Meninas Black Power (coletivo)
MBP é uma organização composta por dez mulheres voluntárias de todas as idades que usam o cabelo como uma ferramenta para combater o racismo no Brasil. Foi fundada em 2012, e desde então, o grupo tem ido a diversas comunidades na cidade [do Rio de janeiro] e suas periferias para oferecer oficinas e aulas especialmente direcionadas à crianças e jovens estudantes.
O grupo desenvolve conteúdos e atividades relacionadas à educação, resistência negra, cultura e saúde e beleza.
Autoria: Informações do verbete reproduzidas, pela Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco, a partir do portal de notícias Rio On Watch[1].
Matéria[editar | editar código-fonte]
Meninas Black Power: Combatendo o Racismo com Cabelo Natural[editar | editar código-fonte]
Por Elma Gonzalez
Encrespando, um evento que celebra o mês da consciência negra, atraiu grandes multidões na sexta-feira, 28 de novembro, no Engenho Novo, Zona Norte do Rio de Janeiro. O evento foi promovido pela organização Meninas Black Power que combate o racismo promovendo o uso de cabelo natural como símbolo de orgulho negro.
“O ponto [do evento] é empoderamento de crianças, de mulheres, e homens pretos, do povo preto”, disse Jessica Liris, membro do MBP.
O evento ocorreu num pequeno auditório no Colégio e Projeto AIACOM. Uma exposição de bonecas negras enfileiradas na parede dava as boas vindas aos visitantes na entrada. As bonecas eram parte da exibição Boneca Preta é Identidade, o que chamava a atenção para a importância de crianças enxergarem a si mesmas sendo representadas desde cedo por meio das bonecas. “É fundamental na construção do indivíduo”, enfatizava a exposição.
Dentro do auditório tinham por volta de dez stands vendendo roupas artesanais, acessórios e produtos para cabelo–tudo com o objetivo de enfatizar o estilo Afro-Brasileiro.
“É a primeira vez que a gente vem fazer esse evento no colégio. É interessante para mostrar um pouco da nossa cultura para jovens, adolescentes, e pessoas que trabalham aqui”, ela disse. “O Brasil é um pais onde a maioria da cultura é africana e é importante esse tipo de evento para aproximar as pessoas a nossa cultura”.
MBP é uma organização composta por dez mulheres voluntárias de todas as idades que usam o cabelo como uma ferramenta para combater o racismo no Brasil. Foi fundada em 2012, e desde então, o grupo tem ido a diversas comunidades na cidade e suas periferias para oferecer oficinas e aulas especialmente direcionadas à crianças e jovens estudantes. De acordo com Liris, o grupo luta para munir a juventude negra com informações afirmativas e exemplos ligados à cultura negra. O objetivo agora é expandir-se para além do Rio de Janeiro. Há atualmente um pequeno braço do grupo no Espirito Santo, mas a maior parte do ativismo é feita online, ela explicou.
Sem patrocinadores oficiais, o evento de sexta-feira só foi possível graças a uma parceria com o Colégio e Projeto AIACOM, que disponibilizou o local, incluindo performances de estudantes, e a escola também cuidou do evento. Essa foi a terceira edição bem sucedida, segundo Liris.
“Existem muitas mulheres negras mantendo seu cabelo natural, ainda assim nós não temos espaço para sentar e conversar sobre isso, nós não temos espaço para sentar e pensar a respeito”, ela disse. “Então eu acho que é por isso que muitas pessoas vêm a esses eventos”.
Carla Arlindo, estudante de faculdade na UFRJ disse que compareceu ao evento Encrespando por causa do ambiente de aceitação.
“Quando a gente anda na rua assim os olhares são meio estranhos. É estranho porque as pessoas olham como se você fosse um mutante”, comentou. “E eu acho que esses eventos assim nos fazem sentir mais acolhidas… Está todo mundo junto, é um calor preto, é um calor humano. Está fora de série”.
Como parte do programa do evento, o grupo ofereceu oficinas de direitos humanos. Maria Fernanda Batista, uma advogada membro da MBP, explicou como denunciar casos de racismo no Brasil.
