Fallet - Santa Teresa

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco

Fallet é uma favela localizada no bairro de Santa Teresa, situado na Região Administrativa (RA) e Região de Planejamento (RP) do Centro, na Área de Planejamento 1 (AP 1), no Rio de Janeiro. O acesso principal à comunidade se dá pela Rua Almirante Alexandrino, uma das vias mais importantes da região.

Morro do Fallet, no Rio de Janeiro | Wikimapia.
Autoria: Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco[1].

Sobre[editar | editar código-fonte]

Além de seu nome oficial, a comunidade também é conhecida por outros nomes ou localizações, como Beco Ocidental, Morro do Fallet, Ocidental e Rua Jorge da Silva. Essas denominações alternativas são comumente utilizadas pelos moradores e nas referências locais.

Em termos de urbanização, o Fallet é classificado como uma comunidade isolada, o que significa que, embora se localize em uma área próxima a outras regiões urbanizadas, ainda enfrenta dificuldades para se integrar completamente à infraestrutura e aos serviços urbanos da cidade. A comunidade possui entre 101 e 500 domicílios, e seu grau de urbanização é caracterizado como assentamento não urbanizado, ou seja, não conta com a infraestrutura básica necessária, como saneamento, pavimentação e acesso a serviços essenciais.

Entre os programas de urbanização que beneficiaram a comunidade, destaca-se o programa Morar Carioca, que visa melhorar as condições de habitabilidade e infraestrutura nas comunidades.

A história da ocupação do Fallet remonta ao ano de 1931, quando o terreno onde hoje se localiza a comunidade era propriedade de uma família tradicional, que o utilizava para criação de gado. A formação da comunidade começou com os empregados dessa família, que começaram as primeiras construções na área. A partir desse momento, a comunidade começou a se expandir, com a chegada de outras pessoas em busca de um lugar para viver.

Com o tempo, e devido às enchentes na região, as primeiras famílias que ocuparam a área acabaram se mudando para outras favelas, sendo substituídas por novos moradores que ocuparam a área e consolidaram a formação da comunidade como a conhecemos hoje. Esses relatos são baseados em depoimentos de moradores antigos e líderes comunitários.

População e Domicílios[editar | editar código-fonte]

Os dados sobre a população e o número de domicílios da comunidade ao longo dos anos são os seguintes:

  • Em 2000, conforme o Censo Demográfico do IBGE, o Fallet possuía 890 habitantes e 262 domicílios.
  • Em 2010, o Censo Demográfico do IBGE apontou que a comunidade tinha 749 habitantes e 248 domicílios.
  • Em 2022, segundo estimativas do IPP, com base nos dados preliminares do IBGE, a população da comunidade era de 587 habitantes e 283 domicílios, o que resultou numa densidade de 2,07 pessoas por domicílio.

Esses dados refletem uma diminuição no número de habitantes da comunidade ao longo das últimas décadas, o que pode estar relacionado a diversos fatores, como remoções, migrações ou outros processos sociais que afetaram a área.

Os dados apresentados para o Fallet foram obtidos por meio da compatibilização entre os polígonos da área ocupada pela favela, conforme delimitado pelo IPP, e os respectivos setores censitários do IBGE. É importante destacar que esses dados são preliminares e podem ser revisados ou alterados, uma vez que o IBGE divulgará uma nova malha censitária em novembro de 2024. Isso pode gerar mudanças nos limites das favelas e comunidades urbanas, refletindo uma realidade mais precisa dessas áreas. A metodologia adotada na coleta de dados buscou garantir a precisão das estimativas por setor censitário, levando em consideração a localização da favela e as áreas que podem ser parcialmente afetadas por ela.

