Leninha – (PT - MG) – Montes Claros - MG

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco

Leninha é norte-mineira, natural de Montes Claros, graduada em Biologia e Mestre em Desenvolvimento Social pela Universidade Estadual de Montes Claros. Negra, professora, feminista e lutadora. Nasceu em 17 de agosto de 1964 e tem 58 anos de idade. Foi reeleita Deputada Estadual com 65.864 votos.

Autoria: Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
Este verbete faz parte do relatório "Favelados no parlamento", produzido pela equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
Leninha (PT-MG)

Biografia[editar | editar código-fonte]

Leninha - Biografia

Militante do PT desde a década de 1980, Leninha esteve à frente da construção de importantes campanhas eleitorais no Norte de Minas Gerais e se lança, em 2022, em campanha à reeleição de deputada estadual.

Bióloga e mestre em desenvolvimento social, a trajetória política de Leninha se iniciou na base. É professora das redes municipal e estadual, foi presidenta regional do Sindicatos dos Professores e integrante da diretoria da CUT e tem na educação e nos direitos dos trabalhadores uma de suas principais bandeiras. Também foi diretora da Cáritas Brasileira e coordenadora do Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas e das Articulações Nacional e Estadual do Semiárido.

“Força e coragem são substantivos femininos, assim como feminino precisa ser o nosso futuro”, diz Leninha em sua mensagem de campanha. “Com o apoio, o carinho e voto de confiança de cada um e cada uma, que desejam assim como eu um futuro melhor, mais justo e solidário, eu estou mais uma vez em luta, numa campanha por uma Minas Gerais e um Brasil melhores e felizes de novo”.

Ao se eleger como deputada estadual, Leninha conquistou a primeira vaga de uma mulher negra do PT na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Ela foi eleita com votos majoritários na cidade de Montes Claros – cerca de 13% dos votos válidos – somando um total no estado de 51.407 votos.

Em 2016 foi lançada candidata à vice-prefeita de Montes Claros e, devido a impugnação de seu companheiro de chapa, assumiu como candidata a prefeita a apenas 15 dias antes do pleito. E ainda assim ficou em 3º lugar com mais de 36 mil votos, deixando para trás políticos tradicionais e ex-prefeitos.

Apresentação - Conheça quem é Leninha[editar | editar código-fonte]

Trajetória de luta no CAA - Entrevista[editar | editar código-fonte]

CAA - Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas

Acreditar em quem a gente é e no que a gente faz são certezas que sempre devemos cultivar dentro da gente, assim outras sementes vão sendo plantadas e outras estradas vão se florindo pelo caminho. Há cerca de 30 anos a história de vida de Leninha Alves de Souza, se juntou a trajetória de luta do Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas, e aqui ela se fez parte do sertão semiárido, soube ouvir os povos, olhou com carinho e bem querer toda diversidade e cultura da região, contribuiu na construção de importantes políticas públicas e ações que hoje refletem na melhoria de vida de diversas comunidades.

Leninha é norte-mineira, natural de Montes Claros, graduada em Biologia e Mestre em Desenvolvimento Social pela Universidade Estadual de Montes Claros. Durante toda a sua vida atuou junto aos movimentos e organizações sociais. Foi professora da rede estadual e municipal, diretora do Sind-Ute, presidente da CUT Regional, diretora da Cáritas Brasileira. Participou de fóruns, conselhos, pastorais sociais, sempre defendendo os trabalhadores/as, povos e comunidades tradicionais. Em 2018 foi eleita deputada Estadual por Minas Gerais, o que reflete anos em defesa dos direitos humanos e na busca por uma sociedade mais justa e sustentável.


CAA-NM: Leninha, como se construiu a sua relação com o CAA-NM?

Esta relação faz 30 anos em 2019, entre colaboradora e membro da coordenação. Então significa que tudo que eu aprendi, como me relacionar, como fazer as defesas, como me posicionar no mundo e na sociedade, vem muito dessa experiência que o CAA me possibilitou na instituição e nos espaços que eu o representei. O CAA investiu na minha formação e me possibilitou dialogar não só aqui no Brasil, mas como também para fora, a partir das relações internacionais.


CAA-NM: E quais foram essas experiências que você teve aqui?