Élida Aquino, fundadora do MBP, moderou a oficina de perguntas e respostas. Ela incentivou o público a denunciar qualquer caso de discriminação lembrando a eles que é seu direito legal combater o racismo e mostrar que tal comportamento é inaceitável.
“Até quando vai ser assim?” perguntou. “Por que nossas características têm que ser sinônimo de suspeito?”
O movimento do cabelo[editar | editar código-fonte]
“A cultura do consumo da moda é uma realidade no âmbito das periferias. Dadas as devidas proporções socioeconômicas, os jovens são fortemente influenciados pela mídia a adquirirem, a terem, e serem” – Mattos (2013)
Por anos, a mídia tem estabelecido uma imagem de beleza que idealiza o cabelo liso, Aline Silva escreve no blog Blogueiras Negras. Esse movimento do cabelo “diz não a séculos de imposição de um padrão de beleza que não nos pertence, que nos mutila, que nos mata, que nos nega nossos direitos”.
Arlindo, por exemplo, escolhe usar seu cabelo ao natural por ser uma forma de valorização pessoal.
“Eu acho que você tem que valorizar de onde você vem e não o que te foi imposto”, comentou. “O importante em valorizar este tipo de evento, é que você esta valorizando o que você tem… É confirmar que eu valorizo minha beleza”.
A esse movimento de cabelo natural, Silva escreve, a mídia tem respondido declarando-o moda, uma coisa que certamente irá passar. Entretanto, o movimento é uma escolha, uma rebelião, um ato politico e de auto afirmação, ela rebate.
Vício Cacheado: Estéticas Afro Diaspóricas, um estudo conduzido por Ivanilde Guedes de Mattos e Aline Silva no início de 2014, analisa o movimento como “um fenômeno da Diáspora Africana”. As pesquisadoras descobriram que no Brasil, houve uma recente mudança que afasta a ideia de alisamento de cabelo para mulheres negras. Houve um aumento na procura por mulheres negras por aconselhamento online-–especialmente nas redes sociais-–sobre como tornar seus cabelos mais naturais. Na realidade, encontram-se muitos canais do YouTube, blogs e páginas no Facebook dedicadas as dicas de beleza para Afro-Brasileiras. O mercado para o cabelo negro também tem mostrado sinais de crescimento, mostram os estudos.
Cabelo natural como manifestação política[editar | editar código-fonte]
“Durante os anos 1960, os negros que trabalhavam ativamente para criticar, desafiar e alterar o racismo branco, sinalavam a obsessão dos negros com o cabelo liso como um reflexo da mentalidade colonizada. Foi nesse momento em que os penteados afros, principalmente o black, entraram na moda como um símbolo de resistência cultural à opressão racista e fora considerado uma celebração da condição de negro(a). Os penteados naturais eram associados à militância política” – bell hooks (1989)
Semelhante à campanha política americana dos anos 60 que hooks descreve, no Brasil o movimento do cabelo se tornou uma manifestação revolucionaria contra o racismo.
Organizações como a Encrespa Geral, Vicio Cacheado e Meninas Black Power estão entre as que lideram essa campanha. Encrespa Geral, por exemplo, tem uma grande comunidade virtual e várias filiais pelo mundo, incluindo Estados Unidos e Europa.
Silva do blog Blogueiras Negras explica que as mulheres negras do Brasil querem a revolução que hooks disse que morreu nos Estados Unidos após o Movimento de Direitos Civis. Ela conclui: “Porque o cabelo fala por você e ele diz bem claramente que nós ESCOLHEMOS enfrentar o racismo de frente”.
Redes Sociais[editar | editar código-fonte]
Facebook[2]
Instagram [3]
Site[4]
Referências[editar | editar código-fonte]
- ↑ Meninas Black Power: Combatendo o Racismo com Cabelo Natural - RioOnWatch
- ↑ Coletivo Meninas Black Power | Facebook
- ↑ Meninas Black Power (@meninasblackpower) • Fotos e vídeos do Instagram
- ↑ Blog | meninasblackpower (blogmbp.wixsite.com)