Juventudes em acesso à cidade: desafios e resistências
As juventudes da cidade do Rio de Janeiro enfrentam cotidianamente desafios na garantia de seus direitos fundamentais. São corpos, plurais, marcados, vigiados e limitados por opressões históricas e estruturais experienciadas de diferentes formas no que vem a ser a realidade de acesso à cidade, à educação, ao lazer e à cidadania. Baseando-se na união entre mídia, educação e cidadania, professoras da rede estadual pública de ensino do Rio de Janeiro promoveram o projeto "Juventudes em acesso à cidade: desafios e resistências". A proposta teve como foco a construção de uma discussão sobre cidadania e direitos frentes às desigualdades de classe, raça e gênero no Rio de Janeiro, no âmbito dos conteúdos e debates trabalhados na disciplina de Sociologia para o Ensino Médio. Ao trabalhar a imaginação sociológica, o olhar antropológico e a comunicação dialógica, o objetivo foi produzir documentários que trouxessem recortes das experiências na cidade através do olhar das juventudes - em sua maioria, periféricas.
Autoria: Clara Polycarpo
O projeto[editar | editar código-fonte]
O projeto teve como orientação o conteúdo regular da disciplina de Sociologia para o 2º ano do Ensino Médio sob a temática "Democracia, Cidadania e Direitos Humanos", e pretendeu articular habilidades técnicas de disciplinas como Produção em Animação e Vídeo (PAV), da grade curricular do Colégio Estadual José Leite Lopes – NAVE.
Durante as aulas de Sociologia, grupos de alunos(as) foram divididos por 4 (quatro) temáticas: 1) mobilidade urbana; 2) violência de gênero; 3) segregação racial; 4) cultura e lazer. Cada grupo, sob a orientação das professoras, foi responsável pela produção dos roteiros e das filmagens, considerando um conjunto de diferentes técnicas de vídeo e de entrevistas. Os trabalhos finais foram apresentados para o corpo docente e discente e avaliados por uma banca interna e convidados(as) no Colégio Estadual José Leite Lopes – NAVE , em dezembro de 2022.
Os documentários[editar | editar código-fonte]
Violência ao corpo negro[editar | editar código-fonte]
Neste documentário, alunos(as) do segundo ano do ensino regular do Colégio Estadual José Leite Lopes - NAVE Rio relatam o cotidiano de violências aos corpos negros na cidade do Rio de Janeiro. Ao transitarem por diferentes espaços da cidade, como Centro, Tijuca e Leblon, retratam o contraste de corpos em circulação e, além disso, o contraste de experiências e visões de mundo quando o tema tratado é o racismo. Os(as) alunos(as) entrevistam alguns moradores(as) do Rio de Janeiro, considerando até mesmo aqueles(as) que não possuem moradia. Uma ocupação no Centro da cidade é visitada e o debate sobre a segregação racial é aprofundado ao lidar também com a opressão da polícia.
FICHA TÉCNICA: DIREÇÃO Guilherme Burity EDIÇÃO Lorrany Vieira DESIGN Stella Duque ENTREVISTADORA Beatriz Alves LEGENDA Lorrany Vieira FOTOGRAFIA Guilherme Burity APOIO Ayla Maria Manuela Santos Gabrielle Correia Rafael Amaral ORIENTAÇÃO Clara Polycarpo Michelle Antonio.
Transporte público[editar | editar código-fonte]
Neste documentário, alunos(as) do segundo ano do ensino regular do Colégio Estadual José Leite Lopes - NAVE Rio relatam o cotidiano de acesso ao transporte público e as dificuldades relacionadas à mobilidade urbana na cidade do Rio de Janeiro. São entrevistados trabalhadores e trabalhadoras da educação pública e sua rotina de uso dos modais de transporte na cidade do Rio de Janeiro, como ônibus, trem e metrô. Diante de muito trânsito, muito custo e péssimas condições de infraestrutura, os(as) estudantes debatem a respeito das mobilidades e imobilidades urbanas ao denunciar as limitações trazidas pela má gestão do transporte na cidade.
