lexa e Ludmilla, e é claro a alegria do povo em curtir as noites do Rio de Janeiro ao som do ritmo produzido na sua cidade como ferramenta de voz e inclusão social.
Referências[editar | editar código-fonte]
Pesquisador e curioso por natureza, buscando sempre o melhor embasamento para transmitir opiniões e análises. Estudioso do aspecto tático do futebol e também interessado em aprender mais sobre outros esportes e cultura de modo geral.[1]
Site: Ponto de Partida