Serviços[editar | editar código-fonte]

Os moradores do Fallet têm acesso a algumas unidades básicas de saúde (UBS) e escolas nas áreas próximas à comunidade. Entre as unidades de saúde mais próximas, destaca-se a Unidade de Saúde da Família (USF) Santa Teresa, localizada na Rua Almirante Alexandrino, que oferece serviços médicos gerais, acompanhamento de saúde, programas preventivos e ações comunitárias. Outra opção é a Clínica da Família Santa Teresa, situada na Rua do Resende, que oferece atendimento médico, odontológico e psicossocial, com foco na saúde preventiva e promoção do bem-estar da população local. Além disso, o Centro Municipal de Saúde Dr. Gilson Nunes, localizado na Rua Joaquim Murtinho, também serve à comunidade, oferecendo serviços de emergência, atendimento clínico e exames.

Em relação à educação, os moradores do Fallet podem contar com algumas escolas próximas. A Escola Municipal Francisco Peixoto, localizada na Rua do Resende, oferece educação infantil e fundamental. Também há a Escola Estadual Tancredo Neves, situada na Rua Almirante Alexandrino, que atende crianças e adolescentes com ensino básico. Por fim, a Escola Municipal Santa Teresa, localizada na Rua Santa Teresa, oferece ensino infantil e fundamental, atendendo moradores da comunidade e das imediações.

Projetos comunitários e esporte[editar | editar código-fonte]

O Fallet possui o Mangateca Comunitária de Cria, uma bliblioteca com clube de leitura em que crianças e adolescentes da comunidade são incentivados a ler mangás e quadrinhos, podendo levar para casa ou ler no próprio local, além de participar de diversas atividades como torneio de videogames ou competição de desenho.

O projeto se iniciou através do Anime DICRIA com a intenção de democratizar a leitura por meio dos mangás. Assim, foi aberto o espaço com um acervo graças às doações daqueles que quiseram dar destino aos seus mangás que estavam parados em casa, sendo hoje para o acesso da comunidade periférica. O projeto contou com um apoio online, podendo assim abrir e cobrir os custos mensais da mangateca. O local escolhido para a criação da primeira biblioteca comunitária foi na Favela Morro do Fallet, próxima ao Rio Comprido.

Em 2012, o Fallet também viu sua comunidade ser campeã do torneio feminino de futebol organizado pela CUFA, a Taça da Favelas.

Chacina do Fallet[editar | editar código-fonte]

No dia 08 de fevereiro de 2019, 13 jovens foram assassinados no Morro do Fallet-Fogueteiro, na região de Santa Teresa (Centro – Rio de Janeiro). As mortes foram operadas pelo BOPE e pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar do Rio de Janeiro, durante uma operação no morro. Pelo menos 10 dos 15 mortos foram assassinados dentro da casa de uma moradora da região, com marcas de perfuração por faca em regiões do corpo como pulmões e coração. A perícia na região indicou a execução de pessoas que já estavam rendidas. Os policiais envolvidos na operação foram ouvidos na Delegacia de Homicídios do Rio e suas armas foram retiradas e encaminhadas à perícia. Essa foi a operação policial com maior número de mortos desde 2005.

Segundo relatos das famílias das vítimas, a operação começou logo de manhã e as tropas vieram para matar. Os policiais xingaram muito as pessoas nas ruas e agiram de forma muito truculenta, agredindo os meninos mesmo após de rendidos. Alguns dos meninos correram para dentro de uma casa, que foi arrombada pelos policiais que os mataram lá dentro.

O laudo de perícia de local encontrou 128 perfurações no imóvel. Na cena do crime, foram encontrados 198 cartuchos de fuzil e pistola deflagrados. Ao menos 40 disparos atingiram as vítimas.

Segundo as famílias, os meninos queriam se entregar, não morrer. A comunidade se mobilizou do lado de fora da casa pedindo que os policiais os prendesse, mas não os matasse ou torturasse. Os policiais jogaram bombas e gás de pimenta nos moradores e ameaçaram quem filmava tudo.

Mapa[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Lista de Favelas do Município do Rio de Janeiro

Mangateca

Taça das Favelas

  1. Site do SABREN.