FICHA TÉCNICA: PRODUÇÃO E EDIÇÃO Erick Wagner Oliveira Felipe Gomes Malicio Gabriel Ramos Amorim Giovanna Ramos Amorim João Pedro de Lima Talita Thomas de Aquino Vitória dos Santos ORIENTAÇÃO Clara Polycarpo Michele Antonio.
Cultura e lazer[editar | editar código-fonte]
Neste documentário, alunos(as) do segundo ano do ensino regular do Colégio Estadual José Leite Lopes - NAVE Rio relatam aspectos da cultura local e o cotidiano de acesso ao lazer na cidade do Rio de Janeiro. Ao circularem pela cidade, estudantes se deparam com muita história para contar - e muito pouco povo para lembrar. Do Rio de Janeiro à Recife, da zona rural à zona urbana, são relatadas experiências - e desafios - no acesso a museus, cinemas e outros espaços culturais, além das violências sofridas na manifestação de diferentes culturas que ainda seguem discriminadas no Brasil, como as religiões de matriz africana.
FICHA TÉCNICA: EDIÇÃO E PRODUÇÃO Felipe Carvalho Ana Cristina da Silva Stefany Genuíno Iury Marques Ramos Elisangela Nogueira Vanessa e Silva Gonçalves ORIENTAÇÃO Clara Polycarpo Michele Antonio.
Corpos em (TRANS)ito[editar | editar código-fonte]
Neste documentário, alunos(as) do segundo ano do ensino regular do Colégio Estadual José Leite Lopes - NAVE Rio retratam traços da experiência de corpos plurais em trânsito na cidade do Rio de Janeiro. Diante de diferentes violências, o debate se dá sobre questões de gênero, raça e classe perpassando o que é ser jovem hoje. São três episódios que relatam experiências de racismo, machismo, homofobia e transfobia. Neles, os(as) estudantes convidam professoras e alunas(os) para denunciar, de maneira consciente e corajosa, os desafios do que é viver, sobreviver e ser livre como um homem negro cis, uma mulher negra lésbica cis, uma mulher negra trans e um homem branco trans na escola, na cidade e no Brasil dos dias de hoje.
Episódio 1
Episódio 2
Episódio 3
FICHA TÉCNICA: PRODUÇÃO E EDIÇÃO Lara Milan Maria Luiza Eufrázio Natalia Moreira Nathaniel Cuciniello Rebeca Feitosa Ryan Magalhães ORIENTAÇÃO Clara Polycarpo Michele Antonio.
Segregação racial[editar | editar código-fonte]
Neste documentário, alunos(as) do segundo ano do ensino regular do Colégio Estadual José Leite Lopes - NAVE Rio relatam experiências de segregação racial na cidade do Rio de Janeiro. Diante de um conjunto de esquetes teatrais, os(as) estudantes representam cenas da realidade cotidiana de jovens negros e negras na cidade do Rio de Janeiro. Os debates circulam em torno do acesso ao mercado de trabalho, da criminalização das juventudes faveladas e das estratégias de resistência frente às opressões - considerando a arte como arma.
FICHA TÉCNICA: PRODUÇÃO E EDIÇÃO Alessandra Martins Caio Henrique Oliveira Dayane Brito Erick Oliveira João Victor Lopes Kauã Roger Saturnino Mayara Araújo Nickolas Marconi ORIENTAÇÃO Clara Polycarpo Michele Antonio.
A mostra[editar | editar código-fonte]
O projeto, realizado durante todo o ano letivo, teve sua culminância em dezembro de 2022. A mostra de documentários "Juventudes em acesso à cidade: desafios e resistências" aconteceu no auditório do Colégio Estadual José Leite Lopes - NAVE Rio, na Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro. Nela, foram apresentados ao corpo docente, discente e convidados(as) os documentários e, após, uma mesa com debatedores foi aberta para participação de todos(as). Os(as) debatedores(as) convidados(as) foram a socióloga Clara Polycarpo, o roteirista Jonathan Caroba, a documentarista Ana Clara Chequetti e o publicitário Luis Fellype Alves.
