Fogo Cruzado

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco

Fogo Cruzado é um instituto que usa tecnologia para produzir e divulgar dados abertos e colaborativos sobre violência armada, fortalecendo a democracia através da transformação social e da preservação da vida.

Autoria: Verbete criado pela Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco, a partir das redes oficiais do coletivo.


Sobre[editar | editar código-fonte]

O Instituto Fogo Cruzado desenvolveu uma metodologia própria e inovadora para monitorar tiroteios nos centros urbanos e seus impactos. Produzimos mais de 20 indicadores inéditos sobre violência armada nas regiões metropolitanas do Rio e do Recife e, em breve, em mais cidades brasileiras. Através de um aplicativo de celular, o Fogo Cruzado recebe e disponibiliza informações sobre tiroteios e disparos de arma de fogo. Estas informações estão disponíveis no primeiro banco de dados abertos sobre violência armada da América Latina, que pode ser acessado gratuitamente na nossa API.

Visão[editar | editar código-fonte]

Segurança, um direito de todos.

Missão[editar | editar código-fonte]

Tornar as cidades mais seguras através do uso de tecnologias abertas e colaborativas para enfrentar a violência armada, promover a transformação social e salvar vidas.

Valores[editar | editar código-fonte]

  • Inovação: Colocamos a tecnologia a serviço do interesse público.
  • Dados abertos: Tudo que produzimos é aberto e disponibilizado gratuitamente.
  • Colaboração: Acreditamos que soluções duradouras são construídas coletivamente.
  • Direito à vida: Trabalhamos com foco em preservar vidas.

Apresentação do Instituto, assista![editar | editar código-fonte]

Fogo Cruzado completa 5 anos monitorando violência armada nas regiões metropolitanas do Rio e Recife[editar | editar código-fonte]

Nossa história[editar | editar código-fonte]

História do Coletivo


Em 2016, a jornalista Cecília Olliveira buscava dados sobre tiroteios no Rio de Janeiro para sua cobertura sobre o ciclo dos grandes eventos que culminou nas Olímpiadas. Surpreendida com a ausência de indicadores sobre algo que é tão comum e grave, ela passou a contabilizar manualmente tiroteios e disparos de arma de fogo através de um monitoramento em redes sociais, informes policiais e imprensa. Surgia aí o embrião do Fogo Cruzado.

Meses depois a iniciativa tornou-se um projeto incubado na Anistia Internacional, com uma equipe de 3 pessoas. Entre 2016 e 2017, o FC contabilizou 7.646 tiroteios na região metropolitana do Rio. Em 2018, o projeto licenciou-se da Anistia Internacional, tornou-se autônomo e estabeleceu um vínculo com o Instituto Update, que atuava como seu fiscal sponsor. Nessa nova etapa o Fogo Cruzado cresceu em número de colaboradores (13 pessoas) e expandiu sua atuação para a região metropolitana do Recife. Em 2021, surgiu o Instituto Fogo Cruzado: uma organização sem fins lucrativos autônoma, que produz dados abertos com foco na preservação da vida e em processo de expansão para outras capitais brasileiras.

Fogo Cruzado 1.png


Hoje, o Fogo Cruzado tem uma equipe de cerca de 20 pessoas e produz mais de 20 indicadores inéditos sobre violência armada a partir de uma metodologia original e inovadora. Não criamos apenas uma maneira própria para contabilizar os dados, mudamos também como comunicamos informações sensíveis e a relação do público com elas. Aqui, todos os dados são abertos e disponibilizados gratuitamente no maior banco de dados sobre violência armada da América Latina. Também oferecemos cursos de jornalismo, formação para ativistas e comunicadores que trabalham o tema da violência armada e o uso de armas de fogo.


Sobre a API[editar | editar código-fonte]

API

Um banco de dados sobre violência armada inédito Mais de 20 indicadores e as informações produzidas pelo Fogo Cruzado compõem o mais completo banco de dados sobre violência armada do país. Nosso acervo está disponível para que pesquisadores, organizações e o poder público coloquem esses dados a serviço do interesse público de variadas maneiras. Com a API reafirmamos nosso compromisso com a transparência. O Fogo Cruzado nasceu da ausência de informação sobre tiroteios. Nós criamos uma maneira para gerar esses dados. Compartilhá-los é parte essencial da nossa missão.

Clique aqui, para acessar a API.

FUTURO EXTERMINADO: a cada 4 dias um jovem é baleado no Rio[editar | editar código-fonte]

Fogo Cruzado - 08/11/2023

Plataforma com mapa interativo lançada pelo Instituto Fogo Cruzado apresenta dados de 601 crianças e adolescentes baleados em sete anos

Nos últimos sete anos, 601 crianças e adolescentes foram baleados na região metropolitana do Rio de Janeiro, revela levantamento inédito do Instituto Fogo Cruzado. Os dados foram registrados entre 5 de julho de 2016 e 8 de julho de 2023, quando 267 foram mortos e 334 ficaram feridos. Os adolescentes representam 78% das vítimas, sendo 231 mortos e 237 feridos. Entre as crianças, das 133 baleadas, 36 morreram e 97 ficaram feridas.

“A juventude é alvo no Rio de Janeiro e os dados do Fogo Cruzado mostram isso de maneira muito nítida. Uma em cada três crianças ou adolescentes foi vítima de bala perdida. 48% deles foram feridos durante uma ação policial. É inacreditável que esses números existam e não termos nenhuma política de segurança que funcione como resposta a eles. Parece que ninguém se importa. Quantas Ágathas e João Pedro mais precisamos ter para se fazer algo?", avalia Cecília Olliveira, diretora executiva do Instituto Fogo Cruzado.

