Mandata Coletiva Pretas por Salvador - (PSOL - BA) - Salvador - BA

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco

Integram o grupo Laina Crisóstomo, Cleide Coutinho e Gleide Davis, que chegam ao Legislativo soteropolitano com pautas que classificam como fundamentais e que se baseiam em quatro eixos principais: “mulheres, negras e negros, LGBTs e direito à cidade”. Eleitas com 3.635 votos, as três co-vereadoras vão dividir o gabinete e decidir juntas as deliberações, projetos, votos e discursos.

Autoria: Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
Este verbete faz parte do relatório "Favelados no parlamento", produzido pela equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco.
Pretas por Salvador

Pretas por Salvador[editar | editar código-fonte]

Pretas Por Salvador é a primeira mandata coletiva da história da Bahia. Composta pelas co-vereadoras Cleide Coutinho, Gleide Davis e Laina Crisóstomo, a candidatura das Pretas conquistou 3.635 votos nas Eleições de 2020 para vereadora pelo Partido Socialismo e Liberdade (Psol). Embora esta modalidade ainda não seja regulamentada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a mandata coletiva é oficialmente reconhecida pelo Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA).

A luta antirracista e pautas como o feminismo, direito das mulheres, direito à moradia digna, educação popular com igualdade de gênero e raça, juventude, o combate à intolerância religiosa, à gordofobia e LGBTQIA+fobia são algumas das principais causas das Pretas. Cleide, Gleide e Laina defendem a forma de fazer política através da resistência e ocupação.

Cleide Coutinho[editar | editar código-fonte]

Cleide Coutinho


Tenho 45 anos e sou coordenadora da direção nacional do Movimento de Luta por Moradia. Iniciei minha militância no movimento sindical quando tinha 20 anos, ajudando a construir o Sindap (Sindicato dos Agentes Penitenciários terceirizados da Bahia). Fui filiada ao Partido dos Trabalhadores (PT) e, desde 2010, estou no Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Foi nessa época que comecei minha luta pela moradia digna. Hoje estou na direção executiva do PSOL/BA e no Conselho Estadual das Cidades da Bahia (CONCIDADE).

Também coordeno duas ocupações do movimento sem teto: a do Trobogy, com 300 famílias, e a ocupação 1º de maio, que tem 30 famílias, onde eu moro. Eu tive três filhos, dois deles foram assassinados. Hoje eu tenho um filho só que é deficiente, tem 29 anos. Sou mulher negra, feminista e evangélica. Já fui candidata a deputada federal em 2014 e 2018.

Laina Crisóstomo  [editar | editar código-fonte]

Laina Crisóstomo

Sou mulher, negra, mãe, feminista, lésbica, candomblecista, advogada e ativista pelos Direitos Humanos. Tenho 33 anos. Sou fundadora da ONG TamoJuntas, que nasce em Salvador e hoje atua em 19 Estados do Brasil com mulheres em situação de violência numa perspectiva multidisciplinar feminista e gratuita.

Em 2016, fui escolhida como mulher inspiradora pelo site Think Olga e em 2017, pelo Under 30 da Forbes Brasil pelo trabalho desenvolvido com mulheres em situação de violência. Sou especialista em Gênero e Raça, pós-graduada em Violência Urbana e Insegurança e faço parte da Rede Nacional de Ciberativistas Negras. Fui candidata a deputada federal em 2018 e tive 13855 votos sendo a candidata mais votada do PSOL Bahia ao cargo.

Gleide Davis[editar | editar código-fonte]

Gleide Davis

Eu me chamo Gleide Davis.

Tenho 28 anos, sou moradora da Suburbana. Sou feminista negra, iniciada no candomblé. Sou militante das causas de gênero, raça e classe e saúde mental. Pesquiso e produzo conteúdo sobre esses temas e também tenho como foco de atuação o enfrentamento ao encarceramento em massa e ao extermínio da juventude negra. Estudo Serviço Social na UFBA (Universidade Federal da Bahia).

Sou integrante do ORI (Observatório de Racialidade e Interseccionalidade/UFBA) e atuante no Sarau do Cabrito, que é um movimento cultural e político antirracista.

Apresentação[editar | editar código-fonte]

Pretas Por Salvador

Projetos[editar | editar código-fonte]

Para conhecer todos os projetos, clique aqui

Moradia Digna[editar | editar código-fonte]

Projeto Moradia Digna


Entre as Pretas por Salvador temos uma liderança sem-teto: Cleide Coutinho é dirigente do Movimento Nacional de Luta por Moradia (MNLM).

O déficit habitacional em Salvador é gritante. De acordo com dados de 2018, mais de 300 mil famílias estão cadastradas no Programa Minha Casa Minha Vida. Enquanto não são atendidas pelo poder público, elas vivem em moradias precárias, em terrenos irregulares e em ocupações. Não é nossa escolha viver assim: é o racismo e a desigualdade social que nos obrigam.

Moradia digna é um direito humano, previsto na Constituição Federal de 1988!