Leninha: O CAA me possibilitou conhecer gente, povos, comunidades e realidades muito distintas da que eu estava habituada. Me possibilitou com certeza um crescimento intelectual e um crescimento político ao longo dos anos. Tudo que o CAA faz com suas dinâmicas tão intensas, faz com que as pessoas que estão envolvidas com o trabalho, tenham de fato a oportunidade para ampliar seus conhecimentos e mais do que isso valorizar o conhecimento e sabedoria dos povos, incorporando com o conhecimento técnico e fazendo dessas trocas um processo de ensino-aprendizado.


CAA-NM: O que as pautas de luta da sua trajetória significam na sua eleição?

Leninha: Eu atribuo muito o resultado eleitoral em cima  de todo debate que a gente vem fazendo no campo do desenvolvimento rural, principalmente pegando o semiárido, o norte de minas e o vale, e as principais lutas que organizações sociais  vem travando quando falamos sobre a questão da água, as mulheres, sobre a juventude, economia popular solidária, agroecologia, crianças e adolescentes. Também a pauta de luta dos povos e comunidades tradicionais e a organização através da Articulação Rosalino foram fundamental na construção do nosso debate e alianças. Outro desafio que enfrentamos ao concorrer a prefeitura de Montes Claros nos colocou o desafio de pensar um projeto de cidade sustentável, saudável e solidária. Foram e são essas lutas o meu alicerce que com certeza me pautarão e me sustentarão.


CAA-NM: Você vem debatendo em diferentes ambientes essas bandeiras de luta há anos. Por qual motivo você se colocou como candidata e quis debater temas tão importantes na Assembleia Legislativa?

Leninha: Essas são questões que estão aí na sociedade, e que do ponto de vista da construção e formulação da política pública, a gente ainda carece de pessoas que dialoguem com essas temáticas, com aquilo que a gente vem fazendo na região e que dialogue com aquilo que a gente vem construindo. É importante mudar de uma trincheira para outra. Encerra-se um ciclo aqui, do ponto de vista formal com a instituição, e inaugura-se um novo ciclo no parlamento onde tudo que foi construído a experiência acumulada e as construções realizadas nesses temas vão ser levadas na perspectiva de debater a política pública de desenvolvimento para o estado.


CAA-NM: Quais os desafios você acredita que virão nos próximos quatro anos?

Leninha: Eu creio que teremos que ficar vigilantes, tanto no contexto nacional, quanto estadual. No Estado mais vigilante ainda porque nós é que vamos, de certa forma, dialogar com projetos que tem a ver com a vida dos trabalhadores  e trabalhadoras, dos povos e comunidades tradicionais. Nesses 4 anos me preocupa também a questão do processo de criminalização dos movimentos sociais, das organizações que se posicionam a favor dos direitos humanos. Vamos ter uma luta grande do ponto de vista dos servidores do estado, principalmente a educação e saúde, mas também vamos enfrentar problemas como a regularização fundiária, pelo fato do estado ter muita terra devoluta e aqui em Minas a gente está em um processo crescente de luta pela reforma agrária e garantia dos territórios tradicionais. Precisamos continuar desenvolvendo mecanismos e políticas para garantia de direitos e para a garantia do acesso a terra e território.


CAA-NM: Como se dará o desenvolvimento dessas intervenções?

Leninha: Temos que dialogar com a sociedade, porque é fundamental que ela acompanhe através dos mandatos o que vem acontecendo em Minas e no país. É importante também que a sociedade nos acompanhe nas confecções e análises sobre esse processo de não penalização dos mais pobres, em função de um ajuste ou de saídas para uma crise.


CAA-NM: Uma pauta que fica bastante evidente com a sua eleição é o fato de você ser a primeira mulher negra do partido dos trabalhadores a ocupar uma cadeira na Assembleia. O que isso significa para você?

Leninha: Ser mulher e ser mulher negra no parlamento significa que para além das pautas em comum das mulheres, nós devemos aprofundar questões de interseccionalidade, considerando a diversidade das mulheres, seja em cor, raça e sexualidade. Precisamos aprofundar na perspectiva de organização das mulheres, da construção de políticas específicas para as mulheres, assim como lutar pela justiça na questão da divisão do trabalho, questões sobre a igualdade na remuneração das mulheres e na luta contra a violência.


CAA-NM: Sempre tivemos um baixo número de mulheres eleitas e sempre é posto o desafio de eleger mulheres que nos representam. Este ano, não apenas no cenário estadual, como também no nacional, tivemos algumas mudanças. Como avalia a participação da mulher nos espaços políticos?