Visando manter a sociedade informada sobre esses dados, o Fogo Cruzado lança hoje (11) a plataforma Futuro Exterminado . Nela será possível consultar as informações sobre cada criança e adolescente que foi vítima de violência armada na Grande Rio desde julho de 2016. O mapa interativo lançado hoje receberá atualizações periódicas, tanto dos dados gerais quanto das informações das vítimas. Para Cecília, este é um passo importante para o planejamento de políticas públicas e também um esforço de memória.

"A história do Rio de Janeiro é marcada por crianças e adolescentes mortos e feridos. A gente sabe que não são casos isolados. Ágatha Félix, Maria Eduarda, João Pedro, Kauã, Alice, Emilly e Rebecca. Todo mundo lembra de um destes nomes . Então, temos os dados que precisam ser levados em conta para o planejamento da segurança pública. Não podemos deixar essas histórias se perderem. Nosso esforço é também de memória, porque sem ela a sociedade não se mobiliza. Em nenhum lugar do mundo tantas crianças são baleadas sem que a sociedade se indigne. Aqui não pode ser diferente. As pessoas precisam se importar", afirma a diretora executiva do Fogo Cruzado.

AÇÕES POLICIAIS E BALAS PERDIDAS[editar | editar código-fonte]

As ações e operações policiais foram o principal motivo para vitimar crianças e adolescentes nos últimos sete anos. Entre as 601 vítimas, 286 foram atingidas nestas situações, resultando na morte de 112 e deixando outras 174 feridas.

Cecília Olliveira ressalta que a morte de crianças e adolescentes motivou ações por parte do Judiciário e do Legislativo nos últimos anos. "Quando a Ágatha foi assassinada durante uma ação policial no Complexo do Alemão em 2019, vimos uma comoção como poucas vezes ocorreram nessa cidade. A morte dela foi investigada, mas isso é muito raro. É uma exceção à regra. Também vimos que a sociedade se mobilizou durante uma pandemia, quando o João Pedro foi assassinado em meio a uma operação policial em São Gonçalo. Ou seja: é possível reagirmos a essa verdadeira barbárie. Já fizemos isso antes", destaca.

No auge da pandemia, a morte do adolescente João Pedro Mattos Pinto, de 14 anos, atingido por tiros durante uma operação policial no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, foi um dos pontos de partida para que a ADPF 635 entrasse em vigor. A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) restringiu as operações policiais nas favelas do Rio de Janeiro apenas para casos exclusivos, durante a pandemia. João Pedro foi atingido nas costas no dia 18 de maio de 2020 e levado da casa em um presidente da polícia, mas não resistiu. Na casa onde ele morava, ficaram cerca de 70 marcas de tiros.

Já Ágatha Félix, 8 anos, foi baleada quando voltou para casa com a mãe no Complexo do Alemão, em 2019. O inquérito da Polícia Civil revelou que o tiro que acertou uma menina partiu da arma do policial militar Rodrigo José Soares. Ele foi denunciado e aguarda para ir ao julgamento em júri popular. Em 2021 foi sancionada uma lei no Rio de Janeiro que distribuiu que os crimes cometidos contra a vida de crianças e adolescentes tenham garantia de prioridade nos trâmites de procedimentos investigatórios, observadas as normas do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Ficou conhecida como Lei Ágatha.

Assim como Ághata, um terço das crianças e adolescentes vítimas da violência armada foi atingido por balas perdidas, o que representa 201 vítimas de balas perdidas nos últimos 7 anos (54 mortos e 147 feridos). Das 201 vítimas, 106 foram atingidas em ações e operações policiais (30 morreram e 76 feridas).

Nem mesmo dentro de casa havia seguros. Ao menos 63 crianças e adolescentes foram baleados quando estavam dentro de casa. Entre as vítimas, 37 foram mortas e 26 morreram dentro de residências.

Em sete anos, 12 jovens foram baleados dentro de unidades de ensino, entre os atingidos um morreram e 11 ficaram feridos. Outras sete vítimas foram atingidas quando estavam indo ou voltando das unidades de ensino.

Distribuição da violência[editar | editar código-fonte]

Municípios

Entre os municípios que compõem a região metropolitana do Rio, os que mais acumularam crianças e adolescentes baleados foram:

  • Rio de Janeiro: 117 mortos e 153 feridos
  • São Gonçalo: 53 mortos e 84 feridos
  • Niterói: 16 mortos e 23 feridos
  • Nova Iguaçu: 13 mortos e 4 feridos
  • Duque de Caxias: 12 mortos e 16 feridos
  • Belford Roxo: 12 mortos e 11 feridos
  • São João de Meriti: 10 mortos e 9 feridos
  • Maricá: 9 mortos e 6 feridos
  • Itaboraí: 7 mortos e 9 feridos
  • Queimados: 6 mortos e 6 feridos
  • Magé: 5 mortos e 5 feridos
  • Mesquita: 3 mortos e 2 feridos
  • Itaguaí: 1 morto
  • Japeri: 1 morto e 4 feridos
  • Paracambi: 1 morto
  • Nilópolis: 1 morto
  • Guapimirim: 2 feridos

Regiões

  • Leste Metropolitano: 85 mortos e 122 feridos
  • Zona Norte (Capital): 69 mortos e 82 feridos
  • Baixada Fluminense: 65 mortos e 59 feridos
  • Zona Oeste (Capital): 31 mortos e 40 feridos
  • Centro (Capital): 14 mortos e 11 feridos
  • Zona Sul (Capital): 3 mortos e 20 feridos

Redes Sociais[editar | editar código-fonte]

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