Por isso, não podemos aceitar nenhuma perseguição ou criminalização daqueles e daquelas que se mobilizam a favor de seus direitos, como recentemente aconteceu com nosso companheiro Guilherme Boulos, candidato a prefeito pelo PSOL em São Paulo.

Na Câmara Municipal, as Pretas por Salvador lutarão pela reforma urbana. Acreditamos que é preciso não apenas garantir moradia, mas também repensar a maneira como a cidade está organizada. Questionamos as linhas de ônibus que não ligam diretamente as periferias às praias nos finais de semana, impedindo que as/os trabalhadores ocupem o espaço público; denunciamos a especulação imobiliária, da gentrificação e das construções de alto padrão, que tapam nossas vistas e nos expulsam de certas áreas da cidade; exigimos equipamentos de lazer e de saúde pública em nossos bairros. Reforma urbana já!

Trabalhadoras[editar | editar código-fonte]

Pretas por Salvador é uma candidatura de mulheres vindas da classe trabalhadora!

Nós sabemos o que é lutar pela sobrevivência nessa cidade que se estrutura sobre as desigualdades raciais, de renda e de gênero. Pegamos buzú/metrô/trem lotados, não conseguimos vaga para nossas crianças nas creches, qualquer dinheiro que ganhamos vai todo para pagar as contas da casa.

Salvador é marcada pela pobreza e pela exclusão. A taxa de trabalho informal aqui chega a 40%, sendo a maioria mulheres negras, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nossa cidade é também recordista em mulheres chefes de família, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o que nos coloca como as principais referências para o sustento dos nossos familiares.

Responsáveis pelo cuidado dentro e fora de casa, sobrecarregadas pelo trabalho doméstico, com crianças e idosos, muitas de nós ainda passam por situações de violência com parceiros ou ex-parceiros e a estrutura do Estado tem sido insuficiente para nos proteger e apoiar.

O contexto da pandemia da COVID-19 só piorou tudo isso.

É por conhecermos tão bem essa realidade, por vivê-la o tempo todo com nossos corpos, que acreditamos poder fazer uma mandata que consiga atender às necessidades da população.

Maternidade[editar | editar código-fonte]

A maternidade será uma área de atuação prioritária da nossa mandata.

Duas de nós, Cleide e Laina, somos mães. Essa experiência, tão transformadora da vida e impossível de descrever em poucas palavras, serve de força motriz para pensarmos em propostas a partir das nossas vivências práticas da realidade.

Do momento em que engravidamos até que nossas/os filhas/os alcancem a idade adulta, enfrentamos desafios, alegrias, conquistas e também dores e perdas. Todas essas vivências são atravessadas pelo racismo, pelo machismo e pela desigualdade de classe.

A violência obstétrica é um dos exemplos mais óbvios: uma pesquisa da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) mostrou que na prática da episiotomia – corte feito na região do períneo para ampliar a passagem do bebê em partos vaginais – as mulheres negras tem 50% mais chance de não receber anestesia do que as mulheres brancas.

Além disso, são nossos filhos que tombam no genocídio da juventude negra em curso no Brasil. Queremos nossos filhos vivos!

Somos nós também aquelas que temos mais dificuldade em encontrar vagas nas creches, um lugar educativo, seguro e saudável para deixar nossas crianças enquanto temos que trabalhar.

Queremos melhorar a vida das mulheres mães! Cuidar das crianças e das que as pariram é responsabilidade de toda a sociedade! É da reprodução da vida que estamos falando!

Lutamos para que possamos exercer nossas maternidades de forma livre, lutamos para que maternidade seja escolha e não imposição, por isso defendemos os direitos sexuais para que as mulheres e seus corpos sejam livres!!!

Conheça as propostas[editar | editar código-fonte]

- Revisão imediata do PDDU (Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano);

- Projeto de lotes urbanizados – na construção de casas populares, que o poder público municipal se responsabilize pelos equipamentos públicos (saneamento básico, iluminação, pavimentação e calçadas) para urbanização dos lotes;

- Inspiradas por um projeto de lei de nossa companheira Marielle Franco, mulher preta, lésbica, vereadora carioca do PSOL, covardemente assassinada em 2018 no Rio de Janeiro, propomos a assistência técnica municipal, gratuita, para a regularização e construção de moradias populares.

- Renda básica municipal para as/os trabalhadores informais;

- Prioridade na contratação de mulheres em situação de violência doméstica no Sistema de Intermediação de Mão de Obra (SIMM), administrado pela Secretaria Municipal do Trabalho, Esportes e Lazer (SEMTEL).

Fontes e Redes Sociais[editar | editar código-fonte]

Redes Sociais

Site Oficial: https://pretasporsalvador.com.br/

Instagram

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Youtube

Fontes:

https://www.bahianoticias.com.br/noticia/254483-pretas-por-salvador-conheca-o-primeiro-coletivo-a-conquistar-uma-vaga-na-camara

https://pretasporsalvador.com.br/