Leninha: É um debate que a gente vem fazendo, de que não basta ser mulher, mas é preciso que esses espaços sejam ocupados por  mulheres com condições e capacidade de fazer o enfrentamento que o parlamento vai precisar. A maior parte das mulheres que foram eleitas tem trajetória e tem história através da luta popular e política. Acredito que isso possa fazer diferença no momento real de apresentar os projetos de lei na assembleia e de fazer os debates nas comissões.

Leis aprovadas[editar | editar código-fonte]

Para conhecer todas as leis e projetos, clique aqui.
Lei

11583/2022

Requer seja realizada audiência pública para debater, na perspectiva dos direitos humanos, a destinação de terras públicas devolutas do Estado para os povos e comunidades tradicionais
Lei

11582/2022

Requer seja encaminhado à Superintendência Regional do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - Dnit - no Estado de Minas Gerais, à Concessionária da Rodovia Via 040 Invepar, em Nova Lima, e à Prefeitura Municipal de Carandaí pedido de providências para a reconstrução de um quebra-molas na altura da Comunidade de Pedra do Sino, no Município de Carandaí.
Lei

11581/2022

Requer seja realizada audiência pública para debater, na perspectiva dos direitos humanos, a atuação da Polícia Militar de Minas Gerais - PMMG - em conflitos sem decisão judicial em áreas urbanas e rurais.
Lei

11559/2022

Requer seja formulada manifestação de apoio ao médico, professor da UFMG e ambientalista Apolo Heringer Lisboa pela injusta tentativa de criminalização de que vem sendo vítima por parte da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais - Fiemg.

Carta aberta de Leninha[editar | editar código-fonte]

Carta aberta de Leninha

Minhas amigas, meus amigos

É simbólico ser a primeira deputada estadual negra eleita pelo Partido dos Trabalhadores a ocupar uma cadeira na Assembleia Legislativa. Isso tem dois significados: nos dá a medida da exclusão das mulheres negras na política e também uma grande oportunidade de debater sob a perspectiva racial, dos povos e comunidades tradicionais, dos agricultores, das mulheres, da juventude, dos trabalhadores e dos mais empobrecidos. Por isso foi importante assumir a presidência da Comissão de Direitos Humanos como forma de ampliar o espaço das lutas populares no legislativo. Foram 32 audiências, o maior número entre as comissões, onde aprovamos a criação da Frente dos Povos e Comunidades Tradicionais, da Frente de Defesa da Convivência com o Semiárido, debatemos o direito à água e alimentação, a universidade, a agricultura familiar, o direito ao território. Todos esses temas passaram pela CDH e deram o tom do que entendemos por “direitos humanos”: tudo que é fundamental para a existência com segurança de todos e todos. Mesmo com o orçamento de 2019 já aprovado, participei destinar R$ 1 milhão em emendas para a Saúde, beneficiando diretamente 86 municípios do Norte e Vale do Jequitinhonha. Sabemos como é importante o tratamento médico próximo da família, por isso é uma opção de fortalecer a rede de atendimento à saúde. Em Montes Claros, inauguramos a Casa do Mandato, um espaço de debate e articulação onde conversamos sobre a crise política, econômica e institucional e o papel do legislativo para o reestabelecimento da democracia e do estado de direito em nosso país. Estivemos conosco grandes companheiros como Eduardo Suplicy, Áurea Carolina, Leonardo Monteiro, Rogério Correia, Paulo Guedes. Na Casa do Mandato também realizamos plenárias temáticas e rodas de conversas com mulheres, jovens, artistas e lideranças do campo e da cidade. Vivemos um momento político difícil, de retrocessos, com o governo federal e estadual contrários ao diálogo e à todos os direitos que conquistamos. Mais do que nunca precisamos estar próximos, precisamos de canais de diálogo com a sociedade. Assim como Bolsonaro, o governo Zema pretende liquidar a Cemig e outras empresas públicas como se fosse um saldão de suas lojas e desalojar lentamente políticas sociais importantes. Temos muita luta a frente, mas temos a esperança com a gente!

Um grande abraço! Leninha

Fontes e Redes Sociais[editar | editar código-fonte]

Fontes

https://midianinja.org/news/leninha-primeira-mulher-negra-do-pt-na-almg-disputa-sua-reeleicao/

https://www.caa.org.br/biblioteca/noticia/semente-de-luta-floresce-na-assembleia-legislativa-de-minas-gerais

https://issuu.com/leninhaejuscelino13/docs/dos_gerais_mobile/s/141443

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E-mail: dep.leninha@almg.gov.br